Reflexões



Em algumas poucas horas, a imagem que ela tinha do mestre de Poções mudara para sempre…

Disclaimer: Qualquer coisa que você reconheça pertence ao talento imensurável de J. K. Rowling; eu só os pego emprestado para brincar um pouco!


escrito por Snarkyroxy
traduzido por bastetazazis
beta-read por Ferporcel

* * * * * * *


Hermione não lembrava como tinha voltado da sala do Diretor até seu dormitório. Ela mal se lembrava do forte aperto do Diretor em seu braço para tirá-la da Penseira. Tinha apenas uma vaga lembrança de ter lhe dado sua garantia em seguir o rígido pedido de discrição feito por Dumbledore.

Agora, ela estava de volta em seu quarto, encolhida em sua cama, acariciando Bichento distraidamente. Se ela pensou que falar com o Diretor tranqüilizaria sua mente, estava redondamente enganada.

Ela certamente não tinha mais dúvidas quanto à lealdade de Severo Snape agora, mas as coisas que ela viu... iriam persegui-la nas horas em que estivesse acordada e trazer pesadelos ao invés de sonhos.

Se não estivesse tão estarrecida, ela achava que ficaria histérica. Sua mente e suas emoções estavam em absoluto tumulto. Sentia vontade de gritar, chorar, atirar coisas, e enrolar-se em um canto... tudo ao mesmo tempo.

Em algumas poucas horas, a imagem que ela tinha do mestre de Poções foi virada completamente de cabeça para baixo. Agora ela entendia porque ele era tão horrível com todo mundo.

Era um ato tão bem interpretado, que ela duvidava se alguém, alguma vez, tivesse observado o bastante para ver além dele. Seu ódio, sua crueldade e sua frieza foram todos perfeitamente moldados para criar a pessoa que ele queria que todos enxergassem, e era uma fachada tão horrível, que ninguém nunca se importaria em olhar além dela. Ninguém nunca se importara em descobrir o que o fazia agir daquele jeito. As pessoas o rotulavam pelo que elas viam: Comensal da Morte, Sonserino, professor frio e vingativo. Será que ninguém nunca se perguntara por que ele fazia tanto esforço para ser odiado?

Apesar da sua natureza fria e cruel, Hermione sentia uma dor estranha em seu peito ao pensar em como a vida dele deveria ser, constantemente divido entre dois mestres, duas lealdades, dois lados opostos do mundo mágico. Ela não conseguia imaginar como seria viver desse jeito, sob constante vigilância. Todo o mundo mágico andava apreensivo ultimamente, mas levantar todos as manhãs, sem saber se hoje seria o dia em que seria descoberto, torturado e morto... era um peso muito grande para os ombros de qualquer pessoa.

Lembrou-se das palavras de Dumbledore antes de entrarem na Penseira. Ele vai precisar de alguém em quem ele possa confiar antes desta guerra acabar. Ela entendeu, e concordou plenamente. A guerra estava chegando ao seu clímax, cada lado ganhando seu tempo, esperando o outro cometer um erro. Havia uma tensão tangível no ar, e a raiva estava aumentando. Todos precisavam de alguém com quem pudessem conversar ou se apoiar. O que ela não conseguia entender, entretanto, era por que Dumbledore achava que ela poderia ser essa pessoa para o Snape.

O que ela poderia fazer para ajudá-lo? O que ele deixaria você fazer para ajudá-lo, corrigiu-se. Ele não era exatamente o tipo de pessoa que a convidaria para seus aposentos para uma conversa franca uma vez por semana.

Ela quase deu uma risada com a idéia do Professor Snape encolhido numa poltrona com uma xícara de chocolate quente na mão, contando-a seus segredos mais íntimos... até que percebeu que, de qualquer forma, aqueles segredos haviam sido acabados de serem lhe mostrados, sem o conhecimento dele.

Ela não queria nem pensar na reação dele quando descobrisse o quanto ela sabia. Ele não descontaria sua raiva no Diretor, culparia a ela e à sua tendência em querer saber de tudo. Ela provavelmente teria detenções pelo resto da vida.

De qualquer modo, ela sabia a verdade agora, e não era provável que fosse esquecê-la. Não tão cedo... nem nunca. Hermione Granger não se intimidava frente a um desafio, e talvez esta tarefa, esta missão que Dumbledore confiou a ela, fosse o seu desafio definitivo: encontrar um jeito de ultrapassar a fachada aparentemente impenetrável de Severo Snape.

Ela só tinha que descobrir como.

Ela olhou para o relógio, espantada quando percebeu que já passava da uma da manhã. Ela estivera divagando por mais de duas horas.

Rapidamente, ela se trocou e pulou para baixo das cobertas, empurrando Bichento relutante para os pés da cama. Em seguida, murmurou nox, e o quarto foi imerso em uma escuridão quase completa. Apenas um fino raio de luz do luar atravessava uma pequena abertura entre as cortinas, iluminando uma faixa do chão.

Embora ela estivesse cansada, o sono não vinha. Sua mente ainda estava fervilhando com pensamentos e imagens de tudo o que descobrira naquela noite. Mesmo seu truque habitual de recitar o alfabeto rúnico mentalmente não adiantou.

Um sono inquieto finalmente caiu sobre ela, mas acordou constantemente, despertando de seu sono leve na escuridão. E cada vez que voltava a dormir, os gritos roucos e as súplicas de Severo Snape invadiam os seus sonhos.


* * * * * * *


Continua

N/A: Peço desculpas pelo capítulo curto, mas me parecia ser a hora certa de terminá-lo.

N/T: Obrigada a Ferporcel, minha beta-reader favorita!

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