Respostas



Hermione tem algumas perguntas, mas quem tem as respostas? Ou, mais importante, a quem ela tem coragem para perguntar?

Disclaimer: Qualquer coisa que você reconheça pertence ao talento imensurável de J. K. Rowling; eu só os pego emprestado para brincar um pouco!

escrito por Snarkyroxy
traduzido por BastetAzazis
beta-read por Ferporcel



* * * * * * *


Nos dias que se seguiram, Hermione ainda estava confusa. Sua conversa com o professor de Poções não saia da sua cabeça, a ponto de achar que ela ia enlouquecer. O fato dele ter sido sincero com ela e ter admitido sua participação no trabalho horrível do Lord das Trevas, não foi o suficiente para aliviar suas preocupações.

O lado racional do seu cérebro tentava explicar a presença dele nos ataques, mas toda vez que conseguia se convencer, uma vozinha na sua cabeça chegava com mais uma contradição.

Ele só estava lá para manter seu disfarce. Ele não machucaria ninguém. Ele trabalha para a Ordem... mas para manter seu disfarce, ele tem que fazer qualquer coisa que Voldermort comandar. Qualquer coisa. Sem hesitação.

Harry e Rony passaram a maior parte do quinto e sexto ano especulando se Snape realmente estava do lado deles, ou se estava apenas esperando o momento certo para ver quem ganharia a guerra. Hermione passara o mesmo tempo defendendo o seu professor, mas agora... ela não sabia o que pensar.

Uma coisa que não saía da sua cabeça era que, como um Comensal da Morte de verdade, ele provavelmente já tinha torturado ou matado nascidos trouxa como ela. Não porque ele tinha que fazer isso, mas porque ele queria fazer isso.

Como ela, ou qualquer outra pessoa para ser justa, poderia ter certeza que ele não estava simplesmente interpretando o papel de espião apenas para satisfazer suas vontades, há muito reprimidas?

Educando a essa geração de dia, matando a próxima à noite. Havia um certo ar de “O médico e o mostro” nisso tudo.

Na quinta à tarde, Hermione foi até à sala do Diretor para fazer seu relatório semanal como Monitora Chefe, determinada a dar um fim em sua angústia. Ela passara os últimos quatro dias tentando estudar, mas na maior parte do tempo acabava olhando para os livros desatenta, pena em punho, pergaminho em branco a sua frente, repassando cenas e mais cenas em sua cabeça.

Ela já havia planejado três conversas diferentes com o mestre de Poções, caso ele a chamasse navamente para discutir os eventos na semana.

Ele não a chamou.

Ela pensou em perguntar à Professora McGonagall o que ela sabia a respeito do trabalho de Snape como espião. Mas sua Diretora de Casa iria querer saber por que ela estava fazendo essas perguntas. Ela ainda estava tentando justificar as supostas ações de Snape para si mesma, quem dirá tentar explicá-las para outra pessoa, então esta opção foi descartada.

Ela pensou em pedir para o Harry falar com Remo Lupin, que não era apenas membro da Ordem, mas também estava em contato com o Snape com mais freqüência, por causa da Poção de Mata-cão que Snape preparava para ele mensalmente. Novamente, entretanto, Harry iria querer saber por que ela estava fazendo essas perguntas.

Além disso, ela disse ao Snape que não contaria a ninguém sobre o que sabia. Hermione sempre levou suas promessas a sério, e agora desejava que não tivesse feito uma afirmação tão genérica. Talvez ela pudesse falar com o Diretor. Ele já devia estar a par das últimas ações de Snape, então, dessa forma, ela não estaria traindo a sua confiança.

– Creme de canário – disse para o gárgula, que imediatamente recuou para o lado. Na sua primeira visita ao escritório circular como Monitora Chefe naquele ano, admirou-se ao descobrir que o Diretor havia desenvolvido um certo gosto pelas criações dos gêmeos Weasley. Ela aproveitou para fazer uma anotação mental para não aceitar nenhuma comida no escritório dele, não importava o quão inofensiva pudesse parecer.

– Srta. Granger, entre – o Diretor a chamou, levantando-se atrás de sua mesa.

O Diretor acenou para que ela sentasse numa das poltronas em frente à lareira, sentando-se na outra e conjurando um serviço de chá na mesa entre eles.

– Leite e dois torrões de açúcar? – perguntou.

Ela assentiu.

Eles passaram quase uma hora discutindo os assuntos de sempre, relacionados aos seus deveres como Monitora Chefe, e particularmente sobre suas responsabilidades em controlar as festividades caso a Grifinória ganhasse a próxima partida de quadribol contra a Corvinal. Quando chegaram ao fim da conversa, os dois permaneceram sentados em silêncio por alguns instantes, até que o Diretor, perceptivo como sempre, sentiu que havia mais alguma coisa que ela queria lhe dizer.

– Há mais alguma coisa que você deseja falar, Hermione? Qualquer coisa?

Ela hesitou. Embora já tivesse decidido consultar o Diretor, ela ainda não sabia direito o que realmente dizer.

– Eu, é... – vacilou. Ele a observava cuidadosamente, então ela tomou fôlego e continuou. – Eu gostaria de conversar com o senhor a respeito do Professor Snape.

– Ah – O Diretor olhou para ela com um olhar pensativo, segurando suas mãos juntas embaixo do queixo. – Nós achávamos que você talvez quisesse.

Ela ergueu seus olhos rapidamente estranhando as últimas palavras. – Nós?

– O Professor Snape e eu – Dumbledore esclareceu. – Ele me procurou para falar a respeito do encontro de vocês na segunda à noite, e da subseqüente conversa depois da sua aula de Poções. Ele estava... preocupado que você levasse seus temores à pessoa errada.

Harry e Rony, pensou, sentindo-se indignada. Em voz alta, disse – Eu disse a ele que não falaria sobre isso com ninguém. Eu achava que ele me considerava o suficiente para confiar numa promessa minha.

Dumbledore sorriu tristemente. – Eu acho que o Severo tem poucas razões para confiar em alguém nos últimos tempos.

O Diretor levantou-se e começou a andar vagarosamente perto da parede oposta da sala. Parava de vez em quando para olhar, ou tocar em alguma coisa; um bisbilhoscópio esquecido numa mesa, uma prateleira de livros que ronronavam enquanto ele corria seu dedo indicador pelas lombadas, uma adaga prateada com um intricado desenho de runas antigas ao longo do punho.

Ele chegou a uma cuba de pedra em uma pequena prateleira atrás da sua mesa. Hermione o observava quando ele sacou sua varinha e começou a colocar tiras prateadas na Penseira. Ele começou a falar baixo enquanto coletava seus pensamentos e, a princípio, Hermione achou que ele estava lançando um feitiço. Quando começou a prestar atenção no que ele falava, ouvindo uma mistura de palavras simples, encantamentos e palavras em outras línguas, percebeu que ele estava apenas divagando. Resmungando trechos de memórias e pensamentos, como faria um velho cuja razão vai se esvaindo através dos anos e encantamentos.

Ela não tinha certeza de quanto tempo estava ali sentada, em silêncio, assistindo pensamento por pensamento fluir para dentro da antiga cuba de pedra. Ela não queria interromper o Diretor em seus devaneios, mas será que ele estava ciente que ela ainda estava em seu escritório?

Sua pergunta foi respondida logo em seguida, quando ele virou-se da Penseira e voltou a sentar-se a frente dela.

– Barrete de limão? – ofereceu, segurando uma travessa cheia com as balas amarelas.

Ela balançou a cabeça educadamente, observando-o esperançosamente enquanto ele desembrulhava uma e colocava em sua boca.

– Peço desculpas por meu lapso momentâneo, Srta. Granger – Disse gravemente. – Eu precisava pensar um pouco sobre as implicações do que eu estou prestes a lhe contar.

– Diga-me, Srta. Granger, o que sabe a respeito do passado do Professor Snape?

Franzindo um pouco a testa, ela começou a pensar em tudo que soubera, pelo Harry ou por membros da Ordem. Não era muito. Disse a Dumbledore que sabia que Snape já tinha sido um Comensal da Morte por escolha própria, e que mudou de lado antes da primeira queda de Voldemort, e que agora estava em contato com os Comensais novamente, usando a desculpa de ser um seguidor fiel do Lord das Trevas para obter informações para a Ordem.

– E o que você sabe sobre as razões dele para ter mudado de lado? – o Diretor perguntou, olhando para ela sutilmente.

Ela devolveu o olhar com curiosidade. Harry vivia dizendo para ela que Dumbledore se recusava a falar das razões pelas quais ele confiava no Snape tão cegamente. Harry já havia tentado induzir o Diretor a conversar sobre esse assunto inúmeras vezes desde o seu quarto ano, só para ser repreendido, contradito e simplesmente dispensado a cada vez.

– Essa é uma pergunta retórica, senhor?

– Eu vou responder, Srta. Granger – o Diretor disse depois de um momento,–, a pergunta que vem perseguindo seu amigo Harry, e muitos outros, por um bom tempo.

Ela encarou o ancião, perguntando-se se sua razão tinha finalmente lhe escapado. Claro que qualquer explicação dada pelo Diretor colocaria um fim a seus temores, e responderia suas antigas dúvidas, mas o fato de que ele tão prontamente lhe revelaria informações tão particulares, deixava-a sem reação. Até onde ela sabia, apenas o Diretor, além do próprio Professor Snape, conheciam os verdadeiros motivos para sua troca de lado, e, de acordo com Harry, isso não mudaria nunca. Ela exprimiu suas preocupações em voz alta.

– Eu tenho toda a certeza que você não trairá nossa confiança, Srta. Granger – o Diretor respondeu. – A maneira como vêm lidando com esta situação até o momento mostra sua maturidade, e o seu respeito pelo Professor Snape é inigualável a qualquer outro aluno, até mesmo os da Sonserina. Antes dessa guerra terminar, ele precisará de alguém em quem possa confiar, e esta pessoa merece nada menos que toda a verdade sobre seu passado.

Hermione franziu a testa. Se ela não soubesse, acharia que o Diretor estava tentando forçá-los a algum tipo de parceria. Ela dificilmente acreditaria que o mestre de Poções daria permissão a Dumbledore para divulgar seus segredos sombrios à Monitora Chefe da Grifinória, a quem ele nunca fez questão de esconder sua aversão em cada aula.

– Neste caso, não deveria ser o Professor Snape a pessoa certa para me contar sobre seu passado, senhor? – perguntou.

Dumbledore deu um pequeno sorriso. – Severo não concordaria que eu contasse isso a você, Hermione, mas ao mesmo tempo, ele confia em mim e no meu julgamento. Com o tempo, ele vai perceber que eu tomei a decisão certa... assim como você também – o Diretor acrescentou.

Hermione finalmente assentiu. Com o seu consentimento, Dumbledore convocou a Penseira de trás da sua mesa e colocou-a na mesinha entre eles. Ele fez sinal para que ela chegasse mais perto enquanto mexia o líquido prateado com sua varinha.

– Venha Hermione – disse, pegando-a pelo braço. Ela fechou os olhos enquanto os dois mergulhavam de cabeça na Penseira.

Quando ela abriu os olhos novamente, eles ainda estavam no escritório do Diretor. Ela olhou para Dumbledore, que estava parado ao seu lado, e então para um Dumbledore um pouco mais jovem, sentado atrás de sua mesa. Ela virou-se, espantada, quando a porta do escritório abriu violentamente, e Hagrid invadiu a sala, jogando uma figura quase sem vida e toda vestida em preto, dos seus braços para o chão.


* * * * * * *



Continua

N/A: Muitíssimo obrigada a todos que leram e deixaram reviews!

N/T: Muito obrigada a Ferporcel, minha maravilhosa beta-reader, e a Mi_Granger e Irisgirl pela ajuda com a tradução.

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