Ciumes?! Eu?! Nããããão!!!



- Bom dia, Doutora!

Meu queixo caiu. Minha respiração falhou. Meu coração gelou. Meu chão se desfez. Minhas pernas tremeram e considerei que tinham se transformado em gelatina. E tudo que eu mais queria era poder quebrar todos os ossos que aquele ser pudesse possuir. E sem pensar em nada e ao mesmo em tudo de ruim que pudesse ferir uma pessoa, parti pra cima daquele casalzinho de uma figa.

Espalmei a carta no peito de Malfoy ao mesmo tempo em que o empurrava para o lado afim de não ter nada que me impedisse de chegar ao meu alvo: Hilva, a vacreia -(Momento informativo! Para as pessoas que desconhecem o vocabulário de uma mulher à beira de um assassinato, vacreia quer dizer: cruzamento entre vaca e mocreia). E não deu outra, em instantes minhas mãos, que mais pareciam garras, se atracaram nos cabelos daquela mulher. Puxando. Balançando. Arrancando cada fio que eu pudesse. Ela gritava. Eu ria de fúria e ao mesmo tempo de prazer por fazê-la sentir dor e implorar para que eu parasse. Varinha? Que merda de varinha o quê!? Eu queria era ferí-la com minhas próprias mãos.

E por falar em mãos, elas não estavam mais se contendo apenas com aqueles cabelos de boneca velha e logo partiram em busca de seu rosto perfeito de miss universo e ali minhas unhas fizeram estragos. Mesmo que a vacreia estivesse segurando meus cabelos com a mesma intensidade que eu feria seu rosto, não sentia dor alguma, apenas a satisfação de ferí-la consumia todo meu corpo.

Em segundos estávamos no chão da sala de Malfoy, emboladas e atracadas uma na outra, enquanto ele pedia para paramos chamando uma de cada vez, mas eu podia sentir e ouvir um tom de riso em sua voz. E aquilo soou como gritos de incentivo para a minha ira...


- Granger? Granger ?

- Hãn?

- Alguma coisa errada?

- Na-nada. – respondi ao retornar de vez da luta livre que havia travado inconscientemente com a Hilva, ao mesmo tempo em que sentia meu rosto relaxar, por que, com certeza, estava fazendo a minha melhor cara de maníaca assassina, e corar rapidamente.

- E então o que veio fazer aqui doutora? Você não acha que está muito cedo para... hum... atrapalhar? – falou Hilva, ainda grudada a Malfoy como um bicho preguiça, com um olhar de malícia para ele que não retribuiu e muito menos a olhou e logo após sorrindo zombeteira para mim. “Ta esperando o quê Mione? Desce o braço nessa doida! Transforme seus pensamentos em realidade! Vamos garota, reage!”

- Eu... eu... Aqui! – lembrei da carta quando nada veio a minha cabeça de imediato e a estiquei para o Malfoy que a pegou me encarando e pude perceber que um músculo de riso tremia no canto de sua boca! Que droga, por que fui ouvir a minha consciência? – Estava em cima da mesa da... – ele rapidamente desviou o olhar para a carta. E eu me importo? Mas é claro que não! – da Maire. – sublinhei bem o nome dela e adorei o gostinho de vê-lo trincar os maxilares pela minha ousadia. – Acredito que depois do que aconteceu ela deve não ter se lembrado de entregá-la, por isso... está ai. – Hilva olhava de mim para Malfoy como se estivesse querendo pescar alguma informação no ar. Parece aquela futriqueiras.

Malfoy voltou o olhar pra mim e engoli em seco quando a intensidade daqueles olhos frios encararam os meus. Até o azul-acinzentado havia dado lugar a uma tonalidade muito mais escura daquela que estava quando deferi um tapa naquele rosto de menino. Oh, Merlim! O que eu não daria para deferi um tapa nesse rosto de homem. E não só no dele, mas no desse espírito agourento que pensa que é gente também. Arg!

- Só por isso? – perguntou o bicho preguiça com as sobrancelhas erguidas. – Ele poderia muito bem pegá-la hoje, não é querido? – terminou o apertando com os braços carinhosamente, mas a expressão que ele fez dizia o contrário: Malfoy franziu as sobrancelhas com a menção do querido. Tão legal!

- Só achei que seria importante. – falei contendo uma vontade louca, quase
ensandecida, de sorrir.

- Mas se enganou! – alguém sabe qual é o barulho que o bicho preguiça emite? Por falta de opção... Hilva grunhiu debochada.

- Muito pelo contrário. – a cara de debochada dela desapareceu logo o ouviu falar. – Por incrível que pareça a Granger deu uma dentro. É uma carta de Mártim, com certeza, dando notícias.

Mesmo por ter debochado de minha inteligência intuitiva de mulher nem me dei ao trabalho de me irritar, não quando a cara de azedume que Hilva fazia me satisfazia tanto.

- Valeu Granger. – Eu só sorrir.

- Bem... – recobrando os sentidos o bicho preguiça deu novo sinal de vida. – já que o correio-coruja já fez sua entrega especial e acredito que não esteja esperando nenhum nuques... – alfinetou voltando à expressão debochada. Ergui uma sobrancelha. – Então acho que podemos voltar de onde paramos. – continuou.

Mas não foi a sua voz de gatinha de periferia manhosa que fez meu sangue entrar em ebulição, mas sim o que ela fez. Teve a sem vergonisse de lamber sedutoramente orelha de Malfoy enquanto passava as mãos pelo seu tórax, abdômen e terminaram brincando com o elástico do short dele. E o que me fez perder o chão foi olhá-lo e perceber que tinha fechado os olhos por sentir o contato.

Sentindo que, agora sim, minhas pernas tinham se transformado em gelatina, além de que estava sobrando naquele momento cine prive, virei-me e passei a andar até meu apartamento achando que ele ficava longe demais, que estava abafado demais, que meu coração estava pequeno demais para o meu gosto.

Abri a porta com as mãos suadas e frias, contudo nem ao menos tinha colocado meio pé par dentro de meu apartamento quando a porta ao lado bateu com estrondo fazendo-me sair daquele ridículo e incompreensível estado de transe. Balancei a cabeça querendo esquecer, mas sentir uma mão forte fechar em torno de meu braço.

- Granger! – Malfoy ainda estava com a carta à mão e o short no corpo. – Eu queria que você soubesse que a Hilva, ela... ela...

- O que você pensa que está fazendo? – perguntei atordoada olhando para a sua mão fechada em meu braço. Não era fingimento não, era sério!

- Estou tentando explicar o que você viu. – respondeu com um semblante que me fazia crer que estava me achando um tanto idiota por ter feito aquela pergunta.

- E desde quando me deves explicação? – Ah! Essa é boa! Estamos mais parecendo um casal que terminou um relacionamento de tempos numa boa e agora, para não ficar com a consciência pesada, deseja dar explicações. Poupe-me!

- Desculpe, mas pensei que você não tinha gostado do que viu. – Será, por que eu ainda estou com um tantinho de sono ou mesmo percebi que não tinha nada de forçado e tudo de sincero, além de... culpado?

- E lhe interessa se eu gostei ou não?

- Sim! – falou com um entusiasmo que até me assustou. Alguma coisa quente e gostosa percorreu meu corpo. – Não! – Falou no mesmo entusiasmo e um tanto atrapalhado, que se não fosse pela situação, eu até sorriria. Mas a coisa quente se desfez. Que pena! Era... Era bom! – Quero dizer... Muito...

- E eu poderia saber o por quê? – dessa vez, e fico extremamente inconformada de aceitar, minha voz que pareceu excitada além de quase suplicante, mas não foi minha intenção, eu juro!

Os segundos que se seguiram fizeram minhas expectativas se elevarem para um grau acima do normal e indicado no caso Malfoy, ao mesmo tempo em que meu coração começava a bater descompassado. E o que aconteceu depois foi tão rápido que inicialmente fiquei tonta, para logo em seguida, ficar embriagada pelo gosto do beijo do Malfoy.

Nossas bocas ficaram tão grudadas que, não sei como e nem o porque, consegui cogitar a possibilidade de que elas nunca mais se separariam. E no íntimo, essa possibilidade amornou meu coração. Mas, nem bem, aproveitei aquele novo sentimento e os lábios de Malfoy começaram a ficar exigentes. Sugando. Mordendo. Comprimindo os meus. Porém, nada se comparou quando, em um instante fulgas, dei permissão para a passagem de sua língua e, soltando um murmúrio, ele me empurrou para dentro do meu próprio apartamento com o corpo, fechando a porta logo em seguida.

Bichento miou.

Cafetão latiu.

Malfoy ofegou.

Mas o meu mundo girava. Minhas pernas tremiam, meu coração acelerava. Minhas mãos descontroladas percorriam aquele corpo quente e másculo, quase nu. Com tanto desespero que pareciam estar ávidas por aquele toque há muito tempo. No entanto, a parte consciente do meu cérebro se perguntou: por que aquele homem estava semi-nu?

E a realidade me atingiu como um grande balde de água fria de gelo dos pólos: aquele era Draco Malfoy e havia passado uma noite calorosamente sensual com outra mulher.. Quase que instantaneamente comprimi as mãos no peito do Malfoy tentando quebrar aquele contato, inutilmente, pelo fato dele ser bem mais forte que eu, contudo passei uma mão no cós de minha calça a procura de minha varinha que, alcançando-a, pressionei em sua barriga.

- Aaaaaaiiiiiiiii!!! – gritou ao me largar e levar as duas mãos ao lugar que minha varinha havia atingido. – Que droga foi essa??? – tirou as mãos do local deixando visível a marca de uma pequena queimadura da mesma espessura de minha varinha. – Isso doeu sabia?

- Nunca mais faça isso! – ameacei apontando a varinha diretamente para o seu rosto.

- Mas...

- Nunca mais me beije. Principalmente depois de ter dormido com outra mulher. – o interrompi quase gritando.

- Se não o quê? – parecendo que havia voltado ao normal falou com a mesma voz irritantemente sarcástica de sempre.

- Não me provoque Malfoy!

- Não estou provocando, apenas tenho certeza de que não fará nada.

- Se eu fosse você, não teria tanta certeza do que sou ou não capaz de fazer. – terminei de falar com tanta raiva pela sua prepotência que saíram faíscas de minha varinha. O sorriso debochado sumiu de seu rosto, mas por breves segundos.

- Por que Granger vai me dar mais um tapa ou me matar? – perguntou com fingida preocupação.

- Nan... não tenho mais catorze anos e nem você valeria uma estada em
Azkaban. Mas quem sabe lhe amputar o que pensa que tem de melhor.

- O meu sorriso?
Neguei sorrindo malignamente ao mesmo tempo em que abaixava a varinha em direção aos seus paises baixos. Ele seguiu o movimento e engoliu em seco quando seus olhos chegaram ao que estava me referindo.

- Você não teria...

- Saia agora da minha casa Malfoy ou não respondo pelos meus atos. – ameacei impulsionando a varinha para frente.

Mas do que rapidamente, Malfoy se abaixou pegando a carta que estava no chão fazendo-me perguntar qual foi o momento que ele a deixou cair e saindo pela porta sem antes me lançar um olhar amedrontado. Arrependimento foi pouco para o que achei que senti quando me lembrei que ele voltaria para os braços de Hilva como se nada tivesse acontecido nesta sala.

- Nunca mais vou ouvir minha consciência.

“Mas, diga-me: o beijão bom aquele heim?!”

- Ah, não! – choraminguei.

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Nem ao menos havia me recuperado do ataque de loucura de uma mulher quando, ao entrar em meu apartamento, deparo-me com a cara zangada de Hilva. Seus braços estavam cruzados na frente do corpo e mesmo estando ela vestida com uma de minhas camisas, com os primeiros botões de cima abertos e curta o suficiente para deixar a amostra sua pernas deliciosamente bem torneadas aquilo era um péssimo sinal.

- Você poderia pelo menos explicar o porquê de ter feito o que fez? – perguntou.

- Bem... – comecei – já fiz muita coisa, principalmente de ontem para hoje. – acrescentei sorrindo de lado enquanto abria a carta de Martim, fazendo-a erguer uma sobrancelha. – Por isso, seja um pouco mais específica.

- Estou me referindo ao fato de me largar aqui sozinha e correr atrás da Dra. Granger.

Ergui a sobrancelha incrédulo por ser cobrado logo em um primeiro encontro e, principalmente, pela menção do “correr”. Eu não “corro” atrás de ninguém, que diria de uma sangue-ruim sabe tudo como a Granger. O que aconteceu foi... foi... apenas impulso. Uma ato impensado de uma mente e corpo cansado de tanto exercício. Posso até chegar a crer que alguma entidade se apoderou de meu corpo naquele momento.

- Primeiro, eu não “corri” atrás da Granger porque não “corro” atrás de nenhuma mulher. – Ela arqueou as sobrancelhas. – Segundo, não lhe devo explicações. Nunca ouviu falar que em um primeiro encontro nunca exija nada?

Os braços dela caíram ao lado do corpo, desfazendo toda aquela postura de mulher traída enquanto me olhava como se nunca tivesse visto alguém tão assombrosamente bonito. Voltei o olhar para a carta constatando que a mesma continha duas folhas de pergaminho cheias da letra garranchosa de Martim e, com isso, descobrir que não estava com paciência suficiente para saber o seu conteúdo. Depositei os papéis abertos na escrivaninha e passei por Hilva, que continuava perplexa pelas minha palavras, indo em direção a cozinha, ouvi um pigarro quando abrir a geladeira.

- Err... Por falar em exigir... – a voz de Hilva se fez presente mais uma vez. – Você exigiu muito de mim essa madrugada. – Falou perto de meu ouvido sensualmente quando suas mãos alcançaram minhas costas nuas. Oh coisa boa!

- Você parecia disposta. – respondi virando-me de frente e a puxando para junto de mim pela cintura.

- E se eu dissesse que ainda estou. – falou manhosa com os dedos brincando no meu queixo.

Sorri levemente antes de colocar a mão em sua nuca e sentir sua boca junto a minha. Mas o que veio a seguir talvez eu nunca consiga explicar, nem nessa vida e muito menos nas próximas. Quando nossas bocas se renderam a mais um beijo desentupidor de pia o gosto doce que senti ao beijar a Granger sumiu – na verdade eu nem sabia que esse gosto ficou na minha boca - dando lugar ao gosto amargo de Hilva, que vale ressaltar, horas antes não era nada amargo. Ao sentir aquela diferença gritante, além das palavras da Granger ressoando em minha cabeça: “Nunca mais me beije. Principalmente depois de ter dormido com outra mulher”. Meu corpo reagiu quase que instantaneamente interrompendo o beijo e minhas pernas me afastaram daquele pecado em forma de mulher.

- Mas acho que essa disposição toda pode ficar para outro dia, não é? – falei dando a volta no balcão que dividia a cozinha da sala. – Temos que trabalhar, não é? Podemos nos atrasar e a última coisa que queremos é enfurecer o chefinho, não é? – acrescentei ao notar sua expressão incrédula.

- Tem razão. – disse ela vindo em minha direção. – Mas acho que temos tempo para mais alguns beijinhos, não?

- Err... não! – desviei quando ela estava perto demais e comecei a juntar do chão da sala algumas de suas roupas. Fui até o quarto e tirei dali as íntimas. Voltando a sala peguei sua bolsa de uma poltrona que lhe entreguei juntamente com todas as roupas. Hilva me encarava em um misto de perplexidade e incredulidade. – Pois eh! Até o trabalho. – sorri o mais amarelo possível.

Hilva ainda abriu e fechou a boca duas vezes antes de soltar um bufo de exasperação para logo em seguida girar nos calcanhares e em um estampido desaparatar para, eu espero, bem longe dali. Não que eu não quisesse mais vê-la, mas como não querer um novo encontro com um furacão na cama que é essa mulher? Só um louco pensaria isso. E eu não sou doido! Ainda bem! No entanto, pela necessidade de ficar sozinho para pensar, a última coisa que eu poderia querer era a presença de alguém me rondando.

Soltei a respiração andando até uma poltrona e me largando nela. Respirei fundo de olhos fechados com a intenção de relaxar e colocar todos os pensamentos no lugar como em um grande arquivo antes de pegar um e examiná-lo atentamente, mas quando desejamos com todas as forças não pensar em nada ou em alguém a primeira lembrança que surge é justamente a que não queremos e foi exatamente isso que aconteceu: à recordação de Vitor Krum e Hermione Granger entrando no salão principal de Hogwarts no Baile de Inverno, do lendário Torneio Tribuxo, surgiu tão inesperadamente como se minha mente tivesse escolhido aleatoriamente na caixa arquivo.

O por quê daquela recordação? Não faço a mínima idéia. E muito menos de ter lembrado de uma coisa tão antiga. Mas que a Granger estava realmente bonita naquele vestido azul, ela estava. Não havia como negar. Qualquer garoto que estivesse presente naquele baile deveria ter ficado impressionado com aquela mudança. E que mudança! De filhote de castor para uma princesa tirada diretamente de um livro de contos de fadas que as crianças trouxas adoram. Eu mesmo fiquei impressionado. Claro que não externalizei nada para ninguém, mas nem mesmo a Delacour com sua descendência Veela apagava o brilho do rosto da Granger.

E que merda eu tinha que lembrar disso agora? Levanto-me da poltrona pondo-me a andar de um lado para o outro na sala. Faz tanto tempo! Aconteceram tantas coisas depois. Que cabeça Draco! O que esta acontecendo comigo? Por que pensar tanto em alguém que já odiei tanto? Bem... pensando bem... uma coisa é certa: não sei se já a odeio tanto como antigamente. Porque naquele tempo eu me irritava só com a presença do trio maravilha, meu dia acabava quando ouvia as vozes deles confabulando a nova aventura que iriam fazer, mas hoje... Hoje é diferente. Não sei quanto, mas que é diferente é. Respirei fundo, mais uma vez, voltando a me jogar na poltrona e pegando rapidamente uma almofada do sofá ao lado que usei para abafar um grito de frustração, logo em seguida, meu corpo relaxou na poltrona, como se estivesse ansioso para isso.

Contudo...

Olhei para a parede que dividia meu apartamento do da Granger tentando imaginar o que ela estaria fazendo agora. Será que dando de comer aos seus bichinhos? Comendo? Trocando de roupa? Tomando banho? Nua... molhada pela água do chuveiro que percorria seu corpo... Arg! Se continuar desse jeito eu é que terei que tomar um banho. No entanto, pude até sentir o gosto doce voltando em minha boca e não era imaginação. Era bom! Fechei os olhos para senti-lo melhor. Lembrei do beijo. Do que provocou em mim. Não muito diferente do que outra mulher provocou e provocaria, mas... mas... era como planar... Ter o chão sob meus pés, mas não senti-lo... Lembrei de suas mãos ávidas percorrendo minhas costas que pareciam desejar por aquilo há tempos... Deus do que estou falando? Estou parecendo um bobão, patético... apaixonado! Gárgulas galopantes! Isso não! Isso nunca!
Não por ela! E por que não?!

Abri os olhos e deparei mais uma vez com a parede marrom me encarando e podia até jurar que ela estava rindo de mim só pelo prazer de me privar de algo que quero tanto. Queria era ter a super visão do Super Homem, só para vê-la de novo através dessa parede. E, como se aquele desejo tivesse me impulsionado a fazer o inexplicável, levantei da poltrona achando que aquilo pudesse ajudar em algo, pudesse satisfazer meu desejo de tocá-la de novo, andei até aquela maldita parede espalmando as mãos em sua superfície fria que nada combinava com o que a textura da pele dela causava em mim.

- Maldita parede! Maldita bruxa!

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É indigesta, esquisita e totalmente insensível essa comparação, mas até um funeral teria um melhor ambiente do que este e até mesmo uma câmera frigorífica seria mais calorosa que esse departamento.

São tantos os sentimentos que se torna impossível destacar apenas um. No entanto, o ódio e ressentimento, que Maire sente por Malfoy, mas parecem duas presenças humanas entre nós. Ali, perto o suficiente para deixar-nos amedrontados de dizer qualquer palavra que provoque seu mal estar.
E o pior de tudo isso é que já está durando mais dias do que posso agüentar. Logo eu que já passei por muitas coisas ao lado de Harry e Rony não deveria me deixar abalar por discórdias em meu ambiente de trabalho. Por considerar que algumas vezes já fui expectadora e protagonista em momentos tensos com os dois, no fundo, sempre sabíamos que aquilo só seria mais uma fase e que não demoraria muito e já estaríamos os três gargalhando do passado e de novas coisas. Contudo esse mais novo trio que componho nunca teve momento algum de descontração que pudesse brotar em mim esperanças de um futuro bom.

Maire continua extremamente fria com o Malfoy. Até uma pelota de mofo poderia receber maior atenção dela. Mas o Malfoy desde o dia que se seguiu aquele da verdade dos fatos, pareceu não esperar outro tipo de tratamento e por isso evita o máximo possível algum tipo de contato com Maire, dessa forma privando-os de maiores desastres, porém, algumas vezes o surpreendi a olhando e, pelo seu semblante, imaginando coisas.

Inicialmente ficava intrigada e aborrecida quando isso acontecia, mas depois de muito refletir e estudar atentamente, porém discretamente, suas ações cheguei a conclusão de que não era nada de maldoso e que, para mim, ele estava estudado a possibilidades de chegar até ela o que sempre terminava quando ele balançava a cabeça negativamente desviando o olhar e, em alguns casos, surpreendendo o meu olhando-o quando esquecia de ser discreta.

Esse era o outro problema que permitia que a animosidade imperasse naquele departamento. Não estou falando de minha péssima habilidade de pisar na bola quando devo ser discreta, mas sim do que me recordo quando nossos olhares se encontram. E é nesses momentos que me irrito, o que torna meu trabalho um tanto difícil, pois minha convivência com ele e bem maior que a de Maire com o mesmo, porque ele é meu auxiliar.
Depois daquela manhã desconcertante ocorreu a última conversa, se aquilo poderia ser considerada uma conversa, entre nós.

*** Flash Back ***

Maire havia chegado mais cedo que nós, como de costume, já que era ela que abria o departamento e organizava suas papeladas, quando cheguei lhe cumprimentando com um “Bom dia” que ela respondeu sem me olhar. Achando que seria forçado demais lhe dizer ou perguntar qualquer outra coisa, passei direto para minha sala e nem bem tinha colocado o jaleco quando ouvi algumas batidinhas em minha porta e, ao ouvir minha permissão para a entrada, Malfoy aparece segurando a carta que foi uma das causadoras de todo aquele incidente mais cedo.

- Bom dia Granger! – saudou-me forçando um sorriso que respondi apenas com um aceno de cabeça. – Err... eu vim agradecer pela entrega da carta. – minha vontade era de dizer que ele já havia feito aquilo mais cedo quando eu havia interrompido qualquer coisa que estivesse acontecendo em seu apartamento, mas resolvi não pisar naquele terreno perigoso e trazer a tona acontecimentos de todo aquele início de manhã. Continuei calada o observando. – É de Martim, meu amigo do Brasil com quem tenho um boticário como já havia lhe falado. – confirmei com a cabeça enquanto mexia em alguns papéis sobre minha mesa. – Ele está vindo para Londres, só está tentando encontrar alguém de confiança que continue na direção do boticário enquanto estamos longe.

- Que bom! Espero que consigam esse alguém. – falei de maneira mais monótona possível como se aquela conversa estivesse me cansando, mas na verdade era a presença de Malfoy que estava me desconcertando. Era inevitável, mas eu só conseguia lembrar daquele beijo.

- Também espero. A companhia de Martim me fará bem. Só não conte para ele. – concluiu com um sorriso tenso. Ergui a vista séria o que fez aquele sorriso desaparecer. – Err... bem... pois eh... Obrigado!

- Ok! – voltei o olhar para minha mesa que já estava obscenamente organizada, mas nem por isso deixei de fingir que mexia em mais outros papéis, penas, tinteiro...

- Granger? – chamou-me e eu o olhei ainda de cabeça baixa. Ele respirou profundamente antes de dizer. – Sobre hoje mais cedo...

- Você poderia separar esses ingredientes para mim e acender o fogo de dois caldeirões pequenos. Quero começar ainda hoje um experimento usando pó de pedra da lua e benzoar. Por favor? – terminei estendendo um pergaminho com os ingredientes.

Ele me encarou, e eu sustentei o seu olhar, meio perplexo pela cortada e ainda abriu e fechou a boca duas vezes antes de pegar o pergaminho e sair pela porta ainda me encarando. Seus maxilares estavam rígidos.

*** Fim do Flash Back ***

Desde essa manhã não trocamos palavras algumas que não se referissem ao trabalho no alquimário. Mas isso não era tudo, ainda tinha o fato de sermos vizinhos, no entanto, tirando duas ou três vezes que saímos praticamente na mesma hora de nossos apartamentos e nos saudávamos com um “Bom dia” educado, não nos víamos tanto e eu poderia jurar que isso acontecia porque ele ou aparatava direto em sua casa ou então chegava altas horas da noite.
Como sei disso? Por que Malfoy possui um péssimo hábito de sair do elevador balançando as chaves e, ao entrar em sua casa, ligar o som em uma altura que, pelo fato de dividirmos a mesma parede, eu consiga ouvir. Pelo menos a música é boa: quando não é pop rock é bossa nova. E como sei que ele chega tarde? Porque sou uma estudiosa e como boa estudiosa, durmo tarde o suficiente para completar algum estudo. E é nesses momentos que ele chega acabando com a minha concentração. Maldito barulho de chave.

Além dessas mínimas demonstrações de existência nada mais aconteceu. E na verdade, eu não estou esperando e muito menos quero que muita coisa aconteça por um bom tempo. Esse é o meu mais novo desejo, não só em relação a qualquer coisa passada que tenha acontecido entre eu e Malfoy, mas em relação a tudo. Pois desde o episódio em Hogsmead e na Travessa do Tranco que balançaram com as estruturas da comunidade bruxa nada mais tem acontecido. Pelo menos uma coisa boa.

Mas Harry, como sempre, acha que o que havia escrito em runas naquele pergaminho ainda não acabou por aqui e pelo fato dele próprio liderar a Ordem da Fênix faz com que pensemos o mesmo. Mania de perseguição doida! Mas para quem já passou por tanta coisa, como ele e a maioria dos integrantes da Ordem, são aceitáveis tais procedimentos de certezas e incertezas. No entanto está mais para incertezas, pois, mesmo com todo um grande grupo de investigadores que engloba Aurores do Ministério e os integrantes da Ordem da Fênix, apenas alguns depoimentos, que não levaram a nada, e um novo pergaminho, que foi encontrado nos destroços do bar de Madame Rosmerta, não permitiram que deixasse a todos sem, literalmente, o que fazer.

E agora tudo e todos estão ao redor desse novo pergaminho para tentar desvendar o seu significado, embora todos acreditem que seja um símbolo usado pelos que provocaram os ataques. Descartamos a idéia de ser mais alguma mensagem em Runas Antigas por que em todos os meus anos de estudo nunca encontrei nada parecido, além do mais qualquer pessoa, especialista ou não, poderia explicar o que havia naquele pergaminho: uma varinha envolta por uma cobra dentro de um círculo. Poderia ser considerado um desenho como outro qualquer se não fosse pelas circunstâncias.

E por falar em circunstâncias, Harry parou de me atormentar por causa do Malfoy. Acho que o que Remo lhe disse na reunião em sua casa surtiu melhor efeito do que minha lealdade para com ele. Aff! Na verdade não acredito que Harry esteja me achando desleal a ele apenas por causa do Malfoy, mas o problema todo é o Malfoy e tudo o que ele já fez. Mesmo que tenham dado uma trégua anos atrás pela mesma causa, porém, por motivos diferentes, Harry ainda não esqueceu de quem Malfoy é filho e muito menos que este ajudou na trama contra a morte de Dumbledore. Se um dia Harry disse que agradeceria a Malfoy pela sua ajuda na Guerra contra Voldemort é porque ele iria fazer isso de coração, mas nada mudaria entre os sentimentos que ambos sentiam um pelo outro. Não quando possuíam uma grande inimizade mútua desde a primeira viajem para Hogwarts de suas vidas.

Às vezes, para não dizer quase sempre, tenho saudades daquela época. Da união. Dos desafios. De sentir que sempre havia uma sombra negra soprando sua maldade em nossos ouvidos. De que tínhamos um objetivo em comum: acabar com Voldemort. E hoje, qual é o nosso objetivo? Sermos ótimos no emprego, constituir família, fazermos nosso papel na comunidade bruxa. Apesar de Harry continuar sendo o Grande menino-que-sobreviveu agora ele tem uma família, é pai! Rony Weasley, o fiel escudeiro de Harry Potter que para nós sempre foi apenas Rony, juntamente com Harry e eu, deixou sua marca em livros relacionados à Grande Guerra contra Voldemort e que agora caminha espetacularmente para marcar os livros relacionados à Quadribol. E eu... bruxa espetacular, sempre a primeira em tudo, meio descrente com as coisas que não poderiam ser encontradas em algum livro, pronta para revolucionar a medicina bruxa, diretora de um departamento dentro do St. Mungus para doenças e Acidentes Mágicos e... sozinha. Aff!

Esse é o preço que pago pelos meus estudos, pelos meus livros, pela minha posição, por essa poltrona, por essa sala... Aff! Sinto uma pontadinha de inveja de Harry, de sua casa grande e confortável, mas um tanto bagunçada por um furacão que é a filha, de ter a pessoa amada próxima o suficiente para o braço alcançar quando acordar de manhã... Sinto saudade de andar de mãos dadas, de jantares a dois, de cinema a dois, de pipoca pra dois, de cobertor pra dois, de cama pra dois, de um Rony só pra mim. Mas ao lembrar de Rony foi à imagem de Malfoy que tomou conta de todos os meus pensamentos. Ah merda! Que isso?! Sai daí! Saiii!!!

Coisas estanhas estão acontecendo. Muito estranhas mesmo. Desde o dia daquele maldito beijo. Meus sonhos, ou melhor, pesadelos são pontuados por aparições de Malfoy de diferentes formas. A da noite anterior deixou meu rosto afogueado e foi bem difícil voltar a dormir tranquilamente depois. E sempre piora quando dou de cara com ele em qualquer lugar. E agora essa de tentar pensar no Rony e a imagem do Malfoy surgir em minha cabeça. Era só o que me faltava!

E quando digo que coisas estranhas estão acontecendo não estou me referindo apenas ao caso... A esse caso aí mesmo, mas às mudanças que ocorreram que me deixaram pasma e de queixo caído. Além de Malfoy ter deixado de lado seu ar presunçoso e seus sorrisos maliciosos que o acompanhava aonde ia nesse departamento, Igor Brugston, o homem que sonha em me tirar de meu posto, falou comigo normalmente três vezes. Três vezes! E não foram só cumprimentos como “Oi” e “Bom dia”, mas “Como você está doutora?”e “Está indo almoçar?”. Gente! Vocês sabem o que é isso? Uma evolução nas cordialidades entre os homens! Eu não imaginava que isso poderia acontecer e com isso estou com um pé, na verdade, com os dois pés atrás em relação a essa mudança toda. Quando o galeão é demais o Duende desconfia!

O meu relógio desperta avisando que está na hora do almoço e prontamente, como se fosse outro relógio, meu estômago avisa que já está com fome. Arrumo os pergaminhos sobre minha mesa e saio de minha sala dando de cara, logo em seguida, com Malfoy saindo do alquimário.

- Diminui o fogo dos caldeirões e os ingredientes já estão devidamente cortados e separados para o uso. – respondeu parando a porta.

- Ok! Pode ir almoçar, começaremos logo em seguida. – respondi olhando
para alguns pergaminhos que Maire organizava em sua mesa.

- Ok!
Mas não saiu, passou por mim direto para o banheiro ao mesmo tempo em que Maire saía para o almoço me deixando sozinha ali. Isso está me matando. Não sou acostumada a esse tipo de situação. A essa animosidade ao meu redor. Respirando fundo saio do departamento. Até a fome eu perdi.

- Olá doutora? – ouvi quando pisei no primeiro degrau. Estanquei fechando os olhos pedindo imensamente que não viesse nenhuma discussão.

- Oi Dr. Brugston...

- O que é isso doutora? – falou tocando em meu ombro de forma que me fez virar para ele. – Não vejo mal algum em me chamar de Igor. – terminou com um sorriso muito sincero mesmo. Rapaz e não é que o homem até que ficou bonito mesmo! Adooro!

- Ok, ok! Mas... pode me chamar de Granger ou... Ou Hermione mesmo. – sorri aliviada por perceber que não viria nenhuma alfinetada. Poderia até ser um pouco precipitado e até mesmo totalmente estranho devido aos acontecimentos do passado, mas por que não abrir espaço para gentilezas se ele próprio o fez? “Espero que abra só pra isso mesmo!” Mérlim, o que é isso? Sua depravada! “Depravada nada! Só não vou com a cara dele!” E precisa falar desse jeito?!

- Então vou lhe chamar de Hermione porque Granger além de formal lembra muito o seu auxiliar lhe chamando. Algum problema com isso? – perguntou visivelmente interessado. Mas era verdade. Desde quando me entendo por gente Malfoy me chama de Granger e por isso já basta um. E por que ele tinha que lembrar do meu “auxiliar” justamente agora? Aff!

- Não há problema algum! – respondi lhe lançando mais um sorriso, mas percebi que ele estava olhando para um ponto atrás de mim em direção ao corredor do departamento e, ao seguir seu olhar, vi qual era a distração: Malfoy vinha em nossa direção de cabeça baixa e pelo seu ar aéreo ainda não tinha percebido a nossa presença.

Nem havia terminado de concluir o pensamento quando nossos olhares se encontraram e um semblante surpreso invadiu seu rosto fazendo-o quase parar, mas, se recompondo rapidamente, desviou o olhar pressionando os maxilares.

- Bom dia! – cumprimentou Igor, mas Malfoy apenas acenou com a cabeça passando por nós subindo as escadas em direção o refeitório. – Acredito que ele não gostou de lhe ver comigo. – falou olhando para as costas de Malfoy.

- Impressão sua. – falei em um sussurro não acreditando muito em minhas próprias palavras ou não querendo concordar. Não sei! To ficando confusa já!

- Então... O que será que houve? – perguntou me olhando de relance.

- Não faço a mínima idéia. – respondi ainda seguindo Malfoy com os olhos. –
Eu também queria saber... – sussurrei mais uma vez.

- O que disse?

- Nada!

- Então... – começou me olhando meio intrigado. – você estava indo almoçar? – continuou e pelo o que parecia tentando voltar à conversa normalmente.

- Sim. – olhei para ele quando Malfoy olhou para trás.

- Posso lhe fazer companhia? – perguntou sorrindo mais uma vez.
Tentando não demonstrar minha surpresa com relação aquilo, desviei o olhar rapidamente para os degraus. Não acredito que ele estava fazendo aquela pergunta! Não depois de tantas alfinetadas, caras fechadas que sempre lançou para mim sem contar com as tentativas de fazer com que o Sr. Wancroft percebesse o erro que praticou ao colocar alguém tão jovem a frente de um dos mais importantes departamentos de pesquisa do hospital. Tem alguma coisa errada. Definitivamente isso não está me cheirando muito bem.

- É... bem...

- Tudo bem se você não aceitar...

- Esse não é o caso. – falei o encarando.

- Ah! Já entendi! Ok! Acho que fui rápido de mais. – ponderou balançando a cabeça. Depois de um tempo calado continuou me olhando nos olhos. – seria hipocrisia a minha lhe perguntar o motivo da relutância, mas é perfeitamente compreensível quando lembro que sempre fui contra a escolha e a posição que você ocupa me levando a ser negligente com uma companheira de trabalho e por isso peço desculpas, ou melhor, perdão por todas as vezes que fui ignorante com você. – eu não estou ouvindo isso, definitivamente não estou! O cara está se desculpando mesmo. Mérlim almas saíram do purgatório com essa!

- Exatamente! E por que essa mudança de uma hora pra outra? – como ele já havia aberto espaço para essa discussão aproveitei para colocar todos os pingos no “i’s”. – Desculpe Brugston...

- Igor!

- Igor! Desculpe Igor, mas é meio estranho que de uma hora para outra
você venha me tratar bem depois de todas... As negligências que praticou comigo.

- Não precisa se desculpar, apenas eu tenho o dever de fazer isso. E, respondendo a sua pergunta, percebi que eu estava muito mais preocupado com a minha ascenção, o meu prestígio quanto Curandeiro do que de homem, ser humano. – na medida em que falava eu ia percebendo que aquelas palavras poderiam ser consideradas verdadeiras, pois me encarava tão intensamente que acredito que seria impossível alguém mentir tão descaradamente. – Percebi que havia deixado de lado o meu passado, o meu começo e não foi nada parecido com o seu. Não sai de Hogwarts e fui direto para a direção de um departamento, comecei por baixo. Mas essa é uma outra história e muito longa. Confesso que fiquei extremamente desnorteado quando perdi a direção do departamento para alguém tão jovem e mulher. – arqueei as sobrancelhas ao ouvir o “mulher”. Aff! Orgulho ferido de homem é “S”oda. – Mas cheguei à conclusão de que era mais um departamento. Não veja isso como um desprezo meu em relação à funcionalidade do seu departamento, por favor. – ah ta! Pensei! - Mas, isso comparado ao que consegui até hoje é bem pouco. Direciono um andar inteiro e metade de outro no hospital, possuo uma extensão da ala de apoio a casos irrecuperáveis e além de tantas outras nomeações que me é impossível lembrar de todas agora. O que estou querendo lhe dizer Hermione é que eu percebi o quão injusto estava sendo com você, sem mencionar infantil. Sem mencionar também o meu medo de perder o meu lugar para uma mente tão jovem e brilhante, mas isso são situações que sempre vão acontecer. O novo sempre causa relutâncias e fobias. E por isso, estou aqui lhe pedindo perdão e que aceite minha companhia para o almoço.

Terminou soltando a respiração e sorrindo de forma que faria eu me senti uma bruxa... Bem, eu sou uma bruxa... Mas uma bruxa terrivelmente má por não aceitar dois pedidos que me fariam sentir melhor, mais tranqüila... Sorri para ele que abriu um largo sorriso como resposta.

- Vamos! Senão perderemos a hora. – e subi as escadas sentindo que Igor Brugston me fazia companhia.

Aiii! Malfoy vai ter um siricutico ao me ver com o Igor!

Seria ridículo afirmar que esse foi o melhor almoço que já tive, porém, foi o mais impressionante. Não pela pequena diversidade de comida que era oferecida, mas pela minha companhia. Igor Brugston se revelou bem impressionante. Aquele ar sério que sempre transpassava ao passar pelos corredores de forma imperiosa desmoronou logo que fomos nos servir. Passando o olhar pela comida fez comentários engraçados para apenas eu ouvi e quando ele me fez acreditar que aquela era a sobra da comida que serviam para os pacientes, e dessa forma, percebendo claramente, só pela expressão do meu rosto, que eu havia acreditado desatou a rir.

Descobri que ele tinha 36 anos e foi impossível não me admirar que alguém tão novo possuísse tantas conquistas e o canalha ainda queria o meu departamento. Pode uma coisa dessas?! Aff! Descobri que nunca havia se casado e de acordo com ele porque dificilmente teve tempo para essas coisas; o trabalho e as pesquisas sempre vinham em primeiro lugar. Será que eu vou me tornar uma forma feminina dele, pois praticamente me ouvi falando. Aiiii! Deu-me até coceira! Espero que não, porque se dependesse do Rony já estaríamos a anos! Como lembrar dessa fatalidade me deixa mal prefiro voltar ao assunto Igor Brugston. Descobri também que mora sozinho em uma casa nos arredores de Londres, pois não gosta muito de tumulto e o som de buzina o deixa irritado. Porém, no que mais nos detivemos foi que ele também já visitou a França e praticamente marcamos de irmos juntos ate lá algum dia. Na verdade, pelo o que me relatou, já viajou para tantos lugares antes de decidir o que realmente queria – ser curandeiro – que a princípio fingi acreditar, mas fez comentários fies de muitos dos lugares que achou interessante me fazendo voltar atrás e ficar com uma vontade enorme de poder voltar em alguns que passei quando Harry, eu e Rony estávamos atrás das Horcruxes e que por isso foi impossível conhecer pessoalmente o mínimo que constam nos livros.

De um todo o almoço não foi tão ruim. Tirando que éramos o alvo da atenção de todos que estavam no refeitório, que ao entrarmos percebi algumas pessoas cochichando entre si, que eu não estava tão à vontade quanto pensei que ficaria depois de nossa conversa de minutos antes, realmente não foi tão ruim assim. A comida estava boa. Comível. Conversei o essencial sobre tantas coisas com Igor... Olha a intimidade da garota!... Que acabamos perdendo a hora de voltar ao trabalho e quando demos por nós éramos os únicos no refeitório.

Mais o melhor de tudo mesmo foi a cara que o Malfoy fez quando nos viu juntos. Parecia que tinha sido estuporado, mas logo em seguida, engasgou-se com a comida e minutos depois, saiu do refeitório pisando forte e bufando como um hipogrifo raivoso. Só não entendi o porquê de sua reação. O que tem de mais em duas pessoas que não se falavam tentarem começar uma amizade? Eu hein! Que estranho! Mais estranho mesmo foi a satisfação que percorreu meu corpo ao vê-lo daquele jeito. De qualquer forma eu gostei.

- São apenas sete vezes que se mexe Granger! – ao mesmo tempo em que ouvi a voz de Malfoy zumbindo em meu ouvido senti sua mão segurar a minha que mexia uma fusão de ervas asiáticas. – Se não está prestando a devida atenção ao que está fazendo eu poderia...

- Foi apenas um erro de contagem, apenas isso! – cortei lhe encarando e falando entre dentes ao mesmo tempo em que o fazia soltar a minha mão.

- Já é a terceira vez que erra então doutora.

Afirmou tão convicto que foi impossível arranjar qualquer coisa para contra-atacar, além do mais ele estava certo o que me deixou frustrada ao ponto de me fazer largar a colher na qual mexia a substância com estrépito no caldeirão. Foi um erro, porque ele prontamente pegou a colher com um sorriso malicioso e vitorioso no rosto voltando a fazer o que fazia.

- Está com a cabeça aonde Granger?

- Em cima do pescoço. – respondi com azedume.

- E os pensamentos? – alfinetou me olhando de esgoela.

- E isso lhe interessa?

- Ah! Então realmente não estava prestando atenção no que fazia. Tsc, tsc, tsc! – sorriu mais uma vez malicioso. Acrescentou antes que eu pudesse abrir a boca. – Então o almoço foi realmente bom para lhe deixar desse jeito.
Saquei a parada! Estava sendo muito bom para ser verdade! Eu pensei que ele comentaria sobre o que presenciou logo que me visse entrar pela porta do departamento, mas não o fez o que me deixou aliviada, mas agora, vejo que só estava esperando o momento ideal para fazer isso. Então ele quer alfinetar, então também vai ser alfinetado.

- Sim! O meu almoço foi realmente muito bom. E não sei o que você tem haver com isso.

- Tão cínica! – disse virando para mim tão rápido que retrocedi um passo.

- Não me ofenda que não estou fazendo com você! – quase gritei com a voz irritada lhe erguendo um dedo.

- Mas é isso que você é! Dias atrás se pudesse matar o Brugston você faria e agora essa de almoçar com ele e aos sorrisos. O que vai fazer agora? Jantar com ele? – ele não fez questão nenhuma de tentar abafar os gritos e eu não via a hora de Maire entrar no alquimário.

- Isso não é da sua conta! E sinceramente... - dessa vez eu também não tentei abafar minha voz alterada - não estou com nenhuma vontade de discutir esse assunto com você, pois graças a Deus eu não lhe devo nada! Com licença! – passei por ele, mas mal dei dois passos quando sua mão segurou em meu braço. – Me solta!

- Você vai, não vai? – perguntou me encarando nos olhos. Nossos narizes estavam quase se tocando

- Já disse que isso não lhe interessa! – respondi entre dentes puxando meu braço.

- Responde Granger, por favor, responde! Você vai ou não? – sua voz era quase suplicante.

Olhei bem no fundo de seus olhos não acreditando que eles estavam ficando vermelhos e respirando profundamente respondi:

- Vou! Hoje! E irei me divertir muito, o que é impossível ao seu lado.
Ele me soltou olhando-me como se nunca tivesse me visto na vida e retrocedeu alguns passos. Levei uma mão ao meu braço que começou a doer fortemente. No entanto outra coisa estava começando a doer o que me fez querer gritar que o que tinha acabado de dizer era mentira, mas antes que minha voz ganhasse vida própria andei em direção a porta querendo sair dali o mais rápido que minhas pernas bambas pudessem permitir.

Porém, antes de chegar à porta mais uma vez senti sua mão fechar em meu braço fazendo-me virar e sua boca grudar na minha. Mas aquela sensação que nunca consegui identificar que sempre me invadia quando sentia o gosto da boca de Malfoy não foi o que senti, mas sim uma repulsa enorme que me deu forças para empurrá-lo e lhe esbofetear a cara.

- Já disse e repito! Nunca mais faça isso! – minha voz saiu tão baixa pelo ódio que me envolvia que duvidei que ele tivesse me ouvido. – Eu tenho nojo de você!

E sai pela porta deixando o Malfoy parado no mesmo lugar, mas sem dar muita atenção para sua expressão. Passei por Maire que me olhava perplexa, com certeza havia ouvido parte de nossa discussão e entrei em minha sala batendo a porta logo em seguida.

“Burra! Idiota! Estúpida! Será que você não percebeu que ele não queria que você se encontrasse com o Brugston?”

Nem vem Consi, que já estou de saco cheio de você e essa mania de defender o intragável do Malfoy. E além do mais já estou com ódio suficiente para tomar qualquer poção que faça me livrar de você nem que seja por algumas horas!

“Vai lá! Faz isso sua estúpida! Não me importo, nunca vou sair da sua cabeça! Mas de uma coisa você tem que lembrar agora: Como é que você confirma um jantar que não existe?”

Meu deus é verdade!

“Agora te vira porque eu já fui!”

Ai, caramba! Bem feito Hermione, bem feito! Agora só há um jeito: convidá-lo; convidar o Brugston para jantar com você! Estava tão tranqüilo para ser verdade! Tudo culpa do Malfoy, tudo!

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N/A: Hááááá!!!! Aee galerinha q gosta de um Funk... huhuh... gostaram do cap q demorou msm + saiu???
Espero q siimm...
OLha... Direitos autoras de titulo do cap. anterior e atual a Srta. Marcele Bezerra... minha excelentissima beta! \o/
Muito obrigada e mil desculpas a todas as pessoas q deiraxaram o seu comentario q infelizmente eu ñ conseguir vê-los para colocar aqui... ai q merda! + vou colocar a galera q aparece na 1º pag (a unica q aparece é claro!)
Teresa
Mione Malfoy
Rhaissa.Black
(Minha leitora assídua q xamou a gangue e puxou varios funk's huhuh... obrigada pelas gargalhadas moça e pela pentelhação no msn =D \o/)
Anna Fletcher
Marcele Bezerra
(Minha beta q ñ m deixa nunk... obrigada pela postagem por tudo mesmo... \o/)
RE Potter Malfoy (*Drika dancando uma especie de conga em comemoração pela leitora nova* Seja bem vinda moça... msm msm espero q goste d + esse cap. viu \o/)
Anna Otaku (Valeu pela sua participação moça, espero q tenha gotado do q leu e continue lendo... \o/)

E para as outras pessoa um enorme beijo mesmo... espero q gostem desse cap como dos outros e deixem comentario para mim
EEEE se ñ for pedir muito eu gostaria q vcs clicassem nakla janelinha q tem do lado d onde comenta... so pra ir pro meu email msm... =D
Muito obrigada mais uma vez desde já!
B-jus genteeee
\o/

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