A Casa dos Granger



Harry seguia pelo velho corredor do Departamento de Mistérios até a porta sem fechadura que se abriu. ENTÃO ele estava em um lugar estranho já que não era, aquela, a mesma sala que deveria estar ali, e sim um quarto onde um rapaz de rabo de cavalo ruivo debruçava-se em uma janela. Harry, sem conseguir se controlar, seguiu até ele; o rapaz ia se virar quando Harry deu uma cotovelada em sua nuca e ele desmaiou.

- Métodos trouxas.- ouviu sua boca dizer em tom frio. Virou-se e assistiu dois homens encapuzados se aproximarem.. Um deles juntou as mãos do rapaz ruivo para trás e ali elas permaneceram, como se cordas invisíveis as tivessem prendido uma na outra. - Mais simples que tirar doce de criança.- riu Harry.

Ouviu o rapaz gemer no chão, estava acordando. Os dois Comensais o levantaram pelos braços, ainda presos às costas. O rapaz começou efetivamente a acordar e levantar o rosto de forma que Harry pode reconhecê-lo, era Gui Weasley.

- Tampem o seu rosto, vamos levá-lo daqui.- disse Harry. Sem se conter olhou novamente para Gui. De repente o rosto do rapaz, que agora estava sob um saco preto, transformou-se no de Hermione; ela olhou para Harry com aquela cara de “você está errado” e disse: “Você deveria praticar oclumência!”, a cicatriz de Harry doeu obrigando-o a espremer os olhos, quando os abriu novamente viu o teto de seu quarto na Rua dos Alfeneiros, nº 4.

Harry levantou-se e colocou os óculos, a cicatriz ainda doía. Dirigiu-se à janela, por onde entrava uma brisa fresca. Já estava ali fazia um mês, praticara religiosamente oclumência durante a primeira semana,nas seguintes nada sonhou, e agora aquela visão. “Voldemort pegou Gui” pensou, mas logo se convenceu de que era apenas mais uma armadilha, se ele não tivesse acreditado na visão sobre Sirius, este não estaria morto agora. Lembrava-se tristemente de Sirius quando ouviu um ruído. Uma coruja castanha pousara no parapeito da janela. Harry retirou um pequeno embrulho e um envelope. Abriu o último.


Harry,


Um feliz aniversário para você! Estou lhe mandando uma lembrança, acho que lhe será útil.


Abraços,


Luna Lovegod


Harry sentiu-se surpreso. Só agora se deu conta de que era seu aniversário, não que fosse esse o motivo da surpresa. Não esperava receber uma coruja de Luna Lovegod, tampouco que ela fosse a primeira a lhe escrever desejando-lhe parabéns.

Apanhou o embrulho e o abriu encontrando o que parecia um relógio de bolso prateado. Não havia ponteiro de segundos, tampouco de minutos. Lembrava muito uma miniatura do relógio da Sra. Weasley, porém estranhamente morto, parado. Era composto por seis ponteiros dos quais apenas um parecia vivo. Via-se nele o rosto de Harry em uma minúscula estampa e encontrava-se parado na única casa intitulada. Lia-se algo escrito em alfabeto rúnico que Harry, sem entender como, interpretou como lar. Ao virar o objeto podia-se identificar uma meia lua gravada em suas costas. Junto ao embrulho havia uma pergaminho puído repleto de mais runas constituindo o que parecia um manual de instruções. Sem entender, Harry jogou o objeto com os papéis sobre a escrivaninha, agradeceria ao amanhecer quando Edwiges voltasse. Deitou-se novamente e ficou quieto, a cabeça vazia, não conseguia dormir.


*


Muitos quilômetros longe dali, uma garota de cabelos cheios lia, deitada numa poltrona, um grosso livro denominado Transfiguração Avançada e Animagos. Já passava da meia noite, como indicava um relógio digital ligado à tomada. Parecia extremamente imersa em sua leitura, às vezes mordia o canto do lábio inferior, quase não piscava. Nem o barulho que, de quando em quando, um gato amarelo fazia ao derrubar alguma coisa tirava sua atenção.

Reinava o mais absoluto silêncio quando, de repente, ouviu-se um estalo alto no andar debaixo. Bichento, o gato, saltou de cima da cama, no canto oposto do quarto, e saiu veloz pela porta. A garota pousou o livro aberto no chão e se levantou, caminhava para porta quando outro som interrompeu o, ainda perseverante, silêncio. O pio de um pássaro encheu a madrugada e em seguida uma coruja parda entrou pela janela, deixando cair um envelope aos pés da garota que calmamente apanhou-o e abriu. Enquanto lia mantinha a testa franzida, e as sobrancelhas finas levemente erguidas.


Cara Hermione,


Gui foi levado por comensais da morte. Não sabemos, ainda, o que eles querem, mas temos informações seguras de que Gui está vivo e ainda não sofreu nenhum tipo de tortura.

Rony chegará à sua casa nas próximas horas e pela manha Harry também se juntará a vocês. Seguirão com seus pais para uma pequena cidade trouxa ao sul, que já está devidamente protegida, onde ficarão até o fim do verão.

Gina está bem, seguiu há uma semana para a Suécia, com Luna Lovegood, e ainda não sabe do ocorrido. Peço sua colaboração para que ela não saiba de nada até que possamos buscá-la. Cuide do Rony e não deixe que ele ou Harry tentem ir atrás de Gui; mantenham a calma e tudo acabará bem.

Carinhosamente,

Molly Weasley


Hermione guardou a carta no bolso e preparava-se para descer as escadas quando bichento apareceu veloz, balançando o rabo de escovinha. Vinha miando. Hermione sorriu, levou o gato ao colo e voltou para seu quarto.


*


Harry Potter acordou pouco depois das seis da manhã, prestes a presenciar a cena mais inesperada na casa dos Dursley. Na verdade foi acordado por um grito do Tio Válter.

-...O que? Com quem você quer falar?

Harry assentou-se e tateou a escrivaninha à procura dos óculos.

- Era só o que me faltava!- escutou a voz de Tio Válter dizer, parecia subir as escadas.- Aquele moleque agora recebendo visitas. Ainda por cima de gente da laia dele!

Harry finalmente alcançou os óculos, colocou-os e levantou-se. Visitas? Teria ouvido direito? Quem o estaria visitando àquela hora da manhã? Antes que tivesse tempo de tentar adivinhar seus pensamentos foram interrompidos por uma violenta batida na porta. Apressou-se em abri-la. Era o tio Válter.

- Se troque depressa, garoto!- disse em tom ameaçador.- Tem “visita” pra você lá embaixo.

Mal seu bigode parou de mexer-se, quando mais passos se aproximaram.

- Não é necessário, eu mesma vou até ele!- disse uma voz feminina que Harry conhecia, mas não se lembrava quem era a dona.

-Eu disse pra ela não subir, Válter!- disse Tia Petúnia que surgiu no alto da escada. Em seguida Harry viu Tonks aparecer também. Ela se estreitou entre os Dursley e entrou no quarto de Harry.

- Com licença Sr. Dursley.- disse ela, que agora tinha os cabelos brancos espetados, e antes que o tio Válter pudesse fazer qualquer objeção, fechou a porta na cara dele.

- Tonks?- foi tudo que Harry conseguiu dizer.

- Apresse-se garoto!- disse a bruxa afoita. - Junte todas as suas coisas. E, a propósito, feliz aniversário!

- Aonde vamos?- perguntou Harry.

- A Greelin.- disse Tonks.

- An?

- Não há tempo para explicações, houve um problema envolvendo comensais. – informou Tonks enquanto abria o malão de Harry e tacava os livros lá dentro. - Nada muito grave, não se preocupe, mas Dumbledore achou melhor mandá-los para a cidade dos pais de Hermione. Você saberá de todos os detalhes mais tarde, agora temos pressa.

Ela abriu o armário de Harry e tirou uma mochila de lá, abriu-a e virou-a de cabeça para baixo. Penas, tinteiros e pergaminhos caíram. Sacou a varinha e a sacudiu, as coisas do chão imediatamente voaram para o malão. Sacudindo a varinha novamente, jogou a mochila para Harry.

- Coloque aí todas as roupas de Trouxa que puder e troque-se, estou lhe esperando lá em baixo. - disse Tonks e com mais um aceno de varinha, saiu do quarto, com o malão de Hogwarts já pronto, flutuando atrás dela.

Ainda confuso, Harry abriu novamente o armário e começou a pegar as roupas restantes e jogá-las na mochila, que agora parecia muito maior por dentro. Logo ele estava pronto, vestia uma camiseta velha e desbotada, uma Jeans surrada e um tênis cuja sola estava se soltando. Ele olhou por todo o quarto a fim de confirmar se não esquecera nada. Viu o relógio de Luna, jogou-o na mochila também e, segurando a gaiola vazia de Edwiges, desceu as escadas. Na sala de estar, encontrou um tio Válter púrpura e bufante em pé atrás de um Duda ainda de pijamas que observava com os olhos arregalados o malão flutuando ao lado de Tonks. Ao ver Harry descer as escadas com a mochila nas costas Tonks sorriu.

- Bom, Sr. Dursley.- disse ela desencostando da parede e tirando do bolso uma carteira surrada e dando um toque com a varinha nela.- Foi um prazer conhecê-lo, vamos Harry?- completou.

Harry fez que sim com a cabeça e, jogando a mochila nas costas, atravessou a sala. Ouviu-se então uma tia Petúnia apressada que descia as escadas.

- Espere garoto!- disse ela quando alcançou a sala, carregava um embrulho pardo nas mãos. O telefone tocou e Tio Válter, praguejando, foi atender. Duda recuou alguns passos até trombar com a parede.- isso é para você.- completou Tia Petúnia num sussurro, parecia não querer que tio Válter ouvisse.- Feliz aniversário.- disse ela para um Harry estupefato que desajeitado apanhou o embrulho.

- Vamos, Harry.- insistiu Tonks, que segurava a carteira agora envolta por uma luz azulada, era uma chave de portal. Harry colocou a mão sobre a carteira e lançou um lançar confuso para Tia Petúnia. Os olhos dela pareciam úmidos, Harry nunca tinha visto aquela expressão de preocupação no rosto dela em nenhuma das vezes em que deixou a casa dos tios nos anos anteriores. Mas, antes que pudesse ver algo mais, seus pés saíram do chão e tudo começou a rodar. Quando sentiu o chão novamente Harry estava na sala de uma luxuosa casa de trouxas. Logo a sua frente, em uma poltrona, estava um homem de cabelos castanhos caprichosamente penteados que o encarava, ligeiramente surpreso com o jornal, que anteriormente lia, caído no colo. Harry logo o reconheceu, era o Sr. Granger.

Harry olhou ao redor enquanto Tonks guardava a carteira no bolso. Estavam em uma espaçosa sala de estar. Ele viu um Rony doentio que cochilava em um dos sofás com bichento no colo. Passos ecoaram e a Sra. Granger entrou na sala seguida da própria Hermione, que parecia bem mais bonita que da última vez que Harry a vira.

- Está entregue.- cantarolou Tonks e, com um estalo, desapareceu.

Harry olhou à sua volta, todos o observavam.

- Er...Oi!- disse.

- Oh Harry!- disse Hermione se jogando nos braços dele.- Que bom que está tudo bom com você. Feliz aniversário!

- Olá Mione.- disse Harry abraçando a amiga.- O que aconteceu ao Rony?

Hermione soltou-se do abraço e olhou para Harry, calada. Ele então viu a Sra. Granger os observando.

- Hum... Olá Sr. e Sra. Granger.- disse sem jeito.

- Venha!- disse Hermione puxando-o pela mão. O Sr. Granger levantou o jornal e continuou sua leitura.

- Vou mandar servir um café para vocês. - disse a Sra. Granger quando eles chegaram à espaçosa cozinha da casa. - Nilda!- chamou ela assoprando um apito. - sirva as crianças.- e em seguida virou-se para Harry.- Deixe que eu leve isto para o carro.- Pegou a mochila e a gaiola que Harry ainda segurava e saiu da cozinha.

Uma mulher robusta surgiu do fundo da cozinha vestida com um avental sobre a roupa azulada.

- Ela é surda. - explicou Hermione.- Escuta apenas alguns tipos de assobios.

- Ah!- fez Harry enquanto se assentava defronte a amiga. - Mas o que aconteceu?

Hermione deu um suspiro antes de começar a narração.

- Gui Weasley aparentemente foi levado por comensais da morte.- disse Hermione.- Ele estava hospedado em um...

- Em um quarto do caldeirão furado.- disse Harry sem perceber.

- Como você sabe?- perguntou Hermione.

- Eu...- Harry hesitou, sabia que Hermione o repreenderia.- Eu sonhei.

- Harry!- disse estridente. - Você deveria praticar oclumência!

- Eu pratiquei Mione, eu juro, eu pratiquei. - disse Harry.

- Mas... o que aconteceu? Ninguém sabe ao certo...

- Não sei bem. - disse Harry lembrando-se do sonho. - Acho que... Acho que era Voldemort, ele... Ele deu um golpe na nuca de Gui, que estava apoiado na janela e caiu desmaiado. Então apareceram dois comensais, um deles amarrou as mãos de Gui, o ergueram e ele começou a acordar. Eles o encapuzaram e...

- E?- perguntou Hermione.

- Apareceu você dizendo que eu devia praticar oclumência.- disse Harry desapontado.

- Porque você não avisou ninguém sobre o sonho?- perguntou Hermione.

- Por que... - Harry baixou a cabeça. - lembrei-me do sonho com o Sirius.

- Oh! Harry, me desculpe.

- Tudo bem.- disse Harry.- O que aconteceu depois que ele foi levado?

- Um hóspede passou pelo corredor, viu a marca da morte pirando no ar e imediatamente procurou Tonks e Moody, que estavam no bar conversando. Eles correram para o quarto e encontraram somente um bilhete dizendo algo como: Levamos Weasley, por enquanto ele está bem, não o torturaremos antes de novo contato. O bilhete estava assinado com a marca da morte. - despejou Hermione.

- E o Rony?- perguntou Harry.

- Ah Harry!- disse Hermione com a voz embargada. - Ele está um caco. Sabe, é o irmão mais velho dele, chegou aqui trazido à força pelo pai, estava semi-histérico. Passou a madrugada toda acordado, cochilou há pouco. Papai esteve com ele durante toda noite, disse que foi buscar o jornal na porta e quando voltou ele estava dormindo.

Harry ficou em silêncio e encheu a boca com um pedaço da torrada recém trazida pela serviçal surda.

- Vamos para Greelin assim que Rony acordar. - disse Hermione.- É a cidade onde meus pais nasceram. O Sr. Weasley disse que Dumbledore mandou um guardião para lá. Não é possível usar magia, tampouco outros bruxos podem chegar lá sem conhecer o segredo.- explicou Hermione.- Estaremos seguros lá, eu acho.

Ela se levantou.

- Vou ver como está o Rony, devemos estar para partir. - disse e saiu.

Pouco tempo depois Hermione voltou, vinha servindo de apoio para um Rony meio sonâmbulo que ao assentar caiu com o rosto sobre os braços e continuou dormindo.

- Acho que você deixou cair isso.- disse Hermione entregando a Harry o embrulho pardo.- o que é?

- Não sei!- disse Harry enquanto rasgava o embrulho.- Minha tia Petúnia me entregou antes de eu partir.- E então seus olhos se arregalaram ao ver uma camiseta de um tom de vermelho forte, novinha.

- Presente de aniversário?- Arriscou Hermione.

- Estranho.- Disse Harry abrindo a camiseta e erguendo-a no ar.- Ela nunca me deu presente de aniversário.- então um envelope caiu.- Ela nunca me deu roupa alguma que não fosse algum trapo largo do Duda.- completou apanhando o envelope. Harry abriu-o e para a sua surpresa, lá havia uma fotografia bruxa.

- Ah! Harry, é você. - disse Rony levantando o rosto, tinha os olhos inchados.- Imaginei que trariam você para cá também. E espero que esse dia seja feliz, ao menos pra você, parabéns! Pra mim não será.

- O que é isso, Harry?- perguntou Hermione, Rony deixou a cabeça cair de novo sobre um braço estendido. Harry estendeu a fotografia pra ela.- Quem são essas?.

Havia, na fotografia, duas garotas: a da esquerda beirava os quinze anos, a da direita parecia ainda mais nova. Estavam, no que parecia o jardim de Hogwarts, sentadas à beira do lago. A mais novas era corpulenta, porém não gorda, e ossuda, tinha os cabelos castanhos, os olhos claros úmidos e grandes e uma expressão facial de quem comeu e não gostou apesar de parecer feliz já que sorria e às vezes brincava com uma borboleta que passava. A outra, por sua vez, era muito bonita; Hermione achou que alguma coisa em seus traços lembrava Gina; o cabelo era de um tom avermelhado – acaju, talvez - tinha o rosto fino, bem desenhado, a boca muito vermelha, mas o que chamava mais atenção eram os olhos da garota, extremamente verdes. Eram os olhos de Harry. Antes que Hermione pudesse concluir quem era, Harry o fez.

- È a minha mãe.

- Ela...- hesitou Hermione.- Ela era muito bonita.

Harry forçou um sorriso amarelo e pousou os olhos sobre a fotografia que Hermione depositara sobre a mesa. Hermione o observou por um momento, parecia a mais infeliz das criaturas.
- Quem é a outra?
- Não sei.- respondeu Harry deixando os ombros caírem.- Não entendo porque minha tia me deu isso. E muito menos aquela camisa.

- Parece óbvio que ela te deu a camisa para poder entregar a foto.- disse Hermione como se aquilo fosse a coisa mais imbecil do mundo, e era.- Se ela te entregasse a foto, seu tio iria perguntar de onde ela tirou aquilo e, ao que aparenta, ficaria encrencada.

- Eu só queria saber por que ela guarda essa foto. - disse Harry olhando para Rony, desmontado sobre a mesa. - Acho que o Rony dormiu de novo.

- Deixa ele, passou a noite em claro. - Hermione olhava para Rony com um brilho nos olhos que a deixava com um ar estranhamente maternal. - Pelo que você conta...- ela fez uma pausa e olhou para a foto, Lílian Potter rodava a varinha entre os dedos sorrindo. Harry olhou também. - Sua tia não convivia bem com sua mãe, não é mesmo?

- Sim.- disse Harry.- Quero dizer, ela nunca disse nada sobre a relação das duas, a única coisa que sei é que ela tinha inveja de minha mãe, bem, por ela ser bruxa, entende?

- Hum.- fez Hermione.- Então uma coisa a gente já sabe.

- O que?- perguntou Harry sem entender.

- Sua tia gostava de sua mãe e, a propósito, elas eram irmãs não é mesmo? E se uma é bruxa, é praticamente impossível a outra não ter contato algum com o mundo mágico, logo não é tão estranho que sua tia tenha essa foto.

Harry abriu a boca para contradizer Hermione em qualquer ponto, mas foram interrompidos por Rony.

- Gina? Onde você está? Vem pra cá, o Gui se foi Gina, o Percy também. Vem me fazer companhia. - resmungava ele ainda dormindo.

- Um tendo sonhos malucos já é muito! Quem dirá dois.- Disse Hermione dando a volta novamente na mesa e olhando sem saber o que fazer para Rony.

-Deve ser apenas um pesadelo, Hermione, o irmão dele sumiu, oras bolas!- disse Harry.- Onde está Gina?

- Hermione! Porque não deixou o rapaz dormindo na sala? Ele deve estar cansado. - disse a Sra. Granger entrando na cozinha. – Vamos nos atrasar. Seu pai acaba de receber um telefonema: a filha de uma paciente caiu de bicicleta e quebrou dois dentes. Mas não se preocupem, o Sr. Dumbledore disse que estão seguros aqui.- ela se virou e já ia saindo quando completou.- Leve o garoto para o quarto e aproveite para mostrar ao Harry onde ele dormirá.

Hermione suspirou.

-Rony.- chamou docemente enquanto sacudia os ombros do amigo.- Harry, me ajuda a levá-lo daqui, ele não vai acordar.

Harry obedeceu. Eles passaram os braços de Rony sobre seus ombros e deixaram a cozinha. Como ele é pesado, pensou Hermione quando chegaram ao pé da escada.

- Dumbledore esteve aqui?- perguntou Harry enquanto subiam, com dificuldade, as escadas.

- Sim, ontem à noite, eu não o vi, apenas ouvi. Papai disse que Tonks e outros três membros da Ordem vieram com ele, lançaram alguns feitiços por aí e se foram, mais tarde Carlinhos trouxe Rony... à direita.- completou Hermione

Harry dobrou à direita e eles entraram em um grande quarto, de papel de parede listrado de azul marinho, com duas camas. As coisas de Harry estavam lá. Soltaram Rony em uma das camas e ali ele permaneceu. Ambos se deixaram cair na segunda cama, bufando pelo esforço que tinham feito para carregar Rony até ali. Hermione ia dizer alguma coisa sobre o assunto interrompido lá em baixo, mas Harry foi mais rápido.

- Onde está Gina?

- Viajando com Luna. Sra. Weasley achou melhor não informá-la sobre o ocorrido até retornarem.- informou Hermione.

- Mas não é perigoso deixá-la por aí, longe de algum membro capacitado da Ordem?

- Perigoso é...

- O que acha que eu posso fazer pra trazer a Gina pra cá?- interrompeu Harry.

- Porque EU posso fazer?- perguntou Hermione.- Não vou deixar você fazer nada sozinho.

- Então você vai comigo?- perguntou Harry.

- Pra onde? Nem decidimos o que fazer sobre o assunto... - Disse ela pensando no assunto. “A Sra. Weasley vai me matar”.

- Podemos ir busca-la, sei lá, por Flu.- sugeriu Harry.

- Harry! Ela está na Suécia!

- Então o que vamos fazer? Buscá-la de ônibus é que não dá.- disse Harry impaciente.

- Pra começo de conversa a temos que contar a ela o que está acontecendo.- sugeriu Hermione calmamente enquanto se deixava cair para trás na cama, deitada nas costas das mãos.

- Mandamos uma coruja. - disse Harry.- E depois?

- Ela pegari uma lareira até o Beco Diagonal, li em um livro que em alguns lugares da Suécia têm lareiras que levam até Gringotes.- disse Hermione.

- E daí ela pega uma lareira até aqui?- arriscou Harry acompanhando o raciocínio da amiga.

- Não! Até a coruja chegar lá nós estaremos longe, além disso a lareira daqui não está ligada à rede de Flu, meus pais são trouxas, Harry.

- Então o que faremos? Greelin fica longe de Londres?- perguntou Harry.

- Umas duas horas de trem.- disse Hermione.

- Então ela vai de trem?- perguntou Harry.

- Não! Pelo que Tonks me explicou, não é qualquer bruxo que vai conseguir entrar em Greelin, ela teria que estar com um de nós três.- disse Hermione e de repete se levantou e olhou para Rony.- Façamos o seguinte.- disse ela pensativa.- Vou escrever para Gina, e arrumar tudo. Deixa comigo, ela chegara a Gringotes segura. E, quando chegar, nós dois pegamos o primeiro trem de Greelin para Londres, vamos até o Beco Diagonal e voltamos.

- Nós dois?- perguntou o Harry.- E o Rony? É a irmã dele, Hermione.

- Não podemos levá-lo, ele está com a cabeça cheia demais para conseguir fazer isso tudo dar certo, e outra, eu prometi à Sra. Weasley que não o deixaria sair daqui.- disse Hermione.

- Acho que deveríamos levá-lo. É chato deixá-lo para trás, pode não dar certo, ele vai sentir a nossa falta.- disse Harry.

- Nós não vamos levá-lo Harry. Estamos indo pra Greelin para estarmos protegidos, seria irresponsabilidade levá-lo. Ele não tem condições psicológicas para encontrar a Gina, principalmente no Beco Diagonal.

- Condições psicológicas.- emendou Harry irritado.

- È verdade Harry! Você ainda não conversou com ele acordado. Sabe por que ele está dormindo como uma pedra? Porque deram uma poção do sono para acalmá-lo!- disse Hermione irritando-se também.- Você não conseguiria imaginar o desespero que o Rony está em fazer alguma coisa, em ir atrás dos Comensais e em trazer o irmão dele a salvo.

- Você fala como se eu nunca tivesse sofrido nenhuma perda!- disse Harry com a voz embargada.

- Não foi o que eu disse Harry.- disse Hermione virando o rosto de Rony, que babava, para cima.

- Foi. Você pensa que eu nunca perdi ninguém?- disse Harry se levantando e andando pelo quarto.- Pois está se esquecendo dos meus pais?

- Harry! Você definitivamente está me interpretando mal. Veja bem, eu sei que você perdeu seus pais, que foi criado pelos seus tios hiper-horríveis, mas pensa na revolta que você sentiria se os perdesse aos dezesseis anos de idade!- disse Hermione tentando manter o tom calmo de quem não quer briga.

- É simples falar não é? Nunca perdeu ninguém! Você tem seus pais, e é filha única, não tem irmãos para perder. Você não sabe o que é sentir a falta de alguém e saber que nunca mais o verá.- disse Harry em um tom estridente, uma veia alta pulsava em seu pescoço.

- Harry! Você está sendo injusto comigo!- disse Hermione deixando-se parecer bravo.- Não é preciso necessariamente viver uma coisa para saber como é.

- É sim!- disse Harry.- Você acha que sabe demais.

- Espera aí, você está querendo dizer que sou mimada e penso que sei tudo?- perguntou Hermione.

Harry não respondeu, ficou calado, observava um porta-retratos com uma foto trouxa onde estavam várias pessoas, ao que parecia toda a família de Hermione.

- Acho que você está um pouco enganando sobre quem é mimado e se acha importante aqui, Harry!- bradou Hermione.

- O que? Quer dizer que você concorda com aqueles que dizem que sou apenas um adolescente imaturo, metido a herói, que faz tudo para manter sua fama??- gritou Harry.

- Se eu não te conhecesse diria isso, Harry.- disse Hermione já mais calma.- Afinal você está adindo impulsivamente em querer ir atrás da Gina, e ainda levar o Rony...

- Não me venha com lições, Hermione!- gritou Harry.- Eu não estou agindo impulsivamente. Eu me importo com a Gina!- ele fez uma pausa e encarou Hermione, ela viu os olhos verdes dele arregalados, ele tinha o porta retrato na mão.- Achava que você se importava também.

- Harry! Você já está passando dos limites!- gritou Hermione achando um absurdo ter que ouvir tudo aquilo.- Você se lembra o que aconteceu na última vez em que quis salvar alguém com quem se importava?!

Harry pareceu ser atingido por um punhal no meio do estômago. Sem perceber, ele apertou tanto o porta-retratos que este se partiu, espalhando cacos por todos os lados. Em seguida a Sra. Granger entrou correndo no quarto.

- O que aconteceu?- perguntou ela enquanto Harry caminhava de volta para a sua cama e se assentava ali, cabisbaixo, de costas pra Hermione, segurando uma mão que sangrava.

- Harry deixou o quadro cair, mamãe.- disse ela parecendo o mais natural possível.- Não foi nada grave.- Ela olhou para Harry, mirou sua nuca e os cabelos rebeldes da mesma. Tinham ido longe demais. Desde o incidente no Departamento de Mistérios Harry nunca mais falara em Sirius. Ela sabia que isso ainda era uma ferida aberta nele e que não fecharia tão cedo, e arrependeu-se de trazer à tona o fato.- Vou ao meu quarto.- Disse antes de deixar o quarto de visitas.


*


Hermione seguiu à esquerda até o fim do corredor e entrou na ultima porta. O quarto era grande e repleto de prateleiras com livros. Era um misto de uma sala de estudos, escritório e um quarto de garota trouxa. Sobre a comprida escrivaninha estava pousada a coruja que sempre trazia o profeta diário. A garota abriu a gaveta, tirou um nuque e colocou na bolsinha da coruja que saiu voando pela janela. Tentando esvaziar a cabeça, assentou-se na poltrona ao lado de bichento (que dormia) e abriu o jornal. Logo na primeira página, em uma pequena matéria, viu o que mais temia.


Weasley seqüestrado?


Um dos bruxos mais prestigiados de Gringotes desapareceu ontem, de seu quarto no Caldeirão furado. Phil Jhonson, um hóspede que passava no corredor onde Guilherme Weasley estava hospedado, viu a “marca negra” - símbolo dos comensais da morte - flutuando e correu ao bar para chamar dois aurores que estavam hospedados junto a Gui Weasley (como é conhecido popularmente). Foi encontrado, no quarto, um bilhete avisando do seqüestro.

Pouco se sabe sobre os motivos do incidente e Gringotes está oferecendo uma gorda recompensa para quem dispor de informações que possam levar ao paradeiro do rapaz.

A família já foi informada sobre o ocorrido e Percy Weasley, irmão de Gui Weasley, prestou uma pequena entrevista ao Profeta em que disse: “Não sabemos o que eles querem, mas não se preocupem, logo tudo estará resolvido.”

Se algum leitor tiver quaisquer informação que escreva à Gringotes.


Logo abaixo havia uma foto de Gui, que sorria feliz. Hermione franziu a testa, Gina logo saberia do ocorrido, seria inevitável.

Mais do que depressa se levantou e foi até as prateleiras, tirando de lá uma espécie de caderno totalmente em branco. Assentou-se defronte a escrivaninha e abriu o caderno. No meio do mesmo, havia uma pena de aparência muito velha e amassada, Hermione molhou a pena no tinteiro e escreveu.


Gina?


O caderno tremeu e ao poucos a tinta foi se apagando até que sumiu totalmente. Hermione suspirou. Levantou-se da cadeira e olhou para Bichento que, já acordado, a observava do sofá. Ela emitiu um ruído áspero e o gato, assustado, saiu velozmente do quarto. Ouviu-se um barulho, o caderno tremia sobre a escrivaninha. A garota assentou-se de volta em sua cadeira e pôde ler.


Hermione? Você leu o Profeta Diário dessa manhã? O Sr. Lovegood tentou impedir, mas eu li. Quero ir embora, escrevi para papai, mas acho que ele quer que eu volte para casa agora. Como está o Rony? Tem notícias dele?


Hermione mal terminou de ler e as letras se apagaram. Imediatamente molhou a pena mais uma vez e escreveu:


Gina, o Rony está bem. Ele e Harry estão aqui, partiremos amanhã para a cidade onde mora minha avó. O Harry acha que você não deve ficar por aí, estávamos inclusive armando um jeito de levá-la pra Greelin conosco. A idéia que nos pareceu melhor foi a de você pegar uma lareira internacional até Gringotes. Convença o pai de Luna a lhe ajudar e, assim que tiver uma resposta, me escreva. Se conseguir, darei um jeito de lhe encontrar, ok? Lembre-se de manter a calma,


Mione.


Hermione pousou a pena e observou as palavras sumirem novamente. “Mantenha a calma.” Sempre dizia isso às pessoas e à ela própria. Tinha se esquecido disso por alguns momentos.


*


- Aconteceu alguma coisa?- perguntou a Sra. Granger enquanto Nilda terminava de limpar os cacos.

- Não.- respondeu Harry sem se virar.- Está tudo bem.

- Vou buscar alguma coisa para fazer um curativo em sua mão, volto em alguns minutos. Fique onde está Harry.- disse a Sra. Granger parecendo preocupada com o pequeno acidente e saiu do quarto acompanhada de Nilda.

“Porque tinha que dizer aquilo?” pensava Harry. “Porque tinha que lembrar de que Sirius havia morrido por sua culpa?!”

A Sra. Granger voltou, trazendo uma maletinha de primeiros socorros. Ela se abaixou defronte a Harry e o garoto observou o quanto Hermione parecia com a mãe.

- Não vai doer nada, vou apenas desinfetar e colocar bandagens. - disse enquanto passava um algodão com algo ardido sobre o corte. - Você deixou isso na cozinha.- completou indicando a camiseta e a foto que Nilda havia deixado sobre a cama ao lado dele.

Ela olhou para Harry cuja expressão era quase inteligível.

- Conheci uma daquelas garotas da foto.- disse a Sra. Granger enquanto desenrolava algumas bandagens. Harry ergueu o rosto para ela e arregalou os olhos. - A da direita. Estudou comigo no internato para garotas. Era conhecida como Pet Evans. Você as conhece?

- Talvez.- disse Harry sem querer falar qualquer coisa sobre seus pais, mas curioso em saber algo mais sobre a outra garota. Evans era o nome de solteira de sua mãe. Eram parentes as duas? Ele não sabia que outra pessoa da família tinha passado por Hogwarts. - O que mais você sabe sobre elas?

- Evans entrou para a escola no terceiro ano. Vinha de outro internato cujo nome nunca foi citado. Quando chegou parecia muito infeliz. Nunca conversei com ela, apesar de dividirmos o mesmo dormitório.

- E a outra, a ruiva, você a conheceu?- perguntou Harry.

- Não foi bem conhecer, eu a vi, uma ou duas vezes. Era a irmã mais velha de Evans, não lembro o seu nome. - disse a Sra. Granger concentrada no curativo.

Harry arregalou ainda mais os olhos, aquela era tia Petúnia?

- Era estranha, a irmã, e morreu nova. Dizem que em um acidente de carro. Mas quanto a Evans: se casou com o filho do dono de uma empresa que vende porcas. Soube que teve um filho, mas nunca mais a vi.

- Qual era o sobrenome desse pessoal, você sabe?- perguntou Harry tentando parecer desinteressado.

- Acho que era Dursley.- disse a Sra. Granger se levantando e observando Rony que estava muito suado e se remexia.- Vou ver onde Hermione se meteu, acho que seu amigo não está muito bem.

Dizendo isto, saiu. Harry olhou para a foto ao seu lado e pôde identificar na garota os traços de tia Petúnia. Ela era uma bruxa? Porque saiu de Hogwarts no terceiro ano? Isso ao menos explicava por que ela tinha aquela foto. Harry observou o curativo em sua mão pensativo. Viu encolhido a um canto do quarto o gato ruivo, Bichento. Foi quando notou que sua raiva repentina por Hermione tinha passado pelo. Aquelas informações pareciam incrivelmente fantásticas.


Hermione entrou correndo no quarto listrado de azul marinho e olhou para Rony. Harry, que estava deitado com as costas na cabeceira da cama observando a foto, acompanhou-a com os olhos, mas não disse nada. A garota parecia fingir que ele não estava ali enquanto tirava um frasco com um líquido rosado de dentro do criado da cama e levantando a cabeça de Rony virava o liquido na boca dele.

- Oh Rony! Não é tão grave assim. Você tem que ser forte. Estarei por aqui, ok?- disse ela como se conversasse com alguém que estava acordado, mas Rony, que agora dormia calmamente, nem se mexeu. Hermione devolveu o frasco no criado e fechou a gaveta. Levantou-se, deu um beijo na testa de Rony e, após lançar um olhar lasso para Harry, saiu do quarto. Bichento foi atrás.


*


O Almoço foi extremamente chato. A Sra. Granger não estava em casa e Nilda serviu a comida para dois na cozinha. Rony ainda dormia. Harry suspeitou que teria achado a comida muito saborosa se não estivesse concentrado em conseguir ignorar Hermione. A garota também fingia não ligar. O almoço seguiu silencioso. Ao término, Harry voltou para o seu quarto e Hermione para o seu respectivo.

No meio da tarde Hermione foi até o quarto dos garotos para ver como Rony estava. Harry, para sua surpresa, estava estudando e sequer olhou quando ela entrou no quarto.
Já passavam de cinco horas da tarde quando o caderno tremeu novamente. Hermione lia o Transfiguração Avançada e Animagos, ela deixou o livro caído ao lado de bichento e foi até a escrivaninha.


Mione,

Não obtive muito sucesso com o Sr. Lovegood. Parece que mamãe o advertiu para que não me deixasse partir. Sinto-me infeliz por ter que ludibriá-lo, mas dei o meu jeito. O pai de um garoto sueco que conheci trabalha no ministério daqui (é o mesmo roto do qual eu lhe falei há alguns dias), ele prometeu arrumar uma chave de portal dentro de um ou dois dias.

Estou mantendo a calma. Não se preocupe. Mande notícias de mamãe e papai, o Rony está mesmo bem? E os gêmeos? Papai deve ter ficado muito bravo quando leu a declaração do Percy no jornal. Mamãe deve ter se entristecido. Por favor, me dê notícias de todos, eu preciso saber como estão.

Um abraço da Gina.


*


Quando Rony acordou, três horas mais tarde, todos estavam jantando. Bichento, que estava cochilando no canto do quarto dos garotos, foi correndo até a sala.

- Está acontecendo alguma coisa?- perguntou o Sr. Granger sentado à cabeceira.

- Não.- responderam Harry e Hermione juntos sem se olharem.

- Vocês estão calados.- Comentou quando o gato entrou na sala miando e subiu no colo de Hermione.

- Hermione, quantas vezes já lhe disse que não quero esse gato na sala de jantar!?- ralhou a Sra. Granger.

- Rony acordou.- disse Hermione com um sorriso enquanto se levantava, fazendo bichento cair no chão.- Vou ver como ele está.- Saiu em direção às escadas, Harry, a seguiu.

- Hermione?- disse Rony quando ela entrou no quarto, ele parecia dopado.- Onde estamos?

- Na minha casa, você deve se lembrar.- disse ela calmamente sorrindo.- Está se sentindo bem?

- Ah sim! Parece que eu estou dormindo há um mês.- disse ele.- Lembro-me de conversar com seu pai, mas não sei porque estou aqui.

- Você realmente não se lembra?- disse Hermione quando Harry, calado, entrou no quarto e se assentou em sua própria cama.

- Olá Harry, não sabia que você estava aqui.- disse Rony.

- Cheguei hoje pela manhã, você estava dormindo. - disse Harry evitando desesperadamente os olhos de Hermione.

- Ah! Porque eu estamos todos aqui, mesmo?- insistiu Rony.

- Você se lembra o que aconteceu com o Gui?- perguntou Hermione. A feição alegre de quem acorda bem-humorado sumiu rapidamente do rosto de Rony, que ficou pálido.

- Eu me lembro.- disse baixando a cabeça.- Vocês têm alguma notícia?

- Não.- respondeu Hermione.

Os três ficaram calados. Harry admirava os tênis gastos que usava. Hermione olhou para Harry, que tinha a cabeça baixa; então ela se assentou no pé da cama de Rony que começou a achar muito divertido brincar com as pontas dos cabelos cheios da garota.

- Aconteceu alguma coisa com vocês dois?- Perguntou Rony olhando de um para o outro.

Continuaram em silêncio. Harry esperava que Hermione respondesse e ela idem.

- ...ou vocês estão me escondendo algo?- Ele se ajeitou inquieto na cama.- Aconteceu algo de grave com o Gui ou com mais alguém da minha família?

- Não.- Disse Harry que agora olhava para o teto.

- Não aconteceu nada, Rony.- Completou Hermione olhando para Rony tentando parecer sincera.

- Então porque vocês estão assim?- Perguntou ele.

- Nós não estamos assim.- Disse Hermione.

- Estamos normais. - Completou Harry ainda admirando como era bonito o teto.

- Não estão normais, não.- disse Rony.- Não estão nem olhando um pra cara do outro. Vocês brigaram?

Nenhum dos dois responderam. Hermione agora mirava bichento no chão.

- Não precisam nem responder né?- Disse Rony.- Porque vocês estão brigados?

Harry deu um suspiro alto.

- Porque Hermione é incapaz de entender as verdadeiras necessidades das pessoas.- Disse Harry, Hermione olhou para ele surpresa, não esperava que ele fosse dizer alguma coisa.

- Então sou eu a errada aqui?- Perguntou ela.- Ou será que é você? Acho que impulsividade é um erro pior.

- Espera aí!- disse Rony.- Porque vocês brigaram?

- Porque Gina está na Suécia.- Disse Harry.

- E daí?- Perguntou Rony.- Talvez seja melhor pra ela. Mamãe me convenceu disso antes de me trazer para cá. Ela gosta muito do Gui. É melhor ficar longe desses problemas.

Harry finalmente olhou para Hermione, ela baixou a cabeça.

- Ela já sabe.- disse Hermione.

- O que? A Srta. Sabe tudo critica da impulsividade resolveu fazer tudo sozinha e, pra começar, contou pra Gina sobre o Gui?- Gritou Harry.

- Ah! Cala a boca Harry!- Disse Hermione. - Já estou farta de você ficando todo esquentadinho, por qualquer motivo começa a gritar. Isso tudo é muito irritante sabia?

Harry olhou para Hermione do outro lado da cama de Rony, tinha os olhos fulminantes. Para susto de todos, um vazo de flores atrás de Hermione de repente bateu contra a parede e se espatifou.

- E outra coisa.- Disse Hermione se levantando também.- Mamãe vai começar a encrencar se toda vez que você ficar nervoso sair quebrando as coisas dela por aí.

Rony olhava de um para o outro parecendo confuso.

- A Srta. Gênio ainda não me explicou com que finalidade contou pra Gina.- Disse Harry tentando manter a voz baixa.- Não foi você quem disse que a Sra. Weasley havia pedido para ninguém comentar nada com a Gina?

- Não fui eu quem contou!- gritou Hermione.- Saiu uma matéria no Profeta Diário e, se você ao menos se preocupasse em ler o Profeta Diário teria visto!

- Ei! Vocês podem parar de brigar?- Disse Rony.- Vocês nunca foram de brigar assim! O que está acontecendo afinal?

- Escute, Harry.- Disse Hermione inspirando profundamente e procurando olhar diretamente nos olhos do amigo.- Eu sei entendo a sua fragilidade nos últimos tempo, e sei também o motivo, ok? Então, pra começar, não venha falar que eu penso que sei tudo, porque nesse caso eu sei sim!

Rony que antes olhava para Harry procurando uma resposta virou-se para Hermione.

- Todos sabem que você se culpa pelo que aconteceu com Sirius!- Harry ia dizer qualquer coisa, levantou a cabeça e encontrou os olhos da amiga, eles pareciam úmidos.- Se você não quiser dividir com ninguém o que está sentindo, ótimo! Todo mundo tem direito a escolhas, agora, ninguém é obrigado a ficar te aturando, não!

O lábio inferior de Hermione tremia.

- Eu sei muito bem que essa sua instabilidade...- Ela fez uma pausa e olhou para os cacos de vidro atrás de si mesma.- E essa necessidade de brigar por tudo tem haver com o Sirius.

Bichento miou alto. Hermione olhou para ele com uma cara de quem diz “cala a boca e sai daqui.”
- Mas saiba que toda paciência um dia finda. - Disse voltando a olhar para Harry que estava imóvel. - Inclusive a paciência das pessoas que mais gostam de você.

Rony estava boquiaberto. Harry atônito, Hermione parecia preste a desatar a chorar, ela se virou para Rony.

- Boa noite Rony, qualquer coisa é só chamar. Lembre-se: seu irmão estará bem se você também estiver. Se sentir fome vá até a cozinha, Nilda estará por lá.- E lançando um olhar maternal para o garoto ela saiu seguida por bichento que miava.


Hermione seguiu ligeira pelo corredor, não queria encontrar seus pais. Tinha vontade de chorar, de chorar muito. Algumas lágrimas desobedientes insistiam em saltar de seus olhos. Ela entrou em seu quarto e o trancou. Bichento veio atrás, ela se jogou em sua cama, escondeu a cara em uma almofada e finalmente desabou. Um bichento insistente ainda miava perto dela, balançando o enorme rabo de escovinha. Ela levantou o rosto prestes a tocar o gato dali quando viu o caderno tremer sobre a escrivaninha. Enxugando as lágrimas, ela se levantou e foi até lá.


*


- Harry, não acredito no que você está contando!- Disse Rony ao ouvir a narração sobre como ele, Harry, e Hermione começaram a brigar.

- Eu também não.- Disse Harry deitado com as mãos na nuca mirando tristemente o teto. A raiva por Hermione agora havia voltado com toda a força.- Não imaginava que ela falaria daquele jeito comigo.

- Mas você também, Harry, é verdade que a Hermione é metida a sabe-tudo, mas geralmente ela realmente sabe. - Disse Rony que comia um prato de sopa levado por Nilda até o quarto. - Não precisava chamá-la de mimada ou dizer que ela se acha a sabe-tudo.

- Vai defendê-la, Rony?- Perguntou Harry irritado se arrependendo em seguida, já brigara com Hermione, não queria brigar com Rony também.

- Não estou a defendê-la!- Disse Rony com a boca cheia. - Mas também não vou lhe defender.

Harry deu ombros.

- Faça o que quiser.- disse apenas.


*


Mione,

Não sei o que provocou isso, mas eu consegui!

O último livro que você me enviou, de aniversário, é bárbaro. Leia-o depois. Tenho certeza que você também conseguirá.

Abraços,

Gina.


Hermione sorriu, ao menos uma boa notícia em um dia tão carregado. Logo que as palavras desapareceram - e que ela enxugou as últimas lágrimas - molhou a pena e escreveu.


Gina,

È sério? Que ótimo! E o que você é? Eu também tive progressos, bem, não tão espetaculares quanto o seu, mas já consigo ouvir Bichento.

Não vá dar uma de Sirius Black e atravessar o país, ok?

Hermione.


Hermione fechou o caderno, se levantou, apanhou o livro que deixara mais cedo ao lado do sofá e voltou a ler, não demorou muito a adormecer.


*


- Está dizendo que a Sra. Granger estudou com a sua tia?- Perguntou Rony ao ouvir o relato sobre as ocorrências do dia. - Falando nessa camiseta, eu lhe mandei um presente, você recebeu?

- É isso mesmo Rony, e você sabe o que significa saber que a outra garota é a minha tia, não sabe?- Disse Harry que tinha a fotografia segura pela mão com as bandagens.- Eu não recebi.

- O que significa?- perguntou Rony.

- Eu desconfiava que ela escondesse alguma coisa, sabe, ela sabia sobre Dementadores, recebeu uma coruja de Dumbledore no verão passado e, outra, não conseguia compreender porque ela me deu essa foto, e nem porque ela tinha essa foto.- disse Harry.- Mas o que a mãe de Hermione me contou esclareceu tudo. Bom, se essa é minha tia, isso quer dizer que ela também foi para Hogwarts e que é uma bruxa. Só não entendo duas coisas: Porque ela nunca me contou e porque deixou Hogwarts antes de se formar.

- É estranho mesmo. Você contou a Hermione?- Perguntou Rony que observava bichento brincando com uma meia de Harry no chão.

- Não, a mãe dela me contou sobre a Tia Petúnia enquanto estava fazendo o curativo em minha mão.- Disse Harry mostrando a mão.- Já tinhamos brigado.

- Você devia contar.- Disse Rony

- Não! Não tão cedo, Rony!- Disse Harry.

*****continua*****

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Comentários (4)

  • Yaasmin R.

    Ameei! Não consigo mais paraar de ler! Muito Bom meesmo!

    2013-04-12
  • Hermione Rosier Black Malfoy

    sei q ja termiou a ifc,mas queria dizer q adorei esse capitulo...vc escreve muito bem,muito mesmoadoro esses livros em q conversaram a mione e gina....acho q mione e gina tem algum tipo de algo ligado a gatos,visto q mione entende bichento  

    2012-07-21
  • caiioo

    Também começei a ler agora, e parece que é ótima, realmente não consegui parar de ler, parabéns.

    2012-07-11
  • Ghost Queen

    Bom,a fic parece que vai ser boa,eu sei que vc ja terminou e tals,mas estou começando a ler agora,sinceramente acho que vai ficar otima!

    2012-06-05
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