A poção de Mata-cão



Antes do Amanhecer

por snarkyroxy

traduzido por bastetazazis

beta-read por ferpotter

Summary: Como o Snape se sente a respeito do que Dumbledore contou a Hermione? E como Hermione se sente sobre enfrentar o mestre de Poções?

Disclaimer: Qualquer coisa conhecida pertence ao imenso gênio de J. K. Rowling; eu só os pego emprestados para brincar um pouco!



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Capítulo Quatro: A Poção de Mata-cão

Hermione sentia-se como se mal tivesse dormido por uma hora antes que o amanhecer frio e cinzento de sexta-feira espreitasse por entre as cortinas. Durante o café da manhã no Salão Principal, Harry e Rony estavam preocupados demais com a partida de quadribol do dia seguinte para notar as olheiras escuras em volta dos olhos de sua melhor amiga. Entretanto, a irmã de Rony era mais atenciosa, e notou o aspecto pálido da amiga mais velha.

– Você está bem, Hermione? – perguntou, já no meio de sua travessa de mingau de aveia quente. Hermione estava distraída com seus pensamentos de novo e levou um tempo para responder.

– O quê? Oh, desculpe-me Gina. – disse depois – Eu só estou cansada, é isso.

– Onde você estava ontem à noite? – a mais jovem insistiu. – Eu fui até o seu quarto um pouco depois das nove, mas você não respondeu a porta.

– Eu estava, é... – vacilou – tomando banho. Provavelmente eu não ouvi você batendo na porta.

Gina estudou sua amiga curiosamente antes de aceitar sua explicação e voltar para a sua comida. Hermione focou sua atenção na Mesa Principal, e ficou aliviada ao ver um lugar vazio entre o Diretor e a Profa. Sinistra, de Astronomia.

Ela não queria encarar o mestre de Poções se não fosse absolutamente necessário. A idéia de uma aula dupla de Poções naquela tarde já a preocupava o suficiente. Ele ficaria completamente irritado com a decisão de Dumbledore na noite anterior, e ela sabia que ele não perderia uma oportunidade de diminuí-la na frente de seus sonserinos preferidos. Ela também sabia que, embora ele não tivesse outra escolha a não ser favorecer os alunos de sua própria casa, estava claro que ele gostava disso.

E ainda, se os seis últimos anos de Poções ensinaram-lhe alguma coisa, foi a não considerar seus insultos literalmente. Era verdade que o tom irônico que ele usava toda vez que ridicularizava seu jeito esforçado a magoava, mas ela se orgulhava do fato dele não encontrar nada em seu trabalho que pudesse ser criticado.

Ela sabia que suas poções estavam sempre perfeitas, e suas redações eram ponderadas e inteligentes. O fato dele não conseguir encontrar nada além do seu aparente conhecimento sem fim para ridicularizá-la, a satisfazia tanto quanto qualquer elogio que ela já recebera de outro professor.

Ela suspirou, resolvendo não pensar mais no assunto... pelo menos até àquela tarde. Ela tinha outras aulas para se preocupar pela manhã, incluindo Magia Medicinal, a mais nova adição ao currículo N.I.E.M. de Hogwarts.

Com a ameaça de Voldermort assomando mais de perto a cada dia, a Medibruxaria era uma carreira muito procurada. Normalmente os alunos não podiam estudar o assunto até depois de se formarem em Hogwarts; entretanto, no ano anterior, o Diretor reconhecera a necessidade de ter jovens bruxas e bruxos treinados nesta arte.

A nova matéria fora um tremendo sucesso desde o começo, com a maioria das alunas de nível N.I.E.M. se inscrevendo, assim como alguns garotos também. Harry e Rony dispensaram a aula extra para se concentrarem no quadribol, mas Hermione empolgara-se com a oportunidade.

Ela gostara tanto da matéria no ano anterior, que estava considerando seriamente a Medibruxaria como carreira futura. Não era surpresa que ela era a aluna mais brilhante da turma, mas até mesmo Madame Pomfrey admirou-se com a facilidade com que ela aprendia cada novo feitiço de cura.

Este ano, as aulas estavam decididamente mais difíceis, a medibruxa explicava sobre alguns dos feitiços e poções mais repugnantes do mundo mágico. Reconhecê-los era essencial para o diagnóstico e tratamento, e Hermione saía de cada aula tanto fascinada quanto perturbada, mas também determinada. Todos os sinais no mundo mágico apontavam para a necessidade destas suas habilidades, cedo ou tarde.


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Depois do almoço, Harry e Hermione despediram-se de Rony no saguão de entrada e dirigiram-se para as masmorras para a última aula do dia.

Momentos depois de tomarem seus lugares, a porta foi escancarada e o mestre de Poções invadiu a sala, virando-se para a turma assim que chegou à frente dela.

– Polissuco – bramiu, acenando com sua varinha para o quadro, onde uma lista de ingredientes apareceu.

– Alguém pode me dizer o objetivo desta poção?

Hermione manteve seus olhos abaixados, desejando que qualquer outro se arriscasse a responder. Harry sabia a resposta, mas seu braço levantado seria certamente tão ignorado quanto o dela fora em todas as outras aulas. Isto é, se ele um dia se oferecer voluntariamente para responder uma pergunta em uma aula de Poções.

– Srta. Granger?

Ela levantou os olhos para ver Snape observando-a com uma sobrancelha levantada em expectativa, nenhum traço de malícia além do seu desprezo de sempre. Que estranho, pensou. Mas também, ele é um espião; ele tem que ser bom em esconder suas emoções, certo?

– Srta. Granger, talvez não se incomode em se juntar a nós na sala de aula? – sorriu maliciosamente, enquanto os sonserinos na sala riam alto. – Dez pontos a menos para a Grifinória por não prestar atenção. Eu devo repetir a pergunta?

Ela suspirou internamente. Pelo menos ele não estava furioso. Ainda.

– A Poção Polissuco permite a quem bebê-la assumir temporariamente a forma de outra pessoa. – respondeu.

Snape ficou em silêncio por um instante, esperando que ela adicionasse mais detalhes à sua resposta, como ela sempre fazia. Quando percebeu que ela não ia dizer mais nada, retrucou – Adequado, Srta. Granger, embora incompleto. – e continuou explicando para a sala os usos e abusos da poção.

No fim da aula, cada aluno da turma tinha extensivas anotações sobre o projeto que duraria um mês e um parceiro definido por Snape. Hermione ficou grata por não ser parceira do Neville, como sempre. Ele quase desistiu da matéria, se não fosse pela insistência da Professora Sprout de que Poções andava lado a lado com Herbologia, e, embora ele entendesse a teoria surpreendentemente bem, ele ainda era um desastre ambulante quando ficava há menos de dois metros de um caldeirão.

Sua parceira era Susana Bones da Lufa-Lufa, uma menina quieta com mão boa para preparar poções e com verdadeiro interesse pela matéria. Ela esperava tornar-se uma medibruxa depois da escola, e poções medicinais eram um conhecimento essencial neste ramo de estudos. Nem todas as medibruxas tinham a sorte de Madame Pomfrey em ter um Mestre de Poções à sua disposição.

Harry não fora tão sortudo. Snape sentia um prazer particularmente cruel em associá-lo com Malfoy, embora desta vez o Monitor Chefe sonserino não estava sorrindo maliciosamente da má sorte de Harry. No fim da aula, os dois estavam sentados o mais longe um do outro quanto fisicamente possível enquanto trabalhavam na mesma mesa, e olhando um para o outro com igual apreensão e repugnância.

Hermione esperou por Harry no fundo da sala, nem que fosse só para impedi-lo de enfeitiçar Malfoy assim que eles pisassem no corredor. Ela podia dizer pela tensão nos ombros dele, que ele estava extremamente irritado com o parceiro que Snape escolheu para ele, e seu humor estava pior que o normal, ultimamente. Hermione e Rony atribuíam seu stress aos NIEMs e na ameaça agourenta de outro confronto com Voldermort, mas Harry não hesitava em descontar suas frustrações nas outras pessoas, especialmente nos sonserinos.

Malfoy passou por ela sem nem desviar os olhos em sua direção, e Harry juntou-se a ela em seguida. Eles tinham acabado de sair da sala quando:

– Srta. Granger, um instante, por favor.

Hermione olhou o corredor, além de onde Harry tinha parado para esperá-la. A distração momentânea permitira que Malfoy desaparecesse em direção a sala comunal da Sonserina.

– Vejo você no jantar, – disse para Harry, e murmurou consigo mesma – se ainda estiver viva.

Harry obviamente ouviu o comentário, porque parou de repente e fixou-lhe um olhar preocupado.

Ela acenou para ele com um riso curto e forçado, e voltou para a sala de aula, preparando-se para enfrentar a ira do mestre de Poções. A porta bateu violentamente assim que ela se afastou. Snape não se movera da sua mesa, mas ergueu os olhos e fez sinal para que ela sentasse à sua frente.

– Srta. Granger, você conhece a teoria da Poção de Mata-cão?

– Professor? – Depois de todas as suas preocupações, tudo o que ele queria era conversar sobre uma poção?

Ele suspirou impacientemente. – Mata-cão, Srta. Granger – disse irritado. – Você certamente sabe das minhas razões para fazer a poção. Posso assumir que você conhece a teoria por trás do seu preparo?

– Sim, Professor – respondeu. – O erro mais comum em-

– Eu não pedi para você recitar o seu livro – ele falou ríspida e rapidamente. – Saber a teoria de cor e entender como esta deve ser aplicada na prática são duas coisas completamente diferentes. Você deve conhecer as propriedades de cada ingrediente, assim como a forma como eles deverão reagir entre si-

Ele foi interrompido pelas fagulhas verdes da lareira, e no momento seguinte, a cabeça do Diretor apareceu no dançar das chamas.

– Ah, Severo. – disse Dumbledore – Gostaria de saber se poderíamos ter uma palavrinha?

– Sem dúvida deve ser mais do que uma palavrinha – Snape disse – Eu o encontrarei em breve, assim que puder me livrar da presença da Srta. Granger.

O Diretor olhou para Hermione e assentiu com a cabeça como forma de reconhecimento. O seu olhar era significativo e, de repente, tudo começou a fazer sentido.

Isso explica porque o Professor Snape tem sido tão... normal, ela pensou. Agradável não era a maneira certa de descrevê-lo, mas ele não fora mais desagradável que o normal com ela nesta tarde. Obviamente, Dumbledore teve a precaução de esperar até depois da sua última aula de Poções da semana para informar a Snape das recentes descobertas dela. Assim, ela não teria que vê-lo por pelo menos três dias, e até lá, se tivesse sorte, o pior da raiva dele contra ela já teria passado.

Assim que a cabeça de Dumbledore desapareceu, ela se virou novamente para o mestre de Poções e esperou ansiosa.

– A Poção de Mata-cão, Srta. Granger. – ele declarou. – Você acha que é capaz de prepará-la?

Prepará-la? Será que ele daria essa chance a ela? Seu coração começou a bater mais rápido com a emoção de uma oportunidade como essa.

– Eu, é, claro professor. – ela gaguejou – Ou melhor, eu entendo a teoria, embora, obviamente, eu nunca tive a chance de por este conhecimento em prática. Mas eu tenho certeza que-

– Sim ou não já basta – ele a cortou.

– Sim, – ela disse, completando depois – professor.

– Muito bem – ele disse, ignorando o desrespeito dela – A Poção de Mata-cão precisa ser preparada esta noite, e como eu posso ser chamado a me ausentar, o Diretor recomendou-me que recorresse ao auxílio de um estudante competente.

Qualquer orgulho que Hermione pudesse ter sentido por ter sido considerada para esta tarefa foi ofuscado com a idéia de ter que se encontrar com o mestre de Poções apenas algumas horas depois da reunião dele com Dumbledore. Ela lutou contra o impulso de recusar categoricamente o convite, mas sua mente acadêmica não a permitiu. Ele estava oferecendo a ela uma oportunidade maravilhosa, não apenas para observá-lo a preparar a poção, mas quem sabe até, ela tivesse a chance de poder dar a sua contribuição.

– Não se engane, Srta. Granger, – desdenhou – se fosse por mim, você estaria longe do meu laboratório e o lobisomem poderia ir implorar pelo seu tônico. Entretanto, considerando que você já está ciente tanto do problema do Lupin e..., como você mesma disse, das minhas atividades extracurriculares... você é a escolha lógica para a tarefa.

Ela sentiu um desconforto no estômago assim que entendeu o significado das palavras dele. Ela ficaria lá para observar e aprender. A única razão para ela assumir o preparo da poção seria se Voldermort convocasse Snape.

– Obrigada, professor – disse – Eu agradeço a oportunidade de simplesmente observar o processo.

Ele parecia levemente surpreso pelos agradecimentos obviamente sinceros dela, mas disfarçou bem a sua surpresa com outro soriso sarcástico. – Como eu disse, Srta. Granger, eu não tive muita escolha nesta questão... entretanto, acredito que você será uma assistente... satisfatória.

Ela precisou de toda sua compostura para não dar um largo sorriso com a coisa mais próxima de um elogio que ela provavelmente iria receber dele. Ele compreendeu sua expressão e, por um instante, ela pensou ter visto seus olhos brilhando com algo além de malícia ou ódio. Divertimento, talvez? Ou compreensão?

Não importava, pois no instante seguinte ele já estava em pé, conduzindo-a para fora da sala de aula. Não seria bom deixar o Diretor esperando mais que o necessário.

– Sete horas. – ele disse, enquanto ela alcançava a porta. – Não se atrase.


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Quando Hermione chegou à sala de aula de Poções, um pouco antes das sete horas, ficou bastante óbvio que Snape já sabia de tudo o que Dumbledore havia contado a ela.

A raiva fria que ardia em seus olhos quando ele a encarou era mais apavorante do que se ele tivesse berrado com ela. A tensão no ar era palpável quando ele lhe disse uma única palavra – Venha.

Ele virou-se e deu as costas a ela, sem se preocupar em saber se ela o seguia. Ele a conduziu ao escritório ligado à sala de aula, e então sacou sua varinha. Ela observou com os olhos atentos, perguntando-se se ele ia enfeitiçá-la ou matá-la, até que ele se virou para a parede de pedras e bateu nelas numa ordem precisa.

Ela respirou fundo. Se não estivesse tão aterrorizada, teria rido da sua suposição absurda.

A parede de pedras desapareceu e, novamente, ele fez sinal para ela segui-lo.

O corredor escuro e úmido que eles entraram deu lugar a um lance de escadas estreito e igualmente escuro. Ela seguiu o mestre de Poções de perto, para não perdê-lo no escuro, mas também não perto o bastante para arriscar trombar com ele, caso ele parasse de repente.

Depois de um número indeterminável de degraus e o sussurro de uma senha, ela se encontrou numa sala sem janelas parecida com a sala de aula de Poções: o laboratório particular do mestre de Poções.

Grandes bancadas de madeira dividiam a sala em várias fileiras, e cada uma estava preparada com caldeirões de todos os tamanhos e materiais imagináveis. A parede ao fundo estava forrada com prateleiras de potes, cada um contendo formas estranhas embebidas em um líquido de aparência viscosa. À sua direita havia uma série de armários, provavelmente guardando ingredientes para poções. À sua esquerda, a parede estava vazia, a não ser por uma escrivaninha com altas pilhas de livros e pergaminhos, e outra porta de madeira como a que eles acabaram de passar quando entraram no cômodo.

– Sente-se – ele disse, despertando-a de sua inspeção à sala. Ele apontava para um banco de aparência desconfortável ao final da mesa mais próxima.

Ela obedeceu e ele foi até os armários, reunindo os ingredientes para a poção. Ela suspirou. Se ele ia falar em monossílabos, esta seria uma noite muito longa. Certamente, ele poderia pôr sua raiva de lado por apenas algumas poucas horas. Embora a poção não fosse exatamente crucial para a guerra, se não fosse bem preparada, acarretaria na perda de um membro da Ordem por pelo menos uma semana; uma coisa que ela sabia que eles não podiam se permitir neste momento.

– Agora – ele disse, colocando ambas as mãos espalmadas na bancada e debruçando-se através da mesa até que seu rosto ficasse a centímetros do dela. – Eu não preciso explicar a importância de preparar esta poção rápida e corretamente, preciso?

Ela balançou a cabeça, tentando desesperadamente não recuar com a proximidade dele.

– Enquanto nós estivermos neste laboratório, nosso único propósito será fazer poções. Eu não vou tolerar conversas sem propósito ou perguntas ridículas, e o mais importante – ele inclinou-se ainda mais perto, e pela segunda vez naquela semana, ela se viu refletida nos olhos dele – eu não quero ouvir nenhuma menção sobre nada que aquele velho tolo metido pensou em mostrar-lhe na noite passada.

Ela assentiu.

Ele se afastou e ela suspirou aliviada. Ele ainda estava terrivelmente bravo; ela podia dizer por seus movimentos bruscos e pela mandíbula cerrada. Ela estava aliviada, entretanto, por ele não parecer culpá-la pela audácia do Diretor.

Momentos depois, todos os ingredientes estavam dispostos na bancada e, de volta ao modo professor, ele explicou as propriedades de cada ingrediente e seu propósito na poção.

Ela assistiu, encantada com as mãos dele, enquanto ele picava, desfiava e fatiava as partes de plantas e animais em porções precisas. A potência da poção, ele explicou, dependia tanto da preparação exata dos ingredientes como do preparo da poção propriamente dito.

Ela fez um mínimo de perguntas, mas ele respondeu à todas elas concisamente, sem o tom de impaciência que sua voz sempre tinha na sala de aula. Ela percebeu que esta noite, neste laboratório, ele não estava tratando-a como mais um aluno cabeça-oca. Espantada com a idéia de Severo Snape considerando qualquer um como seu igual, ainda mais uma grifinória nascida trouxa, ela percebeu que ele estava olhando para ela em expectativa.

– Professor?

– Eu lhe fiz uma pergunta, Srta. Granger, – reprimiu, e vendo sua expressão perdida – quais as conseqüências que a falha no preparo apropriado dessa poção? Seria melhor se você começasse a prestar atenção quando estou falando.

– Desculpe-me, professor – disse, reprimindo-se. Ele bufou e voltou-se para o ingrediente final, que ele estava cortando em cubos habilmente. Lá se vai a igualdade, pensou retoricamente. Por um momento, ela estava começando a entender as intenções de Dumbledore.

Um repentino silvo de dor chamou sua atenção, e ela ergueu seus olhos para ver sangue pingando da mão de Snape, onde a faca havia escorregado. Ele largou o instrumento ofensor rapidamente na mesa, mas ao invés de cuidar da ferida, sua mão direita agarrou seu antebraço esquerdo.

Hermione entendeu num instante, e teve que suprimir a vontade súbita, e de certa forma perturbadora, de ir até ele.

– Há mais sanguinária naquele armário – ele disse, gesticulando sobre seu ombro e banindo rapidamente tanto a faca ensangüentada como os ingredientes estragados com um gesto de sua varinha. – Complete e engarrafe a poção, mas deixe um cálice cheio, que você levará prontamente para o Professor Lupin. Acredito que seja capaz de limpar tudo e deixar o laboratório como o encontrou?

Ela assentiu que entendeu enquanto ele desaparecia pela porta ao lado da escrivaninha. Ela espiou pela porta e viu de relance o que parecia ser uma sala de estar. Ela imaginou que deveria ser parte dos aposentos particulares dele e se perguntou o que Harry e Rony diriam se soubessem que ela os vira.

Ela riu ao imaginar a expressão no rosto do Rony, mas se controlou em seguida, quando Snape reapareceu, franzindo a testa, vestindo as mesmas vestes negras aveludadas e pesadas que ele vestira quando ela o encontrara no saguão de entrada no início daquela semana. Ele bateu a porta atrás de si, e ela viu a luz azul fraca da proteção sendo ativada.

Passando por ela a passos largos até a lareira, ele jogou um punhado de pó nas chamas e chamou pelo Diretor. O rosto de Dumbledore apareceu segundos depois, mudando de um sorriso para um franzir de testa assim que percebeu as vestes de Snape.

– Eu fui convocado – Snape disse rapidamente – Nós nos encontraremos assim que eu retornar.

Antes que o Diretor pudesse responder, Snape deu as costas para a lareira e, sem olhar nem de relance na direção dela, dirigiu-se para a porta que conduzia de volta à sala de aula de Poções.

– Tenha cuidado, professor – ela falou para as costas dele.

Ele parou momentaneamente, uma mão na maçaneta, mas não se virou. Uma leve tensão nos seus ombros foi o único sinal de que ele a ouvira, e então ele se foi.


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Continua
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