Contradições



CAPÍTULO 5 – Contradições: Amor e Ódio.


 


Deitei na cama, sem um pingo de sono, não sabia ao certo, como tinha chegado em meu quarto, não lembrava de ter colocado o meu pijama, pensava apenas em como eu estava gostando daquele loiro, lindo, maravilhoso e sonserino... E ao mesmo tempo, em como eu estava odiando ele, por inteiro... Ele é um Malfoy, Rose! Pare de pensar nele! Mas nada adiantava, ele rodeava meus pensamentos sem esforço algum.
 


Todas as lágrimas que eu segurei ao entregar meu colar em sua mão, começaram a rolar pelos meus olhos. Era um colar muito especial, minha mãe me dera quando eu nasci, eu o usava todos os dias... Sei que não é correto, uma pessoa se prender a um bem material,  mas aquele colar tinha uma história... Papai o dera de presente para mamãe, quando ela descobriu que estava grávida, ela sempre me contara o quanto ele era especial:

 


Queria te dar uma rosa, mas elas morrem rápido. – Papai falou, acariciando sua barriga, com um sorriso no rosto. - Então lhe comprei este colar, amor. – Papai entregou-lhe o presente sem cerimônias. - Olhe para o pingente, Mione, É uma rosa! – Mamãe sorriu com o espanto do marido no rosto. - O que esses trouxas não deixam de inventar, hein?”.

 


O pingente era uma rosa, e papai ficara maravilhado quando um dia, viu o colar numa vitrine trouxa. Com o passar dos anos, mamãe me contava, o momento que me viu pela primeira vez:

 


Quando olhei para você pela primeira vez, filha, não pensei duas vezes. Havia sido a primeira e única vez que seu pai elogiou algo que um trouxa inventou. Momento único! - Mamãe me olhava maravilhada, rindo lembrando do passado, e como se me contasse um segredo, sussurrou. - Falei para o seu pai que queria lhe chamar de Rosa, mas ele foi mais fundo e escolheu um diferencial. – Ela sorria enquanto acariciava meu rosto. - Então Rose, esse colar é seu, nada mais justo, dar uma rosa, a uma rosa, espero que goste deste colar assim como eu”.


 


Eu gosto mamãe, juro que gosto. – Pensei assim que sua voz acabou de ecoar em minhas lembranças. – Mas o que eu podia fazer? Espero que um dia você entenda! – A voz de minha mãe ecoou mais uma vez em meu pensamento, como se fosse minha consciência. “Recupere-o.” – MAS COMO? Como recuperá-lo?
 


Alice, Melanie e Sofia entraram no dormitório, cobri minha cabeça com a coberta, e fingi que já estava dormindo. Algumas horas se passaram e o sono não vinha, as lágrimas molhavam meu travesseiro, uma por uma. Foi quando tive certeza que as três meninas dormiam, que me levantei e fui para o Salão Comunal, que já estava vazio. Deitei na poltrona na frente da lareira, não demorou muito para o cansaço me vencer, com lágrimas nos olhos finalmente adormeci.
 


Tive um sonho muito estranho, sonhei que passeava na Floresta Proibida, deitei na sombra de uma árvore muito estranha e diferente, quando do nada... Espetei o meu dedo em um tronquilho, e desmaiei, em um sono profundo. Todos os Marotos tentaram me acordar, usando todas as poções e feitiços que existiam, mas sem resultado. Passei anos dormindo, apenas com a companhia dos meus familiares que esperavam em vão. Sentados em volta do meu corpo deitado ao chão da floresta. A cena em meu sonho mudou, e um príncipe voava em sua vassoura, me avistou deitada na floresta. Ele desceu elegantemente até colocar seus pés no chão, trajava uma roupa engraçada, mas muito bonita, ela era verde e prata, e possuía seu nome gravado em suas costas. Ele se abaixou até onde eu estava, e acariciou meu rosto, beijou os meus lábios que estavam serrados. Até que simplesmente eu despertei! E é claro que eu não preciso dizer quem era o príncipe, não é? Scorpios Malfoy, lindo com seus cabelos louros e olhos cor de prata. Ele me tirou do chão puxando-me pelas mãos. E quando já estava em pé, sem esforços, me carregou no colo, montou em sua vassoura, e nós... Nós...


 


- Rose, prima acorda! Bela adormecida, já é dia! – Alvo estava parado em minha frente, com suas vestes de domingo. – Você pode, por favor, acordar?
 


- O que você quer, Alvo? – Perguntei, me espreguiçando, e estralando as costas. – Já é de manha? O que você está fazendo aqui?
 


- Não, Rose, o que você está fazendo aqui? – Olhei em minha volta, e eu percebi que estava no salão comunal. - Já está quase na hora do almoço! Anda logo, coloca alguma roupa e vamos descer... Eu te espero!
 


- Não precisa me esperar, te encontro mais tarde!
 


- Mas eu preciso da sua ajuda no dever!
 


- Vou tomar banho e te encontro daqui a pouco. Pode deixar que eu te encontro, ta?
 


Fui para meu quarto, tomei um banho quente, enquanto sonhava acordada, coloquei um macacão trouxa, para ficar mais confortável, era na cor de jeans e possuía bolsos e mais bolsos, que enfeitavam toda a roupa. Por baixo coloquei uma blusinha preta e discreta. Fui para o refeitório cantarolando uma musica da Bela Adormecida.
 


Foi você o sonho bonito que eu sonhei
Foi você eu lembro tão bem você na linda visão
E me fez sentir que o meu amor nasceu então
E aqui está você, somente você a mesma visão
Aquela do sonho que eu sonhei...
 


Vi os marotos no canto da mesa, não tinha muitas pessoas no salão principal, comi bem pouco, porque meu café da manha foram borboletas agitadas no estomago, enquanto dormia, sonhando com meu príncipe.
 


Após o almoço, seguimos em direção aos jardins, sentamos em uma árvore muito bonita, que me fez lembrar de meus sonhos. Sentei ao lado de Richard que estava fazendo sua lição, e rabiscando no pergaminho, muitas informações contraditórias. Peguei uma pena, e corrigi algumas datas de seu dever de História da Magia.
 


- Thiago, me empresta o Mapa do Maroto? – Disse ao largar o pergaminho de Richard.


- Pra que?
 


- Me empresta? Eu devolvo no jantar.
 


- Toma cuidado. – Disse tirando o mapa do bolso, e me entregando.
 


- Acho que vou fazer uma caminhada! – Anunciei para os meninos, que voltavam a seus estudos, enquanto eu encarava o mapa aberto.
 


- Ainda não prima! Corrigi isso pra mim? – Alvo empurrou três pergaminhos sobre o meu colo. – Por favor?
 


- Ta, mais vai logo! – Passei mais tempo corrigindo o dever de Alvo sobre o Feitiço de Levitação, do que ele realmente deveria ter demorado a fazê-lo. – Pronto passa a limpo tudo isso que já ta bom! Agora eu vou andando!
 


Mas, como tudo na vida é mais complicado do que parece ser. Thiago me segurou pelo punho, e me puxou para baixo novamente!
 


- Corrige o meu agora, toma! – Disse jogando os pergaminhos em cima da minha perna.
 


- Thiago, eu to no 1º ano, não vou saber sua matéria!
 


- Claro que vai, Rose. Você já leu todos os livros da biblioteca da tia... – Olhou pra mim, com um sorriso sapeca no canto da boca. – E você tem memória fotográfica, então...
 


- Ai, por Merlin. – Disse, prestando um pouco mais de atenção aos pergaminhos... À parte engraçada é que eu sabia - Feitiço para Animar, Thiago? – Disse olhando para ele agora.
 


- Você não sabe? - Ele perguntou desafiando.

 


Eu o ignorei. Era algo que minha mãe vivia fazendo para nos alegrar, acrescentei no pergaminho o que acontecia se uma pessoa exagerasse na dose, falando sobre as risadas histéricas e seus efeitos colaterais e tive que parar novamente no fim do texto para acrescentar o inventor do feitiço, Felix Summerbee, no ano de 1400. Não era um assunto realmente difícil.
 


Afinal, todas as mães contam historias antes de uma criança dormir, mas a MINHA mãe, é Hermione Granger Weasley. E você já pode imaginar cada coisa que eu aprendi dormindo? Acrescentei os detalhes no dever de Thiago em poucos minutos, não tinha nenhum erro na verdade, apenas a falta daquelas informações.
 


- Agora com licença, eu realmente preciso ir, ok? – Falei de um modo que deixou claro, que não queria mais ninguém me aborrecendo, enquanto entregava os pergaminhos na mão de meu primo. Levantei em um pulo só, deixando cinco marotos perplexos com a extensão de meus conhecimentos, eu era uma GRANGER, de fato!
 


Assim que tomei distância dos marotos, conferi o Mapa que trazia comigo, queria entrar a qualquer custo na casa da Sonserina. E foi em direção as masmorras que eu segui. Conferia o mapa de vez em quando, para ver se não estava sendo seguida, ou então, para conferir se não havia ninguém que pudesse me surpreender a minha frente. A barra estava limpa, e eu só tive que parar, quando estava no subterrâneo do Castelo.
 


Quando toquei no mapa com minha varinha, este me informou a senha para entrar no salão comunal da Sonserina. Era um aposento comprido, as pedras da sala eram bem rústicas, no teto, havia correntes de luzes redondas e esverdeadas. As cadeiras da sala sonseriana eram de espaldar alto, e um tanto sombrio. Para quem leu Hogwarts: Uma história, isso não era novidade...
 


Por ser um dia de sol, não havia estudantes, na sala comunal. E sem perder tempo, corri para o quarto que o mapa apontava, mostrando ser de Scorpius. Quando abri a porta do dormitório não perdi tempo, afinal, qualquer um poderia chegar, e não iam gostar de me encontrar ali. Encontrei seu malão aberto do lado de sua cama, com suas iniciais escritas em prata, comecei a jogar tudo pra fora, procurando o meu colar.
 


Havia passado quase vinte minutos que eu estava ali, conferi o mapa mais uma vez, e não havia ninguém por perto, continuei procurando, bagunçando sua cama, sua cômoda, procurei nos bolsos das calças, e nada. Voltei a procurar, jogando tudo de qualquer jeito no malão, nada.
 


- IMPOSSÍVEL! Onde está?
 


- Procurando por isso Weasley? – Respondeu Malfoy, chegando mais perto de mim, mostrando meu colar em seu pescoço. – Como entrou aqui?
 


- É... Entrando!
 


- Como entrou em meu quarto Weasley? Como descobriu a senha da Sonserina? Alguém te contou? – Ele falava com raiva nos olhos, apertei bem forte o mapa no meu bolso, com uma das mãos, e segurei minha varinha com a outra. – O que você pegou?
 


- Eu não peguei NADA! - Disse o mais calma que meu estômago agitado permitiu. Ah, ele é tão lindo!
 


- O que tem no seu bolso? Anda, esvazia os bolsos, Weasley.
 


- Tem certeza? – Ele confirmou com a cabeça. – Confundo. – Disse, apontando a varinha em seu rosto.
 


Não sabia quanto tempo eu tinha, mas não estava querendo descobrir, corri o mais rápido que minhas pernas agüentaram. E fui em direção aos jardins, encontrei Thiago deitado na grama, joguei o mapa em seu colo e olhei para trás, lá estava ele. Como ele se desfez do feitiço tão rápido? Não sabia se queria descobrir a resposta, voltei a correr, deixando cinco marotos assustados com a minha sanidade.
 


Não demorou muito até Malfoy me alcançar, ele segurou o meu braço, e me dei por vencida parando de correr, mas ele não, e caímos os dois no chão. Ele em cima de mim. Comecei a chorar, meu braço estava em uma posição que não deveria ficar, ele não se importou, ou então não percebeu. Virou meu corpo, fazendo eu ficar de frente pra ele. Ele estava sentado em cima de mim, e segurava meus braços com as pernas enquanto mexia nos meus vários bolsos...
 


- Eu não peguei nada, Malfoy. – Disse em meio a lágrimas. – Eu juro que não peguei nada, TA DOENDO! SAI DE CIMA DE MIM! – Gritava para ser ouvida, mas ele nem olhava pra minha cara.
 


Continuava sua busca, procurando em todos os bolsos da minha roupa, ele não olhava pro meu rosto, e seus olhos transmitiam raiva. Ele era tão lindo, que olhos eram aqueles? Eu me perguntava, mesmo com a vista embaçada.
 


- Vai ser interessante você explicar para a Diretora Minerva, o que fazia no quarto de um sonserino, não acha? – Ele perguntou, saindo de cima de mim.
 


- EU TE ODEIO, MALFOY. – Não, eu te amo. Mas no momento, meu ódio subiu ao meu rosto, me deixando completamente vermelha e trêmula. – Me devolve, por favor? – Segurei mais lágrimas que queriam descer pelo meu rosto. – Devolve meu colar.
 


- Devolve pra ela, Malfoy! O colar é dela! – Disse um Alvo, nervoso, que aparentava mais coragem do que realmente tinha. Seguido por quatro Marotos enfurecidos.
 


- E qual dos seus namorados vai te defender, Weasley?
 


- Por favor, Malfoy. Eu sei que você não vai falar nada para ninguém! Devolve, por favor!?
 


- Como você tem tanta certeza disso, Rose? Devolver, porque? Eu não devo nada, NADA a você. Ou você já esqueceu da viagem de trem?
 


Ele me deu as costas e saiu, cinco varinhas apontadas em suas costas. Mas tudo o que eu falei para os marotos foi, “Vocês não vão fazer nada, ele sabe demais!”.E as cinco varinhas, apontaram para baixo, com um olhar de interrogação em minha direção. E Malfoy saiu cantarolando de volta para o castelo. Assim que ele deu as costas, eu pensei no segredo de Alvo, de que ele fingiu fazer uma azaração quando na verdade Thiago havia feito.
 


Mais lágrimas desciam pelo meu rosto encharcado, levantei do chão, e segui em direção a enfermaria, com os meninos logo atrás. Madame Pomfrey concertou o meu braço com apenas um aceno na varinha, e me deu uma poção para passar a dor, quando ela me perguntou: “O que aconteceu?”. Eu apenas falei “Cai da vassoura”.
 


Uma lágrima atrasada e solitária começou a escorregar pela minha bochecha, eu dei as costas aos marotos, e enxugando meu rosto, respirei fundo e declarei: “Vocês podem ir jantar, eu preciso, é, er... Com licença!” Terminei a frase, segurando um gemido de tristeza.
 


A pedido de Alvo, os meninos não voltaram a tocar no assunto Malfoy, mas sempre que eles achavam que eu não estava prestando atenção, eles planejavam uma vingança ao meu loiro. Meu loiro?
 


Eu passei as semanas que se seguiram, totalmente desligada, pensando em como podia ter um sentimento tão bonito por um nojento, asqueroso menino como Scorpius. E foi com esse pensamento, que passei a não comer nada, tamanha a depressão que chegara. Ele havia recebido meu bilhete, certo? Afinal Slight estava com ele. Ele pegara o meu colar, quebrara o meu braço e... Ele sabia o segredo de Alvo.
 


Estávamos quites? Pararíamos agora de nos enfrentar nos corredores? De nos ofender com apelidos ridículos como “sabe-tudo”, “puxa-saco”, “mestiça-filha-de-trouxa”, “doninha”, “loiro-aguado”, “filho-de-trasgo”, e toda e qualquer variações de ofenças que conseguiamos encontrar. As imitações que ele e seus amigos faziam de mim, levantando o braço, como se fosse responder uma pergunta de um professor, era o que mais me irritava. 
 


Outubro chegara com direito ao Baile de Inverno, devido ao Dia das Bruxas, toda a escola compareceu, com exceção de mim. Desde o dia da enfermaria eu parara de me alimentar direito, sofria de insônia, me isolava de qualquer um, e sempre que não tinha ninguém olhando eu chorava por Malfoy...


 


Novembro chegou, assim como a obsessão do Scorpius e seus amigos em me irritar, me seguiam para todos os lugares, iam onde quer que eu fosse, durante as aulas, me observavam, me ofendiam, me imitavam. E mesmo quando não estávamos na mesma turma, eles me esperavam do lado de fora, nas horas das refeições, eles ficavam me encarando. Devido à atitude que eles haviam adquirido, tudo o que eu fazia era me isolar cada vez mais, me esconder, sempre que possível, no salão comunal, na biblioteca, ou no meu quarto.
 


Era um sábado de manha, quando recebi uma carta de Lily, eu estava deitada na cama, lendo um livro de transfigurações para passar o tempo, quando Pichitinho bateu com o bico em minha janela. Eu o deixei entrar, e ele foi de encontro com Slight, que estava em cima do armário, assim que entregara a carta, presa em sua garra. Quando abri a carta, assustei com as manchas que se espalhavam no pergaminho, pois, ou Pichitinho tomara muita chuva, o que eu duvidava, ou Lily chorara muito enquanto escrevera a carta, e por pior que fosse a verdade, a letra dela estava um garrancho, como se ela soluçasse enquanto a pena arranhava o pergaminho.


 
 


Querida Rose,


Estou extremamente chateada com você, porém quem pede desculpas sou eu.


Admito que minha preocupação só aumentou a partir da carta numero 237, gostaria de explicar o porque de minha atitude, antes de contar o que eu fiz.


Como faz, pouco mais de dois meses que suas aulas começaram, a quantidade de cartas que você me mandou até então me impressionaram, pelo que você pode perceber, você me enviou aproximadamente cinco cartas por dia nos últimos quarenta. Suas observações e seus “PS’s” no fim de cada carta, dizendo que você esta bem, e implorando de certo modo, para que eu não me preocupe, fizeram de mim, mais aterrorizada do que eu já estava.


Eu havia pedido, implorado na verdade, para que você me escrevesse sempre que possível, e a sua quantidade de “horas vagas” para escrever praticamente as mesmas coisas em extensas folhas de pergaminho me fazem pensar em quantos amigos de verdade, você fez até então, e o que você anda fazendo.


Espero que agora você entenda, o porque me senti obrigada a escrever para Thiago e Alvo, e a resposta em sua maior parte contraditória de ambas as cartas me fazem pensar que esta faltando alguma coisa, e que você deve sim, estar escondendo algo de mim. Este então é o motivo de eu estar chateada com você.


Depois de comparar as cartas de Thiago e Alvo, as únicas coisas que eu posso concluir é que você virou um zumbi,  não anda comendo nada, está branca e raquítica, eles estão errados?  Que você não sai do quarto, a não ser para ir as aulas, e sempre inventa uma desculpa para não ficar por assim dizer, em público. E esse é apenas um dos motivos de te pedir desculpas. Fiquei tão brava com você, que nem ao menos havia me preocupado com sua saúde. Então por isso eu lhe imploro, para que fale de uma vez o que você tem. E desculpe novamente, porque se na próxima carta eu não acreditar em você, mostrarei as cartas de Thiago e Alvo para a sua mãe. Então seja sincera, sim? Você tem uma semana!


Espero que possa me perdoar por isso. Mas não estou blefando.


Com carinho,


Lílian.


P.S: Pichitinho esperará por sua resposta, o alimente, por favor.

 


Foi como receber um tapa na cara, uma azaração quando menos se espera, uma espadada nas costas, mas não de Lílian, e sim de mim mesma. Chorei de mais, quando terminei de ler. Enquanto alimentava as corujas, parei para pensar, que tentando tranqüilizar uma pessoa que não estava preocupada comigo, eu a assustara. E só então eu parei para pensar o porque de esconder a verdade de Lílian, se eu confiava tanto nela e sabia que ela me entenderia, mesmo que eu admitisse que a razão de eu estar assim, era por causa de um sonserino.
 


Não perdi tempo, no mesmo instante peguei um pergaminho em branco, e falei tudo, exceto o nome do Sonserino. Desde o primeiro instante do trem, até o dia do barco, o dia do colar e Slight, tudo que me fizera sentir tão humilhada.
 


Implorando desde o começo até o fim, que ela queimasse aquela minha carta, quando lesse a última frase, e caso os irmãos dela ou alguém perguntasse, ela não sabia de nada, muito menos da existência dos novos marotos. Pedi milhares de desculpas para ela, por não ter contado todos os detalhes antes. E falei que não se preocupasse mais, que eu estava descendo no mesmo instante para me encontrar com Madame Pomfrey, a medibruxa e pedir a ela alguma poção, que pudesse aumentar meu apetite, ou que me deixasse um pouco mais forte.

 


- Pichitinho, terminei! Você já pode ir? Ou prefere dormir?
 


Pichitinho voou até meu lado na cama permitindo que eu amarrasse a carta em suas garras. Abri a janela e ele desapareceu segundos depois.
 


Quando abri a porta do quarto, Slight me seguiu. Corri até a enfermaria. Levei uma bronca de praticamente uma hora da enfermeira, por não ter ido lá antes, enquanto engolia quinze doses de poções diferentes, pois estava extremamente desnutrida. Eu não havia reparado até a carta de Lily, o quanto andava pálida e nem ao menos, como meus braços e pernas estavam finos.
 


Minha boca branca como giz, comparada com a mancha negra que se formava em baixo dos meus olhos vermelhos. Não havia percebido o quanto eu estava magra, nem ao menos percebi como andava tão anti-social nos dias que se passaram após a humilhação na frente dos Marotos.
 


Sentia-me tão bem, depois de tanta poção, que Slight saiu do meu ombro, e foi embora, só então eu percebi que até ela estava preocupada comigo, me seguindo o tempo todo. Quem estava péssima era eu, e ela queria me fazer companhia! Quando sai da enfermaria três horas depois, fui ao banheiro tentar ficar com uma aparência melhor ainda, na frente do espelho fiz um Feitiço para Animar, em mim mesma, com sucesso, algo que nem eu acreditava que conseguiria. Não havia reparado na diretora Minerva, parada ao meu lado, no espelho. Quando ela viu o que eu havia feito, deu palmas e me deu os parabéns, pelo feitiço realizado, principalmente um Feitiço de Nível de prova do 2º ano.


- Depois disso, Srta Weasley, cinqüenta pontos para Grifinória. – Ela saiu abobada do banheiro e depois dessa noticia, as risadas e animações vieram espontaneamente.
 


Encontrei os marotos no refeitório, sentados um próximo ao outro. Fui em direção a eles, vi Malfoy parado em minha frente, e lhe dei um sorriso, gostaria de pensar que era por causa do feitiço, mas eu sabia que não era. Mas foi com espanto que ele me olhou, e eu não queria saber o motivo.
 


Eles estavam sentados na metade da mesa da Grifinória, almoçando. Os cincos cabisbaixos, quando voltei a avistá-los, corri em direção a eles, sem me importar com os olhares que eu atraia, não ligava se as pessoas me achassem louca, mas tudo o que eu queria era, era... Falar com Richard!
 


- Vocês são tão desanimados assim, quando eu não estou por perto?


- ROSE! ROSE! – Eles falaram, praticamente juntos!


- Marotos, sentiram a minha falta?


- Rose, você está maravilhosa, o que você fez? – Disse um Richard com um sorriso bobo, parado no rosto. Quando ele terminava a frase, levou dois tapas na cabeça, um de Thiago e outro de Alvo, que disseram juntos “Ela é minha prima, Richard”. Eu apenas dei risada com muita vontade, e ele respondeu olhando para os dois lados, em meio a gargalhadas. – Mas não é MINHA!
 


- Dei uma passada na enfermaria, e tomei algumas poções. – Disse dando risada, mais uma vez. – Mas é com você mesmo que eu quero falar Richard. – Todos me olharam assustados, inclusive John e Robert, que nunca falavam comigo. – Me empresta a sua vassoura?
 


- Para que?
 


- Para que você acha? Para voar! – disse animada.
 


- Mas Rose, está chovendo! – Disse um Alvo assustado com a minha sanidade mental.
 


- Melhor ainda, Alvo! Há quanto tempo não voamos na chuva? – Mas quem respondeu foi Thiago.
 


- Desde que a sua mãe proibiu, no dia em que você escorregou da vassoura e quebrou o braço. Ela vai te matar quando souber!
 


- Ela não vai me matar, porque ela não vai descobrir!
 


- Eu não falei que ia contar! – disse Thiago se defendendo. – E você acaba de falar como um Maroto, Rose! – completou sorrindo.
 


- Estamos esperando o que mesmo? Porque vocês não levantam da mesa?
 


- Porque você ainda não almoçou. – Disse Robert, me olhando.
 


- Que não seja por isso. – Eu sentei ao lado de Richard e Thiago, peguei um prato e fiz uma montanha de comida em cima dele, e em menos de quinze minutos acabei. – Mais algum empecilho? – Disse, ao engolir a última garfada.
 


Todos se levantaram rindo, contagiados pelo meu bom humor, pegamos as vassouras e corremos para o jardim, sem nem ao menos nos importar com a chuva gelada que nos encharcava. Richard me deixara usar sua vassoura, enquanto ele usava uma Commet 350 da escola.
 


Eu voava sem nem ao menos segurar no cabo da vassoura, com os braços abertos deixando minha roupa pesada de água. Agarrei o cabo da vassoura com as duas mãos, e comecei a girar em círculos a 150 metros de altura, como se eu estivesse em um gira-gira trouxa, diminuindo de altura conforme girava. Quando reparei as gargalhadas que arrancara não só dos marotos que voavam ao meu lado, mas de uma multidão, que nos seguiram até o jardim. Estávamos sendo observados até mesmo pelas janelas, e entre as pessoas que nos olhavam, estava Scorpius Malfoy. Foi a primeira vez em semanas, que as borboletas não me deixaram depressiva, estava tão feliz no momento que elas simplesmente se juntaram a minha felicidade.
 


Depois de quase duas horas voando. Resolvemos voltar ao castelo, os meninos foram guardar as vassouras enquanto Robert me fazia companhia.
 


- E então, você vai me contar o porque estavam com aquela cara na hora do almoço, ou vou ter que duelar com você?
 


- Nós não queríamos te deixar chateada, Rô! Não depois que vimos o humor maravilhoso em que você se encontra agora. – Disse um Robert, segurando-me pelo braço.
 


- Pode me falar. Juro que não fico chateada.
 


- Nós perdemos, um pouco antes de você aparecer para almoçar, uns produtos da Geminialidades Weasley, que estava nos nossos bolsos... Filch nos revistou na presença do Professor Bins. Perdemos alguns pontos...
 


- Eu realizei um Feitiço de Animar no banheiro, Minerva viu e me deu 50 pontos!
 


- Você fez o que?
 


- Um fei... Você realmente não ouviu o que eu falei?
 


- Claro que eu ouvi Rose, mas isso é matéria de 2º ano. E as suas aulas começaram agora, e... Você ta falando sério né? Não é nada que você tenha inventado para me animar, certo? – Ele perguntou com uma cara tão desanimada, que eu não resisti... Apontei minha varinha no nariz dele e fiz o feitiço nele, em milésimos de segundo ele estava dando gargalhadas, e falando de um jeito engraçado, com as mãos na frente da boca. - Não consigo acreditar que você fez isso! – disse tentando em vão, segurar o riso com a sua mão.
 


- É, eu também não acreditei quando vi que tinha dado certo.
 


- O que aconteceu, Rose? Porque você estava tão mal nesses últimos dias? Eu perguntei aos meninos e eles não souberam responder!
 


- Bom, eu também não sei dizer, Robert. Mas acredite. A pessoa certa, falou a coisa certa para mim. E eu vi que não queria decepcionar ninguém.
 


- Poderia saber que pessoa é essa?
 


- Não é nenhum segredo, é minha melhor amiga!
 


- Você diz de Melanie, Sofia ou Alice?
 


- Quem são essas? – Perguntei de olhos arregalados.
 


- Oras, Rose, em que mundo você vive? As suas companheiras de quarto...
 


- Ah, não, claro que não. Foi a minha melhor amiga, minha prima Lílian, irmã de dois marotos que você conhece.
 


- Eu devia ter imaginado, eles sempre falam dela!
 


- Robert, solte a prima deles. – Disse Richard, enquanto dava um tapa nele.
 


Eles haviam chegado, já estavam secos e sem vassouras.
 


- O que é isso, Alvo? – Perguntou Robert, encarando a caixa que meu primo trazia nas mãos.
 


- Xadrez bruxo, desculpe, esqueci que você é péssima nisso, Rose!
 


- Não se preocupe, fico apenas olhando!
 


A noite foi mais perfeita do que o dia, ficamos sentados no salão comunal, enquanto apenas observava eles jogando, segurei minha cabeça com as mãos, pensei que apesar de não ter a companhia de Lílian, tinha seus dois irmãos, para me lembrar das tardes e das noites em casa, e ainda três novos amigos. Bom com exceção de John, que me deixava irritada. Amigos para a vida inteira. Eu estava em casa, Hogwarts era agora, a minha segunda casa!


***


- LUMUS.

N/A: Capítulo betado dia 21/02/2012, já sabem o que fazer se repararem em algum erro certo?


COMENTEM!


- NOX.
 

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Comentários (6)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    Q BOM Q ELA MELHOROU :)))))))))))))))#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :) 

    2013-01-29
  • Alice E.D.S.

    Roose apaixonada Muito fofo os marotos, sempre cuidando da RoseScorpius grosso  Rose super inteligente *---* 

    2013-01-17
  • Alice E.D.S.

    “Queria te dar uma rosa, mas elas morrem rápido. – Papai falou, acariciando sua barriga, com um sorriso no rosto. - Então lhe comprei este colar, amor. – Papai entregou-lhe o presente sem cerimônias. - Olhe para o pingente, Mione, É uma rosa! –Mamãe sorriu com o espanto do marido no rosto. - O que esses trouxas não deixam de inventar, hein?”.AAAAAAAAAAAAAAH QUE FOFO 

    2013-01-17
  • Lana Silva

    Cada capitulo merlhor que o outro* ---------------------------- *

    2011-10-08
  • Ana CR

    Opa, vou continuar sim! Estou tentando tirar os erros mais drasticos de portugues do próximo capitulo, ai eu posto! Postei o Cap 5 hoje, tento postar o 6 assim que terminar de revisá-lo... Obrigada pelo comentário *.*

    2011-07-26
  • Vitoria Weasley Malfoy

    por favor continua

    2011-07-26
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