A Portas Fechadas



Summary: Graças à intervenção de Snape, Hermione finalmente chega ao seu escritório para a reunião. Entretanto, a conversa toma um rumo levemente diferente.

escrito por SnarkyRoxy
traduzido por bastetazazis
beta-read por ferporcel


Disclaimer: Qualquer coisa que você reconheça pertence ao talento imensurável de J. K. Rowling; eu só os pego emprestado para brincar um pouco!



* * * * * * *


Assim que a porta do escritório de Snape fechou-se atrás deles, ele saiu de seu disfarce e a guiou gentilmente pelo seu ombro ileso, para sentar-se em frente à mesa dele.

– Você está ferida? – ele perguntou. A mudança de comportamento pegou Hermione de surpresa, embora ela estivesse esperando por isso o tempo todo, então ela tropeçou nas próprias palavras.

– Sim... não, eu... ele não – ela titubeou, e baixou a cabeça assim que seus olhos inadvertidamente encheram-se novamente de lágrimas.

Ela mal conseguia enxergar, mas pôde sentir ele se afastando dela, e o ouviu movendo-se pela sala atrás dela. Ela ouviu um tinir de vidro em vidro e, no momento seguinte, sentiu um frasco sendo pressionado em sua mão.

– Poção calmante – ele declarou simplesmente, enquanto conjurava uma segunda cadeira com um aceno de sua varinha e sentou-se à sua frente, seus joelhos quase se tocando.

Ela engoliu rapidamente o líquido pálido num gole só e quase instantaneamente sentiu seu corpo relaxar, embora sua mente ainda estivesse agitada com o confronto.

– Eu estou bem – ela disse, enxugando os olhos e sentindo os arranhões no seu rosto, onde havia sido esfregado contra a parede. Ele pegou seu queixo com uma mão e inclinou o rosto dela em direção à luz, para que ele próprio pudesse inspecionar os ferimentos dela antes que um accio murmurado lhe trouxesse um pote de pomada curativa, vindo do outro lado da sala.

– Posso? Ou você prefere fazer você mesma? – ele perguntou, quase colocando seus dedos dentro do pote. Ela assentiu para ele continuar e ele espalhou uma quantia generosa da pomada cuidadosamente pelo seu rosto. Ela fechou os olhos, concentrando-se em respirar calmamente enquanto sentia o toque levemente áspero dos dedos dele através do frescor da pomada.

Um pouco mais que um minuto depois, os arranhões haviam desaparecido. Ela abriu os olhos e o viu tampando o pote e banindo-o de volta para o seu lugar na prateleira.

– Agora, vamos ver esse braço – ele disse, gesticulando para ela mostrar-lhe o membro ferido. Ela o obedeceu com dificuldade, retraindo assim que ele moveu seu braço até a altura dos ombros.

– Acho que você fez piorar me arrastando até aqui em baixo – ela comentou.

– Parece ser apenas uma luxação – ele disse, dirigindo-lhe um olhar sombrio –, mas será que devo chamar Madame Pomfrey para dar uma olhada nele? – perguntou, e ela balançou a cabeça vigorosamente. Envolver mais alguém nisso significaria ter que contar-lhe o que aconteceu, e Snape seria forçado a punir Goyle mais severamente; que por sua vez, possivelmente resultaria numa punição de Voldemort contra ele mesmo. Era um raciocínio abnegavelmente grifinório, mas ela estava aprendendo rapidamente o valor da discrição.

– Vai melhorar sozinho, claro, entretanto tem um feitiço que arrumaria isso imediatamente. Você já aprendeu isso nas aulas de Magia Medicinal?

Ela balançou a cabeça.

– Bem, neste caso, você deve visitar a medibruxa mais tarde. Não faz sentindo você agüentar um desconforto desnecessário.

Ela assentiu com incerteza. Ela não queria explicar para Madame Pomfrey como ela se machucou. Ela podia, certamente, inventar uma desculpa convincente, embora quadribol estivesse fora de questão. Era um senso comum entre os professores que Hermione Granger e uma vassoura não era uma combinação menos perigosa que Gilderoy Lockhart e uma sala cheia de diabretes. Talvez ela pudesse dizer à matrona que ela luxou o ombro carregando muitos livros na sua mochila. Essa era uma mentira aceitável. Mesmo assim, seria mais fácil se ela não precisasse mentir de qualquer forma.

– Você conhece o feitiço, professor? Pode me ensinar?

– Sim, eu conheço – ele respondeu –, e não, eu não vou ensiná-lo para você.

Ela abriu a boca para perguntar porquê, mas ele se antecipou à sua pergunta.

– Não seria apropriado – ele disse firmemente, e limpou a garganta. – Além disso, é melhor que você seja ensinada por um instrutor qualificado. Feitiços de cura não devem ser menosprezados, e uma experiência pessoal não é párea para uma medibruxa.

Ela assentiu novamente e ele reclinou-se para observá-la com uma expressão contemplativa, antes de continuar. – Eu lhe peço desculpas se minhas ações agravaram seu ferimento, mas eu agi em benefício dos outros dois sonserinos que também estavam no corredor àquela hora.

Ela olhou para ele, assustada. – Havia mais? Mas eu não vi...

– Por favor, Srta. Granger – ele disse –, credite a eles alguma inteligência. O Sr. Goyle pode não ter o seu cérebro ou a sutileza do Sr. Malfoy, mas ele não seria tão imbecil a ponto de atacar a Monitora Chefe sozinho, mesmo no seu próprio território.

– Então você não acredita na versão dele dos fatos?

– Dificilmente – Snape disse zombando. – Dados os seus ferimentos e seu estado emocional, eu não acreditaria nele nem se eu mesmo não tivesse testemunhado parte dos acontecimentos.

-– Quanto você ouviu? – ela perguntou. Um rubor furioso apareceu no seu rosto quando ela lembrou do comentário malicioso de Goyle sobre ela e o mestre de Poções.

– Eu disse que eu testemunhei os acontecimentos, não que eu os ouvi – ele corrigiu. – Quando estava perto o suficiente para ouvir, você já tinha conseguido se livrar dele sozinha.

– Oh – ela respondeu, afundando-se novamente na cadeira, aliviada.

– E então?

Ela deve ter olhado para ele confusa, porque ele revirou os olhos e elaborou. – Você vai me esclarecer, contando o que ele disse para deixá-la tão chateada?

Seu rosto enrubesceu novamente e ela desviou seu olhar. – Oh, hum – ela hesitou. – Não é nada. Não importa.

– Importa sim – ele insistiu, inclinando-se para frente e segurando nos braços da cadeira dela, não lhe dando outra opção senão encará-lo.

– Srta. Granger, se ele a ameaçou, nós temos que saber. Uma coisa é eu fazer vista grossa para as ações grosseiras dele, mas eu não posso justificar ter ignorado ameaças feitas a uma aluna nascida-trouxa pelo filho de um Comensal da Morte. Se alguma coisa acontecesse, Dumbledore teria a minha cabeça antes mesmo que o Lorde das Trevas pudesse me convocar para ele mesmo pegá-la.

Ela suspirou, tentando evitar o olhar dele. – Não foi exatamente uma ameaça – ela admitiu. – Foi a insinuação que ele fez que me incomodou mais.

– Que insinuação?

– Não importa, porque não havia nada de verdadeiro nela – ela disse apressadamente, e percebendo o olhar dele, acrescentou –, além disso, não foi o Goyle que me aborreceu em primeiro lugar. Eu já estava nervosa antes de trombar com ele. – Ela realmente não queria que Snape soubesse dos detalhes da discussão com seus amigos, mas talvez ele deixasse o assunto de lado se pensasse que sua desavença com Goyle não era a única causa da sua aflição.

– Que insinuação? – ele repetiu, obviamente ele não foi dissuadido. – Você sabe que eu posso descobrir se eu precisar, Srta. Granger. Não me faça ter que usar de meios mais agressivos.

Legilimência – ela pensou. Ela se colocou numa enrascada, ainda que, se pelo menos ela explicasse agora, ela achava que poderia encobrir um pouco os acontecimentos. Qualquer coisa era preferível a ele fuçando sua mente por detalhes.

Ela suspirou e admitiu. -– Ele disse que eles têm me visto aqui em baixo com alguma freqüência ultimamente, e que eu deveria estar desesperada para continuar sendo a melhor da turma.

Ela ficou encarando suas mãos enquanto Snape afastou-se dela e levantou-se. Quando ela levantou os olhos novamente, ele estava de frente para a estante de livros. De perfil, ela podia ver as linhas cravadas na testa dele. Ele parecia furioso.

– Isso foi tudo o que ele disse? – Sua voz era de raiva mal contida.

Ela mordeu os lábios.

– Então? – ele disse novamente, Hermione arregalou os olhos quando ele sacou sua varinha de um bolso escondido.

– Espere. – ela disse em pânico. – Eu vou lhe contar. É só... já foi humilhação o bastante ter que escutar isso uma vez, sem ser forçada a reviver tudo de novo.

Após um momento de deliberação, ele pareceu ceder. Colocou a varinha na mesa e atravessou a sala rapidamente até um pequeno armário próximo às estantes de livros. Apreensiva, ela o observou retirar uma Penseira, um pouco menor e feita de uma pedra mais escura que a do Diretor.

– Talvez assim seja mais fácil – ele disse, colocando-a na mesa à sua frente. – Se mais alguém precisar ver isso, você não precisará passar por tudo novamente.

Ela assentiu com gratidão, mas hesitou. – Professor, como eu... Eu nunca fiz isso antes.

Ele pegou a varinha de novo e gesticulou para ela levantar-se e aproximar-se da mesa.

– Permita-me – ele disse, colocando a ponta da varinha de madeira escura na sua testa. Ela não podia dizer se tinha imaginado uma pequena centelha de magia quando a varinha fez o primeiro contato com a sua pele.

– Pense na memória que você deseja que eu extraia – ele entoou.

Fechando os olhos, ela lembrou da hora do almoço e da razão pela qual ela estava correndo atrasada para a reunião afinal. Não querendo que ele visse as palavras trocadas entre Harry e Rony, ela pensou rapidamente no corredor escuro das masmorras e na subseqüente interação com o aluno da Sonserina. Por um momento ela se perguntou se Snape, após assistir à memória, conseguiria perceber o seu alívio quando ele apareceu, ou a sensação estranha no seu estômago quando ele curou o seu rosto...

Espere um pouco! – ela pensou freneticamente –, ele não precisa ver isso! A memória pode terminar quando ele aparece no corredor!

Ela abriu os olhos e tentou afastar-se, mas era como se a ponta da varinha de Snape estivesse presa à sua testa. Vendo seu movimento, ele murmurou um encantamento imperceptível e ela o viu afastar a varinha, levando com ela um fio longo e cinza de memória da sua testa. A sensação era inacreditavelmente estranha, como se uma pequena minhoca estivesse fazendo cócegas na sua cabeça, por dentro e por fora. Terminou momentos depois que o fio se soltou e Snape o esparramou na bacia de pedra.

Hermione sentou-se rapidamente assim que uma onda de tontura a atingiu. – Que sensação esquisita – murmurou, colocando a cabeça entre as suas mãos.

– É uma sensação estranha – ele concordou. – Torna-se mais fácil com a prática, assim como a habilidade em separar apenas os pensamentos necessários do resto das suas memórias. A tontura é um efeito colateral comum na primeira vez que uma memória é extraída. Deve passar logo.

Ela suspirou irregularmente e levantou a cabeça devagar. Não tinha passado completamente, mas se sentia melhor.

– Eu voltarei logo – Snape disse, e sem esperar por uma resposta, mergulhou sua cabeça nas memórias de Hermione.

Hermione observou o mestre de Poções por alguns poucos minutos. Era um dos sentimentos mais estranhos, esperar por ele enquanto ele estava sentado, imóvel, com sua cabeça mergulhada numa bacia de pedra. Certamente formaria um cenário excêntrico, ela pensou, se mais alguém entrasse no escritório esta hora.

Ela aproveitou a oportunidade para estudar o homem a sua frente; pelo menos o que ela podia enxergar dele. Descansando levemente em cima da mesa nos dois lados da Penseira, as mãos dele pareciam finas e fortes, tão pálidas quanto o resto da sua pele exposta. Hermione podia ver as veias correndo sob sua pele. Ela nunca havia pensado que uma parte do corpo em particular poderia ser bonita, mas havia alguma coisa naquelas mãos que a cativavam. Ela poderia observá-lo a preparar poções durante horas, a precisão e a coordenação das mãos dele enquanto ele picava, fatiava, esmagava e mexia.

Ao mergulhar a cabeça na bacia, o cabelo escuro de Snape moveu-se para frente e alguns fios pairavam casualmente na borda da Penseira. Era oleoso, mas nem tanto, ela pensou. Certamente não era tão oleoso a ponto dele merecer o apelido cruel que os estudantes usavam pelas suas costas.

O cabelo dele estava partido na base do crânio, e Hermione olhava fixamente para o pescoço exposto espreitando acima da camisa de gola alta e do casaco. Ela sentiu uma compulsão repentina de alcançá-lo e tocar a pele pálida, e de passagem indagou se alguém poderia sentir toques no seu corpo físico enquanto sua mente estava em uma Penseira.

Balançando sua cabeça, ela se perguntou o que tinha dado nela. A Poção Calmante não poderia tê-la deixado tão relaxada. Talvez fossem suas emoções extenuantes brincando com sua mente.

Ela não podia deixar de pensar em como ele tinha sido gentil com ela naquela tarde. Ele não tinha ridicularizado ou caçoado dela nenhuma vez desde que eles entraram no seu escritório. Ele entendera sua angústia e a manteve calma, mesmo que fosse pelo intermédio de uma poção. O mais surpreendente, ela percebeu de repente, foi que nenhuma das suas ações pareceram estranhas ou constrangedoras para ambos. Ele sentou-se com ela para conversar, em vez de elevar-se sobre ela com sua postura dominante de sempre. Ele curou seu rosto e foi nada mais que sincero em sua preocupação com ela.

Se esse era o Professor Snape que os alunos da Sonserina conheciam, não era de se espantar que eles tivessem tanto respeito por seu Diretor de Casa.

Hermione lembrou-se dos seus últimos encontros com o mestre de Poções. Ela esteve vendo um lado diferente dele, desde a noite em que ele a instruíra a preparar a Poção de Mata-cão. Então, depois da partida de Quadribol na noite anterior, ela tivera a distinta impressão que ele estava se segurando para não rir dos fogos de artifício, mesmo que eles estivessem o insultando.

E hoje? Ela sentia como se estivesse vendo o verdadeiro Severo Snape pela primeira vez; completo, aberto e sem nenhuma restrição. Não havia nenhuma fachada apática escondendo o que ele realmente sentia, e Hermione nunca teria adivinhado que aqueles olhos escuros e frios poderiam mostrar tanto sentimento dentro de si. Ela vira fúria naqueles olhos antes, mas nunca algo que lhe parecesse com compaixão.

Ela sabia que ele continuaria tratando-a da mesma forma nas aulas. Ele não tinha escolha. Mas ela se viu esperando veementemente que ele resolvesse confiar nela e abandonasse sua pretensão habitual quando eles estivessem sozinhos.

Seus pensamentos foram interrompidos quando o mestre de Poções emergiu inesperadamente da Penseira. Se ele estivera furioso antes, não era nada comparado com a expressão no rosto dele agora.

– Aquele... merdinha – ele finalmente murmurou por entre os dentes cerrados. – Como ele ousa sugerir que eu faria...

Snape se levantou e começou a andar de um lado para o outro atrás da mesa. – Eu nem sei ao certo o que me ofende mais – disse em voz baixa. – Se a insinuação que eu faria tal coisa com qualquer aluna, ou a idéia de que a pureza de sangue influenciaria minha decisão.

– E influenciaria? – ela perguntou. – Digo, com uma mulher, não uma aluna – ela acrescentou rapidamente.

– Não – ele disse, e ela recuou com o vigor do seu tom de voz. Ele deu a volta pela mesa e sentou-se à frente dela novamente. Havia uma expressão resignada e pensativa no rosto dele quando ele começou a falar.

– Eu fui educado para acreditar na santidade do sangue puro. Desde muito jovem eu fui instruído a acreditar que poluir a genealogia do nome da minha família com sangue trouxa não era apenas uma ofensa, mas um crime punível com a morte.

Ele assentiu com a cabeça ao olhar aterrorizado de Hermione.

– Vir para Hogwarts foi como uma revelação para mim. De um lado, meus colegas sonserinos reforçavam o que me fora pregado durante toda a minha infância, e por outro lado, alunos nascidos trouxas provavam que eles estavam errados, nos superando academicamente.

– Você já sabe que eu não me juntei ao Lorde das Trevas porque acreditava no que ele estava tentando fazer. – Ela assentiu rigidamente, lembrando-se das cenas na Penseira de Dumbledore, e Snape continuou. – Eu o procurei numa busca desesperada por poder e vingança, e serei o primeiro a admitir que estas são todas as razões erradas para tomar uma decisão que pode mudar a sua vida. Eu era jovem, ingênuo e cego pelas falsas promessas de vingança contra todos que foram injustos comigo, mas eu nunca acreditei que pureza de sangue colocasse uma bruxa, ou bruxo, acima de outro.

Hermione encarou seu professor, atordoada a ponto de perder a fala pela sinceridade das suas palavras. Pensando bem, ela percebeu que ele falava honestamente. De todas as vezes que ele a insultara, ele nunca mencionara sua hereditariedade. Seus alunos eram ridicularizados por serem da Grifinória ou por serem péssimos estudantes, sendo eles de sangue-puro ou não.

Ela percebeu que ele a observava, esperando por sua reação. Ela lhe deu um sorriso curto, hesitante.

– Eu acho que é como aquele ditado trouxa – ela disse suavemente. – Você pode escolher os seus amigos, mas não pode escolher a sua família. – Fechando o sorriso, ela continuou séria. – É bom saber que você não tem nada contra mim que esteja fora do meu alcance, mesmo que outros tenham.

– E é com estes outros que você deve ter cuidado – ele acrescentou. – Os sonserinos não gostam de se sentirem ameaçados.

– Ameaçados? – Ela franziu a testa confusa e Snape revirou os olhos.

– Você não vê, Hermione? – ele implorou. – Você, a bruxa mais brilhante da sua geração, é uma nascida trouxa. Não há um traço de magia na sua família, nenhum. Você contradiz tudo que o Lorde das Trevas prega, e sendo amiga do Potter, só a torna um alvo ainda mais valioso.

– Oh – foi tudo o que ela conseguiu dizer. Ela ficou abalada com a compreensão de como ela estava vulnerável. Desde seu primeiro ano, ela reconhecia que ela poderia estar em perigo por ser amiga do Harry. Ela nunca pensou que ela própria, sendo quem era, também seria uma ameaça. Goyle havia provado hoje que ela não estava segura, nem mesmo dentro das protegidas paredes de Hogwarts. Ela deu um suspiro e levantou o olhar para Snape.

– Eu não tinha percebido que era tão sério – ela admitiu –, mas eu não vou me esconder até esta ameaça passar.

– Ninguém esperaria isto de você – ele respondeu com um sorriso malicioso, mas não indelicado. Ela podia ouvir o escárnio “você é uma Grifinória” escondido nas palavras dele, mas pela primeira vez, isso não a incomodou.

– Você só precisa estar sempre em alerta – ele a preveniu. – Não desça até aqui desacompanhada, mesmo que isso signifique ter o Potter ou o Weasley a escoltando. Eu posso lhe garantir que o Sr. Goyle não tentará tal coisa novamente, mas isso não significa que outros não tentarão sucesso onde ele falhou.

Hermione estremeceu.

– Acho que você já teve emoções demais para uma tarde – Snape declarou, levantando-se. – Você deve deixar Madame Promfrey dar uma olhada no seu braço o mais cedo possível.

– Mas e quanto ao plano para o meu trabalho? – ela perguntou, lembrando-se de repente do motivo original do encontro deles.

– Acho que sob estas circunstâncias, nós podemos discutir isso na próxima vez que nos encontrarmos – ele respondeu. -Venha, eu lhe acompanharei até o Saguão de Entrada.

Ela o seguiu através da sala. Não haveria mais discussões assim que estivessem do lado de fora do escritório. Snape estava chegando à porta quando ela falou.

– Professor?

Ele voltou-se para ela.

– Eu só queria dizer obrigada – ela disse –, por estar lá no corredor, e me ajudar e... bem... por tudo. Obrigada.

Ele a considerou por um momento, antes de simplesmente assentir com a cabeça.

Eles não trocaram mais nenhuma palavra enquanto ele a conduzia para o andar de cima. Ela teve que andar rapidamente para acompanhar seus passos largos, o seu comportamento irritado dizia a qualquer um que os visse que ela não estava em bons lençóis com o seu professor.

Um punhado de alunos estava perambulando no Saguão de Entrada, mas a maioria manteve-se afastada ao ver o mestre de Poções. Hermione pensou em agradecê-lo novamente, mas ele a silenciou com seu olhar penetrante. – Detenção, Srta. Granger – ele disse suavemente. – Terça-feira, após o jantar; e não me deixe encontrá-la naquela parte das masmorras novamente.

– Sim, professor – ela murmurou, tentando parecer arrependida para os demais alunos, que estavam assistindo à conversa com interesse. Não era todo o dia que a Monitora Chefe recebia detenção.

O mestre de Poções desapareceu num farfalhar de vestes negras. Hermione subiu as escadas, decidindo se procuraria por Harry ou se seguiria para a Ala Hospitalar. Seu braço estava doendo mais do que deixara Snape perceber, então ela decidiu fazer um rápido desvio para a Ala Hospitalar antes. Com sorte, Madame Pomfrey iria curar seu ferimento, repreendê-la por “carregar muitos livros” e mandá-la embora.



* * * * * * *


Continua

N/A: Obrigada a todos que mandaram reviews.

N/T: Obrigada à ferporcel pelo excelente trabalho como beta-reader.

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