A decisão do Sr. Granger



As aulas do dia seguiram na mesma monotonia que vinham desde o ocorrido com Hermione. À noite Harry voltou à enfermaria junto a Gina, Hermione ainda dormia. O Sábado logo chegou. No café Harry encontrou Hagrid.

- Consegui as flores.- disse o gigante.- Vá a minha casa depois do café.

E Harry foi. Hagrid havia conseguido um buquê de flores amarelas. E logo ele foi à enfermaria.

- O que é isso, garoto?- perguntou a enfermeira.

- Flores oras!- disse Harry enquanto as ajeitava em um vaso no criado da cama de Hermione.- E ela não vai mais acordar?

- Talvez amanhã pela manhã.- disse a enfermeira.


****


- Gina!

Gina se virou. Acabara de sair da enfermaria e tinha recebido a notícia de que Hermione estava pior. Ela viu Draco que vinha correndo.

- O joelho melhorou?- perguntou.

- È!- disse ele sorrindo.- Trouxe um presente pra você!

- Ah Malfoy!- disse Gina impaciente.- Não pense que é com presentes que você vai...

- Ei! Deixe eu explicar o porque do presente!- disse ele erguendo um livro.- Crabbe escutou você e suas amigas falando qualquer coisa sobre este livro. Eu encomendei um e dei uma lida.

Gina pode ler o título Os mais fantásticos contos trouxas - Romeu e Julieta - Shakespeare. E então se lembrou do episódio na biblioteca em que Luna e Hermione discutiam por causa daquele tal livro.

- Conta a história de dois jovens de famílias inimigas que vivem um romance proibido.- disse Draco.- Parece com a gente não?

- A gente não vive um romance proibido!- disse Gina.

- Mas se tudo der certo vai viver!- disse Draco colocando o livro nas mãos de Gina.

- Você com essa história de novo!- disse Gina.- Não quero o livro.- completou tentando devolve-lo para Draco.

- Não recuse um presente, Gina!- disse ele.- Agora tenho que ir, tenho treino.

E deixando um beijo no ar ele saiu correndo de novo.


****


Harry passou o dia submerso em seus deveres. Quando a noite caía Gina apareceu por lá.

- E aí?- perguntou ele.

- Tinha ido ver Hermione.- ela não parecia muito contente.

- Eu fui lá pela manhã.- disse Harry.- Mas que cara é essa?

- Sabe...- disse Gina.- Me pediram pra não lhe falar mas...

- Falar o que?- perguntou Harry largando os deveres.

- Acho que você tem que saber.- disse Gina.- O braço de Hermione infeccionou e eles acharam melhor mantê-la desacordada até ele apresentar melhora.

- Por isso ela nunca acorda!- disse Harry.

- È!- disse Gina.- Mas Madame Pronfey me garantiu que ela ficará boa.


A semana que seguiu não foi das melhores. Harry agora andava meio solitário. Rony sequer olhava pra ele. Gina estava ocupada, era o ano de N.O.N.s. dela e ainda tinha de cumprir com as obrigações de monitora, que com a ausência de Hermione havia triplicado. Harry também estava dando o seu jeito de estudar. Conseguiu marcar treinos para Quinta e Sexta à noite. Rony compareceu a esses. Chegava sempre mudo e saía calado. O time estava ficando bom e a única coisa que animava Harry era a possibilidade de ganhar o jogo contra o time de Zacarias Smith daí a duas semanas. Será que Hermione já estaria boa? Será que o veria jogar?

No Fim de semana seguinte ao jogo seria a primeira visita à Hogwarts.


Era o segundo Domingo de Harry em Hogwarts. Harry agora voltava ao castelo com as flores para o vaso de Hermione.

- E tem também o namorado dela.- dizia Madame Pronfey quando Harry entrou.- Ele vem aqui a toda chance. E não deixa as flores do criado ficarem velhas de maneira alguma.

- Não sabia que você estava namorando, querida.- disse o Sr. Granger sério.

- Não deu tempo de contar.- disse Hermione. A voz dela estava fraca.

- Aí está ele.- disse a enfermeira.- Bom dia Sr. Potter.

Harry sentiu-se corar ao mesmo tempo que a felicidade de ver Hermione finalmente acordada tomou conta dele.

- Bom dia Madame Pronfey.- disse ele.- Trouxe mias flores. Bom dia Sr. e Sra. Granger.

- Harry!- disse Hermione.

- Que bom que você acordou!- disse o garoto sorrindo enquanto substituía as flores antigas pelas novas.

- Eu nem me lembro de muita coisa. A última coisa que lembro foi quando me levantei do sofá.- disse Hermione franzindo a testa.- Há quanto tempo estou aqui?

- Há mais de dez dias.- informou Madame Pronfey que parecia bem feliz por Hermione ter acordado.

- Nossa! E as aulas?- perguntou ela parecendo assustada.- Como vou fazer? Não podia ter perdido todo esse tempo de aula.

- Não se preocupe querida.- disse a Sra. Granger.- a Professora McGonagall disse que a maioria dos professores está disposta a repassar toda a matéria com você.

- E eu estive fazendo algumas anotações.- disse Harry sorrindo.

- Você?- perguntou Hermione.- Difícil de acreditar! Você fazendo anotações?!

- Gina já sabe que você acordou?- perguntou Harry.

- Mandei um garoto chamá-la.- disse a enfermeira.

- Ela vai ficar feliz.- disse Harry.

- Acho que devemos ir.- disse o Sr. Granger.- O Sr. Dumbledore disse que falaria conosco às dez. E já são quase.

- Eu os levo até a sala dele.- disse Madame Pronfey.

- Mais tarde nós voltaremos, querida.- disse a Sra. Granger e depois de dar um beijo na testa da filha ela saiu da enfermaria com o marido e a enfermeira.

- E então Harry!- disse Hermione assim que o trio sumiu.- Pelo que entendi todos já sabem da gente.

- Inclusive o Rony.- disse Harry se assentando na beirada da cama de Hermione.

- Como aconteceu? Ele ficou bravo?- perguntou ela.

- A seringa.- disse Harry.- Foi colocada junto à carta de Krum por comensais.

- È mesmo.- disse Hermione.- Tinha me esquecido que achei estranho o embrulho.

- Malfoy acabou contando para Gina.- disse Harry.

- Contando sobre quem colocou a seringa?- perguntou Hermione.

- Ele contou que rabicho nos viu naquele bosque em Greelin.- disse Harry.

- E eles resolveram tentar me matar.- completou Hermione apertando a mão de Harry.

- Sim!- disse Harry.- Eu e Gina achamos que seria mais seguro contar tudo.

- E o Rony?- perguntou Hermione.

- Ele ainda não fala comigo.- disse Harry infeliz.- Gina disse que às vezes ele pergunta por você. Ele sempre chega no dormitório antes ou depois de mim. Há um tempo atrás me acertou com um soco no nariz. Queria inclusive sair do time. Mas a Gina o convenceu a ficar. E então ele tem ido aos treinos. Sempre calado. Tem jogado muito bem, mas finge que não ouve quando falo com ele.

- Eu temia que ele reagisse assim.- disse Hermione também infeliz.

- Lupin me disse que uma hora ele vai se conformar.- disse Harry.

- Mas vai demorar.- disse Hermione.

- Olha, eu não vou ficar feliz com isso, mas se você quiser.- disse Harry enquanto ajudava Hermione a se sentar.- A gente pode acabar tudo.

Hermione arregalou os olhos.

- Sabe, pro Rony poder nos perdoar.

- Harry!- disse Hermione séria.- O Rony pode ser o tapado que é, mas você acha que adiantaria?

- Não sei.- disse Harry com simplicidade.

- Nós terminaríamos e ficaríamos tristes.- disse Hermione.- Eu lhe amo, você me ama e não é uma criancice do Rony que vai nos separar. Só se...

- Só se o que?- perguntou Harry.

- Se nesse tempo que eu fiquei dormindo aqui você tiver mudado de idéia.- disse Hermione.

- Lógico que não Mione!- disse Harry abraçando Hermione.- Esse tempo só fez o meu amor por você mais forte!- e após dizer isso os dois se beijaram.- Você não sabe a saudade que eu estava sentindo disso.- disse Harry assim que eles se soltaram.

- Gostaria de ter algo assim todas as vezes que eu acordasse.- disse ela rindo.

- Exagerada!- disse Harry.- Por um momento eu pensei que eu nunca mais lhe beijaria.

- Bobo.- disse ela antes de beijá-lo novamente.

- Hem hem!

Os dois pararam e se viraram.

- Desculpa atrapalhar o casal.- disse Gina.

Os dois riram.

- Como está se sentindo, amiga?- perguntou ela enquanto se assentava na cama ao lado.

- Cansada.- disse Hermione.- E o meu braço dói. Mas o que você tem feito além de treinar quadribol, é claro!?

- Tem tentado manter o seu gato quieto, ele parece estar sentindo a sua falta.- disse Gina.- E tenho lido também.

- Isso mesmo, não se deve deixar de estudar.- disse Hermione.

- Você viu as flores?- perguntou Harry.

- Sim, eu vi as que estavam aí antes também.- disse Hermione sorrindo.

- Tenho feito Hagrid arrumar flores novas todos os dias.- disse Harry.

- Acho que papai levou um susto quando Madame Pronfey falou do meu namorado.- disse Hermione.

- Seus pais estão aqui?- perguntou Gina.

- Sim! Dumbledore mandou chamá-los assim que o machucado no braço desinfeccionou e eles puderam me acordar.- disse Hermione.

- A essas horas Dumbledore deve estar explicando a eles os riscos que você corre como minha namorada.- disse Harry.

- Nam!- fez Hermione.- Eu já corria riscos bem antes disso. A diferença é que agora eles vão viver preocupados comigo.

- Olá Sra. Granger.- disse Gina ao ver os pais de Hermione entrarem de volta na enfermaria. A enfermeira que vinha atrás parecia aflita.

- Olá Gina.- respondeu a mulher.

- E aí? O que vocês conversaram?- perguntou Hermione ansiosa.

- Você vai embora daqui assim que estiver boa.- disse o Sr. Granger.

Harry sentiu o estômago despencar.

- Vocês não podem fazer isso.- disse Harry num impulso.

- Podemos sim!- disse o Sr. Granger pra ele.- Hermione mal fez 16 anos, ainda somos responsáveis por ela.

- Mas e os meus estudos? Eu me formo em dois anos!- disse Hermione.

- Você se formará bem em uma escola normal!- disse a Sra. Weasley.

- Eu não vou!- disse Hermione parecendo prestes a chorar.

- Vai sim, Hermione!- disse o Sr. Granger severamente.

- Me dêem motivos para me tirarem daqui.- disse Hermione.

- Este mundo de vocês está em guerra! Você está namorando o garoto que um psicopata maluco quer matar!- disse o Sr. Granger.- Você quase foi morta Hermione! E não foi a primeira vez!

- E vocês pensam que ela estará segura fora daqui?- perguntou Gina.

- Sim!- disse o Sr. Granger.- Na verdade foi um grande erro permitirmos que ela viesse estudar aqui há cinco anos atrás.

- Vocês não enxergam?- perguntou Gina.- Levá-la daqui vai ser suicídio!

- E deixá-la aqui vai ser assinar a sentença de morte da minha única filha, garota!- retrucou o Sr. Granger.

- Vocês não podem levá-la daqui!- disse uma outra voz vinda de um canto da enfermaria. Todos se viraram, era Rony que estava escondido a um canto e acabara de sair.

- Rony!- disse Gina.

- Vocês falaram certo! Harry é um dos motivos dessa maldita guerra.- disse Rony.- Mas o que seriam de nós todos se não fosse a Mione ao lado do Harry?

- Não sei de vocês, mas nós estaríamos seguros em nossa casa, e a nossa filha não teria quase morrido nenhuma vez até hoje!- disse o Sr. Weasley.

- Sabe, em nosso primeiro ano.- disse Rony.- Aquele psicopata a quem você se referiu teria voltado se Hermione não tivesse atuado brilhantemente e ajudado o Harry a detê-lo.

- E no segundo ano ela ajudou os garotos a descobrir o mistério do basilisco e a salvar minha vida!- disse Gina.

- Ela foi petrificada e passou um longo tempo nessa enfermaria!- disse a Sra. Granger.

- E no terceiro ano, se não fosse o gato da Mione eu não teria descoberto a verdade sobre o meu padrinho!- lembrou Harry.

- E no ano passado você a arrastou para aquele ministério de num sei o que, Harry!- disse o Sr. Granger.- E ela quase morreu, novamente!

- O que está acontecendo aqui?- Era a Profª. Minerva que a pedido de Dumbledore tinha ido até a enfermaria. Logo atrás dela entrou uma distraída Luna que parecia perdida.

- Professora Minerva!- exclamou Hermione com a voz embargada.- Pa-papai e mamãe querem me levar embora.

- Vocês não podem fazer isso!- disse Minerva.

- Podemos sim!- disse o Sr. Granger.

- Vocês não podem levar a mais brilhante aluna do 6º ano daqui.- repetiu Minerva.- Por favor, venham à minha sala. Vamos conversar.

Sr. Granger concordou e, ele e a esposa deixaram a enfermaria. Madame Pronfey foi atrás.

- Eles não podem fazer isso!- disse Hermione com os olhos úmidos.

- O que estava fazendo ali?- perguntou Gina a Rony.

O garoto corou.

- Eu tinha vindo ver como a Mione estava, mas não havia ninguém aqui, e então eu ouvi Madame Pronfey chegando com mais pessoas e me escondi. Não queria que me vissem aqui.- disse ele.

- Isso quer dizer que você não está chateado comigo?- perguntou Hermione.

- Sim.- respondeu o garoto.- Você não tem culpa de nada.- completou olhando para Harry.

- Ninguém tem culpa de nada Rony!- disse Gina.

- Escuta Gina!- disse Rony.- Não adianta você começar com aquele discurso de fã do Harry não! Você já tentou algumas vezes e não conseguiu. Agora se me dá licença, tenho deveres para fazer, sozinho, melhoras para você Mione, e espero que você fique.- e dizendo isto ele saiu.

- O que são discursos de fã do Harry?- perguntou Harry.

- Qualquer frase que diga que não tem nada de errado em você namorar a Mione.- disse Gina.- Olha, ele fala assim mas ele já deu uma amolecida. Até três dias atrás ele dava escândalo só de tocar no assunto. E a Mione ele já perdoou.

- Está na hora do almoço.- disse Luna observando as flores brancas no vaso ao lado da cama de Hermione.

- Eu tenho que ir.- disse Gina.- tem reunião de monitores depois do almoço. Vamos Luna.

- Vou ficar aqui.- disse Harry e as duas garotas deixaram a enfermaria.

Harry e Hermione ficaram se olhando calados.

- Eu estou com medo.- disse Harry depois de um longo silêncio. Ele se assentou novamente na beira da cama de Hermione.

- De que?- perguntou Hermione.

- De seu pai lhe levar daqui.- disse Harry.

- Ele não vai fazer isso.- disse Hermione.

- Como tem certeza?- perguntou Harry.

- Sei lá.- disse Hermione.- Conheço meu pai, esse não é o tipo de atitude sensata dele.

- Porque ele disse isso então? Parecia tão calmo quando eu cheguei aqui na enfermaria.- disse Harry.

- As palavras enigmáticas de Dumbledore deve tê-lo desorientado.- disse Hermione.

- Sabe, espero que esse período sem mim tenha ensinado alguma coisa a você e ao Rony.- disse Hermione.

- Tipo o que?- perguntou Harry.

- Que vocês têm que aprender alguma coisa sozinhos, que não vai ter alguém que lhes arrume anotações pro resto da vida.- disse Hermione.

- Vejo que a Srta. está se recuperando rapidamente.- disse Harry.- Já está até me torrando por estudos!

- E essa minha melhora não merece um beijinho?- perguntou Hermione sorrindo.

- Lógico.- completou Harry se debruçando por cima de Hermione e lhe dando um demorado beijo.

- Hm. Com licença.- Harry rapidamente se levantou. A profª. Minerva, a mãe de Hermione e Madame Pronfey estavam de volta.- Harry, o Sr. Granger quer falar contigo. Ele o espera em minha sala.

- Com licença.- pediu Harry sem jeito e saiu.

- E então?- perguntou Hermione também ruborizada.

- Você realmente acha que eu deixaria levarem minha melhor aluna embora?- perguntou Minerva.


****


- Você quer falar comigo, Sr. Granger?- perguntou Harry entrando na sala da professora Minerva.

- Sim, Harry.- disse ele. Parecia bem mais amável agora.

- A Mione vai ficar?- perguntou Harry com urgência.

- Sim.- disse ele.- Mas não é sobre isso que quero lhe falar.

- Pois então diga o que é.- disse Harry.

- Bom, pelo que eu entendi nós agora somos genro e sogro.- começou ele.


****


- Então você estará totalmente curada em no máximo três dias.- disse a Sra. Granger que acabar de ouvir instruções de Madame Pronfey.

- Ela estará curada do veneno.- disse a enfermeira.- E terá alta, porém como eu estava explicando para a sua mãe, Hermione, você terá que voltar aqui todo fim de tarde e toda manhã para trocar essas bandagens no braço. E nada de arrumar desculpas do tipo "eu estava estudando".

- Pode deixar que eu vou cuidar dela, Sra. Granger.- disse a Profª. Minerva no momento em que Harry entrou na enfermaria seguido pelo Sr. Granger.

- Bom, acho que podemos ir.- disse o Sr. Granger.- Temos a agenda cheia amanhã.

- Adeus querida.- disse a Sra. Granger dando um abraço em Hermione.

- Até a vista.- disse o Sr. Granger dando um beijo na testa da filha.- E você, Harry, juízo.- completou estendendo a mão para Harry.

- Fique tranqüilo, Sr. Granger.- disse Harry apertando a mão dele.

- Vou acompanhá-los até a estação e, Papoula, avise a Alvo que a garota fica.- disse Minerva.

- Não lhe disse que ele mudaria de idéia?!- disse Hermione assim que todos saíram.- O que vocês conversaram?

- Conversa de homem.- disse Harry sério.

- Ah Harry!- disse Hermione rindo.- Como se você não me contasse alguma coisa!

- Ah! Ele só fez aquelas recomendações que eu acho que todo pai deve fazer.- disse Harry.

- Ele deve ter tomado um susto quando Madame Pronfey disse que o meu namorado vinha aqui todos os dias. Acho até que eu já disse isso. - disse Hermione.- E você? Não vai ir almoçar?

- Prefiro ficar aqui com você.- disse Harry sorrindo.

Harry passou o restante do dia na enfermaria. No final da tarde Gina reapareceu por lá. Quando a noite caiu os dois foram para o jantar.


****


- E como vão os deveres?- perguntou Hermione.

- Eu tenho estudado sozinho, não se preocupe.- disse Rony.

- Se precisar das minhas anotações.- disse Hermione.- Só agora eu estou conseguindo voltar ao meu ritmo.- completou.

- Rony!- era Gina que vinha entrando no salão comunal.- Porque você não jantou?

- Estou arrumando alguns deveres.- disse Rony.

- Você tem que comer.- disse Gina.- Ou não vai agüentar o jogo amanhã.

- Foi o seu amigo Harry que mandou você conferir se eu estou bem?- perguntou Rony.

- Não!- disse Gina.

- Ah! Porque ele ultimamente tem falado comigo nos treinos como se eu fosse simplesmente um jogador sob o controle dele.- disse Rony.

- Sabe...- disse Gina.- Vocês já estão brigados há um mês, não tá na hora de parar com essa frescura e fazer as pazes não?

- Eu não vou pedir desculpas para ninguém.- disse Rony.

- Ah! E é o Harry quem deveria lhe pedir desculpas, não é?- disse Gina impaciente.- O que ele fez pra você? Por que pelo que eu sei foi você quem partiu pra ignorância.

- Você ainda pergunta o que ele me fez?!- disse Rony olhando pelo canto dos olhos para Hermione.

- Oras Rony! Cresça um pouco!- disse Gina.- Você nunca teve nada com a Mione!- completou como se Hermione não estivesse ali.- E o Harry não escolheu gostar dela! Aconteceu!

- Sabe, Rony!- interrompeu Hermione. Gina olhou para ela que estava levemente corada.- O Harry queria terminar comigo.

- Oras, terminar? Não era ele quem gostava tanto de você?!- perguntou Rony.

- Ele queria terminar comigo pois achava que isso traria a sua amizade de volta!- disse Hermione se levantando.- E eu não deixei que ele me largasse, então se você tem que brigar com alguém que brigue comigo!- dizendo isso começou subir as escadas para o dormitório feminino.- Vou estudar qualquer coisa.

- Se ele quisesse mesmo fazer isso ele teria feito com mais convicção.- disse Rony assim que Hermione sumiu.

- E você quer o que?- perguntou Gina.- Que eles terminem? Que finjam que não se gostam? Que atendam ao seu luxo?

- Pode ser!- disse Rony.

- Não sei para quê?!- disse Gina.- A Hermione não vai ser sua do mesmo jeito. E ela nunca vai estar feliz longe do Harry. E o Harry também! Você já viu o tanto que ele anda feliz?

- Eu prefiro nem olhar pro lado do Harry!- disse Rony secamente.

- Pois devia! E devia também tomar vergonha na cara, Rony!- disse Gina.- Porque não parte pra outra? Tem tanta garota em Hogwarts! E a visita à Hogsmead está chegando. Porque não arruma uma garota pra te acompanhar?!

- E você vai com quem?- perguntou Rony fugindo do assunto.

- Não lhe interessa.- disse Gina.

- Ah! Eu me esqueci! Deve ser com o seu namorado, o Dino!- disse Rony fazendo cara de nojo.

- Eu terminei com ele hoje pouco antes do jantar.- disse Gina.

- Ah! Então é por isso que está irritada ralhando comigo por qualquer bobagem!- disse Rony.

- Eu estou ralhando com você porque você está sendo idiota, Rony!- disse Gina.- E quer saber? Também vou procurar o que fazer!

Ela subiu as escadas correndo.

Rony voltou para os seus deveres quando Gina desceu as escadas correndo.

- O que foi?- ele perguntou.- Aonde você vai?

- Er...- fez ela.- Acabei de me lembrar de uma coisa.- e dizendo isso saiu pelo buraco do retrato.


****


- Pensei que você não viria.- disse Draco.

- Nem eu sei porque vim.- disse Gina.- E se alguém me vir aqui com você?

- Não vai haver treino hoje.- disse Draco, eles estavam na arquibancada do campo de quadribol.- Por causa do jogo de amanhã. Eu chequei tudo direito.

- Mesmo assim.- disse Gina.- O que você quer?

- Queria lhe ver.- disse ele.

- Você acabou de me ver no jantar.- retrucou Gina.

- Eu queria lhe ver de perto. Ouvir a sua voz impaciente comigo.- disse ele.

- Devia ter trazido seu livro de uma vez.- disse Gina.

- Pra que? Ele é um motivo pra gente se encontrar de novo!- disse Draco.

- Você fala como se a coisa que eu mais quisesse fosse encontrar contigo às escondidas.- disse Gina.

- Você pode não querer, mas é a coisa que eu mais quero.- disse Draco.- Estar ao seu lado.

Gina deu um suspiro. Como ele era meloso.

- Sai comigo, no fim de semana em Hogsmead.- disse ele.

- Ah! Era o que me faltava. O que as pessoas irão dizer ao ver Gina Weasley saindo com Draco Malfoy?- perguntou Gina.

- A gente dá um jeito.- disse Draco.- Eu vou pensar, e depois marco outro encontro. E se você quiser leva o livro pra mim.

Gina deu outro suspiro. Draco desceu uma fileira de bancos da arquibancada, e depois de beijar as costas da mão de Gina saiu com as mãos nos bolsos sem olhar para trás. Algum tempo depois Gina tomou o mesmo caminho. Como ela era tola, pensou. Porque ela ainda conversava com ele? Porque ela ia aos encontros que ele marcava? Porque dava bola? Talvez fosse algo como gratidão. Mas gratidão porque? Por ele ter ajudado Gui a fugir, por ele ter revelado o plano dos comensais ou por ele ter lhe contado o que Dino Thomas andava fazendo enquanto ela treinava quadribol? Talvez ela precisasse contar sobre essas coisas pra alguém. Sentia-se confusa. Não podia estar gostando de Draco Malfoy?!


****


Hermione acordou assustada. Tinha a impressão de ter acabado de ouvir um barulho. Olhou à volta. Lilá e Parvati dormiam como anjos. Ouviu o barulho novamente, ele vinha de uma gaveta de seu criado. Lembrou-se do caderno Mágico. Abriu a gaveta rapidamente e tirou o caderno de lá.


Hermione, você está acordada? Pode ir ao salão comunal?


Hermione procurou uma pena e respondeu com um sim. Em seguida se levantou, vestiu o roupão e calçou os chinelos. Seu braço, ainda enfaixado, doía um pouco, talvez pela urgência com a qual ela abrira a gaveta. Ela desceu as escadas. Gina estava assentada próxima à lareira.

- O que foi?- perguntou Hermione se assentando também.- Aconteceu alguma coisa? Você parece angustiada.

- Mione, lembra do que você me disse no dia em que falou daquele livro trouxa?- perguntou Gina.

- Sim. Quer dizer, depende do que, sobre o Malfoy ou sobre a Luna?- perguntou Hermione.

- O primeiro.- disse Gina.

- Espera aí, Gina.- disse Hermione.- Você tem dado papo pro Malfoy? Porque eu achei meio estranha essa história de que ele simplesmente lhe contou que Voldemort tinha mandado me matar.

- Mais ou menos, Mione.- disse Gina.- Sei, depois da confusão no trem, eu tinha decidido que não daria mais papo para ele, só que aí...

- Só que aí o que??- perguntou Hermione.

- No dia que aconteceu aquilo com você a Profª. Minerva mandou que eu o acompanhasse até a torre de astronomia. Eu não iria dizer que não. Então eu o acompanhei. E ele estava rindo de você.- disse Gina.- Então eu desconfiei que ele sabia de algo e ele acabou me contando.

- Tá, mas e aí?- perguntou Hermione.

- Ele voltou com aquele papo, como quando ele disse no beco diagonal que iria ajudar Gui a fugir e em troca eu conversaria com ele.- disse Gina.- Ele disse que mais tarde ia se arrepender por ter me contado só que se aquilo servisse pra contar pontos a favor dele comigo que teria valido a pena.

- E então você foi conversar com ele de novo.- disse Hermione.

- Não.- disse Gina.- Foi depois de uma reunião de Monitores. Ele foi atrás de mim. Ele se declarou pra mim.

- E você não levou a sério o que ele falou, ou levou?- perguntou Hermione.

- Não, quer dizer, mais ou menos.- disse Gina.

- E o que ele te disse?- perguntou Hermione.

- Disse que estava apaixonado por mim. Que no começo ele só queria ficar comigo porque eu sou bonitinha mas que eu sou tão difícil que ele acabou se apaixonando de verdade.- disse Gina.- E que ele sabia que eu ia dizer que ele não presta mas que ele estava tentando mudar. Que tinha salvado a vida do meu irmão, tinha me contado sobre você.

- E você não o lembrou de todas as outras coisas?- perguntou Hermione.

- Sim!- disse Gina.

- E o que ele disse?- perguntou Hermione.

- Que ele é Draco Malfoy. Que o pai e a mãe dele são bruxos de famílias "más" e que ele foi criado pra ser mau. Que ele está tentando mudar por mim só que ele não consegue mudar tudo ao mesmo tempo.- disse Gina.

- Esse garoto não tem vergonha na cara!- disse Hermione.- Será que é com essa mesma conversa que ele conquista a todas? E você Gina!? Ficar balançada com meia dúzia de palavras desse tipo!

- Calma. Eu não contei a história toda.- disse Gina.

- Tem mais?- perguntou Hermione.

- Sim! No dia seguinte ele veio atrás de mim e me entregou um livro.- disse Gina.- Aquele que você falou.

- Romeu e Julieta? Como ele conhece?- perguntou Hermione.

- Aquele dia na biblioteca, Crabbe estava me espionando.- disse Gina.- Eu recusei o livro, mas ele insistiu tanto que eu acabei aceitando.

- E você o leu?- perguntou Hermione.

- Sim! A história é linda!- disse Gina.- E desde que terminei o livro eu não sei mais o que fazer!

- Como assim?- perguntou Hermione.

- Ele tem me mandado corujas quase todas as tardes. Ele escreve palavras tão bonitas, Hermione!- disse Gina.- E ele me fez outro "favor".

- Qual?- perguntou Hermione.

- Ele veio com um papo de que o Dino estava tendo alguma coisa com a Lilá.- disse Gina.

- Com a Lilá?- perguntou Hermione.

- È!- disse Gina.- Falou que via os dois se encontrando todos os dias em que eu tinha treino. E era verdade, eu vi os dois juntos, eu segui o Dino um dia em minha forma animaga e os encontrei.

- Ah Gina! Desculpa, mas isso não dá pra engolir.- disse Hermione.- Você é mil vezes melhor que a Lilá! O Dino não iria lhe trocar por ela.

- Ele disse que já estava com ela fazia um tempo e que não tinha encontrado jeito para terminar.- disse Gina meio triste.

- Aí sim!- disse Hermione.

- E eu não sei mais o que eu estou sentindo!- disse Gina.- Sei lá, eu posso gostar de qualquer pessoa, mas logo do Malfoy?

- È! Não acho que ele seria uma pessoa legal pra você.- disse Hermione.

- Mas é como eu falei pro Rony há pouco. A gente não escolhe de quem gosta.- disse Gina.

- Isso é verdade.- disse Hermione.- Mas Gina, toma muito cuidado com esse garoto. Você sabe quem é o pai dele. Você sabe muito bem o tipo de gente que ele é. O tipo de coisa que ele é capaz de fazer. Agora, se você estiver mesmo gostando dele, o que pode fazer contra isso?

- Eu sei muito bem quem ele é.- disse Gina.- Eu não queria que essa história tivesse chegado a esse ponto.

- E é bom lembrar também que esse possível "romance" entre vocês dois pode vir a afetar muita mais gente do que se possa imaginar.- disse Hermione.

- Eu sei. Mas, por favor, esse assunto não sai daqui, ok?- pediu Gina.

- Tudo bem.- disse Hermione.

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