As lembranças de Sirius Black



Harry abriu os olhos, sua vista estava embaçada. A Casa dos Black, sede da Ordem da Fênix, era sombria e mal iluminada, muito diferente da casa de Vó Meg, que era muito clara e arejada.

Harry ajeitou os óculos e olhou à volta, havia uma única pessoa ali além dos recém chegados. Um homem de cabelos desgrenhados, vestido com roupas rotas e surradas, deu uma largo sorriso ao vê-los. Era Remo Lupin, assentado no meio da cumprida mesa que havia na cozinha, aparentemente os esperando.

- Molly!- gritou.- Eles chegaram!

Enquanto Tonks e Gina levantavam um Rony desacordado do chão, a Sra. Weasley surgiu correndo pela porta da cozinha.

- Oh! Finalmente vocês chegaram.- disse ela.- Como vai Tobias?- completou.

Então a Sra. Weasley viu Rony.

- Por Merlim!- disse correndo um tanto quanto sobressaltada até o garoto e erguendo seu rosto.- O que aconteceu com o meu Roniquinho?

- Acalme-se Molly, não foi nada de grave. - disse Tobias.

- É!- disse Tonks.- Gina, deixe que Tobias ajude-nos a levá-lo para o quarto. Eu lhe explicarei tudo, Molly.

A sra. Weasley lançou um olhar contrariado à Tonks, mas aceitou a sugestão calada.

- Olá, querida.- disse dando um beijo na testa da filha caçula antes de sair da cozinha atrás de Rony.

Harry, Gina e Hermione permaneceram calados olhando um para a cara do outro, até que Lupin interrompeu o silêncio.

- Sentem-se garotos.

Eles obedeceram.

- E como foram de férias?- perguntou ele.

- Boa.- respondeu Gina.

- Pra você, não é mesmo? Pois a Srta. deu muita dor de cabeça à Molly, onde já se viu? Ir sozinha para Greelin.- ralhou Lupin sem abdicar do tom brincalhão.

Gina outorgou um maroto e lançou um olhar significativo à Hermione que baixou a cabeça para não rir. Harry não pôde deixar de perceber algum traço dos gêmeos em Gina.

- Como conseguiu chegar até lá?- perguntou Lupin sem perceber o olhar entre Gina e Hermione.

- Não foi tão difícil.- disse Gina com ar de triunfo.- Peguei carona em uma chave de portal que ia para Gringotes, já em Londres peguei um trem trouxa até Greelin.

- Tem certeza que foi isso?- perguntou uma voz vinda da porta da cozinha. Todos se viraram Harry viu um homem ruivo, não tão alto quanto Gui, mas forte. Era Carlinhos Weasley.

- Carlinhos!- disse Gina correndo para abraçá-lo.- Não sabia que você estava aqui.

- Venho semana sim e outra não, a ordem não tem mais tanta necessidade de mim na Romênia.- disse.- Converti pessoas suficientes por lá, e com os problemas que estamos tendo por aqui, mamãe tem precisado muito de mim.

- Ah!- fez Gina. Aparecia sempre uma sombra em seu rosto quando falavam sobre o seqüestro de Gui.

- Mas você tem certeza que foi daquela forma que você chegou a Greelin, Gina?- perguntou ele procurando olhar nos olhos da irmã.

- Daquele jeito como?- perguntou Gina hesitante, Harry viu que ela olhava para Hermione.- De Trem?

- Isso.- disse Carlinhos.

- Foi sim, fui de trem.- disse Gina.

- Achei um tanto quanto estranho quando Tobias nos contou. - explicou Lupin.

- Temos controlado boa parte das linhas de trem que saem de King Kross.- disse Carlinhos.- Trouxas e bruxas. E é estranho que você tenha passado por essa fiscalização.

- Tivemos que intensificá-la, após o incidente.- disse Lupin.

- È! Realmente era preciso.- disse Gina, as maçãs do rosto ligeiramente avermelhadas.- Já que não foi difícil despistar a fiscalização.

- Que notícias temos sobre o mundo pós retorno oficial de Voldemort?- cortou Hermione.

- Muita coisa tem acontecido ao mesmo tempo.- informou Lupin.- Após pegarem o Gui, Lúcio Malfoy fugiu de Azkaban com metade dos comensais que lá estavam. É bem complicado manter bruxo das trevas presos com uns poucos aurores vigiando.

- Cornélio Fudge está sofrendo um inquérito.- disse Carlinhos.- A corte suprema de Bruxos investiga focos de corrupção no ministério britânico. Também, depois daquela festa de início de verão...

- Festa?- perguntou Harry.

- È! É o carinhoso apelido dado ao incidente ocorrido no Departamento de Mistérios.- explicou Carlinhos.- Não é comum quatorze comensais entrarem no Ministério sem serem percebidos, invadirem o departamento de mistérios, serem seguidos por seis estudantes, e ainda provocarem toda aquela quebradeira.

- Realmente.- concordou Hermione que bebia cada palavra.- E... descobriram alguma coisa?

- Sim!- disse Carlinhos.- Bastante coisa. Muita lama inútil é claro. Mas alguma coisa salva. Descobriram, por exemplo, que Lúcio Malfoy havia conseguido, no verão passado, uma autorização para o uso da maldição Imperius. Não se sabe que assinou a autorização, só encontraram o registro dela. Dessa forma, quando ele usava o feitiço, o ministério não ficava sabendo. Supomos que foi com isso que eles invadiram o ministério.

- É um bom palpite.- concordou Hermione.

- A casa de Lúcio Malfoy não tardará a se tornar o novo alvo da Corte Suprema. Mas ele sabe esconder uma lugar quase tão bem quanto Dumbledore. Há inclusive quem diga que a sede dos comensais é lá.- comentou Lupin.

- Outro alvo de comentários é a estadia de Umbridge em Hogwarts.- prosseguiu Carlinhos.- A escola careceu de reforma durante as férias. Dizem que a revolta dos alunos contra a ditadura de Umbridge foi degradando aos poucos o castelo.

O Trio sorriu.

- Você tem sido muito elogiado.- completou virando-se para Harry.- “O menino que sobreviveu novamente”, dizem as manchetes. Qualquer coisa a seu respeito tem feito o maior estardalhaço e não raramente sua foto é vista na primeira página de algum jornal ou revista.

- Até o Sr. Lovegood ganhou a crítica junto com você.- riu Lupin.- O único que acreditou em Potter, dizem.

Carlinhos riu também.

- Tem-se falado sobre animagos ilegais também.- disse ele.

- Pedro resolveu dar as caras.- rosnou Lupin.- Foi visto na Travessa Trancoso.

- E o que será feito a respeito disso?- indagou Hermione.- Quero dizer, Sirius também era um animago ilegal...

- Para Pedro ou Sirius isso não causará danos.- explicou Lupin.- Pedro forjou a própria morte e se for capturado responderá a um processo por conta disso. Então, como ele está vivo, ficaria provada a versão que Sirius apresentou sobre a morte dos Potter.

- A morte de Sirius tem sido comentada também. - disse Carlinhos. Harry ajeitou-se em sua cadeira.

- Como souberam disso?- perguntou Hermione.

- Belatriz Lestrange não foi pra Azkaban, foi o único comensal que escapou do ministério naquele dia.- explicou Lupin, observando Harry pelo canto do olhos.- Aparentemente ela achou que seria divertido contar ao mundo que dessa vez Black não escapou!

- Mas, e sobre ele ser animago ilegal?- perguntou Hermione.

- Isso não era novidade pra ninguém, não é mesmo?- disse Lupin.- E além do mais, os ventos estão a favor dele agora.

- Como assim?- perguntou Hermione, ela ainda olhava Harry.

- Dumbledore me deu uma espécie de missão.- disse Carlinhos.- Que é, talvez, o que me trouxe de volta a Londres.

- Que tipo de missão?- perguntou Gina que até agora prestava atenção na conversa calada.

- Após vazar a história sobre Petgrew, Dumbledore me procurou.- disse Carlinhos.- Sabe, durante a minha estada na Romênia eu estive fazendo alguns cursos lá. Direito para bruxos foi um deles.- ele fez uma pausa. Lupin olhava para Harry. Hermione notou que ele também se sentia incomodado com a morte do amigo.- Procurei a Suprema Corte e consegui reabrir o caso Sirius Black.

- Pra quê?- perguntou Harry de repente, seu tom de voz era levemente agressivo. “Porque eles insistem em falar sobre Sirius na minha frente?” pensava, “Será que ninguém consegue perceber que eu não posso agüentar isso?”

Todos olharam para ele.

- Foi o que eu perguntei a Dumbledore quando ele me pediu que o fizesse.- disse Carlinhos.- Ele disse que Sirius foi um grande bruxo e que sua morte não deveria ser lembrada como a derrota de um assassino, mas como a despedida de um herói.

- E isso por acaso vai trazê-lo de volta?- perguntou Harry.

- Não.- disse Carlinhos parecendo muito incomodado com a situação.

- Então pra quê?- perguntou Harry se levantando.- PORQUE VOCÊS NÃO O DEIXAM DESCANÇAR EM PAZ, SIMPLESMENTE?!

Hermione ouviu a Sra. Black gritando lá fora. Provavelmente não era pelo grito de Harry, alguém devia ter chegado.

- Não precisa gritar, Harry.- foi o que Carlinhos disse.

- Sente-se novamente, Harry.- pediu Lupin

- EU NÃO QUERO ME ASSENTAR!- gritou Harry.- PORQUE TODO MUNDO AGE COMO SE FOSSE SIMPLES EU ME CONFORMAR?

- O que está acontecendo aqui?- perguntou uma voz seca vinda, mais uma vez, da porta da cozinha.

- Boa noite, Snape.- cumprimentou Carlinhos.

- FOI ELE!- gritou Harry.

- Do que está falando, moleque?- perguntou Snape.

- FOI POR CAUSA DELE QUE SIRIUS MORREU!- Gritou Harry que resistia aos esforços de Lupin em fazê-lo sentar. Ele tinha um dedo apontado para Snape.

- Não diga tolices, garoto. - disse Snape mantendo o rosto impecavelmente sério.

- FOI CULPA DELE!- insistiu Harry.- SE ELE TIVESSE NOS LIVRADO DE UMBRIDGE... SE ELE TIVESSE ME ESCUTADO QUANDO EU FALEI DE SIRIUS... NÓS NÃO TERÍAMOS IDO AO MINISTÉRIO!

- Harry, acalme-se.- disse Lupin mais uma vez, puxando Harry pelos ombros para que ele se assentasse.

- CALMA?! VOCÊ DEVIA SABER DISSO TAMBÉM, LUPIN! FOI POR CULPA DELE QUE SIRIUS MORREU! DELE! SOMENTE DELE! DE MAIS NINGUÉM! - ele ainda apontava para Snape.

- Cale-se, garoto! Você não sabe o que diz.- disse Snape.- Se você ao menos tivesse levado a sério as aulas de oclumência que ministrei...

- CALE A BOCA VOCÊ!- disse Harry.- SE VOCÊ NÃO TIVESSE SE ACOVARDADO E TIVESSE CONTINUADO ME DANDO AULAS TALVEZ EU APRENDESSE ALGUMA COISA.

- Tss!- fez Snape.- Igualzinho ao pai. Impetuoso e irritante.

- É, COVARDE SIM! SÓ PORQUE VOCÊ FOI HUMILHADO POR MEU PAI E POR SIRIUS NA FRENTE DE TODO MUNDO, UM DIA!-

Harry parecia infreavel. Gina olhava pra ele boquiaberta. Hermione não sabia o que fazer.

- Pára com isso, Harry!- disse Lupin.

O lábio inferior de Snape tremia, seus olhos subitamente brilhavam de ódio.

- CONTE PRA TODO MUNDO PORQUE VOCÊ DEIXOU SIRIUS MORRER! CONTE: PORQUE VOCÊ O ODEIA!- gritou Harry.

- CHEGA HARRY.- gritou Hermione ficando em pé e dando a volta para segurar Harry.- Pára com isso!

- Cale a boca garoto, você não sabe o que está dizendo.- disse Snape, sua boca tremia muito agora.- Igual a seu pai e ao amiguinho dele, impulsivos, não pensam no que fazem ou falam. Idiotas!

- CALA A BOCA! EU NÃO TE DEI LIBERDADE PRA FALAR DO MEU PAI!- disse Harry.

- Pára Harry.- disse Hermione segurando os ombros dele.- Vamos, vamos lá pra fora, vamos ver como está o Rony.

Harry tremia, mas, relutante, seguiu com Hermione. Gina hesitou em ir atrás, já ia se levantando.

- Fica aqui.- disse Carlinhos.

Ela se assentou novamente.

- Está vendo, Lupin!- disse Snape.- Ninguém me dá ouvidos quando digo que o garoto pensa estar acima de todas as leis.

- Não vejo nenhuma lei aqui, Snape.- disse Lupin.

- Tsc.- fez Snape.- Me refiro às leis da ética.

- Ética?- perguntou Lupin

- Sim.- disse Snape.- Vai me dizer que não sabes a que Potter se referia.

- Talvez.- disse Lupin.

- Imaginei que soubesse por que parei de ministrar as aulas de Oclumência. - disse Snape.

- Sim, ele nos contou.- disse Lupin.

- Nos contou?- perguntou Snape.

- Sim. A mim...- disse ele.- E a Sirius.

- Você deve se lembrar daquilo tão bem quanto eu, não é mesmo?- disse Snape.- De que valia o seu distintivo naquela época se nem em seus amigos era capaz de por freios.

- Ao menos eu tinha um distintivo.- disse Lupin.- Mesmo sendo mestiço, lobisomem e apesar de ser tudo o que você odeia... eu tinha um distintivo. E você, tão obviamente nobre, não.

Snape mais uma vez crispou a boca.

- Não foi pra prosseguir com essa discussão que você veio aqui, Severo.- Disse Carlinhos Weasley se levantando.

-Realmente.- concordou Snape.- Onde está Minerva?- completou.

- Está no escritório.- disse Carlinhos.- Você conhece o caminho.

Snape concordou com a cabeça e em seguida saiu. Lupin soltou um suspiro.

-Sujeitinho irritante.- comentou se assentando novamente.

- Harry tem que aprender a se controlar.- disse Carlinhos.- Ele não pode sair gritando desse jeito em qualquer lugar.

- Ele ainda está inconformado, Carlos.- disse Lupin.

- Mesmo assim.- disse Carlinhos.- Espero que ele e Snape não se encontrem novamente no corredor.

- Dumbledore não contou a ele o que é aquele véu.- disse Lupin, ele parecia ter esquecido que Gina ainda estava ali.

- Talvez ele devesse saber.- disse Carlinhos.- Vou precisar dele calmo no processo.


*


- Harry, porque você fez aquilo?- perguntou Hermione no corredor do segundo andar.

- A culpa foi dele, Mione, foi dele.- choramingou Harry.

- Acalme-se.- disse Hermione.- A culpa ser ou não dele... nada vai adiantar, Harry. Ele não vai voltar. Ele se foi e você tem que se conformar com isso.

- Ele não podia morrer, Mione.- disse Harry, Hermione via as lágrimas enchendo seus olhos.- Vê? Sua inocência será provada, eu finalmente poderia morar com ele. Eu nunca mais precisaria ver os Dursley.

- Oh Harry!- disse Hermione abraçando o garoto.

- Eu ia ter uma família de verdade.- disse Harry.- Ele não podia ter feito isso comigo. Não podia!

- Não há nada que você possa fazer, Harry.- disse Hermione.- Ele morreu.

- Por que?- perguntou Harry.- Porque todas as pessoas importantes pra mim têm de morrer?

- Não diga isso, Harry!- disse Hermione comovida.- Você ainda tem o Rony, você ainda tem a mim.

- Mas por que?- disse Harry.- Eu só queria um motivo.

- Talvez algumas pessoas precisem ser sacrificadas para dar sentido à vida dos que ficam, Harry.- disse Hermione no momento em que uma porta se abriu um pouco à frente. Dela saiu Tonks.

- O que está acontecendo aqui?- perguntou ela. Gina vinha subindo as escadas.

- Harry se descontrolou enquanto conversavam sobre Sirius.- explicou Gina.- E discutiu...- ela olhou para Harry e Hermione assentados no chão no meio do corredor.- ...com o professor Snape.

- Oh, por Merlim !- Disse Tonks.- Harry! É melhor você descansar um pouco, Hermione e Gina, Molly quer falar com vocês.

Hermione e Harry se levantaram. Os três seguiram até o quarto. Tobias não estavam mais lá. Rony, de pijama, dormia e roncava alto. A Sra. Weasley estava assentada ao pé da cama do garoto, parecia brava. Harry entrou primeiro e se jogou em sua cama, não queria que ninguém visse que ele havia chorado. Tampou o rosto nos braços e ficou ali, imóvel. Hermione ficou em pé, ao lado da porta. Gina se assentou aos pés da cama de Harry.

A Sra. Weasley olhou para cada um deles.

- Como foi que vocês deixaram o Rony ficar nesse estado?- disse ela.

- Sinto muito Sra. Weasley.- disse Hermione.

- Nós não sabíamos que ele andava bebendo, mamãe.- disse Gina.

- Não sabiam? Como não sabiam?- perguntou ela.- E você? Gina Weasley? Como é que me viaja quilômetros, sozinha e sem avisar, ein?

- Desculpe, mamãe.- murmurou Gina em tom baixo.

- Desculpe? Se você tivesse pedido, teríamos mandado lhe buscar.- disse a Sra. Weasley.- E era o que iríamos fazer. Mas quando Tonks chegou lá, o Sr. Lovegood não sabia dizer onde você estava! Ficamos preocupadíssimos, eu e seu pai.

- Sinto muito Sra. Weasley. Mas sobre o Rony, talvez a culpa tenha sido minha.- disse Hermione. Harry levantou o rosto e olhou para ela.

- Como querida?- perguntou a Sra. Weasley.

- Você me pediu para que eu não deixasse os garotos irem atrás de Gui, então achei que seria melhor deixar o Rony enturmado com as garotas trouxas. Eu tinha ciência de que elas não eram as melhores companhias, mas foi a única maneira, que encontrei, de tirar as preocupações do Rony. Me desculpe.

- Não se culpe querida.- disse a Sra. Weasley sorrindo para ela.- Você não é responsável por ninguém, se existe um verdadeiro culpado este se chama Rony Weasley! Espere só até ele acordar.

Harry tinha a cabeça novamente enfiada no travesseiro. Escutava o sermão que a Sra. Weasley passava em Gina. Sentia-se exausto. Já devia ser tarde. Gina agora narrava para a mãe como chegara a Greelin, e repetia várias vezes que o importante é que estava bem. Então Harry sentiu uma fisgada na testa, seguida de uma segunda e uma terceira, até que a fisgada se transformou em dor permanente. Ele afundou mais o rosto no travesseiro, mas a dor só aumentou.

Ele se levantou ligeiro, já não ouvia o que dizia a Sra. Weasley. Hermione estava calada assentada no canto do quarto, apenas observando tudo. Ela o examinou atentamente, com o canto dos olhos, quando ele levantou. A dor crescia e ele começava a achar o quarto abafado, resolveu sair e procurar um lugar mais fresco.

Deixou o quarto. Ainda sentia os olhos de Hermione pregados nele. Assim que fechou a porta escutou mais um urro da Sra. Weasley.

- Bom dia Sr. Ronald Weasley!- dizia ela.- Pode começar as suas explicações...

Harry atravessou o corredor e subiu dois lances de escada até o quarto andar. A cicatriz ainda doía. Caminhou até uma grande porta no final do corredor. Ao se aproximar pensou em onde estaria Monstro. “Espero que tenha morrido” disse para si mesmo, “aquele traidor”.

Harry abriu a porta. Ele já sabia o que havia por trás dela. Já estivera ali, uma vez antes. Era o antigo quarto de Sirius. Era um quarto largo com uma larga cama de colunas ao centro. Na parede atrás da mesma havia um quadro de um garoto de sete ou oito anos, os cabelos muito negros, o rosto bonito. Havia ainda um comprido armário em uma das paredes. Na parede oposta ao armário havia uma janela, que agora estava aberta. Harry estranhou que o quarto estivesse perfeitamente limpo. Talvez a Sra. Weasley ou Lupin o mantivesse assim, por puro capricho.

Sentiu uma enorme vontade de abrir os armários, hesitou por um momento. Queria encontrar qualquer coisa que pudesse trazer boas lembranças do padrinho. Caminhou até a cama de colunas e se assentou ali, ponderando abrir ou não o armário. Estava tão compenetrado em sua questão que nem ouviu a porta do quarto de abrir novamente e Lupin entrar por ela.

- Está pensando se deve ou não mexer nas coisas de Sirius?- perguntou Lupin após observar Harry por alguns minutos.

Harry olhou num misto de surpresa e vergonha pra ele. Só agora notou que a cicatriz parara de doer.

- Na verdade- disse Harry.- Sim.

- Vá em frente. - disse Lupin se assentando ao lado de Harry.- Não tenha medo.

- Eu só fico pensando, se ele não acharia ruim se ainda estivesse aqui.- disse Harry.

- Lhe garanto que não.- disse Lupin.

Harry olhou para ele e sorriu. Então se levantou e caminhou até o meio do armário e abriu uma das portas do mesmo. O armário era estranho por dentro, apesar de cumprido era raso. Harry olhou para trás como se esperasse que Lupin dissesse “Vá em frente”, mas ao invés disso ele balançou a varinha e todas as outras portas do armário se abriram. Harry recuou. Havia uma infinidade de coisas por ali. Uma número significativo de livros, alguns deles - Harry pode identificar – usados em Hogwarts. Havia também o que parecia uma pilha de porta-retratos. Alguns frascos com poções e muitos e muitos pergaminhos enrolados, caprichosamente organizados. Nas portas restantes havia algumas poucas roupas, em sua maioria velha e esfarrapada.

- Como você pode ver, Sirius foi o maior sucateiro que já existiu.- disse Lupin.

- Ele guardava as coisas de Hogwarts?- perguntou Harry olhando para Lupin.

- Sabe, durante o verão eu estive dando uma olhada nisso aí. Lógico que coloquei tudo como estava novamente, mas examinei item por item.- disse Lupin.- E há muito mais coisa aí do que se possa imaginar.- Ele sorriu.

Ouviu-se um tac e Fred apareceu no quarto.

- E aí Harry, como vai?- disse ele.- Mamãe mandou chamar vocês dois pro jantar.

- Já vamos.- disse Lupin.

- Se eu fosse vocês não demoraria muito. - Completou.- Ela está uma pilha por causa da ressaca do Rony.

Tac

Harry não queria jantar, sentia uma enorme vontade de, como Lupin, examinar item por item daquele armário. Na verdade não se sentia à-vontade com Lupin ali. Resolveu almoçar e voltar mais tarde.

O jantar foi animado. Fred, Jorge e Carlinhos ficaram para jantar. Rony já estava de pé, e, a todo o momento a Sra. Weasley olhava de cara feia pra ele. Para o alívio de Harry, Snape já havia partido. Tonks e Tobias também se juntaram ao grupo. O Sr. Weasley chegou apenas no final, junto com a Professora McGonagall.

- Parto depois de amanhã.- disse ela.- Dumbledore pediu que eu estivesse lá pelo menos dois dias antes das aulas começarem.

- Espero que aquele nosso esquema dê certo.- disse o Sr. Weasley.

Harry tinha os ouvidos em pé. Ele estava assentado defronte a Gina e Hermione, pelo que ele notou que elas também escutavam.

- Hogwarts é segura, Arthur.- disse a professora.- E com as novas medidas que tomamos, será praticamente impossível alguém que não seja convidado conseguir chegar até lá.

- Eu realmente espero que assim seja.- disse o Sr. Weasley, ele parecia levemente preocupado.

- Ei Crianças!- chamou a Sra. Weasley.- Está na hora de irem para a cama. Não podemos deixá-los aqui por mais tempo, temos que arrumar as coisas para a reunião.

- Reunião?- perguntou Harry assim que os três alcançaram o primeiro andar. Rony, Fred e Jorge foram os primeiros a se retirar da cozinha.

- Pelo que escutei mais cedo é a última reunião da ordem antes do regresso a Hogwarts.- explicou Gina.

- Ah!- Fez Harry assim que chegaram à porta do quarto dos garotos.

- Boa noite, Harry.- disse Gina.

- Boa noite.- respondeu Harry.

- Espero que você durma bem.- disse Hermione, Harry olhou para ela que sorria. Sorriu também, imediatamente uma sensação de enorme conforto tomou conta dele. Gina pigarreou.

- Boa noite.- completou Harry e entrou para seu quarto.

- E aí Harry!- disse Jorge. Ele, Fred e Rony estavam a um canto do quarto junto a uma enorme caixa.

- Noite.- disse Harry.

- Mamãe te xingou também?- perguntou Rony.

- Não!- respondeu Harry. Ele se assentou em sua cama, e abraçado aos joelhos ficou observando os três irmãos. Rony ainda comentou qualquer coisa, mas estava bem mais interessado nas coisas que não paravam de tirar da caixa. Harry lembrou-se do quarto de Sirius. Silenciosamente saiu do quarto e subiu as escadas.


*


- Mione, eu sei que você vai negar, mas...- começou Gina. As duas garotas estavam no quarto que dividiam na Casa dos Black. Gina estava assentada em sua cama, já de camisola, Hermione penteava os cabelos volumosos diante de uma penteadeira.- Está acontecendo alguma coisa entre você e o Harry.

Hermione olhou Gina através do espelho, mas não respondeu nada.

- Desde que vocês fizeram as pazes estão assim.- disse Gina.

- Assim como?- perguntou Hermione.

-É!- fez Gina.- Assim! Trocando olhares comprometedores, sorrisinhos discretos.

- Não tem nada disso.- disse Hermione virando-se para trás para ver Gina melhor.- é impressão sua, já disse.

Gina franziu a sobrancelha, deu ombros e puxou as cobertas.

Ouviram-se passos. Bichento miou. Alguém atravessava o corredor. Hermione olhou novamente para Gina. Ela já parecia adormecida. Levantou-se e saiu do quarto.

Harry finalmente chegou à porta do quarto de Sirius. Sem hesitar, entrou. A janela estava fechada agora, mas as portas do armário permaneciam arreganhadas. Harry se assentou na cama, no mesmo lugar onde anteriormente estivera Lupin. Olhou atentamente por todas as portas do armário até que algo parecido com uma bacia de pedra lhe chamou a atenção. Os olhos de Harry brilharam, era uma penseira.

Ele caminhou até lá, mas quando ia tocá-la a porta do quarto se abriu. Harry olhou exaltado para a mesma. Hermione estava parada ali.

- Ah! Era você!- disse ela.

Harry concordou com a cabeça.

- O que faz aqui?- perguntou, se arrependendo em seguida.

- Me lembrando...- disse Harry baixando a cabeça, recuando e se jogando na cama em seguida.

- Hum!- fez Hermione. Ela olhou Harry ali, jogado na cama. Parecia infeliz. Sem que pudesse conter, um arrepio lhe subiu a espinha, seguido de um calafrio de mau pressentimento. Harry pareceu reparar.

- O que foi?- perguntou ele.

Ela estava séria. Caminhou até a cama e se assentou ao lado de Harry.

- Não sei.- ela respondeu finalmente.- Não acredito muito nessas mas acho que acabei de ter um presságio.

- Um o que?- perguntou Harry meio sem entender.

- Não sei bem.- explicou Hermione.- Quando olhei você tive um arrepio, um pressentimento, como se algo estivesse me dizendo pra tomar cuidado, que algo de ruim vai acontecer.

Harry deu um sorriso doce e com uma das mãos, aonde agora - já sem as bandagens - restava uma fina cicatriz, acariciou os cabelos volumosos de Hermione.

- Nada vai acontecer.- disse Harry.- Nada vai me acontecer.- Completou ele que passeava os olhos pelo rosto da garota. Era tão belo, pensou.- Nada vai nos acontecer.

- Mas quem pode garantir, Harry?- perguntou ela. Sua testa estava franzida e Harry pode ver que havia muito mais medo naqueles olhos castanhos do que ele esperava encontrar. - Estamos em meio a uma guerra. Existem inúmeras pessoas por aí que querem matá-lo. - ela fez uma pausa e engoliu em seco.- Que querem matar todas as pessoas importantes a você.

- Acredita em mim?- perguntou ele ainda acariciando o rosto da garota. Ela fez que sim com a cabeça.- Não vou deixar que nada nos aconteça. E sabe por que posso garantir isso? Pois eu tenho a você!- ele sorriu.- Porque o simples fato de ter você ao meu lado, de saber que você gosta de mim o mesmo tanto que gosto de você. Ah! Isso me fortifica.

- Harry...- fez Hermione, mas o garoto a interrompeu.

- Shhh.- fez ele levando o indicador junto aos lábios macios da garota.- Eu me sinto maior, mais forte, mais poderoso ao seu lado. E eu sei que isso não é utopia, pois sim, eu fico mais forte ao seu lado, eu sou mais forte ao seu lado.

- Ah, Harry!- disse Hermione. Ela nunca imaginara que algum dia ouviria tais palavras vindas de Harry. Hesitou. Era difícil dizer. Era difícil ter que admitir aquilo a si mesma. - Eu te amo.

- Não é utopia.- continuou Harry.- Pois qualquer pessoa se tornaria mais forte ao ouvir um simples “Te Amo” vindo da garota mais inteligente e mais brilhante que eu conheço. E meu coração se aquece por poder te olhar assim e pensar como eu amo essa garota.- Ele sorriu novamente.- Eu lhe amo Hermione Granger.

Hermione havia perdido a fala. Olhava para Harry, no fundo daqueles olhos verdes, com um destemor que ela nuca sentira antes. E mais uma vez aquele momento mágico aconteceu. Os rostos se aproximaram e os lábios quentes de Harry tocaram os seus fazendo com que ela instantaneamente sentisse viajar. Como aquilo tudo era bom. E como era imprevisível essa coisa de amor. Pensava ela, ainda submersa naquele beijo. Amor, aquilo tão simples e tão complicado, que conseguia transformar uma garota séria, discreta, sábia e tão valorosa como ela em uma adolescentezinha romântica que sofre por temer que triste destino o mundo lhe reserva.

Ficaram ali, se beijando, por um bom tempo, até que a porta do quarto bateu. Harry olhou na direção da mesma, exaltado. Hermione então voltou à razão.

- É melhor a gente ir dormir.- murmurou

- È.- disse Harry olhando para a porta. A janela estava fechada, não ventava. Como a porta podia bater sozinha?

- Boa noite, então.- disse ela se levantando.- Não durma muito tarde, vamos ao Beco Diagonal amanhã.

- Beco Diagonal é?- disse Harry sorrindo para ela, esquecendo-se da porta por um momento.- E será que a Srta. Granger toparia um encontro comigo?

- Lá?- perguntou ela, Harry confirmou com a cabeça. Hermione lhe lançou um olhar maternal e, com o tom de voz de quem explica a uma criança pequena o porquê de ir ao dentista, ela disse: - Vamos comprar os materiais, Harry. Todos estarão lá. Inclusive o Rony. O que diria a Sra. Weasley ao nos encontrar em um encontro romântico?

Harry concordou silenciosamente.

- Boa noite.- disse ela sorrindo para ele.

- Não está esquecendo nada?- perguntou o garoto.

- Acho que não.- disse Hermione.

- Está sim.- disse Harry se levantando.- Isso.- e lhe deu um beijo suave.- agora pode ir.

- Seu bobo!- disse Hermione.- Até a manhã.- e dizendo o último ela saiu. Harry se jogou na cama de Sirius novamente. Ficou ali olhando o teto por algum tempo. Sentia uma felicidade tão grande naquele momento. Felicidade como há muito tempo não sentia. Acabou adormecendo.


*


Hermione seguiu até seu quarto. Sentia que algo tinha dado errado. Bichento surgiu de um canto e a seguiu. Ela entrou silenciosamente no quarto e respirou aliviada ao ver que Gina estava em sua cama, ao que parecia dormindo. Porém, seu alívio durou pouco. A respiração de Gina estava rápida como se tivesse corrido. Pessoa alguma respira daquele jeito enquanto dorme. Então Bichento miou. Hermione virou-se para ele. O gato tentava arrancar alguns pelos muito vermelhos agarrados à dobradiça da porta.

Hermione gelou. Gina tinha acordado e, em sua forma animaga, seguido até o quarto de Sirius; chegando lá a flagrou junto a Harry e, ao sair correndo, bateu a porta acidentalmente.

Caminhou lentamente até a porta, abaixou-se e apanhou os pelos vermelhos. Apertando-os na mão como numa tentativa de fazê-los desaparecer para pudesse acreditar que era uma ilusão ou um sonho, Hermione seguiu até a penteadeira e soltou-os ali. Jogou então numa poltrona ao canto do quarto e ficou ali com a cabeça baixa, pensava no que diria a Gina. Ouviu a garota se levantar e recostar-se na cabeceira da cama.

Seguiu-se um longo silêncio. Hermione mantinha a cabeça baixa, porém sabia que os olhos castanhos de Gina a examinavam. Finalmente Gina falou.

- Você está se sentindo bem?- perguntou ela.

Hermione levantou o rosto sem entender.

- Você está pálida. - completou.- Está se sentindo bem?

- Sim.- respondeu Hermione se sentindo extremamente aliviada.

- Ah! Fiquei preocupada. Fui até o quarto de mamãe e você não estava aqui.- disse Gina e sorrindo apanhou algo na mesinha de cabeceira.- Veja o que Hogwarts mandou.- era um distintivo.- Agora sou monitora também.

- Oh Gina!- disse Hermione.- Meus parabéns.


*


- Harry, Harry querido!

Harry abriu os olhos. Era a Sra. Weasley. Tinha adormecido na cama de Sirius.

- Venha tomar o café, querido.- disse ela docemente.- Vamos ao Beco Diagonal.

Harry apanhou os óculos caídos ao seu lado e os colocou. Pouco atrás da Sra. Weasley estava parado Lupin.

- Eu disse que o encontraria aqui Molly.- foi o que ele disse. Parecia sério.

- Eu lhe disse que era melhor manter este quarto fechado.- retrucou a Sra. Weasley secamente. Harry logo supôs que ela devia ter trovejado pra cima de todos ao chegar ao quarto dos garotos e não encontrá-lo.

- Não há problema algum em Harry ter acesso às coisas do padrinho.- disse Lupin enquanto os três seguiam pelo corredor em fila indiana.

- O Padrinho de Harry morreu!- disse Molly.- Ter acesso às coisas dele só trarão recordações e lembranças que poderão ser dolorosas a Harry.- Harry se esforçava para fingir que não ouvia a discussão. Era incrível o tanto que aquele assunto o irritava.

- Acho que Harry teria ficado feliz se pudesse ter acesso às coisas dos pais dele também.- disse Lupin.

- Ah Remo. Se Dumbledore pensasse assim isso já teria ocorrido.- disse Molly Weasley.

Harry seguia na frente. Após a última frase da Sra. Weasley ele não escutava mais o que os dois discutiam. Algo havia chamado sua atenção. “Se Dumbledore pensasse assim isso já teria ocorrido.” Mas acesso ao que? Será que havia algum lugar onde estavam guardadas coisas pertencentes à seus pais ou ela se referia às coisas de Sirius? Sua cabeça latejava um pouco quando entrou na cozinha e encontrou Gina, Hermione e Ronyi.

- Bom dia, Harry!- disse Rony com a boca cheia de bolo quando Harry entrou.- Aonde você dormiu?

- Estive no quarto de Sirius.- disse Harry.- Acabei adormecendo por lá.

Dizendo isto ele se assentou ao lado de Rony. Sentia-se mau-humorado. Se concentrou tanto na torrada que lhe fora servida, que nem observou os olhos castanhos de Hermione o observando enquanto Gina olhava de um para o outro.

- Estou ansioso para irmos ao Beco Diagonal.- disse Rony sorridente.- Antes de partir para a casa de Mione, Jorge me prometeu uma vassoura nova.

- Uma vassoura nova só serve pra alguma coisa se você continuar tão bom quanto no último jogo da temporada passada.- riu Gina. Rony ficou muito vermelho.

- Estive treinando bastante no começo das férias.- respondeu entredentes.- Mas e você, Gina?

- O que tem?- perguntou a garota.

- Nem tem vaga no time...- riu Rony.- Agora que o Harry vai voltar a jogar.

- Ah! Lógico.- respondeu ela ainda sorridente.- Vou me candidatar a Artilheira.

- Falando nisso, quem será o novo capitão?- perguntou Rony olhando para Harry.

- Não sei, mas acho que dessa vez vão nomear o Harry.- disse Gina.

- Eu?- perguntou Harry engasgando. Estivera com a cabeça tão cheia durante as férias que nem se lembrara disso.

- È mesmo! Não seria uma má idéia.- concordou Rony.

- Ei, Crianças!- interrompeu a Sra. Weasley.- Já estamos atrasados.

- Ainda tenho que me trocar.- respondeu Harry e rapidamente se retirou da mesa.

Quando estavam todos prontos, partiram para o beco Diagonal. Foram de Flu. A Sra. Weasley na frente, seguida por Tonks, Gina, Hermione, Rony, Lupin, Harry e finalmente Carlinhos, fechando “comboio”.

O Caldeirão Furado parecia mais cheio e movimentado do que o normal. Estava abusivamente enfumaçado graças a um grupo de bruxos forasteiros que fumavam enormes cachimbos. Havia uma confusão de vozes e línguas.

- Venham aqui! Venham.- Chamou a Sra. Weasley reunindo todos a um canto.- Escutem! Não quero nenhum de vocês falando com estranhos e muito menos andando pelos lados da Travessa Trancoso, escutaram?- e dizendo o último ela olhou para Harry e Rony.- E se alguém se sentir perdido vá direto para a loja dos gêmeos.

Todos concordaram com a cabeça e logo os quatro garotos saíram para o beco. Os adultos ficaram no caldeirão furado. Tinham qualquer coisa da Ordem para fazer.

- Este lugar está esquisito.- Comentou Hermione.

- Cheio como nunca esteve.- completou Rony.

- É a guerra.- cantarolou Gina enquanto olhava uma faixa sobre a placa de uma loja “Prepare-se para o pior! Compre um kit Phill´s e proteja a sua casa!”

- Aonde vamos primeiro?- perguntou Harry consultando sua lista.

- Eu vou até a Floreiros e Borrões.- disse Hermione.

- Vou com você!- disse Gina.

- Não é melhor irmos todos?- ponderou Harry.

- Não! Eu vou ir até a loja de Fred e Jorge.- disse Rony.

- Nos veremos mais tarde.- disse Gina.- E não dê sopa por aí.- completou.

Rony se separou do grupo e os demais seguiram para a Floreiros e Borrões.

- Vou ao andar superior procurar alguns livros, Mione.- disse Gina antes de a subir velozmente, as escadas da livraria.

- O que foi Harry?- perguntou Hermione ao ver que o garoto a olhava com cara de dúvida.

- Que tipo de livro a Gina foi procurar lá em cima?- perguntou. - Pelo que sei lá só ficam os livros de magia avançada.

- E daí?- perguntou Hermione como se uma aluna do quinto ano estudar magia avançada fosse normal.- Depois achar toda minha lista também vou lá escolher alguma diversão para este ano.

- Diversão?- perguntou Harry.- Tenho medo de pensar no que você está transformando a Gina.

Hermione não respondeu, apenas deu um sorriso maroto.

- Desde o primeiro verão que você passou na casa dos Weasley, Gina não é mais a mesma.- concluiu Harry.

- Você se refere ao fato de ela ter amadurecido, de ter crescido fisicamente ou de ter aprendido a usar a inteligência que tem?- perguntou Hermione enquanto apanhava um livro de poções para o 6o ano em uma prateleira.

- Os três, provavelmente.- disse Harry.

- Eu não precisei fazer muita coisa, Harry.- explicou Hermione com simplicidade.- Foi como libertar um pássaro. Foi só abrir a gaiola que ela voou.

- Pode até ser, mas não é o que parece. - disse Harry.

- Sabe qual é a verdade?- perguntou Hermione.- As pessoas sempre fizeram pouco da Gina. Ela é a caçula de sete. A única garota. Todos os seus irmãos já fizeram grandes coisas. Carlinhos e Gui seguiram uma boa carreira. Fred e Jorge sempre foram únicos, antes mesmo da loja que é um verdadeiro sucesso. Rony é o seu melhor amigo e ela sempre foi apenas a Gina. O que ela fez foi se mostrar.

- Pode até ser, mas ainda acho que você passou a sua doença para ela.- disse Harry.

- Gina retém muito mais poder do que se imagina.- concluiu Hermione depositando uma pilha de livros sob o balcão.- Vou lá em cima, você vem comigo?


*


- Veja quem está aqui.- disse uma voz maliciosa.

Gina, que lia atentamente a introdução de um livro sobre bruxaria metamorfa, virou-se para trás levemente sobressaltada.

Estava ali, parada, a figura de um garoto pálido, os cabelos louros platinados jogados para trás e olhos cinza cintilantes e maliciosos. Ele não devia ter muito mais que a altura dela própria e apesar de todas as outras características, tinha o rosto fino e delicado - como o de um bebê - o que o tornava incrivelmente atraente. Era Draco Malfoy, e para surpresa de Gina, estava sozinho.

- Se não é a Srta. Weasley pobretona!?- completou e sua boca fina se contorceu em um sorriso.

- Muito me admira que você ainda tenha coragem de sair, sozinho, depois de tudo o que se sabe sobre a sua família. - retrucou Gina.

- Ao menos o meu irmãozinho não foi seqüestrado. - respondeu Draco.

- Ao menos o meu pai não se deixou ser atingido por um feitiço de uma garota de quarto ano.- disse Gina enquanto virava as costas para o garoto e ia em direção à uma pilha de livros sobre animagos.

Draco deu a volta na pilha de livros e parou defronte a ela.

- Não consigo entender como uma garota tão “poderosa”, tão “inteligente”, tão... ”ah!” Possa pertencer a uma linhagem de bruxos tão indignos.- disse Draco sério.

- O que? Eu pertenço à sua família?!- Perguntou Gina concentrada em um livro de animagia. Draco tomou o livro da mão dela e leu o título.

- Transfiguração avançada.- disse.- Está pensando em virar um animago, é?

- Acho...- disse Gina tomando o livro da mão de Draco.- ...que isso não te interessa!

- Você não precisa ser uma animaga para ser uma gata.- disse sarcasticamente Draco que caminhava atrás de Gina, que por sua vez ia em direção às escadas segurando alguns livros. Ao ouvir a frase ela parou, e depois de fazer um barulho muito parecido com um chiado de um gato se virou e sorriu.

- È impressão minha ou eu estou sendo “cantada” por um Malfoy nojento?- perguntou.

- Entenda como quiser.- disse Draco estreitando os olhos mas sem romper com os olhos de Gina.

“Como ele é ousado!” pensou Gina. “Como conseguia olhá-la daquela forma?”

- Ficou muda Weasley?- perguntou Draco. Ouviram-se passos e Hermione e Harry surgiram, em seguida, pelas escadas.

- Ei! O que está acontecendo aqui?- perguntou Hermione assim que avistou a cena.

- Ah! Estava demorando!- disse Draco finalmente desviando o olhar de Gina.- A Sangue Ruim e o nosso heróizinho estavam mesmo demorando a aparecer!

- O que você quer com a Gina, ein Malfoy?- perguntou Harry entrando entre Gina e Hermione, e Draco.

- Ora essa Potter!- disse Draco rispidamente.- Pensei que você ainda estava de luto.

Harry serrou os punhos.

- Apesar de que eu, sinceramente, teria vergonha se meu padrinho fosse morto por uma mulher.- caçoou Draco.

- Eu lavaria a minha boca com sabão antes de falar sobre Sirius, se fosse você.- sibilou Harry.

- Além de sórdido você ficou machista também?- perguntou Hermione.

- Machista por que? Essa não é a verdade?- perguntou Draco.- Sabe, eu não gostava muito de minha tia Belatriz antes. A achava meio “incompetente” se é que vocês me entendem. Mas depois do ocorrido no ministério... - Ele deu um sorriso.

- Você começou a achar o seu pai um merda... - completou Gina. - Era sobre isso que estávamos conversando amigavelmente há pouco.

O sorriso de Draco desapareceu.

- O Malfoy me contaca sobre o quão ele achava o próprio pai desprezível, agorinha mesmo. Doze comensais no ministério contra seis estudantes e ainda assim não deram conta do recado. - Completou Gina.

- Você contou ao Malfoy sobre o feitiço que você lançou no pai dele?- perguntou Hermione.

- Ah! Sim!- disse Gina.- Creio que é esse o motivo dessa cara de quem comeu e não gostou.- completou ela, lançando um último olhar desprezível para Draco e saiu puxando Hermione.

- Venha Harry!- chamou Hermione.

- Babaca!- sibilou Harry antes de sair dando uma ombreada em Draco.


- Não sei se vou me segurar por muito tempo se continuar recebendo provocações como a do Malfoy em Hogwarts.- disse Harry uma hora mais tarde, quando os três saboreavam um delicioso sorvete assentados em uma das mesinhas da sorveteria do Beco Diagonal.

- Você só vai levar esse tipo de provocação à sério se realmente acreditar que o que eles dizem é verdade.- disse Hermione

- Mas essa é a verdade!- disse Harry.

- E qual é o problema existente em Belatriz Lestrange, uma mulher, ter matado Sirius?- interrompeu Gina. Harry olhou para ela.- Poderia ser qualquer outro comensal.

- Mas... - começou Harry.

- Eu disse ao Malfoy que ele estava sendo machista, porém você não está se saindo muito atrás. - disse Hermione séria.

- Mas não foi Lestrange quem matou Sirius Black!- disse uma voz vinda por trás de Gina. Todos olharam e com igual surpresa viram Neville.- Posso me assentar?

- Lógico, Neville, sente-se. - disse Hermione.

O garoto obedeceu. Parecia bem maior do que da última vez que o grupo o vira. Sua voz era mais firme, tinha emagrecido um pouco e seu olhar parecia bem mais desafiador do que costumava ser.

- O que foi que você disse?- perguntou Harry antes de qualquer coisa.

- Vocês estavam falando sobre a morte de Sirius Black, não foi?- perguntou Neville.- Pois então. Eu estava lá, eu assisti à cena. E você também Harry! Você deveria saber.

- Saber do que?- perguntou Harry.- Não estou entendendo o que você quer dizer.

- Belatriz Lestrange estuporou Sirius e só então ele atravessou aquele véu.- concluiu Neville.

- E daí?- despejou Harry.- Ele atravessou o véu não foi? Ele está morto agora não está? Então nada mais me interessa! Se ela simplesmente o machucasse, o ferisse... Tudo bem! Mas não, ela o estuporou e assim ele morreu!

- Se você crescesse assistindo seus pais internados em um hospital, considerados irrecuperáveis, preferia que eles tivessem morrido de uma vez.- disse Neville.

Harry se calou e baixou a cabeça. Todos ficaram calados. Neville pediu um sorvete. E então mais alguém se reuniu ao grupo. Harry levantou o rosto para ver. Era Luna Lovegood. Ela sorriu para o garoto. Ao contrário de Neville, continuava a mesma: tinha os mesmo olhos úmidos e arregalados, a mesma expressão lunática, o mesmo ar sonhador e os mesmos brincos de nabos nas orelhas. O silêncio prosseguiu até que Hermione o interrompeu.

- Aquela ali não é a Cho?- perguntou ela. Harry olhou para trás e foi com um leve susto que percebeu que a garota vinha em sua direção.

- Er... Olá!- disse ela.- humm. Harry! Bom te ver! Será que a gente podia conversar?

Harry, como que num impulso, olhou para Hermione. Ela sorriu amavelmente.

- Acho que sim.- respondeu Harry se levantando. Os dois saíram e se assentaram em uma mesa um pouco distante. Hermione acompanhou os dois com os olhos e quando voltou à atmosfera da mesa seus olhos se encontravam com os de Gina e notou que já estava sendo observada a mais tempo.

- O Harry ainda não se conformou, não é mesmo?- perguntou Luna finalmente.

- Parece que não.- respondeu Neville.

- Sabe, eu entendo o que ele está sentindo. - disse Gina.- Deve ser mais ou menos o que eu sinto quando lembro do Gui.

- Acho que todos aqui devemos saber qual é a sensação.- concluiu Neville.

- A questão toda não é essa!- interrompeu Hermione.

- O que quer dizer?- perguntou Gina.

- O que eu quero dizer é que todos viraram para o Harry e disseram, sim! Sirius Morreu! Mas eu me pergunto como ele morreu?- disse Hermione serenamente. - O Harry nunca quis narrar isso a ninguém!- concluiu.

- Eu estava lá! Eu vi! Mas não há nada de intrigante na morte dele.- disse Neville.

- Nos narre, então.- pediu ela mantendo o tom de voz.

Gina a observava atentamente. Uma das coisas que aprendera com a amiga era observar as outras pessoas. Hermione parecia imersas em pensamentos. Tinha o olhar discretamente vidrado em algum ponto à sua frente, que somente depois Gina notou ser a mesa onde estavam Harry e Cho.

- Bom, ocorriam vários duelos. Eram umas dez pessoas no total, comigo e com o Harry somavam doze.- disse Neville.- Era cinco comensais para cinco pessoas da tal Ordem. Então Dumbledore chegou, todos ficaram paralisaram exceto uma dupla que continuou duelando. Sirius Black e Belatriz Lestrange. Em um minuto Dumbledore começou a vencer todos os demais comensais e juntá-los no centro da sala. Então Belatriz atingiu Sirius com um feitiço estuporante, no impacto ele caiu e atravessou o arco.

Fez-se silêncio. Hermione continuava vidrada. Até que então ela piscou e voltou a olhar para o grupo.

- Eu só me pergunto o que exatamente é aquele arco.- disse ela.

Os olhos de Luna se arregalaram ainda mais e ela sorriu.

- Eu já estive lá uma vez.- ela disse.

Gina soltou um suspiro como se dissesse lá vem ela. Hermione parecia imersa no meio de um raciocínio.

- Onde? No véu?- perguntou Neville.

- Não! Na sala.- disse Luna.- Quando mamãe morreu. Eles empurrarão o caixão através do véu.

- Porque não a enterraram?- perguntou Gina.

- Não sei. Eu tinha nove anos. Não perguntei.

- Não seria legal trouxas acharem o corpo de alguém magicamente deformado.- disse Hermione.

- Como assim?- perguntaram Gina e Neville em uníssono.

- Acidentes mágicos.- disse Hermione.- Um bruxo morre após perder o coração por um feitiço. Porém, não há indícios de que o coração tenha sido extraído. Logo, trouxas ficarão encabulados ao estudar o seu corpo, caso o encontrassem por algum motivo.

- E pra que eles fariam isso?- perguntou Gina.- Abrir um corpo?!

- È a ciência dos trouxas. - disse Hermione.- Houve um cemitério em um determinado lugar, centenas de anos depois, quando a história já se modificou, eles escavam os lugares em busca de detritos, corpos e ossadas que possam traduzir alguns dos mistérios da espécie humana.

- Não seria mais fácil as pessoas escreverem sobre sua história enquanto estão vivas?- perguntou Gina levemente impressionada.

- Eu vi algo sobre isso em estudos dos trouxas.- disse Luna.- É como buscar provas de que os escritos estão certos.

- Exato.- disse Hermione.

- Faz sentido!- murmurou Luna.- Seria estranho encontrar um corpo adulterado.

- Isso não explica muita coisa.- disse Gina.

- O Harry está voltando.- Disse Hermione.

Harry parou diante da mesa, parecia levemente irritado. Assentou-se e ao ver que todos o observavam mudou de idéia e levantou-se novamente.

- Vou visitar os gêmeos, alguém vem comigo?- perguntou ele olhando para Gina e Hermione.

- Eu vou contigo.- ofereceu-se Neville se levantando.

- Eu vou até a floreiro e borrões.- disse Luna.

- E vocês?- perguntou Harry.

- Vamos resolver uma coisa e mais tarde aparecemos.- disse Gina.

Hermione não quis retrucar. Assim que todos se distanciaram Gina se virou para ela.

- Eu estive pensando em uma coisa, que talvez possa nos ajudar a descobrir alguma coisa.- disse Gina aos sussurros como se temesse que alguém a escutasse.

- O que?- perguntou Hermione.

- Eu pensei que você tivesse notado também, mas parece que não.- disse Gina.

- Notado o que? Não estou entendendo aonde você quer chegar.- disse Hermione.

- No verão passado, certa vez, mamãe pediu que eu levasse algumas roupas limpas até o quarto de Sirius Black.- começou Gina.- Quando lá cheguei, ele estava assentado defronte a uma penseira. Então eu disse: “puxa, pensava que só as pessoas praticantes de oclumência usam penseiras.” Ele sorriu para mim e disse: “Eu não a uso para simplesmente esvaziar a minha mente. Ela se tornou um meio de esquecer toda a amargura que eu já vivi.” Então eu perguntei: “Para criar uma felicidade ilusória? Como apagar os problemas e as lembranças ruins e viver apenas de boas recordações?”.

“Ele então, mantendo o sorriso, respondeu: “Ao depositar os pensamentos em uma penseira, a gente não os apaga da cabeça. É como se eles fossem guardados para serem usados depois. ””

- Não estou entendendo bem aonde você quer chegar.- disse Hermione francamente.- Sirius possuía uma penseira. Ok. Ela deve estar em algum lugar daquela casa. Mas isso não ajuda em muita coisa, não sabemos onde ela está nem o que há nela.

- Eu sei onde ela está. E pensei foi isso que pensei que você também soubesse. - disse Gina levemente decepcionada.- Eu a vi ontem à noite. As portas do armário de Sirius estavam escancaradas e, se você olhasse na direção dele, do mesmo do lugar onde estava também a veria.

Hermione sentiu como se tivesse atravessado um fantasma. Engoliu em seco.

- Você esteve no quarto de Sirius ontem à noite?- perguntou Hermione com a voz fraca.

- Sim.- respondeu Gina.- Ei. Não se preocupe. Eu não vou te culpar por ter mentido para mim. Eu entendo. Em seu lugar eu teria feito o mesmo.

- Porque você não me disse quando voltei ao quarto?- perguntou Hermione.

- Eu senti a sua aflição ao entrar no quarto e encontrar os pelos vermelhos. Então menti que tinha ido buscar o distintivo, o qual me foi entregue por Fred assim que você deixou o quarto.

- Gina, eu não quero que você fique pensando qualquer coisa de ruim de mim.- disse Hermione levemente aflita.- Por favor.

- Ah! Mione!- disse Gina.- Me poupe! Eu nunca pensarei qualquer coisa de ruim de você nem que você cometesse o maior dos crimes. E se quer saber, não me surpreendi nem um pouco ao ver vocês dois juntos. Eu sabia antes. Desde o meu primeiro dia em Greelin eu já sabia. E o que eu mais quero é que você e o Harry sejam felizes.

- Obrigado Gina.- disse Hermione pegando na mão da amiga.

- Só me faça um favor.- disse Gina.

- Qual?

- Não deixe que o Rony perceba isso também. - disse Gina.- Ele gosta de você, Hermione. Mesmo sendo uma lesma! Um tapado! E ele não entende bem dessas coisas de amor! Ele não os aceitaria.

- Eu sei. Eu sei.- disse Hermione e de repente ficou séria novamente.- Mas não posso me aprofundar muito nisso agora. Sobre a penseira, continue.

- Ouvi mamãe discutindo com Lupin ontem, pois ele deixou o quarto de Sirius destrancado para que Harry entrasse lá. Provavelmente ele deixou a penseira a vista também.

- Só que o Harry não a encontrou.- concluiu Hermione.- Ou ele teria comentado. Mas como vamos saber o que há lá?

- Simples!- disse Gina.- Você vai lá ver! Eu te ajudo.

- Eu?- perguntou Hermione.- Eu sei que não podemos dizer ao Harry vá até lá e tente descobrir alguma coisa, mas eu não posso fazer isso.

- Porque não?- perguntou Gina.

- É Harry o afilhado de Sirius. Não seria ético eu cuidar disso.- disse Hermione.

- Mione, você agora é a namorada de Harry. Ele não ficaria chateado se você fizesse isso.- disse Gina.


*


- Ei Rony!- chamou Harry ao ver Rony por trás do balcão da loja. Era uma enorme loja. Provavelmente uma das mais pomposas do beco. Havia uma infinidade de diversos artigos por ali. Todo o tipo de coisa que se possa imaginar, desde simples doces até a mais geniosa invenção dos gêmeos.

A Loja estava bastante cheia.

- Ah! Oi Harry!- respondeu Rony.- Venha aqui.

- O que aconteceu? Você está com uma cara...- disse Harry ao dar a volta no balcão.

- A loja de vassouras fechou.- disse Rony

- O que?- perguntou Harry.

- Vocês não viram no jornal?- perguntou Neville.- Dizem que a última vez que o dono dela foi visto, estava sendo ameaçado por dois homens vestidos de negro.

- Na manhã seguinte entregou a licença da loja no caldeirão furado e desapareceu.- completou Fred surgindo pelo fundo da loja.

- Faz um mês.- completou Neville.

Então, como um flash, a imagem de dois homens encapuzados levando Gui Weasley passou diante os olhos de Harry.

- Foram os mesmo que levaram Gui.- ele disse.

- O que?- perguntaram os três em uníssono.

- É!- disse Harry.- Faz um mês que levaram Gui, não é mesmo?

- Realmente.- disse Rony.- Parece ter lógica!

- Mas porque o dono da loja de vassouras?- perguntou Fred.- Se era pra levar dono de algum lugar que nos levassem. Somos Weasleys também não é mesmo?

*****continua*****

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