Nem que for so por uma noite!



Sem mais delongas...

Vamos ao cap.


Nem que for so por uma noite.

- O Senhor vai descer? – perguntou o motorista.

Olhei para ele com uma cara meio abobalhada, sem entender o porquê de sua expressão aturdida. Não respondi, apenas fiquei no carro, estupefato pela constatação que fez meu coração bater descompassado, como se quisesse sair pela boca. Olhei pela janela enquanto o motorista virava-se para frente resmungando alguma coisa e foi só ai que percebi onde tínhamos parado: a fachada do Pub da Rua 14 brilhava pra mim. Com tanto lugar em Londres ela tinha que marcar encontro justo nesse? Esse era o lugar que a reencontrei caramba! Será que ela não pensa nesses detalhes não?! Aff!

Olhei ao redor procurando por ela, mas não a encontrei o que indicava que havia entrado no lugar. Rapidamente sai do carro e me dirigi ao pub. Ali que iriam jantar? Por favor, a Granger merece melhor que isso! Atravessei as portas duplas de vidro e estanquei: lá estava ela em pé, cumprimentando Igor Brugston com um de seus melhores sorrisos, e ele não parecia diferente. Na verdade pareciam grandes amigos. Não duvido que tenha rolado até beijinho no rosto. Ingleses não beijam no rosto!!! E pelo amor de Deus! O que ele está vestindo? Mais parece um urubu empalhado, todo de preto. Ou será um primo distante do Snape?! Hum... Até o nariz dele é meio adunco também.

Contrariado pelo que via, não notei que estavam se aproximando para sair e, como eu estava parado bem à porta, passariam por mim. Não houve tempo de me esconder ou fazer qualquer coisa para que não me vissem

- Malfoy!

- Brugston! – resmunguei pousando os olhos na Granger que fingia não me
ver.

- Que surpresa vê-lo por aqui. – dizendo isso abarcou com os olhos o interior do pub.

- Não sei porque. – respondi friamente o encarando. Granger olhava para todos os lados menos para mim.

- Bem, não é comum encontrarmos bruxos em ambientes trouxas. – disse baixinho olhando para os lados. – principalmente bruxos de puro-sangue.

- O quê? – exclamei em um acesso de irritação.

- Que isso Malfoy? – retorquiu a Granger. – Fale baixo!

- O quê... mas...

- Não há problema, Hermione. – Hermione?! Como assim, Hermione?! Ela só falta me espancar quando a chamo pelo primeiro nome e ele, que veio lá dos quintos, pode chamá-la assim! Com toda essa tranqüilidade? Gárgulas Galopantes, que consideração! - Bem... vamos? – e abriu a porta para que ela passasse. A Granger ainda me olhou fulminante antes de sair, mas o que me irritou foi ver o sorriso vitorioso que ele me lançou antes de acompanhá-la para fora do pub.

Filho da... Foi por isso que falou baixo! Para que ela não ouvisse! Cretino! É com esse homem que ela pretende sair? Minha mão coçou em direção a varinha, mas pensei melhor. Fazer magia na frente de tantos trouxas não ia ser nada bom, na verdade ia ser péssimo já que meu nome é o primeiro que encabeça a lista dos suspeitos ao ataque a Hogsmead.

Respirei fundo e sai do pub ao encalço dos dois. Olhei para os lados procurando algum rastro do casal de merda e não vi nada, apenas um pedaço de pano preto e branco de um vestido sumindo em uma entrada do outro lado da rua. Andei rápido, passando por entre os carros que pararam ao sinal vermelho, no entanto, quando cheguei à ruela não havia mais ninguém. Eles haviam aparatado.

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Depois da sensação de incomoda compressão deixar meu corpo, olhei ao redor e dei de cara com Igor me olhando e, percebi, segundos depois, ainda segurava o meu braço.

- Tudo bem? – perguntou sorrindo e eu apenas consenti com um aceno de cabeça. – Vamos então?

Ainda segurando meu braço, coisa que estava me incomodando profundamente, pois eu bem sei andar sozinha, Graças a Deus, mas apenas por não querer ser mal educada eu não o retirei, Igor me levou para fora da rua e com um movimento de braço, como se fosse um mágico se apresentando em um espetáculo, mostrou onde jantaríamos. Meu queixo caiu... caiu feio, mas não foi por surpresa, pelo menos não uma boa, mas a má surpresa, daquelas que nem chegam a ser surpresa mas sim uma desolação decepcionante e surpreendente. Entendem onde eu quero chegar? Bem, espero que sim! Mas o motivo de toda essa embolação é: o restaurante, onde aconteceria o jantar de bandeira branca seria justamente, no mesmo restaurante que Malfoy me levou.

- O que acha? – perguntou com um sorriso iluminado, com certeza não entendendo a que surpresa minha feição se referia. - Em nossa conversa de mais cedo, você disse que conheceu a França quando era mais nova e conversamos tanto sobre isso e, como sendo, também, um dos lugares que admirei muito em minhas viagens, achei que seria aprovado por nós dois.

- É... Nossa! Muito aprovado! – com tanto restaurante em Londres ele escolhe justamente esse?

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De cabeça baixa, pensando em tudo e ao mesmo tempo em nada, refaço o caminho ao pub, onde nunca deveria ter entrado. Nem agora e nem antes. Chegando a porta deparo-me com um casal saindo do lugar, sorrindo abertamente para quem quisesse ver e ouvir. Acompanho, mesmo sem querer, o casal com os olhos se distanciando: o homem puxou a mulher pela cintura para junto de si, falou alguma coisa em seu ouvido, ela gargalhou. Aquilo fez meu estômago dar uma cambalhota ao mesmo tempo em que a frustração crescia dentro de mim. Quando você não está bem, você prefere que ninguém esteja melhor que você.

- Uma dose da bebida mais forte que tiver. – pedi ao barman que me olhou retraído. – Pra hoje! – exclamei irritado.

De depois de dizer um “ok” assustado ele virou-se para pegar uma das menores garrafas da prateleira mais alta, derramou seu liquido cor de sangue em um pequeno copo entregando-o para mim. Virei o seu conteúdo em minha boca e quase na mesma hora tive um acesso de tosse. O liquido quente, e muito quente por sinal, cortou minha garganta fazendo meus olhos lacrimejarem, mas no fim, um gosto adocicado poderia ser sentido. Balancei a cabeça para voltar ao normal.

- Qual o nome dessa coisa? – perguntei segurando o copo a minha vista, ao barman que me olhava com uma expressão divertida.

- É um nome estranho em russo eu acho, mas no todo quer dizer “Sangue
do Diabo”.

- Então é por isso que no inferno é tão quente?

- Deve ser, eu nunca estive lá! – respondeu sorrindo.

- Nem eu, mas acho que conheci um de seus moradores. – falei lembrando irresistivelmente de Voldemort. – Qual o seu nome?

- Willson Carter, mas pode me chamar de Will. – disse ele limpando o balcão com um pano.

- Malfoy, Draco Malfoy. – falei estendendo a mão que ele apertou.

- Quase Bond, James Bond. – sorri com o comentário

- Agora... me veja outro desse.

- O senhor é quem manda. – falou pegando novamente a garrafa e colocou o seu líquido em outro copo. Bebi rápido e novamente o seu conteúdo vermelho sangue, porém, o efeito não foi o mesmo, mas isso não quer dizer que a bebida não cortou a minha garganta, pelo menos não como anteriormente, contudo aquela quentura percorreu o meu corpo mais uma vez.

Levando em consideração o horário normal que os restaurantes de Londres começam a servir o jantar, que é 20:00, marquei com a Hilva uma hora depois, sendo que destinei esse meio tempo a procurar saber onde seria o fabuloso jantar entre a Granger e o Brugston mas, ... e esse “mas” que me persegue e me irrita... acabei por não saber onde seria, o que levou meu plano de frustrar o jantar do casalzinho, por nenhuma palavra melhor... frustrado.

Péssimo Malfoy, péssimo! Posso até imaginar o que devem estar fazendo: Brugston puxando uma cadeira para Hermione sentar e ela recebendo a gentileza de bom grado e com um lindo sorriso no rosto, coisa que não faria se a gentileza viesse de minha parte. Brugston contornando a mesa para sentar a sua frente, igualmente satisfeito. Ainda sorrindo um para o outro começam, ou retornam, uma conversa amigavelmente enjoativa. Arg! Se eu continuar pensando nessas coisas essa bebida toda vai voltar quando eu chamar o Raú.

Bati com o copo no balcão para chamar a atenção de Will, que estava atendendo dois homens sentados na ponta do balcão. Ele olhou, indiquei o copo e voltou-se para mim sorrindo.

- Quem bebe dessa bebida, a partir do terceiro copo, não sabe mais o que está fazendo ou, se sabe, começa a agir por impulso.

- Veremos. – respondi no que ele riu colocando outro copo com a bebida na minha frente. Dessa vez tomei apenas a metade, mas percebi um pouco de minha frustração se transformar em euforia. É... acho que de algum modo podemos contornar essa noite. Não sei como. Mas à noite os gatos são pardos. E a noite tudo pode acontecer

Olhei para meu relógio de pulso, faltavam 15 minutos para a Hilva chegar. Sim! Também marquei com ela nesse mesmo pub. O que foi? Eu gosto do lugar, beleza! Eu heim! Espero que não demore muito. Que venha bem bonita. Que esteja usando uma roupa bem fácil de tirar. Que esteja usando uma langerri bem sensual. Que esteja disposta a noite toda. E imagens censuradas para menores de 18 anos começaram a percorrer minha mente que, repentinamente, tinha ficado tão obscena. Pernas. Braços. Mãos. Costas. Unhas que tentam rasgar minha pele de prazer. Gemidos ao pé da orelha. Palavras indistintas. Uma boca entre aberta de prazer. A boca de Hermione. Bem desenhada e com aquele batom que ela usa com cheiro de framboesa. Cabelos castanhos e cacheados enrolados em minha mão. O brilho e o cheiro que só ela tem. E o suor dela escorrendo por seu corpo nu colado ao meu, suando junto com o meu, naquela dança frenética de...

- Chega! – falei, ou melhor, gritei e, pelo pulso fechado comprimindo a parte de cima do balcão, eu havia dado um soco ali. Olhei ao redor e, tanto o barman como os homens na ponta, assim como o resto do pub, olhavam para mim com expressões que se dividiam entre curiosidade e susto. Desviei o olhar rapidamente fitando o copo a minha frente, senti uma quentura subir em meu rosto que nada tinha haver com a bebida. Corei de vergonha. Bebi o restante do copo.

- Viu? – perguntou Will com uma expressão risonha.
Mas não pude me dar ao trabalho de responder, pois o sino da porta tocou informando que alguém entrara. Olhei em direção e sorri de lado. Hilva estava parada a porta, olhando ao redor a minha procura, sorriu quando seus olhos encontraram com os meus. Veio em minha direção e me beijou demoradamente.

- Demorei? – perguntou depois do beijo, ao pé do meu ouvido. Uma onda de arrepio percorreu o meu corpo. Essa mulher sabe como provocar um homem. Oh se sabe!

- Chegou na hora certa. – falei ao mesmo tempo. Ela sorriu.

Virei-me para Will, que olhava para Hilva, anestesiado por sua beleza e sensualidade. Tirei algumas notas da carteira que coloquei em cima do balcão. – Viu? – sorri ao mesmo tempo em que me virava e pegava a mão de Hilva para sair dali. À porta, ainda consegui vislumbrar Will de boca aberta, olhando para nós com uma expressão aturdida.

- Aonde vamos? – perguntou.

- Tenho algumas idéias. – respondi com o meu melhor sorriso cafajeste.

- E será que vou gostar? – perguntou, com um tom sensual na voz.

- Acredito que sim. – falei apertando um pouco a sua mão. Ela sorriu.

Passaram alguns segundos até que encontrarmos um lugar para aparatar: uma rua estreita, ladeada por duas grandes caçambas de lixo, sendo que não dava para ver o seu final de tão escura que era. Entramos ali e, após me certificar de que não seriamos vistos, virei-me para ela. Meus olhos já estavam se acostumando com a escuridão e puder ver um pouco de seu rosto a luz da lua.

- Vamos aparatar? – perguntou.

- Ainda não. – e antes que ela pudesse falar qualquer coisa ou até mesmo se mover, a puxei pela cintura, colando febrilmente meus lábios nos seus, assim como nossos corpos.

Ela soltou um murmúrio, acredito eu, de susto, mas não me empurrou ou me soltou. O que foi um ótimo sinal e muito bem interpretado por mim. Abri os olhos rapidamente, enquanto nossas línguas enlouqueciam em nossas bocas, para visualizar a parede mais próxima e foi com cuidado que a empurrei para uma, até que a sentia entre eu e a parede. Paramos de nos beijar ofegantes, minha boca latejando um pouco, a dela vermelha. Percebendo onde meus olhos estavam, ela umedeceu seus lábios com a língua, aquilo desencadeou uma nova onda de arrepio em meu corpo, ajudando a aumentar o meu desejo. Ela percebeu.

- Vamos para o seu apartamento. – pediu descendo suas mãos de meus cabelos para o cinto de minha calça.

- Aquela compressão vai estragar o momento.

- Eu acho que não.

- Eu acho que sim.

- Então?

- Tem que ser agora

- Mas aqui? – perguntou ela arregalando os olhos.

Olhei ao redor por um momento refletindo sobre a loucura que pairava sobre minha cabeça. Bem, não havia viva alma por ali, a escuridão do lugar impedia que alguém visse qualquer coisa, se passasse pela rua que cortava aquela e por ela ter fim, ou seja, uma parede enorme ao fundo, ninguém entraria ali e mesmo que entrasse poderíamos aparatar antes de sermos pegos em posições indiscretas. Ou seja... – Aqui!

- Mas...

- Um pouquinho de emoção nunca é demais. – falei pressionando seu corpo com o meu contra a parede. Ela ofegou fechando os olhos momentaneamente.

Hilva ainda olhou a redor parecendo considerar a idéia maluca de fazer qualquer coisa comigo no meio daquela rua escura. Meu desejo pulsando, mas não tão intensamente quanto no principio, pedindo, implorando para que ela aceitasse aquela loucura. Por fim, Hilva tirou sua varinha de dentro do casaco, que lhe chegava até os joelhos, que usava... eu acho que já vi essa varinha... mas para que se importar com a varinha se no momento seguinte ela conjurava uma poltrona ao nosso lado e, com um movimento rápido, me empurrava na poltrona.

- Não é porque estamos em céu aberto... – ia dizendo enquanto desabotoava o casaco a minha frente. – que não será divertido e nem gostoso. – e com um movimento brusco abriu o casaco, revelando que trajava apenas, sutiã e saia.

Eu não disse que a noite não estava perdida! AH Moleque!

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Entramos, sem esperar em uma imensa fila do lado de fora do restaurante. Ao passar pelos seguranças percebi que Igor deu uma piscadela para um deles que apenas meneou a cabeça. Pensei em comentar, mas minha ação foi interrompida quando um homem, que não lembro de ter visto quando
Malfoy me trouxe, nos cumprimentou passando a nos guiar para um lado do restaurante que eu, particularmente, não sabia que existia.

Era um lugar bem menor que o salão principal do jantar. Todas as mesas eram compostas por apenas dois lugares e para onde quer que eu olhasse, haviam casais ocupando poucas mesas. Um pianista e um violinista tocavam uma valsa francesa a um canto. Não gostei daquele ambiente romântico. Não estava combinando em nada com o que minha mente imaginou para esse momento. Não que não poderia se especial de algum modo, mas não dessa forma. Olhei para Igor e ele me lançou um sorriso bonito e charmoso. E pior que o cara é bonito mesmo, ainda mais quando sorrir desse jeito: meio de lado. Mas de qualquer forma... Caramba onde eu estava me metendo? Será que ele pensou que eu estava afim sei lá de que ou de quem? Será que nuca ouviu a frase: Alô! Sou bacana, não estou te dando moleee? Aff! A praga do Malfoy vai pegar mesmo? E pra que lembrar do que o Malfoy disse? Tenho assuntos mais urgentes no momento! Como qual? Ah! Não será o fato de que esse homem, ao me ver já sentada, beijar a minha mão, dar a volta à mesa e ficar me olhando com essa cara apaixonadamente esquisita? Pois eh! Assuntos mais urgentes que o... Malfoy.

*

A música de fundo estava quase me fazendo dormir, mas isso não era nada comparado ao falatório que Igor desencadeou desde o momento que sentamos a mesa. Aliás, desde o momento que parou de me olhar com aquela cara esquisita, o que, graças a Deus, não demorou muito. Mas... primeiro se gabou pelo fato de ter conseguido reservar em cima da hora uma daquelas mesas que, segundo ele, só poderiam ser a quase um ano atrás. Tá! E eu sou um babuíno de peruca! Somos bruxos e nada que um feitiço de confundir não resolva. Enfim, se gabou. Segundo: fez os nossos pedidos. Sim! Você não leu errado! Nossos pedidos! Pediu por mim com a idéia de querer me fazer uma surpresa. E você se pergunta se eu pedi para me fazer surpresas. Mas é claro que não! Odeio surpresas! Harry e Rony sempre vinham com uma historia assim quando não tinham nada pra fazer. Enfim: não gostei desse papo de surpresa. E agora ta falando sem parar! Se pelo menos a comida chegasse logo ele parava de falar e eu de concordar sem da muita atenção ao que ele tá tagarelando.

Diferente da noite que vim com o Malfoy, o restaurante está sufocantemente lotado. Eu acho que exagerei um pouco. Bem, o salão maior que está, relativamente cheio, já que o posso ver pelas portas de vidro que o separam desse cubículo. Os burburinhos, as risadas, falatórios e a fila do lado de fora é que está me sufocando. Não que estivessem, realmente, comprimindo os meus pulmões, mas, sei lá, tá me irritando e me sufocando ver tanta gente esperando ou querendo comer. E esse homem que não pára de falar está me irritando ainda mais. E essa comida que não chega, pra calar a boca desse ser e fazer minha cor voltar ao normal, já estou azul de fome e uma dor de cabeça está se apoderando de mim...

- Hermione? – escutei ao longe.

- Sim? – falei voltando meu olhar para ele com um sorriso que pedia aos céus, para ter alguma graça.

- Você ouviu o que falei? – perguntou ele com cenho franzido.

- Claro, por favor, continue. – sorri com mais entusiasmo.

- Então onde foi que eu parei? – pediu olhando-me seriamente. Meu sorriso desfaleceu.

Um minuto de silêncio...

- Desculpe. – pedi meio sem graça.

- Tudo bem. Não precisa pedir desculpas. – é mesmo? Então por que essa cara de irritação? – Se bem que é um pouco de falta de educação não prestar atenção ao que o outro fala. – Do que adianta essa cossadinha na parte de trás na cabeça juntamente com essa cara de sem graça se ele me ofendeu???? QuÊ??? Ele ME chamou de MAL eduCADA? E ainda ousa sorrir desse jeito: Repreendor mais compensador?

Respirei fundo antes de falar. – Ok! – respirando mais uma vez. – Posso até ter cometido esse deslize de não prestar atenção em suas palavras... Sinto muito por isso – comecei super calmamente, medindo as palavras e com um sorriso quase crispado na boca. - mas é um pouco complicado fazê-lo quando a pessoa, a que se destina, está falando há quase 40 minutos sem parar, sendo que a capacidade total de retenção de informação e atenção de um ser humano normal varia em torno de 10 a 15 minutos, ou seja, você ultrapassou esse tempo. E mesmo, eu tendo um nível de retenção de informação e atenção e QI fora do padrão, ainda sim a falta de substâncias alimentícias e excesso de cansaço corporal e mental não me permitiram essa importância senão, somente, nos 7 primeiros minutos.

Terminei de falar o encarando nos olhos de forma desafiadora. Até sinto que, no decorrer de minha fala quase explosiva, eu empinei um pouco o queixo em sinal de desafio. Mas é claro! Como assim, do nada, esse ser vem falar que sou mal educada? Mal educado é ele que não possui a sensibilidade de perceber quando se está passando dos limites! Ora! Onde já se viu chamar EU, Hermione Jane Granger, de mal educada? Sou um poço de educação, sutileza e carisma! Se fosse outra teria feito que nem o Malfoy em nosso jantar: interrompido meu falatório sem nenhum tato. Agora sei o que ele passou comigo! Ah Caramba! Será feitiço virando contra o feiticeiro? Aff! Eu odeio o Malfoy!

E a cara do Igor, depois dessa minha explosão controlada? Ah! Ficou me encarando com o rosto quase púrpuro, abrindo e fechando a boca como se fosse um peixe. Até que, e isso me surpreendeu muito mesmo, levantou pedindo licença e sumiu por entre as portas de vidro. Se foi embora? Por mim tudo bem, não me oponho a jantar sozinha. Não será nenhum bicho de sete cabeças. Mas... por incrível que pareça, ou nem tanto, ele voltou.

- Ok! – disse sentando-se na minha frente. – Eu acho que não começamos muito bem... de novo – Eu apenas sorrir como resposta, chulamente mas sorrir. – Ambos erramos. Eu, por ter desencadeado uma monótona e extensa descrição de minhas viagens e por não ter entendido os seus bocejos e confirmações constantes e você por não ter aplicado a atenção pedida e por não ter me parado na hora certa.

Tá! Confesso! Surpreendeu-me. Por que o Igor Brugston de dias atrás, com toda a certeza do mundo, teria tentado me colocar no chão com tanto desaforo que falaria para mim. Isso sem contar com o sarcasmo e ironia que emanariam de cada palavra dita. E só de pensar nessa mudança radical que me espantou, por sinal, ainda estou com a pulga atrás da orelha, não consigo conter um acesso de riso que despontou na hora que ele terminou de falar.

- Ok! Perdoe-me, mas... essa situação... – mais riso – é muito estranha, para não dizer completamente bizarra.

- E eu posso saber o por quê? – perguntou meio retraído.

- Ora! – comecei pescando um lenço da mesa e enxugando o canto dos olhos. – Você tinha declarado guerra contra minha posição no hospital e agora estamos jantando e, para deixar as coisas mais estranhas, você me pede desculpa calma e amigavelmente. – terminei sorrindo abertamente, porem não recebi nenhum sorrido de volta.

Igor me olhava de um jeito estranho, como se estivesse me avaliando ou as coisas que acabei de falar. Apoiando os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos fechadas, seus olhos não piscavam, mas se podia notar um meio sorriso ali. É! Ele sorria. Discretamente, mas sorria. Aquele sorriso poderia ter muitos significados, mas no momento, estava me deixando muito sem graça. Pisquei algumas vezes, abaixando um pouco a cabeça para enxugar o canto dos olhos, que já estavam mais que enxutos.

- Compreensível e engraçado.

- O quê? – voltei a olhá-lo.

- Essa sua relutância em aceitar minha bandeira branca. – parou um instante para bebericar sua água. - Achar estranha, bizarra, esquisita a minha atitude de lhe pedir desculpas por um deslize meu é, perfeitamente, compreensível. Como você mesma disse, até alguns dias atrás estávamos nos degladiando nos corredores do St. Mungus e hoje, por ironia do destino, estamos aqui, jantando. É totalmente compreensível.

Concordei com a cabeça retribuindo o meio sorriso que ele me lançou.

- E o que é engraçado? – perguntei curiosa.

Mas o que era engraçado ele não disse na hora, porque fomos interrompidos pela chegada de nosso tão esperado jantar. Até que enfim! Eu já tinha mencionado que tava azul? Pois é! Azul! E por favor, comida é coisa que não se brinca. Porém, no mesmo momento que fiquei feliz pela chegada da comida – quem não fica?! - me deu uma pontada de retraimento. Por que? Aff! Vocês estão acompanhando mesmo a história?! Enfim, ele tinha pedido por mim e eu nem sabia o quê! Lembra?! Vai que chega alguma coisa que eu tenho alergia ou pior, que eu não vou gostar? Eu quero comer e não ter uma indigestão ou sair daqui toda empolada!

Ãi! É agora! Tá levantando a tampa... fechei os olhos.

- Brandade de morue! – Igor falou no mesmo momento que o cheiro de bacalhal invadiu minhas narinas.

- Adoro!

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Pudor? Decência? Honestidade? Vergonha? O que é isso? Nem ligo! Não quando tem uma mulher estupidamente gostosa, semi-nua e muito afim... na minha frente. Ah por favor, quem nunca fez uma loucura dessa? Não! Quase como essa? Também não! Parecida? Idem! Nossa! Vocês não vivem não?! Eu heim!

Continuando... Vocês me decepcionam! Aff! Enfim...
Instantaneamente minha calça ficou apertada, porém, não consegui mover um dedo sequer. Minha boca ficou mais seca quando a saia que usava deslizou por suas penas chegando ao chão. Por Mérlim, a langerri era perfeita, mesmo que não desse para ver direito. E, sinceramente, não dava pra ver muita coisa, só os contornos do seu belo corpo semi-nu a luz da lua. Com movimentos que deixariam qualquer homem a beira do êxtase, Hilva sentou-se em meu colo, de frente para mim, e capturou meus lábios insanamente, movendo-se de modo que estava tornando quase impossível me controlar.

Ela desabotoou minha camisa rápida e insanamente, enquanto me beijava, e a atirou em algum lugar. Fiquei temporariamente preocupado com o paradeiro da mesma, mas nada que um feitiço convocatório não resolva. E suas mãos ávidas começaram a percorrer meu tórax nu, como eu havia previsto, fincando suas unhas em alguns pontos. Enquanto ela rebolava quase me levando ao êxtase, tirei seu sutiã que voou para algum lugar. Ofegante ela mordeu meu lábio inferior e foi impossível não gemer:

- He-ermio... – ela parou de se mover e eu de falar na mesma hora.

- O que foi que você disse? – perguntou com a voz entrecortada.

Continuei parado na mesma posição que estanquei: uma mão em seu seio, a outra em um lado do seu bumbum, sem saber o que responder. Tentava pensar rápido para que lhe desse alguma resposta convincente, mas o fulgor de segundos antes não permitia que meu cérebro funcionasse direito. Por fim... Vai essa mesmo! E seja o que Deus quiser:

- É minha!

- O que? – perguntou desconfiada.

- Eu falei: é minha!

- “É minha!”?

- Sim! Você é minha! Seu corpo é meu! Eu sou seu! – ela me olhava desconfiada. – Mas, não saiu bem pronunciado... você sabe que me deixa
ofegante, meio tonto não sabe? – apelação?

Torci mentalmente para que ela aceitasse essa desculpa furada. No entanto, mesmo que ela não acreditasse que foi essa a minha intensão, apesar de não ser nem de perto o que realmente falei, e desse um escândalo para, por fim, ir embora, eu não teria nada a perder. Confesso que seria uma lástima parar no meio desse incêndio e deixar de lado uma noite enlouquecedora e selvagem de prazer, mas, ainda sim, isso não seria nada comparado a ficar pensando no maldito jantar que ELA está tendo com ELE. E que diabos eu tenho que pensar nesses dois justamente agora? É quase broxante, pra não dizer totalmente.

- Então... eu sou sua? – perguntou com um sorriso travesso. Relaxei.

- Toda minha! – e de vários outros que não consigo contar, pensei em dizer.

- E eu lhe deixo ofegante e tonto? – consenti. – Só isso?
Então, para parar com aquela enrolação melosa, me aproximei de seus ouvindo falando muitas outras coisas que ela, e outras mulheres, me fazia sentir, mas é claro que ocultando as outras mulheres. Primeiro em um lado, depois no outro. Ocasionalmente nossos lábios se tocavam. Não precisou de quase nada para que aquele vulcão voltasse à ativa e foi com prazer que a sentir pressionar o corpo contra o meu, oferencendo-me os seios, enquanto suas mãos deslizavam até o cinto de minha calça.

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Quem se importa com a demora da comida? Com Igor falando sem parar? E com esse musse de chocolate que está me chamando? Quando acabo de ingerir a melhor comida do mundo!

Não! Tá, pode deixar que percebi que exagerei feio. Não é “A” melhor comida do mundo, mas qualquer uma se torna quando se está com muita fome. São diretamente proporcionais, entende? Mas, cá pra nós, esse bacalhau estava excelente. E posso dizer com verdadeira intenção: foram poucas às vezes que comi uma autêntica comida francesa em restaurantes de outros lugares. Posso até dizer que aceitaria de bom grado mais uma rodada de falatórios sem parar do Igor, sendo que dessa vez eu prestaria atenção. Juro que prestaria!

Mas ainda bem que, depois do pequeno desentendimento que houve entre nós, ele até que ele melhorou e começou a dar espaço par eu falar. Gente tô besta! E não é que depois disso estou começando a me divertir. Claro que não está sendo nada comparado ao jantar que tive com o Malfoy. Não estou falando da excelência dele, mas sim dos risos que eram bem mais freqüentes. Até que o Malfoy é engraçado e me fez rir algumas vezes, e até demais para o meu caso. Porém, rir demais é exagero e acabamos por ser confundido com hienas. Enfim, seriedade é também uma ótima virtude.

- Esta gostando do jantar? – começou Igor apoiando seus cotovelos na mesa e começando a me olhar daquele jeito estranho que eu já mencionei.

- Sim. Está ótimo! – respondi meio sem graça e comecei a devorar meu musse

- Você quer dizer que ficou ótimo. Por que aquele desentendimento inicial deixou o ar um pouco pesado não foi?

- Bem, mais ou menos. – confirmei meio sem fitá-lo ao lembrar que me chamou de mal educada. – Mas, poderia ter sido bem pior se levarmos em consideração o nosso histórico de discussões não é? – ele apenas confirmou com a cabeça.

- Peço desculpas por isso também. Na verdade por tudo. Estou lhe conhecendo melhor agora, ou seja, posso apostar todas as minhas fichas na pessoa maravilhosa que você é. – Tá! Eu confesso! Fiquei vermelha mesmo! - Além de determinada. – franzi o cenho. – Ora, se não fosse por você esse jantar não estaria acontecendo.

- Ah! É mesmo! Não teria. – Há! Se ele soubesse que foi tudo culpa do Malfoy. Coloquei a última colher com musse na boca.

- Já terminou?

- Por quê? – ele tinha uma expressão ansiosa no rosto.

- Já? – tinha um sorriso ali também. Confirmei com a cabeça. – Então, vou pedir a conta. - e dando ação às palavras, chamou o garçom. – O que você ainda está fazendo aqui? – perguntou sorrindo.

- Vou dividir a conta com você, ora.

- Negativo!

- Mais fui que lhe convidei.

- Concordo, mas eu escolhi o restaurante então eu pago. Além de ser completamente deselegante uma mulher pagar a conta na presença de um único homem. – Nossa! Olha a elegância dele. “Deselegante uma mulher pagar a conta na presença de um único homem”. Será que ele aceitaria dar umas aulinhas para o Malfoy, ele tá bem precisadinho de um pouco de cavalheirismo.

- Mas...

- Façamos o seguinte, então: no próximo eu não me oponho em deixá-la dividir a conta. Mas isso só no próximo, porque esse eu faço questão de pagar. – e piscou charmosamente abrindo o caderninho que eu nem percebi que o garçom havia deixado ali.

Meio relutante, levantei e rumei para o banheiro pensando aonde Igor Brugston iria me levar e o porquê daquela expressão ansiosa em seu rosto. E mais ainda, por que essa sensação de medo?

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Nossa!

Sem palavras!

Maravilhoso!

Ótimo!

Estimulante!

Hummmm!

Nada igual!

Fazia tempo que não comia um sanduíche com tudo dentro tão bom! Vocês não têm idéia.

Depois de quase sermos pegos em uma situação pra lá de constrangedora, que, por sinal, me deu uma vontade enorme de azarar aquele mendigo filho da mãe que decidiu catar lixo, justamente, na lixeira ao nosso lado, acabando dessa forma com um dos momentos mais... mais... caramba, que um homem pode ter, eu e Hilva aparatamos dentro de um banheiro público onde, por fim, conseguimos vestir nossas roupas e caminhar decentes nas ruas a procura de algum lugar onde pudéssemos comer alguma coisa e voltar, quem sabe, a fazer o que aquele mendigo estragou. Juro que se eu vir ele por aí o transformo em sapo com tentáculos. Juro!

E foi aí que essa lanchonete caiu dos céus, assim como esse super sanduíche que está muito bom. Mas, que por estética, Hilva não o quis e pediu alguma coisa com salada que somente as tartarugas de estimação conseguem comer. Aff! Mulher tem dessas coisas né?! Reclama que tá com fome, mas não come direito. Não come tal coisa porque engorda não sei onde. Não come outra coisa porque tem sei lá o que dá celulite. E ainda dizem que só fazem isso por causa dos homens, para ficarem bonitas pra eles, quando na verdade é para se mostrarem uma pra outra e causar inveja. Vai entender. Será que elas não entendem que celulite quer dizer “mulher gostosa” em Braille? Há! Essa foi boa!

Enfim, deixando essa estética feminina para o lado, porque se eu for me importa com cada coisa que as mulheres fazem e pensem vou acabar ficando maluco, essa lanchonete caiu em boa hora, pois além de ter esse sanduíche que, não vou parar de falar nele, está muito bom, o clima é bem legal além de não ter muita gente o que torna tudo muito mais confortável, como por exemplo, os olhares cúmplices que eu e Hilva trocamos. Uma piscadela. Um sorriso cínico ao lembrar de alguma coisa. E, principalmente, a provocação, se bem que é mais por parte dela. Uma mordidinha no lábio inferior. A língua passando no canudinho do sander e até mesmo brincando com o garfo da salada. Seus pés percorrendo pelas minhas pernas até o ponto que causa um friozinho na barriga.

- Está tentando me provocar? – perguntei limpando os cantos da boca com um lenço.

- Tentando? – falou sorrindo sensualmente.

- É melhor você parar, aqui tem gente demais.

- Não sabe se controlar Draco?

- Você quer que eu lhe jogue nessa mesa?

Ela olhou para a mesa e para mim, por fim disse: - Seria interessante.
Eu sorri, balançando a cabeça para os lados. Maluca! E o pior é que tenho algumas provas de que essa mulher é bem maluca mesmo. Uma delas aconteceu a menos de uma hora atrás.

Às vezes fico me perguntando, se ela é realmente assim ou se existe algum segredo por trás dela. Por trás dessa feição de mulher linda e determinada. Porque uma coisa eu não posso negar, Hilva é muito bonita e excessivamente atraente, chega a dar medo algumas vezes. Além de ser um furacão na cama. Será que ela tem algum segredo? Bem, todo mundo tem um segredo. Os segredos fazem parte da vida. Mas ela não parece ter um, parece ter vários, muitos, milhares deles. Mesmo sendo o meu segundo encontro com ela, agente meio que não conversa, troca algumas palavras, mas no final de tudo acabamos em uma cama ou em um beco escuro, falando e fazendo coisas impróprias para menores de 18 anos. Enfim, Hilva para mim continua sendo uma incógnita. Mas, existem certas coisas nela que me fazem sentir que a conheço de algum lugar. Uma ajeitada no cabelo, à forma como pega na colher, um jeito de olhar, enfim, coisas que eu já vi antes. Detalhes que me fazem lembrar de pessoas. Detalhes que já vi em outro lugar.

- Draco, algum problema? – a escutei ao longe.

- Não. Desculpe. Você estava dizendo alguma coisa?

- Apenas perguntei se você já estava querendo ir embora. – falou me olhando de lado. – Pro meu apartamento... ou pro seu. – sorri, negando mais uma vez com a cabeça.

- Você não está gostando de estar aqui comigo?

- Sim, estou. Mas como você disse. Tem gente demais aqui. – e sorriu.

- Bem, não me leve a mal Hilva, mas eu pensei que poderíamos ficar um pouco mais aqui. – ela arqueou as sobrancelhas. – Conversando, entende?

- Por que? Até onde eu lembro você nunca foi de conversar, agia. E por sinal eu gosto muito disso. – terminou brincando com a língua e o canudinho.

- É justamente isso. – comecei colocando um tom casual na voz, vai que ela pensa que sou daquele que fala-fala e não faz nada. Se bem que isso ela não vai pensar mesmo. – A gente não conversa e eu acho que seria bacana trocarmos uma idéia.

- Que coisa estranha!- exclamou e aquilo me pareceu meio ofensivo.

- Não entendi. – disse com o cenho franzido.

- Isso de conversar. – respondeu encostando-se no sofá. - Depois vai ser o quê? Andar de mãos dadas? Ir ao cinema? Jantar em família? Sexo três vezes na semana?

- Calma! – eita que a mulher ficou doida! – Só é uma sugestão. Não estou impondo nada. Só estou dizendo que seria legal, divertido, conversar, trocar experiências sei lá. Já transamos duas vezes e eu nem sei o seu nome todo.

- E você vai dizer o meu nome todo quando estiver excitado? – debochou.

- Ok! – respondi para não falar coisa pior, aquilo me irritou mesmo. – Vou pagar essa conta e lhe deixo em casa.
E já ia me levantando quando senti sua mão fechar em meu pulso:

- Hilva Stephenie Olsen Beckman.

- O quê? – perguntei totalmente surpreso.

- Meu nome! Você não disse que nem sabia qual era todo? Então é esse: Hilva Stepheni Olsen Beckman. – respondeu com um meio sorriso. Voltei a sentar satisfeito.

- Idade?

- 23 anos.

- A quanto tempo está no hospital?

- Hum... – pensou um pouco. – Quase oito meses.

- E já é secretária do chefão? – perguntei impressionado.

- Tive sorte e um bom currículo. – respondeu sorrindo. Hum! Sei bem que currículo é esse! E que currículo!

- Ok! – concordei – Mora sozinha?

- Sim.

- Muito tempo?

- Três anos.

- Namorado, marido, companheiro? – perguntei com um olhar malicioso.

- Sim!

- O quê? – com certeza meus olhos ficaram do tamanho de pires.

- Estou brincando! – disse quase gargalhando pela minha expressão. Lancei-lhe um olhar descrente. – Verdade! E já faz um tempo.

- Quanto?

- Quase um ano e meio.

- À procura? – perguntei sem me conter. Mesmo quando o assunto não lhe interessa você acaba sendo seduzido pela curiosidade.

- Sim! – hesitou um momento – E acho que já achei. – piscou um olho ficando um tantinho vermelha. Eu sorri.

- Ok! – pensei um pouco mais. – Comida preferida?

- Salada crua. – disse apontando para o prato. Eu fiz uma careta. – Acompanhada de um enorme milk shake. – completou sorrindo.

- Gosta no que trabalha?

- Não é ruim. – respondeu depois de pensar um pouco. – É um pouco monótono, pois lido com muitos pergaminhos e apenas uma pessoa, mas é bom porque, praticamente, sei tudo o que acontece no hospital. – deu uma piscadela.

- Interessante! – pensei um pouco mais. - Música. Trouxa ou bruxa?

- As duas. Na verdade depende muito do momento. – começou a explicar. – se estou em casa não me importo em ouvir a rádio bruxa. Mas se quero sair, prefiro musica trouxa. Ou você conhece alguma boate bruxa que toque música eletrônica?

- Nenhuma. Mas se preparador de poções não der certo, vou usar de sua reclamação e inovar os hábitos bruxos.

E caímos na gargalhada. As poucas pessoas que estavam ao nosso redor começaram a esticar os pescoços ou virar para olhar quem estava se divertindo tanto a ponto de gargalhar tão alto. E, realmente, estava sendo bastante divertido aquelas perguntas rápidas com respostas prontas ou nem tanto. Posso até comparar com o jantar cheio de etiqueta que tive com a Granger, onde rimos bastante de algumas situações, se bem que é mil vezes melhor não ouvir palavras ofensivas ou olhares cortantes quase o tempo todo.

- Desculpa. – comecei depois de recobrar o fôlego. – Mas não me lembro de nenhuma Beckman em Hogwarts. – falei revirando minha mente em busca de algo que me fizesse lembrar dela ou de sua existência. – A qual casa pertencia?

- Ah, não! Não estudei em Hogwarts.

- Não?!

- Não. – negou sorrindo em função de meu espanto. – É meio confuso.

- Eu agüento, pode mandar. – ela sorriu.

- Meu pai estudou em Hogwarts. Mas ele era alemão. Foi para os Estados Unidos fazer um intercambio e conheceu minha mãe. Ele acabou ficando.

- Então você é americana?

- Não! – franzi o cenho – Pelo menos não de naturalidade. Meus pais pouco tempo depois se casaram e foram morar no Canadá...

- Canadense? – perguntei hesitante.

- Exatamente. Acabei nascendo lá, mas minha decidiu voltar para os Estado Unidos pouco antes de começar minha formação bruxa. Queria que fosse a mesma que ela teve. – colocou fazendo pouco caso.

- Ok! Então você tem um pai alemão que estudou em Hogwarts, uma mãe americana, mas você nasceu no Canadá e não estudou em Hogwarts. – não era uma pergunta, mas apenas repeti essas palavras com a intenção de organizar aquelas informações na minha cabeça.

- Exatamente!

- E onde eles estão?

- Quem?

- Seus pais. – falei olhando para os lados como se eles fossem aparecer a qualquer momento, bem ali, do nosso lado.

- Ah! Morreram em um acidente de carro há três anos. Por isso que vim para a Inglaterra. – falou mexendo em um guardanapo de papel amassado em cima da mesa.

- Sinto muito. – falei sinceramente. Então eu não era o único órfão daqui. De repente meu carinho por Hilva cresceu dentro de mim. Eu gostei disso. Ou será que vocês pensam que eu não sinto nada em relação às mulheres que já dormi ou durmo? Lembro nome de cada uma viu!

- Eu também, mas aprendi a conviver com isso. – falou ainda absorta no papel amassado.

- Pelo menos você não esteve aqui no período da guerra. – falei quase como se fosse para mim, fitando a rua do outro lado do vidro sem realmente vê-la.

- Ainda bem. – e agora eu podia sentir que ela me olhava com interessante. – Mas você sim. – colocou depois de alguns segundos em silêncio.

- Infelizmente. – tentei colocar o maior teor de frustração e azedume na voz para que ela percebesse que eu preferia não começar aquele assunto.

- Deve ter sido duro.

- Mais que isso. – falei ainda de cara amarrada. – Muito mais. Você não tem idéia.

- Ouvi comentários.

- Com certeza não foram suficientes para você não fazer perguntas referentes a esse assunto a qualquer um que esteve lá. – falei rápido e com a voz mais irritada ainda. Ela recuou no assento.

- Desculpe. – pediu e ficou por isso mesmo. Voltei a fitar a rua.

Não sei definir ao certo quanto tempo ficamos calados. Eu olhando com as feições duras a rua, mais uma vez sem realmente vê-la, e ela ora mexendo na comida, visivelmente perdera a fome, ora brincava com os guardanapos de papel sujo em cima da mesa. Esse era um dos meus vários problemas com as mulheres, problemas esses que ainda não me permitiram encontrar alguém muito especial. Não estou falando do de ficar calado, sem assunto, mas de achar que ora ou outra elas acabam falando ou fazendo alguma besteira, a menor que fosse, mas, acabava se tornando o suficiente para me deixar frustrado e irritado a ponto de descontar tudo isso em cima delas, de maneira rude e ficar sem a mínima vontade de tê-la perto novamente.
Como se todo mundo fosse perfeito. Como se ninguém na face da terra pudesse falar ou fazer alguma besteira. Como se a culpa fosse toda delas por tentar continuar uma conversa. Como se fizessem de propósito. Mas não consigo agir diferente. É impossível. Olhe só o que aconteceu com a Suzi. Mas, por alguma razão que está fora do meu alcance intelectual, com a Granger não é desse jeito. E olhe que só ela foi capaz de vencer todas juntas de tanta besteira que fez ou falou. Parece que ao invés de frustração, eu sinto é prazer em confrontá-la. Quase como uma segunda natureza. São por essas e por outras coisas que, em relação a Granger, quase nada acontece como eu quero ou espero.

- Draco? – escuto ao longe.
Percebeu que fico meio perdido no tempo e no espaço quando penso na maldita Granger? Eu heim!

- Ham? – virei-me para Hilva, minha irritação diminuindo.

- Tudo bem? – afirmei com um movimento de cabeça. – Não, não está! É por essas coisas que não gosto de conversar. – disse com um tom irritado na voz.

Caramba, com as palavras de Hilva alguma coisa ligou dento de mim. Ela meio que tinha razão em reclamar. Eu havia insistido tanto em conversarmos e quando ela começou a desenrolar eu me irritei por uma curiosidade. Ela não tinha culpa por não estar aqui nos tempos da guerra e muito menos por sua curiosidade tão normal quanto possível. Era normal as pessoas que não viveram no período de guerra sentirem certa curiosidade em saber o que aconteceu, mas também era normal as que participaram não querer lembrar daqueles tempos.

- Desculpe Hilva. – falei fitando ora seu rosto ansioso ora os restos do meu lanche. – Mas entenda, é um pouco complicado para quem esteve lá.

- Não consigo imaginar o quanto.

- Apenas pense em muito. Muito de cada horror que ouviu falar.
Quase no mesmo instante que terminei de falar, ela se abraçou repentinamente, passando as mãos pelos braços, e pelo seu olhar vago, mas de espanto, imaginei que estivesse fazendo o que eu disse.

- É mais ou menos assim que me sinto ao lembrar de algo daquela época. – voltei a fitar a rua.

- Então por que voltou? – era uma pergunta ansiosa, quase desesperada. E aquilo me fez lembrar de Pansy Parkinson, era ela que tinha uns rompantes como este. E por falar nela, por onde será que anda? – Eu não entendo.

- E não é para entender. É uma questão minha. – tentei colocar o tom mais tranqüilo o possível, pra não magoá-la novamente.

- Sim! Você tem razão. – ai ela tomou fôlego. – Mas não entendo por que sua família estava quase toda envolvida. Você estava envolvido! Até entendo isso de usar camisa de manga comprida para não mostrar a marca negra, para não causar pânico. Mas você foi o único que sobreviveu de todos eles. Possuiu um nome que intimida e ainda é sangue puro. Pra que voltar para um lugar que você sabe que não será bem recebido? – falou tudo de uma vez me deixando meio tonto, dessa forma levando um tempo para entender melhor cada palavra.

- Isso não conta mais.

- O quê?

- Ter um nome importante. Ter sangue puro ou não. Isso não conta mais. – falei um pouco frustrado por ter certeza de que tudo que eu falava era exatamente a verdade. – Desde que Voldemort... – ela não estremeceu como todos os outros, talvez por que não conheceu o poder do nome. - foi derrotado todo e qualquer tipo de preconceito foi derrotado junto com ele. Não estou falando que não exista só que não tem força para provocar medo como antes.

- Conta sim! Claro que conta! Eu tenho orgulho de ter um sangue puro correndo em minhas veias. – seu discurso foi inflamado, quase como uma militante. Não me assustaria se ela me azarasse nessa hora. Por isso, só fiz menear a cabeça negativamente, mas me surpreendi por afirmar que tinha sangue puro. Muitas pessoas não o possuem hoje em dia, mas se o que ela fala é verdade então somos dois.

- Ter orgulho é uma coisa, obsessão é outra e completamente diferente. – falei cruzando os braços em cima da mesa.

- Será que estou mesmo falando com um sonserino, um Malfoy e um sangue puro? – perguntou sarcástica.

- Está falando com alguém que viu os horrores dessa obsessão e que por ela teve muitas perdas significativas. – falei fitando um ponto na mesa. – Obsessão que eu fiz parte até mais da metade da minha vida, mas se eu pudesse voltar atrás...

- Talvez não tenha dado certo porque era um mestiço que estava à frente. - Olhei para ela rápido demais, deixando-me levemente tonto não acreditando no que acabara de falar. – Talvez porque fizeram da maneira errada. É o que eu acho!

- Por que você está falando isso? – perguntei meio receoso, mas profundamente interessado na teoria.

- Ora, Voldemort não tinha sangue puro mesmo sendo descendente de Salazar Slytherin e lutava por uma ditadura de sangues puros, pelo bem da raça pura. Já começou errado. – o interessante em sua fala não era o significado de cada palavra, mas a forma como falava: com um tom levemente despreocupado e os olhos, eles brilhavam de excitação. – E ele recrutou muitos em função de tomar o poder, sem que a maioria não fosse sangue puro também, outro erro. Se ele ou outro qualquer, mas sendo sangue puro, tivesse pensado melhor, esperado mais, talvez conseguisse formar um exército de puros sangues. Juntando famílias para que reproduzissem o maior número de descendentes possíveis. Todos puros como deveria ser. Formando uma grande população que massacraria os mestiços. Teria sido bem mais divertido e proveitoso. – terminou sorrindo. Um sorriso que eu nunca havia visto. De prazer. Não o que eu costumava ver quando fazíamos nossas loucuras, mas de um prazer malicioso, maligno, obsceno.

- E você acha que teria chance mesmo com a equipe do Potter? – falei meio sorrindo, mas completamente alarmado com essa idéia doida. Mas também, foi impossível não lembrar da Granger.

- E quem está falando em Harry Potter? – perguntou em tom de sarcasmo. – Esse papo de eleito não cola. Ele só estava na linha de frente porque Voldemort matou os pais dele. E bem, pensando na quantidade de sangues puros que nasceria talvez ele até fosse um de nós.

- Calma! Que com essa você me assustou.

- Assustei por quê? – perguntou com ironia, sorrindo. – Bem, é o que eu penso.

- Não será isso que você está fazendo comigo? Usando-me pra criar uma raça pura? - Perguntei divertido tentando esquecer a parte do medo, porque eu falei sério. Ela me deu medo nessa hora. Na verdade, esse papo todo de grande população pura me deixou cauteloso.

- Hum... Talvez. – olhou-me com sensualidade. – Por que, não esta gostando?

- Na verdade, estou mais preocupado.

- Por quê?

- Bem. – e realmente eu estava preocupado com isso. – A gente meio que... você sabe, não se previne. – Tá! Confesso! Eu fiquei um pouco constrangido sim.

- Isso? – e riu, na verdade gargalhou.

Fiquei paralisado esperando ela terminar de achar graça da minha cara, como se o que eu tivesse falado fosse à coisa mais engraçada que já ouviu em toda a sua vida. Admito que fiquei constrangido por sua reação, mas, definitivamente, não estou pronto para ter descendentes. Não desse jeito. Não dessa maneira. Não quero ser levado a cometer o mesmo erro de novo.

- Ai! – respirou fundo, limpando os cantos dos olhos com um guardanapo limpo. – Desculpe, mas por essa eu não esperava. – riu mais um pouco, mas agora de forma controlada. – Não precisa se preocupar, eu me cuido. - Foi impossível conter, mas soltei a respiração de alívio. – Mas, pensando melhor, você me deu uma boa idéia.

- Nem brinque com isso. – falei exasperado, mas ela sorriu de novo e abriu a boca para falar.

Mas nesse exato momento, como se isso tivesse sido há muito tempo definido para acontecer naquele instante, eu não prestava mais atenção ao que Hilva dizia, na verdade, não estava prestando atenção em nada a não ser naquele casal que andava do outro lado da rua. Naquele vestido branco e preto esvoaçante. Naquele andar lento. Na bolsa que pendia na frente do corpo segura por duas mãos. Nos cachos que balançavam ao vento. No sorriso simpático que escapava daquele rosto belamente amaldiçoado. E naquele filho de uma rapariga escrota que ousou colocar uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

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Há quanto tempo andávamos eu não sei dizer e foram poucas as ruas que eu senti a vontade de saber o nome, só para me certificar de que sabia por onde estava andando, mas de uma coisa eu estava certa: eu estava gostando. Gostando de andar. Da conversa. Do vento. E até a companhia era boa. Por incrível que pareça, Igor estava se mostrando um ótimo companheiro, principalmente depois do desentendimento de mais cedo. Falava e me permitia falar, parecendo interessado em cada palavra que eu dizia. Tirava uma brincadeira. Dava teorias ou suposições, idéias malucas e outras até bem sérias. Conselhos. Enfim, uma pessoa ótima para conversar e passar horas fazendo isso.

Não sei se porque ele era mais velho do que eu ou por já ter vivido muitas coisas, como demonstrou em cada relato que me fez de sua vida, mas a conversa com ele não era madura, sem exageros, especulações ou irritação. Diferente de todas as outras que puder ter com outros homens. Como se tivesse sido muitos os homens! Mas era... Calma. Cautelosa. Interessante. Talvez fosse por isso, pela tranqüilidade que emanava daquele momento que eu estava gostando. Era do que eu precisava: de tranqüilidade.
Mas agora estávamos apenas andando, um ao lado do outro, perdidos em nossos próprios pensamentos e nos fazendo companhia pelo corpo presente de ambos. Não sei bem dizer onde foi que a conversa terminou, mas o silêncio não foi exigente ao ponto de gritar por um novo assunto, apenas se conformou com a necessidade de si próprio.

Olhei para ele e percebi que me encarava, mas uma vez senti o rosto esquentar um pouco e desviei o olhar olhando para o chão. De repente nossos pés ficaram tão interessantes. Não sei o porquê, mas aquilo me fez lembrar uma coisa.

- O que era engraçado? – perguntei ainda de cabeça baixa.

- Como? – ele franziu o cenho.

- No restaurante, você disse que era compreensível e engraçado. – expliquei. – Você explicou o que era compreensível, mas o engraçado...

- Ah sim! Agora me lembro. – falou sorrindo.

- Então?

- O engraçado. – e ai ele parou de andar, fiz o mesmo. – é o modo como seu rosto fica rubro quando a olho por muito tempo. É engraçado e... muito bonito. – e para finalizar colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
Fiquei imóvel, sem saber o que realmente fazer. Pows! Ele estava dando em cima de mim na moral e eu não tinha nada pra falar? E eu tinha que ficar vermelha de novo? Foi impossível, mas baixei os olhos novamente. Foi um erro, porque ele pegou com dois dedos o meu queixo fazendo-me fitá-lo novamente e percebi que seu rosto estava muito perto do meu, perto demais para o meu próprio gosto.

E vinha se aproximando devagar e tranqüilo, como se o que ele estivesse prestes a fazer fosse uma coisa normal. Não! Não era normal! Mas vai dizer isso para minhas pernas ou para o meu pescoço que não estavam respondendo a nenhuma ordem do meu cérebro, e ficaram ali, parados, como se tivessem vida própria, ou melhor, como se não tivessem mais vida.
Ele fechou os olhos.

- Caramba! E eu pensando que Londres era grande! – ouvi uma voz conhecida e quase pude ouvir aquele vidro, do momento que Igor criou, se quebrando. – Olha quem eu vejo por aqui!

E aquela voz debochada nunca foi tão bem aceita por mim. Bendita hora que ele apareceu! E eu gostei tanto do Malfoy naquela hora que eu poderia dar um beijo nele! Não! Um beijo não! Eu podia é amaldiçoá-lo! Matá-lo ali mesmo. Transformá-lo em frangalhos ou em qualquer coisa que o fizesse sentir muita dor ou sumir da minha frente. Sumir da minha frente com aquela mulherzinha de quinta que olhava abobalhada para nós.

- Malfoy! – disse Igor e puder perceber que ele mais tinha rosnado do que realmente falado.

- E ai Brugston... Granger... – meneou a cabeça loura para mim, sorrindo com todos os dentes, enquanto passava o braço pela cintura daquela mulher. Um arrepio homicida percorreu meu corpo. – Atrapalho alguma coisa? – seus olhos cintilaram

- Não.

- Sim.
Igor e eu respondemos juntos, no entanto o que mais me surpreendeu foi ter ouvido o “sim” saindo de minha boca. Igor olhou-me com o cenho franzido.

- É... atrapalha Malfoy. – disse Igor se recompondo rapidamente e dando um passo para mais perto de mim. Eu não relaxei, mas alguma força externa fez com que eu enlaçasse o braço de Igor no meio. Igor foi ótimo escondendo a tensão que senti emanar de seu corpo.

- Er... então... – Malfoy balbuciava enquanto fitava os nossos braços enlaçados, com certeza tentando encontrar alguma palavra que pudesse nos desfazer moralmente, mas pelo visto estava sendo impossível. Eu ri internamente da sua confusão. – Acho que hoje é do dia dos casais né? – e fez uma coisa que embrulhou o meu estomago: beijou a mulher rapidamente. – Mas, infelizmente amanhã ainda é dia de trabalho, então a noite não pode ser muito longa. Vamos? – olhou para aquela coisa ao lado dele que apenas acenou com a cabeça. – Tenham uma noite tão boa quanto a nossa. – e saiu levando aquele ser mudo com ele, sem antes me fuzilar com os olhos.

Ficamos parados na mesma posição. Igor respirava com intensidade enquanto eu, bem, eu acho que não respirava, porque de repente tudo pareceu girar e perder um pouco o foco. “Tenham uma noite tão boa quanto a nossa”, lembrei das palavras de Malfoy e a vertigem atenuou. Lembrei do beijo e meu estômago embrulhou mais uma vez, minhas pernas ficaram bambas e meu coração apertou com intensidade. Vacilei na pose. Igor segurou meu braço, ainda bem que ele ainda estava enlaçado no seu.

- Hermione, tudo bem? – sua voz estava alarmada.

- Sim. – respondi com a voz fraca. – Foi apenas uma tonteira. Acho que comi demais. – tentei sorrir. Ele me olhou preocupado.

- É... o Malfoy tira qualquer um do sério.

- E quem disse que fiquei assim por causa dele? – perguntei com a voz ríspida, recompondo-me rapidamente.

- Ninguém. – e tirei meu braço do seu com rapidez. Ele me olhou com o cenho franzido. - Mas deve concordar que não foi bom vê-lo.

- De jeito nenhum! Foi-se o tempo que a presença do Malfoy me abalava. – e sai andando, meio trôpega, mas ainda assim pisando firme, sem antes perceber uma expressão descrente perpassar pelo rosto contrariado de Igor.

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Meu Deus! Por quê? Com certeza tem alguém conjecturando em não me deixar em paz. Com tantas ruas para eles passearem, tinham que passar justamente por aquela que eu estava? Não acreditei quando vi, nem de longe e muito menos de perto. Pareciam tão próximos, tão íntimos, tão confortáveis com a presença um do outro. Arg! E aqueles braços dados? Ela estava me desafiando por um acaso? Fazendo-me ciúme? Ciúme? Há fala sério! Por que eu teria ciúme da Granger com o Igor-buldogue-Brugston? Heim? Gárgulas galopantes!

“Sim!” respondeu com aquele tom insolente de que eu estava atrapalhando. Não era isso que transpareceu em seus olhos quando me viu ali, parado, parecia contentamento, sei lá, só não parecia irritação. Disso eu tenho certeza. Mas então porque daquele teatrozinho com o Brugston? Ah, mas eu paguei na mesma moeda: beijei a Hilva na sua frente, coisa que ela não teve coragem de fazer com Brugston. E para que eu fiz isso? Com que intenção? Aff! Pra mostrar que eu tava com coisa melhor, uma mulher muito melhor que ela. É. Era isso. O que mais poderia ser? Ninguém responde! Posso definhar em Azkaban, mas eu lanço uma Avada Kedavra em quem falar alguma coisa.

- Draco, tudo bem? – perguntou Hilva, tirando-me dos devaneios.

- Sim.

- Mas você não está me parecendo bem. Ficou calado desde que encontramos o Sr. Brugston com a Srta. Granger há pouco. – sua voz era cautelosa, mas senti um tom irritado ao mencionar o nome da Granger. – Aconteceu alguma coisa?

- Bem... – Claro que não aconteceu nada! – Eu acho que aquele sanduíche não caiu muito bem. – sim! Desde quando minha mente não governa mais minha boca?

- Está se sentindo mal? – paramos de andar.

- Eu acho que sim.

- Então vamos para sua casa, posso cuidar de você. – ela lançou-me um sorriso preocupado. Uma enfermeira particular até que não seria uma má idéia.

- Acho que não. – agora vi! – É melhor terminarmos nossa noite por aqui.

- Mas, você não está bem, eu poderia...

- Quando estou assim, eu fico rabugento e com certeza você não gostaria de conhecer esse meu lado. – eu sorrir.

- Tudo bem, eu prometo que fico calada.

- Não Hilva, Obrigado, mas já disse que prefiro ficar sozinho. – caramba! Mais que mulher chata. Credo!

- Tem certeza que é por causa do sanduíche? – perguntou com uma sobrancelha erguida.

- O quê? – exclamei.

- Esquece. – disse em um tom exasperado dando sinal para que um táxi parasse. – Nos vemos no hospital, mas se mudar de idéia me avisa. – e entrou no táxi.

Por que não aparatou? Estranho! Mas, graças ao que quer que seja, fiquei sozinho. Estou livre pra pensar e resolver o que fazer de agora em diante. Hum. Será que eles ainda estão perto o suficiente para que eu possa segui-los e saber aonde vão terminar a noite? Ou será que aparataram? Hum. Com certeza não foram pra casa da Granger, ela não confia nele ainda. Será que foram pra casa dele? E essa pergunta fez meu coração disparar ao mesmo tempo em que imagens começaram a se forma em minha mente. Uma onda de frustração e raiva percorreu o meu corpo terminando nos pés que já estavam se movimento pelo cominho onde eu havia os encontrado. Mas parei subitamente. Tô ficando neurado com isso. O que me importa para onde eles foram ou deixaram de ir? Que droga! Por que a Granger tinha que sair justo com o Brugston? Ela não tem que ficar saindo com nenhum cara por ai! Arg! Tô neurando de novo. Bufei.

E andei aleatório pela cidade, sem saber que rumo tomava, em que caminho passava e muito menos o nome dos lugares que via com uma decisão sendo formada em minha cabeça: eu tinha que esquecer ela, pelo menos essa noite. Como já dizia a música “Vou te esquecer nem que for só por uma noite.” E nada melhor do que uma boa dose de álcool para espantar os pensamentos e relaxar para, logo em seguida, dormir o sono solto e pedir aos céus para não haver nenhuma ressaca no dia seguinte.

Entrei em uma viela aparatando logo em seguida naquela mesma loja de conveniências que esbarrei há dias atrás para comprar o Pringles. Abri a porta e ouvi o som de sino, com certeza para indicar que alguém estava entrando, não me lembro desse barulho na primeira vez que vim aqui, passei pelo balcão acenando discretamente com a cabeça para o homem ali parado que parecia estar fazendo palavras cruzadas e atravessei a loja para o lado oposto que ficava a porta, onde havia várias estantes de alumínio com diversas garrafas de bebida. Só de vê-las senti os músculos dos ombros ficarem menos tensos.

Não demorei muito para escolher uma garrafa de absinto e outra de vodka. Só não peguei outras bebidas mais fortes que havia ali porque eu teria que trabalhar no dia seguinte. E sempre tento cumprir meus compromissos urgentes. Mas ao lembrar onde trabalhava e quem muito provavelmente eu iria encontrar lá, peguei mais duas garrafinhas de ice. Para gelar tudo se eu ficasse quente de repente.

- Boa noite! – cumprimentou o senhor que estava no balcão pegando as bebidas e passando-as no decodificador de barras.

- Boa noite. – respondi educado, mas doido para sair dali e me afogar.

- A fim de esquecer alguma coisa ou alguém hoje?

- Desculpe? - eu falei tirando algumas notas da carteira.

- Em pleno dia de semana comprar todas essas bebidas, só pode significar uma coisa: esquecimento proposital. – ele sorriu mostrando dentes amarelos. Senti um bafo de cigarro.

- Poderia ser, mas estas são apenas para um estoque particular. – respondi pegando as alças da sacola que me oferecia com as bebidas dentro. Ele apenas sorriu descrente. – Tenha uma boa noite. – me despedi.

- O senhor também.

Pows! Será que está tão na cara? Que péssimo! Aff! Preciso chegar em casa logo. Preciso sair daqui, me recolher em qualquer lugar fora dos olhos curiosos e beber e pensar. Pensar não! Pensar é ruim! Porque posso até prever muito bem até onde meus pensamentos vão chegar. Pensar estava fora de cogitação. Apressei o passo atravessando a rua, o som das garrafas das bebidas se chocando chegavam ao meu ouvido aumentando a vontade de sentir o gosto de cada uma, sendo que no desejo de me recolher quase fui atropelado por um maluco homicida.

Foi impossível não lembrar o primeiro dia que eu revi a Granger. De nosso reencontro. Naquele dia ela também quase me atropelou claro que não sabíamos quem era um ou outro, mas ainda sim ela quase passou com o carro por cima de mim, e eu estava como estou agora, afoito para chegar a um lugar.

Nem parece que foi um dia desses, na verdade não é tão recente, mas a imagem dela sentada de costas para a porta do pub eu nunca vou esquecer. Seus cabelos estavam quase ate o meio da costa, meio caídos de lado, os cachos um pouco volumosos contrastavam com a blusa e o corte em V poderia ser imaginado como uma seta indicando um pequeno pedaço de sua pele branca entre o cós da calça e a blusa. Pouco depois pude sentir o quanto sua pele era macia, mesmo com aquele aperto em seu braço eu pude sentir, e hoje posso confirmar que, na Granger, existe coisa muito mais macia, que a maciez de sua pele nem se compara com os lábios, não chega nem perto... Nunca vou esquecer isso. E muito menos que desejei aquela mulher sem saber quem era. E como a desejei... e como eu a desejo. Se a Granger não tivesse o nome que tem, seria surreal.

Cheguei ao prédio quase aos saltos. Passei por Bem praticamente correndo, apenas acenando com a cabeça e ele retribuiu de sobrancelhas erguidas. Não esperei o elevador, corri pelas escadas percebendo que nada, nem uma lembrança, vieram a minha mente enquanto eu subia a passadas rápidas os degraus, até que cheguei ao andar. Passei reto para não olhar a porta dela, mas, como eu já disse que havia percebido as coisas que se referem a Granger nem sempre acontecem como eu quero ou imagino, uma idéia súbita aflorou em minha mente. Uma idéia ótima. A melhor de todas que eu já tive desde que encontrei com ela na rua. Uma que de qualquer forma ela não poderia saber que eu a teria e, principalmente, por eu só precisar de duas palavras e a varinha.

Olhei para os lados concentrando-me em ouvir qualquer barulho que indicasse que alguém poderia sair naquele momento, mas apenas um zumbido indicando que estava tudo silencioso invadiu meus ouvidos, mas ainda assim continuei a olhar para os lados enquanto sacava minha varinha de dentro do bolso interno do paletó, apontando-a direto para a porta do apartamento da Granger e murmurava as palavras:

- Homenum revelio.

Meu coração parou. Uma batida. Esperando ansioso a resposta, mas nada aconteceu. Nenhum sinal de que a casa estava habitada. De que houvesse qualquer presença remota de algum ser humano ali dentro.

Escancarei a porta do meu apartamento ainda usando a varinha e, após passar por ela, chutei-a de costas para que fechasse, o baque foi surdo e alto e senti que algumas coisas aqui dentro tremeram. Coloquei as garrafas em cima do balcão que dividia a cozinha da sala. Peguei o absinto. Abri. Dei um gole, maior do que o necessário que encheu minha boca. E seu liquido quente foi rasgando minha garganta fazendo-me lutar contras as lágrimas nos olhos em função de sua ardência. No entanto, a tensão que me invadiu ao descobrir que ela não estava em casa diminuiu um pouco, mas ainda sim não relaxei completamente. Abri a garrafa de Vodka e tomei o líquido da garrafa, algumas gotas escorreram pelos cantos de minha boca e caíram no paletó. Percebendo o estrago que aquilo faria, tirei o paletó o jogando bruscamente em uma poltrona, tirei os sapatos dos pés com a ajuda dos mesmos enquanto tirava a camisa e ficava apenas de calça e meia. Dei a volta no balcão pegando um copo dali, peguei as garrafas e rumei para o sofá onde, literalmente, me joguei, sem antes colocar as garrafas em cada lado do copo.

- Nem que for só por uma noite. – rosnei enquanto derramava o líquido das duas garrafas no mesmo copo.

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Esmurrei o botão do elevador que automaticamente ficou vermelho. Segundos depois ele estava abrindo as portas para mim. Novamente esmurrei o botão referente ao meu andar, como se aquilo pudesse me fazer chegar em casa mais cedo, eu sabia que não faria, mas, pelo menos minha irritação poderia diminuir um pouco, coisa que admito, não aconteceu. Enquanto subia naquela velocidade humilhante eu agarrava minha bolsa na frente do corpo enquanto meu pé, por parecer ter ganhado vida própria de repente, batia no chão rapidamente.

Desse jeito ta difícil! Ta ficando insuportável! Quando não é um é outro! Pelo amor de Mérlim! Se não é o Malfoy perturbando minha vida apenas pelo fato de que existe é o Igor tentando me seduzir. O que? Vocês não estão entendo? Aff! Tá, eu explico. Depois daquela aparição do Malfoy, estilo Mr. M, com a... bem, vocês sabem quem, que acabou por ter interrompido o beijo que Igor me daria, Graças a Deus devo ressaltar, Igor ainda teve coragem de tentar de novo. Isso mesmo! E ainda veio com um papinho de me chamar para tomar uma taça de vinho com ele, ou melhor, na casa dele! Ah! Poupe-me. Sei bem o que ele queria tomar. Quem ele pensa que sou? Só porque enlacei meu braço no seu ele pensa que pode enlaçar outra coisa? Eu só fiz aquilo, porque... porque... ora porque, para fazer com que o Malfoy sumisse dali! Mas eu disse não! É claro que eu disse não. Não é a toa que estou agora entrando no corredor do meu apartamento, pronta para tomar aquele banho e dormir e esquecer essa noite que tinha tudo pra ser boa, mas que acabou por não ser por três coisas: 1. Malfoy entrando no táxi comigo. 2. Malfoy aparecendo com a... essa mesma. 3. Igor querendo me beijar.
Vasculhei minha bolsa a procura da chave e achando abri a porta, sem antes lutar contra a fechadura que fez o favor de querer não aceitar a minha chave, sendo que isso só fez com que minha irritação chegasse a um aponto ainda mais alto, e entrei batendo a porta com força o suficiente para fazer algumas coisas dentro do meu apartamento tremerem. Imediatamente cafetão pulou em cima de mim para lamber meu rosto enquanto bichento soltava um ronronar de felicidade, ou pelo menos foi assim que eu o entendi, enquanto olhava reprovador para cafetão.

Afaguei as orelhas do meu cachorro enquanto rumava para o quarto onde desabei na cama, enfiando o rosto entre os travesseiros e ficando lá, pedindo para que eu conseguisse parar de respirar só para poder não sentir mais aquela irritação que fervia em meu corpo. Mas, como era impossível, minha cabeça começou a girar por falta de ar e virei de barriga para cima. Bichento pulou em cima da cama e se enroscou ao meu lado, como um eterno companheiro.

Não agüentei ficar muito tempo parada, na verdade não tinham passado nem alguns segundos, e eu já estava de pé, abrindo o zíper de meu vestido e ele caiu ao meu redor, passei por cima dele em direção ao banheiro pronta para tomar uma ducha bem gelada, quando ouvi duas batidas a porta, revirei os olhos com cara de choro, a Hermione do espelho fez o mesmo. Mais uma batida e só fiz pegar um roupão velho, pendurado perto do Box, que usaria depois do banho e o coloquei enquanto ia em direção a porta.

Peguei um susto.

- Malfoy! Meu Deus que...

- Você tá aqui. – sua voz estava estanha e pastosa. Na verdade ele estava todo estranho.

Os cabelos, sempre mais arrumados, agora estava todo bagunçado, quase como os de Harry, apontando para todas as direções. Os olhos eram vermelhos e um pouco fechados, como seriam os de uma pessoa idosa ao tentar ler uma conta ou alguma coisa qualquer, mas com certeza essa pessoa idosa encontraria o foco coisa que Malfoy estava difícil de encontrar. Estava sem camisa, sem sapato, so de meias, na verdade ele estava so com uma meia. E o bafo, gente vocês não tem noção de como estava o bafo dele. Puro álcool é pouco para tentar definir. Estava escorando no batente da porta, sorrindo tolamente para mim e uma garrafa de alguma coisa pendia em uma das mãos. Percebi que seu liquido estava quase no fim. Ah não! Malfoy sóbrio já era insuportável, quanto mais de porre!

- Malfoy... você está de porre?

Ele abriu a boca para responder, mas o que saiu não foram palavras, ele simplesmente e porcamente, vomitou em cima do meu tapete persa.

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Genteeeeeeeeeeeee Cap. Novo!!!
Espero que gostem assim como eu gostei de escrevê-lo...

Bjoca grandes, coloridas e calorentes a todos que lêem minha fic... e principalmente aquelas que deixam sempre um comentariozinho que me deixa nas alturas d tanta felicidade....

Marcele Bezerra (minha super beta que me entende e que ñ desiste de mim \o/)
Jacq Nasci
Betina Black
Tete granger
Melissa
Plock Watson Granger
Betina Black
Gabione
hellen


Genteeeeeeeeeee meninas... brigadão por tudo... =********* super super...

EEEEEEEEE gente... NOssa Super Beta Cele (Marcele Bezerra) esta concorrendo ao BBB 8 eeeeeeeeee estou aki pedindo encarecidamente que vcs votem nela...
basta ir nesse site aki http://www.8p.com.br/bbb/simplesmentemarcele/perfil
E clicar no sim e ja ta computado seu voto...
Gentee pensem comigo... c ñ fosse por ela... a fic nunk seria betada e vcs estraim se deparando com erros grotescos e bizarros... então ela é muito importante msm... VAMOS VOTAR NELA... Ñ DOI E Ñ CUSTA NADA!! =D

=************** Té o proximo post... q os Anjos loiros q nem o Malfoy e o Carlisle (Pra qm ja leu Crepúsculo) preservem meus dias para eu fkr com bastante tempo para escrever o proximo cap q ja tem ate nome...

"Revelações embriagadas"

\o/

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