Os mestres de poções e adivinh



––––CAPITULO DEZ––––

Os mestres de poções e adivinhação


–Boa tarde. Eu sou Sheeba Amapoulos, sou sua professora de adivinhação, assim como vocês, entrei em Hogwarts este ano, e espero ser tão boa professora como os demais.

Ela se permitiu um leve sorriso

–Não quero começar minha aula com um discurso ou um sermão, quero começar mostrando-lhes uma coisa.

Ela tirou do bolso das vestes um baralho muito estranho, os desenhos da parte de trás das cartas eram de rostos deformados. Ao ver a cara de surpresa dos alunos ela sorriu.

–O que é isso? –perguntou Pubia, apontando para o baralho.

–É um baralho, né Patil! –exclamou a garota que estava sentada com Malfoy.

–Não me diga, Bulstrode!

–Calma, garotos, –disse a prof ª Sheeba, erguendo o braço –isso aqui é, como disse a Srta. Bulstrode, um baralho, mas não é qualquer baralho, esse é um baralho de tarô, é um baralho que muitos trouxas usam para tentar descobrir o futuro, mas como toda tentativa de descobrir o futuro, não é preciso, alem do fato de não mostrar o futuro, ele só nos mostra o que esta a nossa frente, apenas o que sabemos que está acontecendo, só não queremos enxergar.

Ninguém na sala falava, apenas olhavam para a professora, prestando atenção. Ela prosseguiu:

–São poucas as pessoas que sabem interpretar o baralho de tarô corretamente, e mesmo os que sabem, podem se confundir. O baralho tem um modo próprio de ser embaralhado, a pessoa que terá sua vida consultada devera pegar o baralho com a mão esquerda e com a mão direita corta-lo com a direita, depois ela deve embaralhar três vezes à parte de cima e duas a de baixo. A pessoa que consulta o baralho deve pegar dez cartas e organiza-las em forma de pirâmide. As cartas devem ser retiradas de cima para baixo da esquerda para a direita. Vamos fazer uma pequena demonstração, hum... Sr. Malfoy, venha cá com a Srta. Bulstrode.

Malfoy se levantou com sua parceira e se dirigiu a mesa da professora, ela o ajudou a embaralhar as cartas e ajudou Bulstrode a arruma-las sobre a mesa.

–Bem, Sr. Malfoy, pegue a primeira carta, acho que com apenas ela, podemos fazer uma pequena demonstração.

Malfoy pegou a primeira carta e a olhou, seu rosto passou de branco para verde e logo depois para marrom. Sheeba sorriu.

–Deixe-me ver. –disse ela pegando a carta da mão de Malfoy. –Ah, o louco.

–É por isso que o Malfoy é desse jeito. –cochichou Tiago.

–Muito pelo contrario, Sr. Weasley, –disse Sheeba – essa carta indica que o Sr. Malfoy anda muito confuso, que não sabe como está e como será sua vida é quase como se tudo isso estivesse o deixando louco.

Ela apontou para a carta, Malfoy mostrou-se um pouco aliviado, mas ainda parecia assustado e, agora, constrangido.

–Muito obrigado Sr. Malfoy, Srta. Bulstrode,–agradeceu Sheeba –vejamos, cinco pontos para a Sonserina pela cooperação.

Malfoy votou para seu lugar gingando, Kyo sentiu seu punho se fechar involuntariamente. Uandalini o olhou torto.

–Muito bem, –começou Sheeba –agora eu vou dar para cada um de vocês um baralho desses, vocês não farão como eu fiz, pois é um pouco complicado demais, cada um de vocês embaralhara o baralho e darão para o outro tirar duas cartas, eu os ajudarei a interpretar as cartas.

Com um aceno da varinha apareceram vários baralhos, um em cada mesa ou almofadão, Kyo pegou o baralho e o embaralhou cuidadosamente, escutou Sarah dizer logo atrás dele:

–Eu não sei por que a gente tem que fazer isso? Adivinhação não é nada concreta...

Kyo olhou para Uandalini, mas esta estava distraída, lendo o livro de adivinhação.

–Então, da pra pegar uma carta, ai? –perguntou Kyo, cutucando a garota.

–Peraí... –a garota fechou o livro com cautela e o pôs em sua mochila, Kyo virou os olhos.

Ela pegou uma carta no baralho e olhou, era a rainha de copas, depois pegou outra, os denamorados, ela olhou para Kyo, que deu de ombros.

A professora andava pela sala, vendo os alunos rindo uns das cartas dos outros, Kyo nem precisou erguer a mão para chamar a professora, ela agachou-se ao seu lado.

–Olá, queridos, e que posso ajuda-los? –perguntou ela.

–Eu já tirei as cartas professora. –disse Uandalini, mostrando as cartas para a professora.

–Bem, um par incomum, nunca vi ninguém tirar essas duas cartas, qual você tirou primeiro?

Uandalini apontou para a rainha de copas, Sheeba sorriu. Ela mostrou as cartas para kyo que ainda não havia visto.

–Bem, -disse ela –a rainha de copas indica que você se acha alguém especial, que é a rainha e que todos lhe devem obediência e satisfação, estou certa?

–É... mais ou menos... –disse a garota ficando vermelha.

–Já os denamorados –prosseguiu Sheeba –indicam que você sabe exatamente o que está sentindo, mas seu coração está confuso, você tem medo de um sentimento, um sentimento antigo... garota, você está apaixonada?

Se Uandalini estava vermelha não era nada, agora nem o cabelo de Tiago podia ficar daquele jeito, Kyo teve a leve sensação de que o ar a volta havia esquentado um pouco.

–Er... estou, –disse Uandalini, num miado –mas não é ninguém em especial...

–Espero que consiga viver esse amor. –disse Sheeba, pondo a mão no rosto da garota, um sorriso se estampou em seus lábios. –Agora você, Sr. Hunter, Srta. Longbotton, embaralhe por favor.

Uandalini pegou o baralho das mãos de Kyo e o embaralhou devagar, Kyo sentiu vontade de manda-la apressar-se. Quando finalmente ela terminou, Kyo escolheu as duas cartas que ele achou estarem exatamente no meio do baralho. Ele as olhou, os enamorados e o rei de paus. Ele as entregou para Sheeba.

–Você pegou as duas ao mesmo tempo, –disse ela –vejamos, vamos por ordem de importância, o rei de paus, ele diz que você é uma pessoa que não teme desafios, está sempre atrás de alguma coisa que possa pô-lo a prova, mas tem medo de que não passe nesta prova e se sinta o menor dentre os menores.

Kyo não podia acreditar, nem de longe ele era assim, sempre tivera medo de tudo, a não ser daquela vez em que desafiara a vontade de seu pai, faltando na escola, para poder ficar com uma menina, levou um bolo e ficou de castigo durante um mês. Teve também aquela vez em que discutira com a professora para ver se ela era tão braço firme, quanto todos diziam. E até mesmo quando aceitou encarar alguns alunos do terceiro ano para ver se conseguia bater neles, ganhou um belo olho roxo, mas também o respeito de seus colegas de classe.

–Eu acertei? –perguntou Sheeba.

–Não, eu sou a criatura mais bundona da face da terra... –disse Kyo, sentia-se um monte de bosta.

–Bem,–sorriu Sheeba– às vezes a gente erra, vamos a outra... os enamorados, isto quer dizer que seu coração esta batendo por alguém que você acredita que também sente o mesmo.

–De novo, eu não estou apaixonado. –disse Kyo com um sorrisinho amarelo.

–Como eu disse, às vezes a gente erra... –disse Sheeba se levantando.

Depois que Sheeba se afastou Uandalini se virou para ele:

–Você estava mentindo, não estava? –perguntou ela.

–Não, eu só disse a verdade, acho que as cartas não são muito confiáveis. –mentiu Kyo, sabia que seu coração batia por alguém em especial, alguém que...

–Muito bem, acho que todos já brincaram bastante! –exclamou Sheeba. –Agora quero que todos se apliquem e tirem corretamente as cartas, quero que vocês aprendam que mesmo o melhor leitor do tarô pode errar.

A aula estava quase acabando, Kyo não senti mais vontade de ficar ali, queria comer, quase não comera no almoço e seu arrependimento vinha em forma de roncos, até mesmo Uandalini escutava os roncos dos estomago do garoto.

Alem da fome, havia mais alguma coisa que o perturbava: Malfoy, que escutara tudo o que Sheeba dissera sobre suas cartas, agora não parava de zombar de sua cara, punha uma mão no peito e outra na testa, como se estivesse desmaiando de amor. Kyo desejava mais que tudo saber algum feitiço para quebrar aquela cara branquela e esticada.

Quando o sinal tocou em algum lugar do castelo, todos começaram a arrumar suas coisas, como quase todo mundo ali já havia examinado suas cartas estavam agora lendo sobre o tarô no livro de adivinhação. Kyo ia descer o alçapão quando escutou a voz de Sheeba o chamando:

–Sr. Hunter, o senhor pode esperar alguns minutos?

–Ah, sim, claro.

Ele olhou para Tiago que deu de ombros, Sarah ia ficando, mas Tiago a puxou com força. Kyo se dirigiu a mesa da professora, que indicou uma cadeira para que ele se sentasse.

–Srta. Longbotton, creio que a senhorita deva se retirar. –disse Sheeba esticando o pescoço para o alçapão. –E por favor, feche o alçapão.

Kyo escutou a voz de Uandalini xingando o nada e fechando a porta do alçapão com força. Kyo se virou para Sheeba que o encarava seria.

–Kyo, você conhece Harry, não conhece? –perguntou ela.

–É, eu conheço, eu passei metade da minha vida com ele. –respondeu o garoto.

–Pois então, eu sou a madrinha dele, estudei com os pais de Harry em Hogwarts, apesar de eu ter sido da Corvinal e eles da Grifinória, e ainda sou viúva do padrinho de Harry, Sirius Black.

–O Harry nunca me falou sobre sua madrinha, eu pensei que ele nem tinha uma.

–Pois é, quando ele tinha a sua idade também nem imaginava que tivesse uma madrinha.

–Por que a Sra. nunca se apresentou a ele?

–Me chame de Sheeba.

–Tudo bem, Sheeba, por que você nunca chegou nele?

–Porque eu estava trabalhando tentando descobrir onde Voldemort estava.

–Você também é uma... acho que é policial...

–Não, eu já trabalhei como policial trouxa, mas eu era de um grupo de elite que tinha como objetivo caçar e capturar Voldemort.

–Mas então o que você fazia?

–Eu estudava pistas, vestígios, qualquer coisa que pertencesse a Voldemort ou um de seus servos.

–Como?

–Kyo, antes de tudo, eu preciso te explicar uma coisa sobre adivinhação: existem algumas pessoas que possuem certos poderes que as ajudam a prever o futuro ou descobrir a verdade. Primeiro eu vou te falar sobre os farejadores da verdade, estes são capazes de descobrir a verdade apenas olhando nos olhos das pessoas, não precisa ninguém lhe falar nada nem mesmo uma só pista. Tem também os amaldiçoados por Cassandra, esse por vezes tem uma visão, uma premonição, a respeito de uma desgraça que logo acontecera com ele mesmo ou com as pessoas à volta, essas premonições atingem qualquer pessoa que já escapou da morte logo após serem tocados por ela e descobrirem seu esquema.

–Esquema?

–É, a morte tem um esquema para cada um de nós, um esquema que ela vai aprimorando ao decorrer de nossas vidas, mas algumas pessoas tem a sorte de serem tocados por ela e descobrirem seus planos.

–Nossa, isso é assustador.

–Você vai ver o que é assustador quando tiver aulas de defesa contra as artes das trevas.

–Por que?

–Deixa pra lá. Mas voltando, existem pessoas que possuem o sopro das parcas, vezes por outras as pessoas com esse dom tem ataques de hipnose e fazem premonições sobre o que vão acontecer por pessoas próximas, normalmente essa premonição vem acompanhada de uma morte pelo ataque de incompetência.

–E o que é isso?

–Você já viu uma cobra atacando um esquilo?

–Não.

–Bem, quando um esquilo vê uma cobra vindo em sua direção ele simplesmente para, fica esperando a morte, seu extinto diz que ele não poderá sobreviver.

–E ele não está certo?

–Não necessariamente, se o esquilo não vê a cobra e sai correndo apenas por um outro susto bem menor ele, na maioria das vezes escapa. Apesar de a natureza ter dado a cobra armas muito mais mortais que as que deu ao esquilo o esquilo ainda tem sua agilidade e cabeça fria, mesmo nas situações mais difíceis ele sabe como se virar.

–Mas o que é que isso tem a ver com o sopro das parcas?

–Bem, a pessoa sabendo que algo ruim vai lhe acontecer simplesmente para e espera a morte chegar.

–Isso sim é assustador.

–Bem o ultimo de todos é o Toque de Prometeu.

–Toque de Prometeu?

–Isso mesmo, você sabe quem foi prometeu?

–Foi um Titã, ele sabia tudo o que iria acontecer com uma pessoa simplesmente tocando ela, isso foi uma benção pois ele ajudava as pessoas a se livrar dos males, mas também foi sua perdição, pois ele morria de medo da morte, a qual ele podia evitar para todos, menos para si mesmo, pois não podia ver seu futuro, por isso deu seu dom a uma jovem, por quem era apaixonado, na intenção de que ela contasse sobre sua vida, mas a jovem o traiu e fugiu, quando descobriu que ele morreria acorrentado a um penhasco.

–Isso mesmo, esse dom foi à perdição de muitos que não sabiam como usa-lo.

–Mas por que você está me falando isso?

–Poucas pessoas possuem esse dom, para ser exata, o ministério da magia só conhece um registrado.

–Quem?

–Eu, eu sou a única pessoa de que se tem noticia que possua o Toque de Prometeu.

–Mas por que você está me falando isso?

–Por que eu percebi que você estava mentindo quanto ao baralho de tarô.

Kyo engoliu em seco, devia saber que não adiantaria ficar mentindo, alguém alguma hora descobriria.

–Mas como você descobriu? –perguntou Kyo.

–Sabe, uma pessoa com o Toque de Prometeu possui um pouco de cada um dos outros dons, quando olhei em seus olhos percebi que estava mentindo.

–Por que nunca erram quando eu preciso?

–Eu nunca erro.

–Isso é presunção demais...

–Tá, mas por que você mentiu pra mim?

Kyo não podia mentir, sabia que Sheeba descobriria na hora. Pensou no porque mentira, não sabia exatamente, na verdade sabia.

–É... –começou o garoto – é que você estava certa, eu realmente estou apaixonado por alguém, mas não quero que essa pessoa saiba.

–Por que?

–Você não sabe?

–Eu posso descobrir quando uma pessoa está mentindo, não o que está pensando.

–Bem, é que eu acho que foi muito rápido, sabe? –disse o garoto ficando vermelho. –Eu só a conheci ontem.

–É, foi bem rápido, mas por que você não conta para a Uandalini?

O queixo de Kyo caiu, como ela sabia de quem Kyo gostava? Ela mesma disse que não podia descobrir o que os outros estavam pensando.

–Co-como você descobriu?

–Tá escrito na sua testa “Uandalini eu te amo”.

–Serio?

–Pelo menos para pessoas mais experimentadas como eu, está.

–Será que ela percebeu?

–Não, as garotas costumam esnobar garotos que elas sabem que gostam delas.

–Por que?

–Porque elas acham que estão sobre eles, que eles estão a sua mercê.

–Credo.

–As garotas são assim, mas Kyo, acho que você deve ir embora.

–Ah, é mesmo, acho que já tá quase acabando o jantar.

–Antes de você ir, tenho que te dizer uma coisa.

–O que?

–Cuidado com suas desventuras amorosas.

–Por que?

–Eu não sei direito, mas você tem que ter cuidado.


Quando Kyo alcançou Tiago e Sarah eles já estavam a caminho das masmorras do castelo, eles iam andando devagar, conversando.

–E ai, cara? –perguntou Tiago, quando ela entrou no meio dos dois. –O que é que ela queria?

–Me contar uns troços. –respondeu Kyo, distraído, pegando os livros de poções e feitiços dentro da mala.

–Que troços? –perguntou Sarah, que parecia mais interessada no livro que ele tirava da mochila.

–Ela na verdade queria me dar um conselho. –esclareceu Kyo.

–Sobre? –perguntou Tiago.

–É sobre a... –começou Kyo, mas ouviu passos as suas costas e viu que Uandalini vinha correndo na direção deles.

–Oi gente! Por que vocês não me esperaram? –perguntou ela, entrando entre Kyo e Sarah.

–Ah, a Sarah quis vir logo, –respondeu Tiago –ela quer ver como é sala da pessoa que substituiu o pai dela.

–Deve ser um ótimo professor, se substituiu o Snape. –disse Uandalini.

–Você conhece meu pai? –perguntou Sarah, surpreendida.

–Não, mas meu pai sempre falou muito bem dele, –disse Uandalini, olhando para o nada –disse que era um ótimo professor, apesar de sempre pegar no pe dele.

–É, –disse Sarah –meu pai falou que o pior aluno que já teve foi Neville Longbotton e esperava que a filha dele lhe desse mais orgulho de ser professor, mas parece que ele não vai poder ter essa decepção...

–Muito engraçado... –disse Uandalini, fazendo uma careta.

O caminho para as masmorras era muito frio e escuro, Kyo sentia que andava pelo corredor da morte. Quando finalmente chegaram a sala onde havia a placa “poções” entraram depressa, na esperança de encontrarem um lugar mais quente.

Dentro da sala havia carteiras duplas com lugares especiais pata colocar o caldeirão e acender uma chama para esquenta-lo. A frente havia uma figura sentada sobre a mesa, lendo um livro, tinha o rosto redondo, cabelos caídos sobre o rosto, ele ergueu o rosto quando entraram.

–PAPAI!!!! –exclamou Uandalini.

–Ah, oi querida, tudo bem? –disse o homem, com um sorriso alegre.

–Tu-tudo, mas o que você tá fazendo aqui? –perguntou a garota.

–Eu sou o novo professor de poções, –disse o homem –Snape me apresentou no conselho de professores, acho que eles não gostaram muito.

–Por que? –perguntou Tiago, que pareceu simpatizar com o homem, Kyo teve que admitir que também simpatizara.

–É que eu fui o aluno mais desastrado da Grifinória no meu tempo, –disse ele, com um sorriso amarelo –para ser mais exato, fui o aluno mais desastrado de Hogwarts, tudo que eu tocava quebrava.

–Serio? –perguntou Sarah.

–É, –respondeu ele –eu simplesmente era a desgraça em forma de gente, principalmente em poções.

–E por que o meu pai te indicou? –perguntou Sarah, novamente.

–Acho que ele confia no meu potencial. –disse o homem –Ou ele não encontrou ninguém melhor.

Ele deu de ombros, Kyo se perguntou porque não o vira na mesa dos professores na cerimônia de seleção. O homem olhou para Kyo, apesar de isso só ter acontecido poucas vezes ele já sabia o que viria.

–Você é Kyo Hunter, não é? –disse o homem.

–Tá tão na cara assim? –perguntou Kyo.

–Na verdade tá na testa. –disse ele apontando para a testa de Kyo. –Sua cicatriz tá aparecendo.

Kyo achatou o cabelo contra a testa, não estava acostumado a ser reconhecido, sua sorte fora que só andara por corredores vazios.

–Eu sou amigo do Harry, sabe, estudamos juntos em Hogwarts., sou Neville Longbotton, me chame de Neville.

–Será que tem alguém aqui que não conheça o Harry? –perguntou Kyo.

–Creio que não, –disse Neville –você e Harry são as pessoas mais famosas do mundo mágico.

–Eu queria ser um cara comum, –disse Kyo –não sei como Harry agüentava isso...

–Você se acostuma. –disse Tiago dando um tapinha nas costas de Kyo.

A aula de Neville foi muito boa, ele, apesar da descrença de todos, entendia muito sobre poções, principalmente as baseadas em vegetais mágicos.

–Ele sempre adorou herbologia, –disse Uandalini –na opinião dele é a melhor matéria de Hogwarts.

Provavelmente ela estava certa, Neville não parava de fazer citações às matérias de herbologia e dizer que eles deviam saber relacionar muito bem as duas, Kyo se perguntava como seria a aula de herbologia, mas só as teria na quinta.

A aula de Neville foi a primeira em que realmente fizeram alguma coisa pro conta própria, ele mandou começarem uma poção para dormir.

–Esta é uma poção simples, –dizia Neville –no máximo faz com que a pessoa que a toma cochile, mas cuidado com as quantidades de ingredientes, qualquer erro pode resultar numa poção muito mais potente.

Kyo picava pele de araramboia enquanto Uandalini, que estava ao seu lado, pesava pó de asfodelo. Kyo estava adorando a aula de poções, achava que seria ótimo saber fazer algumas poções, que como dissera Neville, poderiam salvar sua vida e a de pessoas que ele ama.

Apesar de estar gostando da aula, Kyo não podia deixar de prestar atenção em seu livro de feitiços, estava lendo sobre um feitiço que ele achava interessante, Expelliarmus, um feitiço de desarmamento, Kyo pensava que um dia poderia ser útil. Não estava prestando muita atenção na poção que fazia até que...

–Que merda! –exclamou Kyo. –Por que isso explodiu?

Todos na sala riam de sua cara, o garoto revisava os ingredientes, a procura de um erro.

–Quem sabe possa ser por que você pôs pólvora ao invés de pó de asfodelo. –disse Neville passando a mão pelo caldeirão dele.

–Ah, é isso, eu devia ter reparado... –disse o garoto envergonhado.

–Você estava lendo esse livro? –Neville pegou o livro em cima da mesa do garoto.

–É...

–Tudo bem, filho de trouxas, você provavelmente ainda não sabe nada sobre magia. Mas acho que você vai ficar sem nota nessa poção.

–Não! –exclamou Kyo. –Me deixa fazer outra coisa pra recuperar!

–O que você quer fazer?

–Qualquer coisa.

–Me traga em dois meses uma poção... Polissuco.

–Poção o que?

–Polissuco, pegue o livro poções muy potentes na biblioteca, entregue isso a Madame Pynce.

Neville entregou um papel para Kyo:

Eu, Neville Longbotton, professor de poções, autorizo Kyo Hunter a pegar o livro poções muy potentes na seção reservada da biblioteca particular de Hogwarts.

Neville Longbotton.

–Você tem dois meses, –disse Neville –a poção é complicada, mas eu acho que você consegue. Você tem todos os meus ingredientes a sua disposição.

Kyo passou o resto da aula limpando a sujeira que fizera, não entendia de onde saia tanta sujeira, desconfiava que Uandalini estava jogando um pouco de sujeira no chão para aumentar seu trabalho.

–Que bosta cara! –dizia Kyo, a caminho da torre da Grifinória. –Eu nunca dou uma dentro! Como eu fiz aquela porcaria explodir? Eu nem tenho pólvora!

–Sei lá, –disse Tiago– você deve ser um cara muito zicado.

–É, só pode ser...

–Mas de onde saiu a pólvora? –perguntou Sarah, uma estatua mal educada imitando sua voz aguda.

–Não sei, –respondeu Kyo –o Harry deve ter querido me pregar uma peça e colocado a pólvora no meio dos meus ingredientes. É para a esquerda.

Todos pararam e olharam para ele, Tiago logo se tocou do que é que ele estava falando.

–Mas a gente desceu pela direita. –disse Uandalini. –E o pessoal do terceiro ano tá vindo por aqui.

–Eles vão ter um longo caminho... –disse Kyo, subindo a escada da esquerda.

Somente Tiago o acompanhou. Os outros não queriam seguir alguém que não soubesse preparar uma poção tão simples quanto a que Neville passou.

–Por que ninguém veio comigo? –perguntou Kyo.

–Sei lá, acho que não confiam em você. –respondeu Tiago, dando de ombros.

Eles subiram aquele lance de escadas e chegaram numa sala onde não havia nada alem de um estatua de gnomo.

–Eu acho que deveria ter ido com os outros... –disse Tiago, olhando a sala.

–Espera.

Kyo chegou até a estatua de duende e sacou sua varinha, encostou-a na cabeça do duende e, virando-se para Tiago, disse:

Dissendium.

A estatua ganhou vida e se moveu para o lado, dando lugar a um buraco na parede, grande o bastante para que eles passassem.

–Cara, como você descobriu isso? –perguntou Tiago.

–Você acha que eu não andei olhando o mapa? –perguntou Kyo. – Esse é o caminho mais curto para a Grifinória.

Eles entraram no buraco e deram de cara com uma escada íngreme, eles subiram por ela rapidamente, mas de modo que não cansassem. Eles não falaram nada durante o caminho, apenas subiram.

Kyo conseguiu calcular mentalmente quinze minutos antes de chegarem ao final da escada. Tiago contava para si mesmo os degraus da escada. Eles chegaram a um lugar fechado, Kyo empurrou a falsa parede e eles se viram de frente para o quadro da Mulher Gorda.

–Você precisa me arrumar uma copia desse mapa. –disse Tiago.

–Vou pensar, Boca de Serpente.

O quadro girou para o lado e eles entraram na sala comunal, não havia ninguém ali.

–Kyo, o que você estava lendo na aula de poções? –perguntou Tiago.

–O livro de feitiços, queria aprender um feitiço de desarmamento.

–Qual?

Expelliarmus.

–Ah, sim, um aluno do primeiro ano sabendo usar o Expelliarmus? Por que não?

–É mesmo, por que não?

–Ah, vai, pode tentar usar em mim, eu vou ser sua vitima.

–Tá certo, mas não vá dizer que eu não avisei que podia...

Kyo pegou sua varinha na bainha da calca, sorrindo. Tiago tinha os braços abertos, a varinha na mão e também sorria. Kyo ergueu sua varinha, a confiança lhe assediando.

Expelliarmus!

Kyo esperava alguma coisa, a varinha de Tiago voar, quem sabe, mas nada aconteceu, Tiago ficou parado, seu sorriso ainda estampado.

–Eu não te disse? –riu o garoto.

–Não enche!

Kyo subiu para o dormitório.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.