Concessões



Antes do Amanhecer
por Sanrkyroxy
traduzido por Bastetazazis
beta-read por Ferporcel


Sumário: Snape não gostou de encontrar Hermione em sua sala de estar na manhã seguinte, mas já está na hora deles esclarecerem algumas coisas.

Disclaimer: Qualquer coisa que você reconheça pertence ao talento imensurável de J. K. Rowling; eu só os pego emprestado para brincar um pouco!

* * * * * * *

Capítulo 14 - Concessões

Hermione acordou com a sensação desagradável de estar sendo observada e levantou a cabeça para ver o vulto do mestre de Poções aparecer acima si numa das poltronas onde havia dormido.

– Eu pensei ter dito para você sair – ele disse em uma voz baixa. A imagem dele parado acima dela era levemente menos intimidante que o normal, posto que ele estava vestindo apenas uma camisa – preta, desta vez – e uma calça, tão amarrotada que parecia que ele havia dormido com ela. Com uma inspeção mais atenta, Hermione concluiu que ele provavelmente havia dormido com ela, a sujeira na altura dos joelhos indicava que era a mesma calça que ele vestira na noite anterior.

– Eu... você está bem, professor?

– Não tente mudar de assunto, Srta. Granger – ele expeliu. – Por que você ainda está aqui?

– Eu achei que alguém deveria ficar por perto caso você apresentasse algum efeito colateral recorrente da poção. – Era a verdade, mas obviamente não era o que Snape queria ouvir.

– Você achou – ele zombou. – E eu suponho que o que eu achava, ou o que eu queria, não importava, uma vez que estes são os meus aposentos.

Ele virou-se e atravessou a sala em direção à janela, fixando o olhar na paisagem coberta de branco. Hermione levantou-se da poltrona, toda dura, seus músculos reclamando por ter passado a noite toda retraídos. Ela percebeu que a máscara não estava mais caída no chão da lareira. Ele deve ter guardado antes dela acordar.

– É claro que o que você quer importa – ela disse, caminhando até parar ao lado dele. Ele bufou. – Mas você não estava... em suas condições normais na noite passada.

– Eu estava perfeitamente capaz de cuidar de mim mesmo – ele falou com rispidez. – A sua intromissão foi inapropriada e indesejável, e se eu estivesse em condições normais, você teria saído daqui mais rápido que uma Firebolt.

Hermione deu um passo para trás, magoada... mas então lembrou-se das palavras de Dumbledore e viu que Snape estava fazendo exatamente o que o Diretor havia suspeitado: estava afastando-a dele.

Ela observou o perfil dele, notando as olheiras abaixo dos olhos, a maneira como a mandíbula estava cerrada conforme ele revivia mentalmente os eventos da noite anterior. Como poderia se aproximar dele quando ele continuava se fechando desse jeito? Tentar conversar com ele não ajudou, e compaixão era confundida com pena, nenhuma das quais ele aceitaria. Ela suspirou. Talvez estivesse tentando demais... ou não estivesse tentando o suficiente? Talvez ela ainda estivesse por convencê-lo da sua sinceridade.

Sem dizer nada, ela pousou uma mão gentilmente no antebraço dele, que estava cruzado sobre o peito, sentindo o calor da pele dele através do tecido leve da camisa.

Entretanto, ele recuou como se seu toque o tivesse queimado, sibilando: – Não assuma tal familiaridade comigo, Srta. Granger. Você está passando dos seus limites.

– Ora essa – ela desdenhou. – Que limites? Você mesmo disse. Isso é uma guerra. Regras normais não se aplicam aqui.

– A guerra não é dentro destas paredes – ele exasperou enfurecido –, e sendo assim, eu ainda sou seu professor e você minha aluna. Seria melhor você lembrar-se que isso é o máximo que nós dois podemos chegar.

– Não seja ridículo – ela respondeu, perguntando-se vagamente quantos pontos a Grifinória podia se dar ao luxo de perder. – Independente de quem, ou o quê, nos trouxe a esta situação para começo de conversa, nós estamos nisso juntos agora, e eu não pretendo desistir.

– Não há nada para desistir, Srta. Granger – ele replicou, aumentando o tom da sua voz. – Nada disso é problema seu, nada. Você não tem o direito de se envolver.

– Os seus direitos que se danem! – ela berrou.

– Dumbledore já fez isso quando lhe contou a maldita história da minha vida! – ele gritou de volta, o rosto contorcendo-se de raiva antes que ele se fechasse de novo, ocultando todas suas emoções.

Ela respirou profundamente, esforçando-se para não enfiar a tapa algum juízo no homem a sua frente. – Eu não pedi para que me mostrassem – ela falou irritada. – Eu até tentei convencê-lo do contrário, mas você sabe como o Diretor é, uma vez que ele decide-se de alguma coisa.

– É, eu sei como ele gosta de brincar com a vida dos outros como se fossem meros peões em um jogo doentio e maluco. – o Mestre de Poções falou ríspido, pressionando deus dedos contra os olhos enquanto cruzava a sala e se afundava numa das poltronas. Ela notou que ele não aparentava ter se recuperado totalmente da noite anterior, enquanto ela retornava para a outra poltrona, esperando que eles pudessem ter uma conversa civilizada.

Como ela poderia fazer ele ser razoável? Honestidade era a chave, decidiu. Ela não conseguiria manipular o Diretor da Sonserina a acreditar no que ela disse; a única opção era contar-lhe tudo como era e esperar que ele reconhecesse a sua sinceridade.

– Dumbledore não agiu certo ao me mostrar aquelas memórias – ela começou, e ele bufou incrédulo. – Apenas me escute, professor, por favor.

– Muito bem – ele suspirou –, prossiga.

– Ele nunca deveria ter me mostrado, mas mostrou. Eu não posso mudar isso, e na falta de um Obliviate, você não pode esperar que eu simplesmente esqueça o que eu vi e prossiga como se tudo estivesse como antes.

– Tudo está como antes, Srta. Granger – Snape se opôs. – A única diferença é que agora você sabe disso.

Ele não ia tornar isso fácil para ela.

– Sim, eu sei de tudo – ela disse com firmeza –, e se eu soubesse disso antes, sem dúvida eu iria querer ajudá-lo também. Não importa o que você queira dizer a si mesmo, eu não estou aqui porque Dumbledore me pediu... – Snape abriu a boca para protestar, mas ela se apressou em continuar –, sim, foi por isso que eu estava aqui no começo, mas agora não mais. Estou aqui porque eu quero, porque eu escolhi estar aqui. Você acredita mesmo que eu passaria tanto tempo aqui se achasse isso uma tarefa tão desagradável? Eu sei que qualquer um fora desta sala me acharia esquisita por admitir isso, mas eu realmente comecei a gostar da maioria do tempo que passo aqui.

Ela fez uma pausa. Ele estava fitando a lareira, assistindo à dança das chamas com uma expressão indecifrável no rosto. Pelo menos ele parece estar ouvindo, ela pensou, e decidiu tomar proveito da sua vantagem.

– Eu aprendi tanto com você – ela continuou. – Você me ensinou muito mais do que deveria, me deu a oportunidade de aprender coisas que de outra forma jamais saberia, e gostaria de poder dar-lhe alguma coisa em troca.

– Então você acha que me deve alguma coisa; é por isso que está aqui? – ele zombou.

– Não! Eu... – Ela suspirou, exasperada, e então disse com calma: – É tão difícil assim acreditar que alguém possa se preocupar de verdade com você?

Ele não a respondeu.

– Olhe – ela disse finalmente –, se você está me afastando porque acha que está me colocando em perigo, é perda de tempo. Eu já estou em perigo por ser quem sou, e por quem os meus amigos são. Eu acho que você gosta sim de me ter por perto, mas tem medo que alguma coisa me aconteça se me aproximar demais.

Ele piscou, e ela pôde ver um músculo se contraindo na sua mandíbula firmemente cerrada quando ele virou-se para ela, a voz baixa e furiosa, mas também carregando um tom de algo mais... seria medo?

– O que você disse?

Ela desviou os olhos por um momento. De todas as coisas terríveis que vira da vida dele na Penseira de Dumbledore, a perda das duas únicas pessoas que pareciam se importar com o jovem Severo Snape fora o que mais lhe afetara. De certa forma, ela achou que isso o fez se tornar uma pessoa tão solitária, afastando-se de todo o mundo de maneira que jamais se tornasse novamente tão próximo de alguém para ser afetado pela sua morte.

Ela encontrou os olhos dele novamente, implorando para que ele visse a sinceridade e a compaixão por trás das suas palavras. – Eu sei que você afasta as pessoas para que elas não se machuquem – ela disse calmamente enquanto se levantava e cruzava o espaço entre as duas cadeiras. Descansou uma mão no braço dele novamente, e desta vez, ele não se afastou. – Mas eu estou disposta a correr este risco.

– Você não tem idéia de que tipo de risco você está correndo – ele protestou, acrescentando solenemente: – Isso não é um tipo de jogo, Srta. Granger.

– Eu sei disso – ela respondeu. – Isso é uma guerra, mesmo dentro destes aposentos, e eu preciso sentir que estou contribuindo, que estou fazendo alguma coisa pela Ordem, mesmo que seja uma coisa tão medíocre quanto preparar uma poção fresca contra dor de cabeça para o seu espião.

Ela sorriu languidamente e sentiu-se encorajada quando ele sorriu de volta, mesmo que parecesse mais com uma careta distorcida que com um sorriso.

– Eu realmente aprecio o que você tem feito aqui – ele disse após um momento de consideração. – Tanto no laboratório quanto... Eu só não... Eu não sou muito bom em expressar gratidão.

– Você não é bom em expressar nada, professor. Você é um livro fechado, para a maioria das pessoas – ela disse com uma risada curta. Depois, mais seriamente, disse: – Eu não quero sua gratidão, mesmo.

– Uma Grifinória que não deseja reconhecimento nem elogios? – ele gracejou. – Tem certeza que foi selecionada para a Casa certa?

Ela soltou o braço dele e devolveu o sorriso malicioso dele. – O Chapéu Seletor queria me colocar na Corvinal, sabia – ela comentou à toa.

Ele bufou. – O que será que o fez pensar nisso?

Eles tinham voltado tão rapidamente às suas provocações, que Hermione mal tinha percebido a mudança, até descobrir que ele estava sorrindo maliciosamente para ela, com uma alegria dançando em seus olhos cansados.

– Então, nós chegamos a um acordo? – ela perguntou com hesitação.

– Parece que sim – ele suspirou, olhando zangado sem seriedade. – E mais uma vez, parece que aquele velho tolo e intrometido vai ter as coisas do jeito dele.

Ela assentiu com a cabeça e virou-se, caminhando através da sala para desviar o olhar até as janelas novamente, a paisagem quase ofuscante a medida que o sol passava por espaços entre as nuvens. Ela estava feliz por ele ter cedido, embora, se ele estivesse fazendo isso apenas para deixar Dumbledore feliz, sempre haveria um certo ressentimento encoberto.

Talvez sentindo as suas preocupações, ela o ouviu aproximar-se por trás dela, sentido os olhos dele nela. Ela não se virou.

– Hermione.

– Estou ouvindo – ela disse calmamente.

– Não – ele disse –, olhe para mim.

Ela se virou. Ele estava parado tão perto dela que ela teve que realmente inclinar a cabeça para cima para encontrar os olhos dele, mas não deu um passo para trás, e nem ele.

– A verdade é que – ele disse, os olhos negros travados nos olhos dela –, ter você como assistente tem sido agradável. Faz muito tempo desde que ensinei alguém que realmente se importasse com o que eu estou ensinando, ainda mais alguém genuinamente interessado o bastante no assunto para querer passar um tempo extra, aprendendo, testando, pesquisando. Eu nunca teria descoberto seu interesse se não fosse por Dumbledore, e duvido que, mesmo com todo seu entusiasmo, você teria me mostrado voluntariamente tal interesse sob as circunstâncias normais de sala de aula.

– Como você disse, eu não permiti ninguém se aproximar o suficiente para ser considerado como um amigo por muito tempo e... – ele limpou a garganta –, ...eu não vou negar que sinto uma certa afinidade com você, talvez por sua sede por conhecimento ser tão parecida com a minha, quando tinha a sua idade. Eu não estava simplesmente brincando com as palavras quando disse para a égua apaixonada que você era minha amiga... então, se você acha que eu valho o risco, eu adoraria considerá-la minha amiga.

Ela o encarou por um momento, movida pela sinceridade da confissão dele, e então sorriu.

– Eu ficaria honrada se você me considerasse como uma amiga, professor – ela disse com sinceridade.

Ele acenou com a cabeça e pareceu soltar a respiração. – Você é mais corajosa do que pensa, Srta. Granger, isso eu tenho que admitir – ele disse.

Ela ergueu uma sobrancelha e bateu levemente no braço dele. Ele retornou tanto a expressão como o gesto, e ela deu riu.

Ele limpou a garganta depois de um momento, olhando para o relógio no beiral da lareira. – Agora, eu acho que nós temos uma poção para cuidar, não temos?

Ela assentiu e o seguiu para o laboratório, tentando não sorrir tão abertamente. Finalmente Snape havia cedido, não apenas permitiu que ela o ajudasse, sem que eles tivessem que discutir toda vez, mas também admitiu, que gostava, de fato, da sua companhia e a considerava uma amiga.

Foi uma ocasião significativa para os dois, se ela não estava enganada.

De volta ao modo professor, Snape a instruiu para enfileirar uma dúzia de frascos grandes para estocar o antídoto e ficou em frente ao caldeirão até o momento exato em que a areia da ampulheta que marcava o tempo acabasse. Ele suspendeu o caldeirão das chamas e o moveu até o suporte frio, extinguindo as chamas com uma palavra murmurada, mas sem nenhum sinal da sua varinha.

Hermione inclinou-se para frente com cuidado para espiar dentro do caldeirão. A mistura era rala, com uma cor verde pálida.

– É assim que ela deveria parecer? – ela disse, franzindo o nariz com o odor desagradável que emanava da poção.

– Hummm – Snape disse sem expressar uma opinião, pegando o primeiro dos frascos e enchendo-o com um pouco da poção. – Sua aparência está correta com base nos meus cálculos teóricos, entretanto a única maneira de ter certeza é testando-a.

Assumindo que Snape pretendia testar uma amostra da poção nele mesmo, Hermione apanhou um frasco pequeno da prateleira e entregou-lhe, mas ele não o pegou.

– Para que isso?

– Eu, hã..., achei que você ia testar a poção?

Ele balançou a cabeça. – Não, nós não saberemos o quanto ela é eficiente até ser testada em alguém que esteja sofrendo na íntegra os efeitos da poção original.

Ela franziu a testa, pensando. – Mas você ainda está sofrendo alguns efeitos da noite passada, não está?

Ele a olhou com sagacidade. – Sim – ele disse. – Mas eu não acredito que seja o suficiente para uma prova conclusiva do sucesso do antídoto.

– Não vai fazer nenhum mal testá-lo, de qualquer maneira – ela murmurou.

Se ele a ouviu, ignorou-a e continuou a engarrafar a poção até que todos os frascos estivessem cheios. Depois, entretanto, ele pegou o frasco menor que ela deixara na bancada e o encheu até a metade com o conteúdo da garrafa mais próxima.

Ela observou com interesse.

– Bem, Srta. Granger – ele a reprimiu. – Você vai simplesmente ficar sentada aí e assistir, ou vai fazer-se útil e anotar os resultados deste pequeno teste?

Ela o ouviu bufar enquanto vasculhava por pergaminho e pena, e então olhou confusa ao encontrá-lo observando-a em expectativa.

– Professor?

– Isso foi idéia sua, Srta. Granger – ele sorriu maliciosamente. – Eu sou simplesmente sua cobaia. Estou esperando pelas suas instruções.

Ela corou e baixou os olhos para seu pergaminho em branco. – Certo – disse hesitante. – Eu imagino que nós devemos começar listando os sintomas que você está sentindo agora, assim podemos compará-los com os presentes depois que tiver tomado o antídoto.

Ele acenou com a cabeça em aprovação, e ela rabiscou a pergunta no pergaminho antes de olhar para ele responder.

– Dor de cabeça – ele disse com uma leve careta. – Náusea, tontura, fadiga, arrepios...

– Você está sentido todos esses sintomas agora? – ela perguntou, e ele levantou uma sobrancelha. Como ele conseguiu se levantar, sem mencionar, se concentrar?

– Certo – ela murmurou. – Mais alguma coisa?

Ele balançou a cabeça.

– Certo, hã... eu acho que você deveria, é... testar o antídoto então – ela hesitou, sentindo-se distintamente desconfortável dando instruções ao mestre de Poções, embora ele parecesse estar se divertindo com o jogo.
Sem nenhuma palavra, ele engoliu o conteúdo do frasco, e Hermione segurou a respiração, esperando que Snape não tivesse cometido nenhum erro e a poção fosse na verdade um veneno mortal.

Nada aconteceu por alguns minutos, e Hermione quebrou o silêncio perguntando impacientemente: – Bem, você está sentindo alguma coisa diferente?

– Achei que nunca perguntaria – ele zombou levemente. – Ao que parece, Srta. Granger, nós temos um antídoto que funciona.

– Os sintomas cessaram? – Ela pôs de lado o pergaminho e pulou do seu banco, caminhando em volta da bancada para inspecionar o professor mais de perto.

– Cessaram – ele confirmou, um sorriso aparecendo nos lábios dele. – Entretanto – ele advertiu –, ainda precisamos testá-lo por completo para termos certeza.

O rosto dela rompeu em um sorriso largo. Sim, ainda precisava ser testado, mas ela não tinha dúvidas de que os testes seriam um sucesso. Sentiu-se imensamente orgulhosa por tomar parte de uma criação tão significante, mesmo tendo contribuído apenas no processo de preparo, não no desenvolvimento da poção em si. Disse isso para o mestre de Poções.

– Você tem ajudado mais do que pensa – ele comentou, enquanto tampava as garrafas e ela o ajudava a movê-las para um armário com tranca no lado da sala, para mantê-las seguras. – Sem você para assumir o preparo das poções para a Papoula, eu teria pouquíssimo tempo para trabalhar no antídoto. Não estaria nem perto de completá-la agora.

Ela corou com o elogio, que ela ainda não estava acostumada a receber do seu professor. – Então, o que nós fazemos agora?

Ele limpou a bancada com uma sacudida da sua varinha e fez sinal para segui-lo de volta para a sala de estar. – Em seguida, preciso falar com o Diretor, e você – ele disse, olhando para o relógio novamente –, tem um trem para pegar, eu suponho.

Hermione também olhou para o relógio, percebendo que já era quase meio-dia. O almoço seria servido em breve no Salão Principal, e o Expresso de Hogwarts partiria às duas horas para levar os alunos para casa durante o Natal.

– Eu acho que devo ir embora, então – ela disse embaraçosamente, sem saber como lidar com a estranha, mas mesmo assim bem- vinda, mudança no comportamento de Snape.

– Você vai deixar o castelo para o Natal, professor? – ela perguntou, mais pela necessidadede dizer alguma coisa que por verdadeira curiosidade.

– Não – ele disse brevemente. – Eu tenho muito a fazer, especialmente sem a ajuda da minha assistente.

– Oh – ela murmurou. Será que ele estava bravo porque ela ia passar os feriados em casa? Seria apenas uma semana, mas não havia nem sequer passado pela sua cabeça o que seria das suas tarefas quando dissera a Dumbledore que iria para casa no Natal. Será que Snape estava esperando que ela ficasse?

– Srta. Granger – ele a censurou. – Pensei que reconheceria uma piada, mesmo vinda de alguém tão improvável quanto eu.

– Ah! – ela exclamou, repreendendo-se severamente por não ter percebido o vislumbre de divertimento nos olhos dele antes.

– Embora – ele concedeu –, eu me atreva a dizer que a sua ajuda será apreciada em dobro quando voltar.

Ela sorriu timidamente. – Obrigada, professor. Tenha um Feliz Natal.

– Você também, Srta. Granger – ele respondeu, enquanto ela andava em direção à porta que conduzia ao corredor.

Ela abriu a porta e então parou, voltando-se para encarar Snape. – Professor, você acha que já que somos... amigos, você deveria pensar em me chamar por Hermione? Eu sinto que vou ser repreendida sempre que você me chama de Srta. Granger.

Ele a olhou contemplativamente por um instante, antes de responder. – Eu acho que posso fazer isso, Hermione – ele disse com um sorriso malicioso, mas então advertiu –, apenas dentro destes aposentos, e nunca próximo aos ouvidos de outra pessoa.

A concessão dele era razoável, e ela sorriu e desejou-lhe um Feliz Natal mais uma vez antes de fechar a porta entre eles. Ele não oferecera-lhe o uso do primeiro nome dele, mas ela não esperava por isso. Mesmo que o homem que ela acabara de deixar fosse definitivamente o Severo, ao contrário do Professor Snape, ela jamais dirigiria-se a ele desta maneira sem consentimento.

Apesar dos NIEMs aproximando-se e assomando-se a ameaça da guerra, Hermione sentiu, enquanto fazia seu caminho até o Salão Principal para almoçar com seus colegas, que este seria um bom Natal. E com apenas quatro dias para o dia vinte e cinco de dezembro, ela acabara de descobrir que teria que adicionar mais uma pessoa à sua lista de amigos para comprar presentes.


* * * * * * *

Continua

N/A: Como sempre, obrigada a todos que gastaram tempo para deixar reviews. Eu adoro ouvir os seus comentários e especulações.

Eu adoraria saber o que vocês acham que Hermione poderá comprar para Snape de Natal. ;)

N/T: Obrigada a minha beta-reader ferporcel!

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