Passagem rápida - parte 1



PASSAGEM RÁPIDA PELOS ACONTECIMENTOS


            O meu segundo ano em Hogwarts foi mais comprido do que eu achei que seria. Como era de se esperar, Lílian e Hugo entraram na Grifinoria, e geraram gritos de felicidade por toda a mesa enquanto eles andavam em nossa direção.


Logo no terceiro dia de aula, um pergaminho foi pregado no Quadro de Avisos do Salão Comunal da Grifinória, e alunos de todas as idades passavam e se demoravam conferindo o que estava escrito. Havia acabado de tomar banho e desci para me encontrar com os meninos (John, Richard, Robert, Thiago, Alvo e Hugo), eles estavam com cara de sono, sentados próximo à lareira apagada, esperando por mim e Lílian.


- O que tem de tão interessante naquele quadro? – Perguntei a Lílian que se juntava a nós.


- Escutei umas meninas falando que se tratava de Quadribol... – Hugo deu um grande bocejo e terminou de falar. – Alguma coisa sobre vagas...


Escutando o que meu irmão tinha a falar, corri para o Quadro de Avisos e com muita dificuldade tentei ler o que estava escrito no pergaminho. Não perdi tempo, e escrevi meu nome para a vaga de goleira.


            Os testes foram realizados no sábado que se seguiu, e durou a manha inteira. Com exceção do primeiro ano, parecia que todos os alunos queriam entrar no time. E é com muito orgulho que posso anunciar, fui escolhida para goleira! Só fiquei mais feliz ainda quando descobri que Thiago conseguira a vaga de segundo batedor, e Zeki permanecera em seu cargo de anos atrás. Robert conseguiu uma vaga de artilheiro.             Quanto a Alvo e os outros, alegaram que preferiam assistir aos jogos ao invés de jogar diante da escola inteira, e nem ao menos se inscreveram. Eu sabia que o medo de Alvo era não conseguir entrar, mas não disse nada a ele nem a ninguém.


Ao contrário do que eu havia imaginado, minha entrada no time foi motivo de comemoração, pude escutar Zeki comentando com os outros integrantes que o time desse ano prometia, e que ficou muito feliz com o resultado dos testes, e principalmente a minha entrada no time, algo que me deixou vermelha, da cor dos meus cabelos.


Como era de se esperar, Scorpius não olhou na minha cara, desde a viagem de trem. Ele nem ao menos se dava ao trabalho de me humilhar, como sempre fazia, deixando essa tarefa para seus vários amigos de casa. Para minha felicidade, Hugo não voltara a tocar no assunto Malfoy, ele sabia que para eu tentar esquecê-lo, esse assunto teria que ser deixado de lado, mas isso não impedia as tão conhecidas borboletas travarem uma luta na boca do meu estomago todas as vezes que nos esbarrávamos nos corredores. E os meus sonhos, aqueles que envolviam a imagem de seu rosto em todos os momentos e situações, só pioraram.


Lá pelo mês de novembro, recebi uma noticia que revirou meu mundo de cabeça para baixo, Tom, capitão do time da minha casa, contou em um dos treinos a escalação de jogadores da Sonserina, e não é que Malfoy fizera questão de entrar no time? Os boatos diziam que ele era um ótimo goleiro, para o meu desespero... Porque ele tinha que entrar no time? Ainda mais na mesma posição que eu? Isso só poderia ser brincadeira de mau gosto!


Mas após o primeiro jogo, Sonserina contra a Lufa-Lufa, eu pude comprovar com meus próprios olhos que os boatos, apesar de tudo, eram verdadeiros, Malfoy era realmente brilhante. Porem meu maior desgosto foi descobrir que todas as meninas pensavam o mesmo, e antes mesmo das férias de Natal, ele se transformara no maior pegador de Hogwarts... Pegador de meninas e não de pomo de ouro! Do jeito que os rumores iam, faltava muito pouco para Scorpius ficar com fama de galinha aos doze anos, e isso só serviu para eu me empenhar cada vez mais em esquecê-lo.


Apesar do segundo ano ter sido longo, nada mais importa para mim, no mês de fevereiro, recebi um presente anônimo no dia dos namorados, igual ao que eu recebera no primeiro ano, só que dessa vez a rosa dentro do globo de vidro era branca, e a fumaça que se produzia ao sacudir o globinho era branca também, e seu cheiro me fez sentir em um jardim de rosas. A inscrição gravada no vidro era a mesma: “Os homens cultivam milhares de rosas em seus jardins, mas não encontram o que procuram. No entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa única rosa”. E mais uma vez, me vi segurando o presente do garoto desconhecido; perplexa com a beleza e simplicidade do presente.


Quando o ano chegou ao fim, a Grifinória ganhou o Campeonato das casas, e sem querer me vangloriar, isso só aconteceu porque o nosso Time de Quadribol ganhou os jogos, nos rendendo muitos pontos na contagem final.


As férias foram maravilhosas mais uma vez, exatamente como tinham que ser. E num piscar de olhos estava no terceiro ano... Como foi o meu terceiro ano? Maravilhoso! Tudo bem, nem foi tão bom assim... Estava mais uma vez dentro do conhecido trem, com destino a Hogwarts, na minha cabine, como era de se esperar, nós nos apertávamos para que todos pudessem sentar. Alvo, Thiago e Hugo, juntamente com John e Robert debatiam “Qual o melhor time de Quadribol do Mundo”. Enquanto isso eu olhava para fora da janela, tentando me isolar da discussão que demoraria dias. Espremidos ao meu lado estava Lílian e Richard, eles conversavam dando altas gargalhadas, o que chegava a me incomodar...


Não, eu não estava com ciúmes de Richard, estava com ciúmes de Lílian, que desde que o conhecera, não desgrudava dele. Tudo bem, eu estava com um pouco de ciúmes de Richard, mas não um ciúme romântico, sabe? Matava-me por dentro, pensar que ele estava roubando a minha melhor amiga, a minha prima. E foi com esse pensamento que os fitei mais uma vez, rindo um do outro, sem desgrudar os olhos por um segundo, vi quando ele tirou uma mecha de cabelo dos olhos dela, empurrando-o para trás de sua orelha, e o modo que as bochechas da minha prima ficaram vermelhas da cor de seus cabelos. Eu era a única que olhava para eles? Estava tão na cara que eles se gostavam, que eu não conseguia entender o porque de Alvo e Thiago não fazerem nada.


Se fosse comigo, eles teriam batido na cabeça de Richard por chegar tão perto de mim. E foi com esse pensamento que eu olhei para os meus primos e me dei conta... Eles não estavam com ciúmes, pois não perceberam o que eu percebi. Não a olhavam como eu olhava. E quem sabe por não conhecê-la tão bem como eu, não se deram conta que aquilo que eu presenciava, morrendo de ciúmes, era amor.


Mais uma dica para a minha descoberta era o fato de que Lílian só elogiava Richard quando estávamos sozinhas, e que aos olhos dela ele não tinha defeitos, porque até mesmo os seus defeitos eram maravilhosos e o tornavam único. Parei pra pensar mais uma vez, quem mais perceberia o que estava acontecendo entre uma menina do segundo ano e um garoto do quarto? Para qualquer um que olhasse veriam grandes amigos, porque é isso que todos nós éramos.


Fiz um esforço para parar de encará-los, de certo modo, sabia que Lílian teria que aproveitar essa oportunidade, porque o primeiro amor é único! Amor? Quem sou eu para falar de amor? Até onde todos sabiam, eu era a sabe-tudo irritante da Grifinória, goleira do time de Quadribol e famosa por causa do sobrenome. A patética Rose Granger Weasley, que dera o primeiro beijo em um amigo, por pena, e fora convidada para sair com Zeki, e recusara o convite por medo! Mas tudo isso estava tão errado, e eu não poderia fazer nada para concertar. O que poderia dizer? Vocês estão errados, meu primeiro beijo foi com Scorpius e eu neguei sair com o Zeki porque amo um Malfoy?!


Ah, se Hugo soubesse o que eu acabei de pensar, ficaria tão bravo comigo que me recuso a pensar nisso! Há exatamente um ano atrás eu prometera a ele que esqueceria o sonserino, durante o ano que se passou, eu prometi a mim mesma que faria isso. E já faz um ano que eu tento esquecê-lo. Deveria ser fácil, não? Ele já não olhava na minha cara, e evitava chegar perto de mim, mas meus olhos os seguiam a todos os instantes e o aperto no estomago era constante.


- Está tudo bem, Rose? – Lílian me perguntou assustada. – Porque está chorando?


- Chorando? Eu não estou chorando, Lily. – Enxugava minhas lágrimas ao falar. – Eu vou ao... Vou ao banheiro. – Levantei-me em um pulo, tentando passar pelo aglomerado de pernas que estavam em meu caminho. – Com licença.


- Eu vou com você. – Lílian abriu a porta que estava ao seu lado e saímos juntas da cabine. – Porque estava chorando, Rose?


- Não quero falar sobre isso, Lílian. – Abri a porta do banheiro e entrei, Lílian entrou junto comigo. – Esquece isso, ta? – Apontei para meu rosto, para ela entender sobre o que eu falava.


- É por causa dele, não é?


- Sim. Como você sabe? – Olhei Lílian, eu estava assustada por ela descobrir tão rápido, mas não esperava que ela fosse começar a chorar também.


- Se é assim, eu vou me afastar dele. – Ela falava entre lágrimas. – Eu devia ter imaginado! Devia ter te perguntado... Não sabia que você ainda tinha sentimentos por ele, e...


- Lílian, por favor, pare de chorar... – Eu a abracei e ela devolveu o abraço. – Eu não estou entendo o que você está falando... – Ela soluçava agora, me deixando ainda mais assustada. – Do que está falando?


- Eu devia ter te perguntado, mas achei que não gostasse mais dele...


- De quem você está falando?


- Do Richard, é claro.


- Richard? Acha mesmo que estou assim por causa dele? – Eu me separei do abraço apenas para olhar em seus olhos. – Eu não gosto do Richard, Lílian! – Ela me fitou assustada, uma pergunta muda passou pelos seus lábios. – Eu estou falando do... Do...


- Ah, Rose, o “sonserino”?


- É. – Minhas bochechas coraram. – Eu o vi agarrado com a Ophélia, antes de entrarmos no trem, e...


- Ophélia? Ophélia Gaylord? – Ela me perguntou e viu eu assentir com a cabeça. – Impossível, Rose, você deve ter visto errado, ou então confundido ele, porque eu vi muito bem Scorpius Malfoy agarrado com ela, e... – Ela parou de falar e me encarou, respirei fundo e prendi a respiração quando percebi o tamanho da dica que havia dado a ela. Podia escutar o cérebro de Lílian funcionando, até que ela gritou um alto e sonoro: – NÃO! – Minhas mãos voaram para tampar a sua boca, antes que ela falasse mais alguma coisa e alguém a escutasse.


- Sim? - Lílian com muito esforço, arrancou minhas mãos de sua boca. – Promete não gritar comigo? – Falei, antes que ela tivesse chance de falar qualquer coisa.


- Eu preciso sentar. – Ela foi até a privada, baixou a tampa e se sentou. – Agora tudo faz sentido... – Pude ver seu olhar vagar perdido para cada canto do teto acima de nós. – Por isso o segredo? Muito bem, espero que não seja uma brincadeira, porque devo admitir que ela seria de muito mau gosto...


- Não é uma brincadeira.


- Tudo bem. – Ela revirou os olhos e continuou. – Mas não tenho com o que me preocupar, certo? Você prometeu ao Hugo que esqueceria o sonserino, e é isso que você vai fazer! Não é?


- Estou tentando. – Disse entre dentes. – Mas não é tão fácil quanto parece...


- Por hora, tentar já é o bastante... – Ela falou se levantando. – Então, nenhum problema pra você se eu sair com Richard, no próximo passeio a Hogsmead? – Ao me ver balançar a cabeça de forma negativa, abriu um largo sorriso e destrancou a porta. – Acho que você deveria fazer isso, entende? Sair com outros garotos, e tirar da sua cabeça essa loucura. - Depois de me recompor no banheiro, sai atrás dela.


No primeiro dia de aula, a diretora McGonagal fez o terceiro ano se reunir no Salão Principal após o café da manha. Ela nos explicou que esse ano seria um pouco mais puxado que os dois últimos, pois éramos obrigados a acrescentar duas matérias em nosso currículo escolar. A diretora segurou a varinha com sua mão direita, e apontou para a própria garganta, sua voz saiu alta, como se ela estivesse falando em um microfone trouxa:


- As opções que vocês tem são: Runas Antigas, Aritmância, Trato das Criaturas Mágicas, Adivinhação e Estudo dos Trouxas. – Com a mão esquerda ela apontou para a mesa, antes de prosseguir com seu anúncio. – Em cima dessa mesa, vocês vão encontrar uma boa explicação do que se resumem as matérias. Vocês têm até a hora do almoço para se decidir.


- O que você vai querer, Rose? – Alvo me perguntou, chegando mais perto de mim, com os folhetos na mão. – Eu estava pensando em Trato das Criaturas Mágicas e Adivinhação...


- Runas parece ser bem interessante, não? – Perguntei a ele com duvida. – Mamãe sempre falou de Runas e Aritmância, mas eu me pergunto como seria estudar os trouxas, sabe?


- Mas Rose, sua mãe é nascida trouxa. O que você aprenderia sobre eles, que ainda não sabe? – Alvo ergueu uma sobrancelha para mim.


- É, tem razão, eu acho. – Olhei para ele, e vi sua expressão voltando ao normal. – Vou conversar com Minerva... - A diretora estava sentada atrás da mesa onde se encontrava os folhetos, quando viu que eu me aproximava, me olhou por cima do óculos sorrindo.


- Já se decidiu, Weasley?


- Mais ou menos professora. – Disse com um sorriso tímido no rosto. – Na verdade estou com uma dúvida.


- Prossiga...


- Gostaria de saber como ficaria meus horários se eu optasse por três matérias...


- Você não deixa dúvidas que é filha da sua mãe. – Minhas bochechas ficaram vermelhas com o comentário. – Quais seriam as matérias?


Ao entregar para ela os folhetos que eu escolhera, ela pegou um pergaminho em branco e com a varinha montou um horário para mim, entregou para que eu pudesse olhar melhor.


 


2ª feira: Transfiguração e Poções


3ª feira: História da Magia e Herbologia


4ª feira: Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas


5ª feira: Runas Antigas e Astronomia


6ª feira: Aritmância e Estudo dos Trouxas


 


Na primeira semana achei que ficaria louca. Foram poucos os alunos que haviam escolhido três matérias a mais, ao invés de duas. E foi a semana mais pesada que já havia tido em Hogwarts, pois precisava conciliar meu tempo vago (que seriam apenas para estudar), para treinar Quadribol também. E devo afirmar que apesar de tudo isso estar me deixando louca, era ótimo ocupar a minha mente, e esquecer o assunto Scorpius.


 


Em uma das minhas idas a biblioteca, tive o desprazer de encontrar Malfoy, ele estava agarrado, ou melhor, ele estava sendo agarrado por Ofélia em um canto do corredor escuro. Tudo que podia escutar era um barulho de ralo sendo desentupido, o que me deixou levemente constrangida e morrendo de raiva. Meu sangue estava fervendo enquanto tentava desviar meu olhar daquela cena repulsiva, e colocar meu coração em seu devido lugar, já que ele insistia em tentar sair pela minha boca.


- Boa noite, Rose. – Escutei uma voz atrás de mim. – Está indo jantar? – Olhei para trás para ver quem era, e não me surpreendi quando Zeki se aproximou mais.


- Já jantei. – Sorri para ele, tentando disfarçar meus reais sentimentos de segundos atrás. – Estava indo a biblioteca, devolver esses livros. – Disse mostrando a pilha de livros que segurava nas mãos. – Me acompanha?


- Sim, claro. – Ele disse sorrindo. – Preciso pegar um livro mesmo... – Sem que eu respondesse ou começasse a andar, ele retirou os livros de minha mão e carregou para mim, deixando minhas bochechas rosadas com o constrangimento.


- Er, e então, como está indo o quinto ano? Muito puxado, imagino?


- Sim, sim. – Ele disse rindo. – Não posso vacilar agora, ano de NOMS, sabe?


Devolvemos os meus livros a biblioteca, como pretendia, no caminho de volta a torre da Grifinória, Zeki me segurou pelo braço, impossibilitando que eu continuasse a andar.


- Queria te fazer uma pergunta, se não se importa... – Eu assenti. – Quando eu te chamei para sair no seu primeiro ano, acho que fui um pouco apressado... – Ele sorriu envergonhado e continuou. – Quer dizer, eu nem havia me apresentado ainda, e...


- O que quer me perguntar Zeki?


- Quer sair comigo, Rose? No próximo sábado, tem passeio a Hogsmead, e eu imaginei que...


- Aceito. – Tentei dar o meu melhor sorriso. – Onde agente se encontra?


 


Não, eu não fiquei louca, nem nada do tipo, apenas segui o conselho de Lílian, se era para esquecer Scorpius, teria que me esforçar mais, saindo com outras pessoas. O passeio de Hogsmead chegou e me encontrei com Zeki Hawk. E sinto que tenho a obrigação de confessar, que apesar dos beijos de Zeki, não chegarem aos pés dos beijos de Scorpius, foi muito mais prazeroso que o beijo “forçado” que dera em Richard no primeiro ano.


Se meus primos ficaram com ciúmes? Acredito cegamente que se não fosse Lílian e Richard chegarem de mãos dadas e anunciar que estavam namorando, eles teriam prestado bem mais atenção no que eu estava fazendo. Enquanto ela tentava acalmar seus irmãos dos ataques de fúria, deu uma piscadela para mim, e eu sabia o que significava, era a aprovação dela para o que eu tinha feito, e pelo que eu estava fazendo.


Meu irmão foi quem mais me surpreendeu, estava estampado no rosto de Hugo que ele não aprovava ver a irmã namorar pelos cantos, mas ele não fez nada para impedir e tentou ao máximo esconder seus sentimentos. Algo me dizia que Lílian havia conversado com ele, e avisado que era provável que eu tomasse tal atitude para tentar esquecer o Scorpius, e isso pra ele era uma boa causa...


            Nesse dia, Zeki me pediu em namoro, levei um mês para dar uma resposta a ele, e por fim aceitei. Tive medo no inicio, sabia que era maldade aceitar seu pedido sem amá-lo de verdade, mas no fundo só aceitei, pois sabia que ele também não me amava. Mesmo sendo mais velho e bem mais experiente, ele nunca forçou a barra comigo, e eu o agradecia por isso. Era conveniente namorarmos, nos tornamos muito amigos conforme os anos iam passando, nos tornamos cúmplices. Ele me ouvia, era paciente, carinhoso, mas não grudento, engraçado... Por fim, ele me entendia!


            Scorpius? Mesmo que meus sentimentos por ele nunca mudaram, eu estava seguindo em frente, ele deixara bem claro que não gostava de mim, depois de passar o rodo em todas as meninas possíveis. Ofélia era a que mais me irritava, por ser a menos discreta delas, mas sabia que ela não era a única e nunca seria. Meu relacionamento com Malfoy? Nunca existiu, não é verdade? Ele nunca me cumprimentava, não falava comigo... Seus amigos sonserinos sempre me humilhavam quando possível, na verdade quando meu namorado ou primos não estava por perto...


 


Em todas as férias que se seguiram, Zeki passou comigo e com a minha família. A principio, meu pai não foi com a cara dele, foram necessários longos cinco minutos para ele idolatrar meu namorado e colocá-lo em um pedestal. Mamãe era mais discreta, entretanto, fazia de tudo para agradá-lo, assim como tia Gina e tio Harry paparicavam Richard. No natal passado, ele ganhou uma blusa de frio tricotada pela minha avó. Ele se deu tão bem com toda a minha família, que parecia fazer parte dela. Um dia Zeki me chamou para passar uns dias na sua casa, conheci seus pais e seu irmão mais velho. Embora estivesse um pouco tímida, fui muito bem tratada e acolhida.


Em um dia das férias, Zeki já estava acordado tomando café da manha junto com meus pais. Foi quando sete corujas entraram pela janela, com nossas cartas de Hogwarts.


- Já não era sem tempo. – Mamãe falou antes de esticar o braço e pegar as cartas. – Estão todas aqui. – Ela foi entregando as cartas conforme eu, meus primos, irmão, namorado e Richard estendíamos a mão para pegar.


- Sou capitão do time! – Zeki, me abraçou quando acabou de ler. – Capitão, Rose, acredita? – Depositou um beijo em meus lábios e correu para escrever uma carta para seus pais.


- Sou monitor! – Alvo me olhou sorrindo, e mostrando a carta para tia Gina.


- Eu não sou nada. – Thiago olhou para todos e ri. – Não, nem o Hugo, nem a Lílian e nem Richard! – Disse olhando por cima dos ombros do primo, da irmã e do cunhado.


- Sou monitora, Alvo! – Eu falei olhando feliz para meu primo. – Sou monitora, mãe! – Sorri, feliz da vida. - FOMOS OS ESCOLHIDOS, ALVO! – Disse fazendo uma dancinha com a carta na mão, gerando muitas risadas.


 


            A data do reingresso a Hogwarts estava chegando, fui para meu quarto adiantar a arrumação da minha mala. Reparei na quantidade de pergaminho amassado, caixas de chocolate vazias, e uma porção de lixo dentro do meu malão, que haviam se acumulado durante os anos. Então, tirei tudo de dentro, e comecei a fazer a limpeza, colocando todos os meus pertences em cima da cama, para organizá-los melhor.


- Já está arrumando as malas? – Zeki estava parado na porta do meu quarto, e com um sinal de mão, pedi que ele entrasse. – Quanto lixo, Rosie... – Ele sorriu, sentando no pequeno espaço que sobrara na cama. – O que é tudo isso?


            A principio não entendi sobre o que ele falava, até olhar para o canto da cama onde seu dedo apontava quatro globos de vidro. Cada globo possuía uma rosa armazenada, uma amarela, uma branca, uma cor de rosa, e uma laranja. Presentes que eu ganhara nos últimos quatro Valentine’s Day.


- Presentes. – Falei sem graça, torcendo para que ele não fizesse mais perguntas.


- Hum. – Ele me olhou profundamente. – Posso saber de quem?


- Pode.


- De quem, então? – Ele perguntou irritado.


- Não faço idéia. – Meu rosto ficou corado, da cor dos meus cabelos.


- Você não sabe? – Ele me lançou um olhar que beirava curiosidade e raiva.


- Já disse que não faço idéia quem pode ser...


- E porque não jogou fora, então? – Seria ciúme?


- Porque eu gostei. – E realmente gostava, sempre que queria me distrair, sacudia um dos globinhos, para perfumar o quarto.


            Sabia que Zeki não estava nem um pouco satisfeito com a minha resposta, e só vendo a cara que ele fez, quando me viu guardar os globos de rosa dentro do malão, para entender o constrangimento que eu senti. Por Mérlin, essa foi à única vez que ele me olhou com aquela cara, reprovadora.


            Faltava um dia para voltarmos a Hogwarts, e a família toda se reuniu para um jantar de despedida. Tudo estava maravilhoso, até tio Harry começar a falar em casamento.


- O Thiago será o ultimo a casar. – Alvo falou depois de um tempo. – Ele fica tão ocupado com os explosivins que só vai procurar uma namorada, quando sair de Hogwarts.


Todos começaram a rir, ao ver Thiago tentar se esconder debaixo da mesa.


- Eu quero me casar quando sair de Hogwarts. – Lílian disse esperançosa, segurando a mão de Richard. – E quero ter três filhos, assim como a mamãe.


- Eu quero ter um filho. – Alvo falou, espantando a todos. – Mas não quero me casar. – Completou rindo.


- Eu concordo com Alvo. – Hugo disse fazendo todos rir dos dois.


- Não terei filhos até me casar. – Falei, sem olhar para ninguém em especifico, apenas completando o pensamento de todos.


- Minha filha está se guardando para o casamento! – Papai falou feliz, olhando para minha mãe, e tomando um grande gole de whisky de fogo.


- Não papai, eu disse apenas que não terei filhos até lá.


Todos na mesa voltaram a rir, principalmente quando papai cuspiu toda a bebida em mamãe, que o olhou zangada e se limpou com a varinha.


Thiago pegou umas garrafas vazias de cima da mesa e tentou fazer um malabares com elas, as garrafas escorregaram de seus dedos suados e caíram no chão, quebrando em vários pedacinhos.


- Deixe essas besteiras de trouxa para quem sabe, Thiago. – Hugo falou dando risada do primo. – É a quinta vez que você quebra elas nas ultimas duas férias...


- O que ele estava tentando fazer? – Zeki perguntou baixinho.


- É, uma coisa de trouxa. – Eu disse, sem desdenho. – Não sei o nome para isso, mas se faz com garrafas de bebidas, passava na televisão, alguns anos atrás.


- Que loucura. – Zeki falou. – Quem perde o tempo tentando fazer isso? - Todos da minha família começaram a gargalhar, e agora, quem queria se enfiar debaixo da mesa era eu. Estava tão vermelha e envergonhada, que minha testa começou a suar de calor.


- Mostra para ele a perda de tempo, Rose. – Alvo falou, ainda rindo. – Mostre do que uma marota é capaz...


- Não, nem devo lembrar como se faz. – Disse baixinho. – Lílian, o que você dizia sobre aquela menina da Corvinal? – Tentei em vão, mudar de assunto.


- Mostra para mim como é. – Zeki pediu com olhos de cachorro sem dono.


- Ta, ta bom. – Eu me levantei e peguei algumas garrafas vazias de cima da mesa. – Presta atenção que é um show único, e eu nunca mais vou fazer, ok? – Ele assentiu sorrindo.


 


Eu comecei a apresentação, girava uma garrafa em cada uma das mãos, fazendo com que todos rissem. Quando jogava três garrafas para cima, fazendo malabares, depois quatro, cinco, quatro novamente até chegar a três. Voltei a girá-las em volta do meu corpo, por baixo das pernas, por cima da cabeça. Depois de um tempo, meus braços já estavam cansados, continuei a girar apenas uma garrafa com a mão e despejei o seu conteúdo no copo de papai e tio Harry. Todos aplaudiram o meu pequeno show, fiquei ainda mais vermelha e voltei a me sentar. Zeki me abraçou forte e continuamos a conversar, como se nada tivesse acontecido.


Não foi uma grande surpresa, ao voltar às aulas, descobrir que Malfoy foi escolhido para ser monitor da Sonserina, ele era um bom aluno, assim como eu e Alvo, com o passar dos meses, isso parou de me incomodar tanto. As aulas correram tão bem como sempre, era elogiada sempre, por todos os professores, como já era de praxe. Isso resultou em mais alunos sonserinos me imitando, quando levantava a mão para responder as perguntas dos professores.


Em todos os intervalos de aulas, Zeki passava para me dar um abraço, um beijo ou qualquer demonstração de carinho possível, não foi surpresa quando nas férias de Natal, ele convocou toda a minha família e a dele para comparecer em um almoço na Toca, na frente de todos, ele pediu por atenção.


- Como todos vocês sabem. Eu e Rose já namoramos há um pouco mais de dois anos. – Ele sorriu, e pude ouvir seu pai assobiar em concordância. – E... – Ele fez uma pausa dramática. – Eu estou no ultimo ano em Hogwarts... – Mais uma pausa. Todos pararam de rir, e passaram a prestar atenção. – Então chamei todos aqui para perguntar... Rose, quer casar comigo? – Fiquei sem ar, quando ele tirou uma caixinha de seu bolso e abriu na minha frente.

*********

N/A:

- Lumus!

Opa, demorou um pouquinho... Mas o capitulo está ai!
Comentários são MAIS DO QUE bem vindos!!!

Então, o que acharam????

Para os novos leitores... tenho respondido as perguntas e tudo mais nas caixas de comentários... Então deem uma passada lá para conferir minhas respostas!



- Nox!

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Comentários (7)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    OMG!!! POR ESSA NGM ESPERAVA kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :)AMEI ESSE CAP. :)

    2013-01-30
  • Luana de Ameida.

    Meu Deus!!! Ele' pediu ela em casamento. E como que o Scorpius fica nessa? Caramba, ela vai aceitar?

    2011-10-09
  • Lana Silva

    Nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa ele pediu ela em casamento ? O.O

    2011-10-08
  • Vitória Lovegood

    CASAMENTO ? Como ? Meu Merlin D:

    2011-09-17
  • Vitoria Weasley Malfoy

    Where is my dear Scorpius????????????? Mas eu sei no fundo que eles vão ficar juntos...espero   Amo muito sua fic! Se vc se interessar da uma lida na minha Back to Hogwarts

    2011-08-13
  • Leticia Franciele Borghi

    Casamento Oo Quem dera o meu namorado levasse os 3 anos e meio em consideração e fizesse o mesmo. ashausuahsuas

    2011-08-13
  • barbara aguiar azevedo

    Geeeente, queeee peedido foii esseeee!!! Toô begee!!! Amei que vc passou o tempo... foi importante a descrição do primeiro ano para poder entender td que viria depois. O relacionamento super passivo da Rose com o Zeki, a "falta" de vida, a falta do Malfoy. Tooo amando. Beijos, B.

    2011-08-12
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