Preocupações



Dias e dias se passavam e Rony Weasley continuava o mesmo. Todos comentavam que aquele menino cheio de vida em tempos de escola ainda devia estar em algum lugar de seu corpo, perdido, querendo renascer, escondido sob muitas dificuldades, lágrimas e sofrimentos. Esses que doíam a qualquer hora, qualquer lugar. Muitas das pessoas que conhecia se distanciaram, algumas com medo de serem um novo alvo, outras por simplesmente não o reconhecerem mais. Ele ria com isso. Na hora em que mais precisava de mãos e ombros amigos, lhe ajudando, as pessoas se distanciavam. As únicas pessoas com quem podia contar eram de sua família: sua esposa, seus irmãos. Mesmo que esses vivessem repetindo e repetindo novamente que ele estava levando isso longe demais. Como pode ser longe demais? Depois daquilo... Não há como voltar a ser o que eu era...

Parecia que ele vivia como um coadjuvante em sua própria vida, não vibrava com vitórias, não ria de piadas, nem ao menos as fazia. Ele passara a ser uma pessoa sem emoções e isso magoava a todos. Mas não adiantava mais falar sobre isso, na verdade, a única pessoa que conseguia conversar sobre isso com ele era ela. Ela que sempre o amparou, ajudou, ouviu e discutiu. Ela que sempre chorava depois de uma briga, onde ele fazia com que ela se sentisse péssima, mas que o surpreendia, dizendo que o entendia e que o amava. Ela que agüentou Rony todos esses anos, sem se afastar, sem nunca deixar de demonstrar o amor que sentia por ele.

Sua esposa, a Sra. Weasley. E ele se orgulhava disso. Era um dos poucos motivos que tinha para realmente se sentir bem depois de tudo. Mesmo que sentisse medo ao mesmo tempo. Medo de que isso também viesse a acabar, como já vira e ainda presenciava.





FLASHBACK





Molly estava preocupadíssima. Sempre estressada, carregando o relógio dos Weasley para onde quer que fosse. E, perceberam, parecia estar sempre contando quantos estavam na sala, quantos se sentavam a mesa de jantar, cabeças ruivas, Harry e Mione. Se certificando de que todos ainda estavam vivos e seguros perto dela.

- Está faltando alguém! Está faltando alguém! – disse, descontrolada, correndo da cozinha para a sala e novamente para a cozinha e, espantaram-se ao ver que já se encontrava na sala de novo. - ESTÁ FALTANDO ALGUÉM!!

A bacia com a massa de bolo que esta preparava entrara num estado de regurgitação. Com a colher de pau enfeitiçada para bater o bolo e a Sra. Weasley correndo para lá e para cá, não era difícil de se imaginar que praticamente metade da massa já havia deixado a bacia e escolhido como destino diferentes pontos da casa. Havia, o que um dia seria um bolo, nos enfeites minúsculos da mesinha da sala, nos quadros da parede, em cima do tapete e, em sua maioria, na própria Sra. Weasley.

Os meninos se encontravam na sala. Fred e Jorge jogando um novo tipo de jogo que haviam inventado e Rony, Harry e Mione conversando no sofá. Eles a olharam. Aquilo de longe era engraçado. Até mesmo os gêmeos, que olhavam fixamente para as peças do jogo, pareciam estar desconfortáveis com a situação.

- Mamãe... - começou Rony.

Mas ela nem ao menos escutava. Continuou, como se ninguém tivesse falado.

- Seu pai acabou de falar comigo pela lareira, disse estar com Percy, Gui me mandou uma coruja com nosso código para eu saber que é realmente ele, Carlinhos falou comigo há pouco – ia dizendo ela muito rápido. -, Gina na cozinha me ajudando, Fred e Jorge: sala. Harry, Mione e Rony: sala. Apenas dez! Quem está faltando?? Quem está faltando??

- Mamãe... - quis continuar Jorge.

- São onze meu filho! Onze! Quem está faltando? Quem??

- Hum... Er... Já contou com a senhora? - disse Fred, calmamente, mas sua voz saíra mais estranha do que o normal.

- Ah... - de repente ela baixou os ombros, relaxada e corou. - É verdade. Não contei comigo...

Ela se retirou. Nem ao menos percebeu a bagunça que fizera na sala com a massa do bolo.

- Não é a primeira vez... - Rony disse de cabeça baixa.

Harry e Hermione o olharam. Ele estava vermelho e parecia sem graça, tanto quanto Fred e Jorge que, depois disso, descobriram que até fingir que estavam interessados em seu jogo perdera o nexo.

- Ela perdeu a vivacidade, sabe? - disse Fred se dirigindo aos outros. - Acho que está ficando maluca.

- Não fale assim de sua mãe, Fred!

- Você mesma viu, Mione! - disse Jorge.

- Eu sei o que vi! Vi uma mãe e amiga preocupada! E não maluca! - ela olhava para os dois como se os desafiassem.

Por mais que Rony concordasse com seus irmãos sobre o estado em que sua mãe se encontrava, não havia como não entender o que Hermione defendia.

- E se para vocês querer seus amigos e familiares vivos é loucura – continuou ela como se isso encerrasse a discussão -, então também estou louca!

E realmente encerrou

Rony a olhou, sorrindo, orgulhoso, apaixonado.

Os gêmeos que haviam desistido da discussão foram se retirando da sala, não sem antes notar o olhar de Rony sobre a garota. Assim, diminuindo o passo ao passarem por Rony, disseram de modo que só ele escutasse:

- Boa sorte, irmão!

- Ela é igualzinha a mamãe.

- Só que nem tão gorda...

- E mais inteligente...

- E muito mais mandona...

Então se retiraram, rindo. Aproveitando o momento.

Rony nem se esforçou em negar, já não queria negar. Ele sabia o que sentia pela garota – demorou mas ele admitira -, e quaisquer que fossem suas qualidades e defeitos, ainda assim era Hermione. E ele a amava.

Percebendo que Rony a olhava, retribuiu seu olhar. Os dois se encararam, tímidos, sorrindo.

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