Recomeço



*
Estava de pé, no quarto de vestir, abotoando o punho da blusa. Aproximou-se mais do espelho, a iluminação do aposento deixava seus olhos verdes com um brilho especial, mas estava realmente empolgado. Percebeu sua aproximação antes mesmo da porta bater no andar de baixo. Um fio branco em seus cabelos castanhos prendeu sua atenção, sorriu se admirando, isso traria uma impressão de maturidade e responsabilidade para sua imagem jovial.


– O que aconteceu? – perguntou ao garoto que apareceu na porta, parecendo cansado e desanimado.


– Eu não estou conseguindo... – ele queixou-se enquanto se aproximava – Eu realmente preciso de ajuda – pediu.


– Esse assunto de novo, não. Não é possível que não haja mais nada de interessante para você fazer!


Pelo espelho ele observou o garoto baixar os olhos, aborrecido.


– Estou muito ocupado – acrescentou enquanto pegava a gravata – Tenho que me dedicar à minha carreira política, à empresa, todos esses coquetéis... – interrompeu-se ao reparar o brilho em seu supercílio. – Eu já pedi para você tirar esse metal do rosto, não é apropriado! Está parecendo um desses...


– É um piercing! E já disse que não vou tirar – afirmou com teimosia e deu lhe as costas, saindo do aposento.


– Você faz isso só para me aborrecer... – seguiu-o até o quarto, ajeitando a gravata sob o colarinho.


– Não é verdade... – defendeu-se – Eu já disse o que quero em troca, para tirá-lo... – ele argumentou ciente de que nunca aceitaria.


– Ele não é negociável... – rendeu-se – Vai se arrumar, eu não quero chegar atrasado – pediu ao vê-lo jogar-se sobre a cama despreocupadamente.


– Eu não vou – comunicou decidido, seus olhos verdes brilhando desafiadoramente.


Resolveu ignorá-lo, estava muito entusiasmado com esse almoço. A imprensa e todos os contatos políticos que apoiariam sua candidatura estariam lá e também a oposição, mas esses não o preocupavam.


– Ótimo, se for para vir atrás de mim nesse estado, eu prefiro que fique. Não quero ninguém me pondo pra baixo hoje.


Estava tentando ajeitar a gravata, algo aborrecido ao qual ele não se acostumava, virou-se para voltar ao closet, mas parou quando a viu entrar no quarto. O lindo vestido era digno da esposa de um futuro primeiro-ministro, e ficava mais lindo ainda ao se harmonizar com suas formas. O cabelo liso e negro descia até os ombros, charmosamente. O singelo colar, com um diamante no formato de uma lágrima, indicava de forma simples a sua posição, uma imagem perfeita.


– Você será a “primeira-dama” mais linda de todos os tempos... – a admirou. Ela lhe lançou um olhar embevecido enquanto sorria e o ajudou com a gravata.


– Fala como se já tivesse ganhado a eleição... – ele resmungou da cama.


– Ah, você está aí, finalmente voltou pra casa! Vai para o seu quarto se arrumar, já separei a sua roupa – ela o examinou dos pés à cabeça – E não vai aparecer em público com esse piercing no rosto... e já está na hora de se barbear, tem que causar boa impressão...


– De jeito nenhum, eu demorei muito para conseguir isso – ele passou a mão pela escassa penugem em seu rosto, instintivamente. – E foi Irina quem me deu o piercing... ela gosta, logo, eu vou ficar com ele. – Harry arrematou de modo a finalizar a discussão.


Irina tinha lhe presenteado com o piercing, uma proposta de se tornar mais “descolado”. Rony também tinha aproveitado para colocar um, ele tinha sido o primeiro a se entusiasmar com a ideia, o que o encorajou. Mas o dele não estava em um local que pudessem ver facilmente, tinha decidido que era melhor que seus pais não soubessem, já Harry... não tivera a mesma coragem.


– Divine, deixe-o, ele não quer ir... – disse enquanto voltava para o closet.


– Você deveria ir, é importante para a imagem do seu pai ter a família ao lado dele, apoiando-o – ela o repreendeu.


Percebeu pela sua falta de reação que ele não estava mais prestando atenção, suas tentativas infrutíferas já o estavam angustiando há algum tempo. Respirou fundo e começou a cantarolar baixinho enquanto terminava de se arrumar. Vestiu o paletó, voltou ao quarto e o encontrou ainda olhando para o teto.


– Seu aniversário é daqui a um mês, escolha seu presente, o que você quiser – propôs numa tentativa de animá-lo.


Ele apenas lhe lançou um olhar desconfiado, e permaneceu calado como se esperasse ouvir algo mais.


– Tudo bem, eu posso escolher por você, sabe que tenho bom gosto...


– Fale de uma vez o que quer – Harry ergueu-se encarando-o, entediado.


– Nada, por que eu haveria de querer alguma coisa? – indagou inocentemente – Que tal um carro?


– Um carro? – repetiu incrédulo – De verdade?


– Você disse que não vai querer que Noah o leve, então terá que ter seu próprio carro para ir à faculdade, não quero que se arrisque usando magia, isso me traria complicações. E os filhos de todos os homens importantes...


– Ah, claro! – irritou-se. – A faculdade e os riquinhos metidos...


– Não tenho tempo para isso agora e você já concordou! – lembrou-o. Tinha sido trabalhoso convencê-lo a entrar para a faculdade como todos os que pertenciam ao seu círculo social.


Queria a imagem de uma família normal e perfeita, eram muito visados pela imprensa por ser dono do império Ynys Corporation, um exemplo de prosperidade e empenho social. E também contava em ter sua ajuda para gerir os negócios futuramente. Não poderia se dedicar a todos os seus empreendimentos quando entrasse para a política e não conseguia pensar em alguém mais perfeito para tomar conta de seus negócios.


– Não pode dar um carro a ele, querido... – ela o lembrou – Ele não tem idade para dirigir. Se eles o pararem...


– Daqui a um mês eu terei, farei dezoito! Eu quero o carro – decidiu. – Vou poder enfeitiçá-lo?


– Andrew fará dezesseis – ela argumentou e voltou-se para o marido. – Vamos ou chegaremos atrasados, teremos que chegar como todos os outros, de maneira normal... – lastimou-se.


Antes não havia nada que ela detestasse mais do que estar entre os trouxas, agora, ela superava tranquilamente essa “chateação” por toda a atenção e poder que recebia em troca.


– É verdade, as tolas leis trouxas... em breve terei poder para mudar muitas delas, até lá, pense em outra coisa – sugeriu enquanto a seguia até o andar de baixo.


Alguns segundos depois Harry correu para alcançá-lo.


– Espera, Adam! Eu quero ir até a ilha... pode considerar como um pedido, um presente.


Ele parou franzindo a testa, aborrecido com sua insistência. Lançou um rápido olhar em direção à mesa da sala, para a edição do Profeta Diário, que tinha conseguido naquela manhã. Separou rapidamente o jornal no qual o atual representante bruxo do Conselho Ministerial, Quim Shacklebolt, seriamente discursava rodeado por flashes, e deu um sumiço nele. Tinha esquecido o jornal ali pela manhã, um descuido que poderia lhe trazer problemas.


– Eu preciso ver novamente aquele portal. Se não quer me ajudar deixe pelo menos eu...


– Tá, tá bom. – concordou a contragosto. – Quando eu voltar te direi como, só não me aborreça mais com esse assunto.


– E posso levar algumas pessoas? – ele pediu ansiosamente.


– Leve quem você quiser, só não atrapalhem o serviço dos meus pesquisadores!


– Legal... – Harry não escondeu o entusiasmo, ele nunca tinha permitido antes, não sabia o quê, exatamente, estavam fazendo na ilha, mas decidiu que não era hora de perguntar isso.


Sorriu sentindo-se animar novamente. Não lhe custaria nada, aquele ato, e o manteria ocupado e distante. O fato dele estar todos os dias transitando pelos dois países o preocupava muito, seria algo difícil de explicar, muitas mentes para alterar.


Divine voltou à sala, após dar ordens aos empregados, pegou a bolsa e o beijou rapidamente, se despedindo antes de acompanhar o marido. Adam ficou satisfeito com a imagem do belo casal que apareceu refletido no espelho do hall. Noah já aguardava em frente à limusine e abriu a porta para que entrassem.


– Você está realmente... Bella – beijou-lhe levemente os lábios enquanto partiam.




Harry deixou que a conexão entre suas mentes se desfizesse e subiu novamente. Foi para o quarto, pegou a roupa sobre a cama e a levou de volta ao closet. Escolheu roupas limpas e foi se arrumar para sair.



Tocou a sineta que havia na varanda. As portas estavam abertas. Espiou a sala, já fazia algum tempo que não voltava ali, enquanto esperava pegou o cordão e releu a resposta que tinha recebido dos amigos, depois enviou outra, avisando de sua chegada.


– Harry! Que surpresa maravilhosa! – Raven o abraçou tão apertado quanto pôde.


Seus olhos brilhavam, naturalmente violetas, não havia mais a necessidade de usar lentes o tempo inteiro, ultimamente estava muito caseira. Ele sorriu e se agachou para beijar sua barriga.


– Como vocês estão?


– Nós estamos ótimos... Ainda hoje Sirius e eu falamos de você... Claro que estaríamos melhor se você viesse com maior frequência.


– Tenho estado ocupado... – desculpou-se enquanto entravam na sala e Dobby corria para cumprimentá-lo.


Cada vez que os visitava ouvia a mesma reclamação. Eles não entendiam sua ausência constante já que pensavam que estava simplesmente vivendo com o Clã. Era verdade que não tinha tempo, mas também procurava evitar certos encontros.


– Seria bom se Harry Potter passasse mais tempo em casa – disse Dobby.


Harry não respondeu a isso, limitou-se apenas a assentir como se fosse pensar a respeito. Adam lhe fazia a mesma cobrança. Às vezes sentia como se tivesse pais demais para um órfão, sentia-se sufocado.


– E a Winky? – perguntou a ele reparando a casa.


– Ela está com a Sra. Weasley – disse Dobby. – Winky a está ajudando a fazer uma horta no quintal. Dobby mantém tudo em ordem por aqui – disse orgulhosamente – Não há muito pra ela fazer.


– Ela fica entediada... – Raven concordou enquanto se sentava – E não tem mesmo nada, por enquanto... – agarrou a mão dele e a levou rapidamente até sua barriga – Sentiu?


– Sim... senti... – disse Harry, maravilhado.


– Foi seu afilhado, com certeza, Tiago é gentil. Elas não, são impacientes e agitadas – acrescentou com um sorriso. – Costumo dizer ao Lupin que ele terá que discipliná-las se quiser ter afilhadas comportadas, aproveitando que tem muita experiência em domar o lado selvagem das pessoas... Ele teima em dizer que elas serão duas princesas.


– E serão – Harry concordou – Se puxarem a mãe...


– Mas é justamente por isso...


Harry sorriu abertamente. Tinha saudades dali, da vida simples que levavam e da comida caseira da Sra. Weasley, tão diferente das refeições sofisticadas que tinha em casa.


– Pena que não pudemos avisá-lo antes, que você viria... ele iria adorar te ver – ela lastimou – Isso se pudesse realmente vir, ninguém esperava que houvesse tantos lobisomens espalhados por aí, vivendo clandestinamente. Ele está tendo trabalho para contactar e convencê-los a voltar à sociedade que os recriminou.


– O Clã não encontrou muitos deles, mas está tendo dificuldade em convencê-los também – Harry  comentou.


– Só que Lupin tem esperanças de que fazendo isso esse quantitativo diminua até desaparecer de vez, se todos conseguirem se controlar como ele...


– Exterminação da própria espécie... – Harry ficou pensativo por alguns instantes – E Sirius, onde está?


– Está lá em cima, no terceiro andar, procurando espaço para tudo aquilo... – ela disse descontraidamente, com um leve aceno de mão. – Faça ele descer, não vou demorar para servir o almoço.


– Eu fiquei de almoçar com os Weasley – Harry avisou enquanto seguia para as escadas. – Hermione está vindo também.


– Isso é ótimo – Raven concordou alegremente.


Harry subiu, recolheu um coelho saltitante em um dos degraus que levava ao terceiro andar e foi encontrá-lo no maior dos cômodos que tinha ali, especialmente modificado para a chegada das crianças.


– Nossa, Sirius... – Harry comentou assim que entrou – Você não acha que está exagerando, não?


– Harry! – Sirius o puxou para um abraço – Que bom que voltou... olha só pra isso... – Sirius virou seu rosto, admirando seu novo adorno, o piercing.


– Ah, foi Irina quem escolheu... – começou a explicar, o tinha adquirido no início do mês, era novidade para ele.


– É muito legal... moderno. Na minha época eram as tatuagens... meus pais diziam que eram coisas de trouxas...


Harry sorriu e passou para ele o brinquedo.


– Isso vive escapando por aí, vou ter que pôr de volta na caixa...


– Não acha muito cedo pra isso tudo, eles ainda nem nasceram... Por que não relaxa e espera?


– Não consigo... trigêmeos... é provável que tenham gostos muito diferentes uns dos outros – Sirius olhou em volta, para o cômodo apilhado de brinquedos – Tiago não me preocupa tanto, acho que já tenho de tudo o que ele possa querer, mas Rayane e Sillene... fico tentando imaginar do que elas gostarão...


– Eles vão gostar de ficar com vocês, mais do que de qualquer outra coisa, não se preocupe tanto – Harry pôs a mão em seu ombro.


– E você? Como está?


– Ótimo... – Harry estendeu os braços e olhou para si mesmo.


– Parece cansado.


– Ah, é. Estou precisando dormir – concordou. Passava todas as noites com Irina e durante o dia se dedicava inteiramente ao Arco da Morte, nos últimos, sem parar para descansar.

Mesmo contando com a ajuda de Rony e Hermione quase todos os dias, não estava conseguindo sucesso com o portal. Tinha lhe custado algum tempo para conseguir montá-lo, e mesmo assim, não havia certeza de que pudesse estar funcionando direito.


– O teu quarto estará sempre aqui aguardando-o. Por que não passa os dias conosco? – Sirius propôs novamente – Você não é um deles, não é saudável que mude totalmente os seus hábitos...


– Por que insisti se sabe qual será a resposta? – Harry foi até a janela e olhou a propriedade – Na minha idade você já tinha saído de casa há muito tempo.


– Aos dezesseis – confirmou. – Perdi minha família muito cedo, quando resolvi fugir de casa, seu pai se tornou a única família que eu tinha e você foi a única pessoa que me restou. Eu me preocupo com você, desculpe, é inevitável... Um dia você saberá o que é isso...


– Também me preocupo com vocês, por isso estarei sempre por perto – prometeu.


Adam havia lhe pedido para deixar tudo para trás e nunca mais voltar ao Reino Unido, Harry foi firme em sua decisão. Já considerava sacrifício suficiente ter que se afastar, cortálos totalmente de sua vida seria mais uma perda pela qual não queria passar. E queria ter certeza de que tudo ficaria bem, conforme o acordado entre eles.


Ficaria por perto, mesmo sendo muito desagradável ter que omitir a verdade. Apesar de ter comentado sobre a existência de Adam e que ele também tinha sido uma vítima de Voldemort, eles não sabiam o quanto se relacionavam e de sua vida dupla. Somente Rony e Hermione sabiam que Tom Servolo Riddle tinha assumido a identidade de Adam Shalmann, que ele tinha deixado a alma de Adam ser sugada por um dementador e tinha assumido o controle do seu corpo.


– Vamos... – Harry rumou de volta para as escadas – Raven pediu para você descer.


Quando chegaram ao segundo andar começaram a ouvir vozes entusiasmadas vindas do andar de baixo, Raven tinha ido buscá-los. Ela adorava um motivo para ver a casa cheia, só que, apesar de ser sábado, nem todos os Weasley estavam presentes.


– Demorou, mas finalmente vai conseguir alcançar o Rony – brincou o Sr. Weasley comparando a ambos.


– Sem chance! – Rony o olhou de cima, provocando-o. Ainda era o mais alto e incomparavelmente mais forte.


– É mas vão se despedindo desses pêlos, terão que se barbear para voltar à escola – disse o Sr. Weasley, que se incomodava com a aparência do filho.


– Já disse que só em setembro, pai – reclamou Rony, que teimava em manter o cavanhaque.


– E eu não vou voltar para Hogwarts, Sr. Weasley. – Harry o lembrou enquanto ajudava a levar a comida para o quintal. Eles tinham por hábito esquecer aquele detalhe.


– Ainda é cedo pra falar nisso – opinou a Sra. Weasley – Tenho certeza de que o Diretor conversará com você, para te orientar...


– Nós já conversamos, ele já sabe disso – disse Harry, pacientemente.


Até três semanas após ter deixado Hogwarts, ele e o Diretor haviam se comunicado apenas por carta. Depois disso Harry aceitou marcar um encontro, mas não quis ir ao castelo ou ao povoado, com seu forte esquema de segurança, optou por uma volta pelo Museu de História Natural. Havia sido uma longa conversa na qual assegurou que Voldemort não iria voltar, vigiaria de perto qualquer intenção a esse respeito.


Contou a verdade a Dumbledore, exceto sua nova identidade. E apesar de sua indignação manteve-se firme, assegurando que não seria um elo entre eles como havia sido Snape. O Diretor resignou-se e o alertou de que não viveria para sempre e que quando não estivesse mais ali Harry deveria estar preparado, pois muitas mudanças poderiam ocorrer.


– E também, já tenho outros planos – Harry comunicou a eles – Resolvi cursar uma faculdade. Devo começar ainda este ano, em agosto.


– Então você já decidiu? – Hermione se surpreendeu.


– Isso é ótimo! – Raven se animou com a notícia enquanto se reuniam à mesa – Você já escolheu? Onde será?


– Não poderia fazer isso após sua formação como bruxo? – perguntou Sra. Weasley. – Vai ser importante para o seu futuro, sua carreira...


– Não pretendo ficar no mundo bruxo, pretendo ter um emprego normal, junto aos trouxas – disse Harry. – E já escolhi a faculdade, não vai ser por aqui por perto... não nesse país.


– Por quê? Você não precisa disso – reclamou Sirius.


– Eu também vivi entre eles – disse Raven – Acho que será bom pra você ficar distante de toda essa paranoia do mundo mágico...


– A distância não seria um impedimento para o Lorde das Trevas – disse Sirius.


– Mas é bom que não esteja por perto quando ele decidir se manifestar... – disse o Sr. Weasley.


– Eu ainda tenho uma conexão com ele, saberei se ele voltar. – Harry os lembrou.


Ainda havia o medo do retorno de Voldemort e a comunidade mágica se mantinha preparada e vigilante.


– E a Gina? Onde está? – Harry aproveitou sua ausência para mudar de assunto.


– Ela saiu bem cedo, disse que iria visitar um amigo – disse a Sra. Weasley – Se ela soubesse que viria teria adiado...


– Foi visitar o Draco Malfoy... – Rony comentou com pouco caso.


– Mesmo? – Harry perguntou a ele. – Pensei que ela estivesse namorando um colega da Grifinória...


– E está... – disse Rony. – O que isso tem a ver com o Malfoy? – perguntou desconfiado.


– Sei lá...


– Eles são amigos – disse Hermione – Parece que ela e Draco descobriram algumas... coisas em comum... – esclareceu pensativa.


– E a Irina, Harry? – Raven quis saber – Como ela está? E Emil e o Clã?


– Hum... bem... – Harry desejou que ela não tivesse perguntado na frente dos outros.


Ele sabia que seu relacionamento ainda atraía olhares enviesados. Sirius e Raven eram os únicos que demonstravam apoio. Os Weasley, assim como a maioria, evitavam opinar a respeito, somente Dumbledore e Lupin haviam expressado suas opiniões desfavoráveis.


Adam não o aborrecia por isso. Ele não se preocupava com nada além do que fosse interferir na imagem da família perfeita que tinha idealizado e em seus negócios, então, desde que ficassem longe dos trouxas, tudo bem. Harry tinha até conseguido convencê-lo a vender a antiga propriedade dos Riddle ao Clã; o que, obviamente, havia lhe custado alguma coisa... três encontros em família com seus contatos e aliados.


– E como está a segurança do castelo, Fred? – Harry iniciou a conversa com ele para evitar mais perguntas embaraçosas. – Como estão se saindo?


– Até agora ninguém conseguiu nos manter lá dentro por mais de uma semana. – Fred comentou com entusiasmo. Harry os tinha recomendado a Dumbledore para que testassem a segurança do castelo, principal preocupação dos Protetores do povoado de Hogsmeade – Estamos aproveitando para aprimorar nossa técnica.


– Duvido que algum dia eles irão conseguir... – disse Harry.


– E ainda conseguimos entrar quando queremos – declarou Jorge – Moody está ficando louco com a gente. Vamos deixar que se descabele um pouco mais antes de contarmos nosso segredo.



– Quando iremos? – Hermione perguntou. Estava visivelmente ansiosa. Depois de descobrir a nova identidade do Sr. Shalmann nada a interessava mais do que a Ynys Corporation.


Adam Shalmann era tido como um homem invejável. Jovem e de boa aparência, que tinha conseguido erguer um império com sua inteligência e capacidade para os negócios; recém casado com uma dama distinta; e que tinha reencontrado, recentemente, o filho desaparecido. Duvidavam que alguém fosse reconhecer Bellatrix, que agora se chamava Divine, mesmo que vissem uma das diversas fotos que tirava ao lado do marido, para os jornais trouxas, não era mesmo algo imaginável.


– Ele ficou de me dizer ainda hoje – Harry estava sentado na janela do seu quarto, observando o céu à procura de Edwiges, ela costumava pressentir sua presença e aparecer, mesmo que rapidamente, para uma saudação.


– Mas ele não vai estar lá, não é? – Rony rolou os olhos para cima, para olhar para ele; estava largado em sua cama, usando a varinha par criar desenhos no teto. Ele não escondia o quanto aquela história e a decisão que Harry tinha tomado a respeito o incomodavam.


– Com certeza não. Ele não tem tempo pra isso. – Harry assegurou. – Pretendo levar as pedras do outro arco para compará-las.


– Foi uma boa ideia – disse Hermione ajeitando os fios do cabelo de Rony com os dedos. Ela também se angustiava por não terem tido sucesso ainda. – E também acho que temos que nos adiantar, não teremos muito tempo depois que começarem suas aulas.


– Já parece que não tenho tempo suficiente, com a faculdade terei menos ainda.


– Será que ele não está fazendo de propósito? – indagou Rony – É óbvio que ele não está interessado em descobrir nada que possa te ajudar, e agora deve estar tentando te atrapalhar.


– Foi um acordo, para que ele parasse de implicar com as minhas vindas diárias... vocês bem sabem que ele não costuma aceitar um “não” como resposta, eu tive que ceder.


Hermione olhou para ele compassivamente.


– Acho que vai ser bom pra você, esses estudos. Eu também tenho pensado em começar uma faculdade ano que vem, mas ainda não me decidi por qual curso...


– Depois de Hogwarts teremos que trabalhar em tempo integral – Rony a lembrou.


Já haviam se inscrito para estágios no Ministério, por incentivo do Diretor. Rony havia optado pelo novo departamento criado, responsável pela segurança dos povoados bruxos que tinham se formado, os Protetores; e Hermione, pelo Departamento de Execução das Leis da Magia, muitas delas estavam sendo revistas agora. Eram as carreiras que pretendiam seguir.


– Eu sei... – Hermione esperou que ele se explicasse, mas Rony apenas deu de ombros, voltando a se concentrar em seu desenho. – Mas acredito que o mais interessante pra você fazer, Harry, seja descobrir mais sobre os campos de atuação da Ynys – ela continuou – São muitos centros de pesquisa espalhados por todo o mundo... tecnologia, biotecnologia, medicina avançada, energia, todos setores muito importantes...


– Como ele consegue atuar em todas essas áreas diferentes?


– Ele não faz tudo sozinho, tem muitos representantes, e muitas parcerias – Harry esclareceu – E ele ajudou Adam a ampliar o império Ynys. Conhece a empresa muito bem, aliás, foi ele quem escolheu esse nome para a multinacional, e agora também possui muitas coisas que eram do Adam, lembranças importantes, o conhecimento que adquiriu dele antes de ...


– Antes de permitir seu assassinato – Hermione completou.


– É, e acho que um pouco de sua personalidade também, com tanto fanatismo por aquela empresa – Harry concordou. – E ele não dorme, não com frequência.


– E isso o deixa mais inteligente? – ela perguntou incomodada.


– Ele passa as noites estudando – Harry explicou.


Hermione bufou inconformada, às vezes agia como se ele desafiasse diretamente sua inteligência, e a vencesse de forma desleal.


– Assim que voltarmos da ilha vamos visitar alguns lugares especiais que andei listando e que podem estar relacionados com esta fonte de poder que alimenta esses portais – Hermione determinou tirando do bolso do jeans um papel com anotações. – Podemos começar por Stonehenge, aqui mesmo, no sul da Inglaterra, na planície de Salisbury. Dizem ser um portal e realmente, é uma formação curiosa. Poderemos fazer testes e observações, pode ser que se abra somente em condições específicas... teremos que descobrir – ela relatou confiante.

  – E temos também o Triângulo das Bermudas, ao sul dos EUA, é considerado muito misterioso, cinquenta navios e vinte aviões já desapareceram naquele local...



– Do que isso tudo vai adiantar? – Rony a interrompeu – Isso só parece ser de interesse para o Clã, por causa de Strickland, e duvido que ele saia andando por uma dessas portas se o chamarmos.


– Se descobrirmos como entrar e sair teremos a oportunidade de conhecer outras civilizações, outros conhecimentos e possíveis poderes... Eu já expliquei isso pra você, Rony – Hermione argumentou impacientemente.


– Então por que não descemos até esse lugar do qual eles falam e verificamos de perto o que são essas portas...


– Não! – Harry e Hermione exclamaram juntos.


– Eles são protegidos e não tenho vontade alguma de ir até lá. Se eu conseguir descobrir o segredo desses portais, Irina não precisará ir e nem eu.


– Essa história também não me agrada – Hermione concordou – Duvido que permitiriam que fossemos... sem falar que para eles deve ser fácil, mas nós somos mortais...


– Que bom que ainda se lembram – Rony desdenhou – Deveriam esquecer esses Portais da Morte. Você precisa de poder mágico de verdade, Harry, algo que o deixe forte ou inteligente o bastante para dar fim à ligação com a mente dele, e não de mais lugares onde procurar!


– Por que você só fala nisso ultimamente? Está ficando obcecado... – Harry reclamou.


– Eu, o obcecado!? Você só fala nesses portais! Parece que não quer resolver isso!

Harry esfregou os olhos por trás dos óculos. No último encontro com o Diretor, na Galeria Nacional de Londres, Harry e Hermione não conseguiram entusiasmá-lo com a história dos portais. Para ele, o Arco da Morte era apenas uma ferramenta de punição, antiga e desnecessária, e poderia continuar inutilizável já que não seria empregada pelo novo Ministério. Ele havia insistido para que Harry se dedicasse ao que tinha se comprometido, buscar o conhecimento capaz de ajudá-lo, causa que Rony parecia ter abraçado.


– Não me apresse... até agora ninguém descobriu nada. Voldemort está morto, com o tempo irão se habituar a isso.


– Eu não acho que fazer isso irá te afetar dessa maneira, Harry, você não vai deixar de ser quem é – Hermione foi para perto dele e se sentou ao seu lado, na janela. – Dumbledore também acha...


– Ele não sabe. Ninguém sabe... Apaga isso, Rony – Harry pediu olhando para o teto.


– Somos nós... não parece?


– Sim, parece, por isso mesmo. É muito comprometedor – disse Hermione, que tinha pavor que alguém descobrisse que eram animagos clandestinos; essa lei, pelo o que ela tinha verificado, não seria revista.


– Só não vai esperar até que seja tarde demais – Rony reclamou enquanto dava um sumiço no desenho.


– Eu prometo que logo que vocês voltarem às aulas vou dar um tempo com os portais e me dedicar a encontrar esses artefatos que Dumbledore ...


A voz de Raven soou lá em baixo, chamando-o. Os três desceram e Sirius e Raven o bombardearam com perguntas sobre o que gostaria para o seu aniversário de dezoito anos.


– Eu não quero festa – Harry pediu.


– Por que não? Poderemos reunir todos os seus amigos, o Clã e quem mais você quiser – Raven prometeu.


– Eu não sei se estarei ocupado... – Harry ainda não sabia se Adam tinha planos para aquela data.


Embora Adam concordasse que Andrew não deveria se expor demais em público, o que não era uma surpresa após ter sumido por três anos vítima de um provável sequestro do qual nada se lembrava, Harry suspeitava que ele fosse querer dar uma festa para exibir seu poder à sociedade.


– Ocupado para comemorar o próprio aniversário? – indagou Sirius.


Discutiram o assunto por um bom tempo em que Harry tentava fazer com que desistissem de uma comemoração. Rony aproveitou para avisar aos pais sobre a viagem que faria em breve, por poucos dias, o que deu uma oportunidade a Harry de fugir do assunto “festa” enquanto explicava à Sra. Weasley a vontade deles de aproveitar um pouco das férias passando alguns dias na praia.


– Então iremos todos juntos – disse Raven.


– É que... – Harry começou a argumentar mas foi interrompido pelo toque do celular.


Olhou para fora. Ainda estava claro, duvidou que fosse Irina.


– Não, uma viagem agora e exposição ao sol não farão bem a você e aos bebês...


– Quem disse isso, Sirius? – Raven o olhou fixamente.


– Eu já volto – Harry disse a eles após ver a identificação no visor. – Tenho que fazer uma ligação.


Deixou os dois discutindo. Sentiu que se Sirius não se explicasse rápido estaria em apuros, já tinha visto aquela expressão nos olhos de Irina antes. Foi até o rio, teria que atravessá-lo para conseguir usar o telefone por causa da interferência causada pela proteção local. Só esperava que Hermione e Rony tivessem uma boa desculpa e fossem convincentes.


Quando regressou avisou aos amigos que poderiam partir pela manhã, Adam havia acabado de confirmar, um helicóptero poderia levá-los bem cedo no dia seguinte. Hermione, então, despediu-se alegando ter muito o que preparar e Harry também não se demorou por mais tempo, também tinha muitas coisas a fazer. Além de pegar as pedras do portal e avisar à Irina, ainda teria que jantar em casa como em todas as noites, norma acordada entre ele e Adam que o obrigava a estar em casa todos os dias.





Apesar do cansaço, a vista do oceano prendia sua atenção. Hermione também se encontrava muito atenta ao seu lado, de vez em quando fazendo perguntas ao piloto e ao copiloto do helicóptero sobre o trabalho deles para a Ynys. Rony, porém, cochilava despreocupadamente, o boné enterrado na cabeça deixando visível apenas seus lábios cerrados entre os pêlos cobreados.

Foram horas de viagem, que pareceram uma eternidade, teriam preferido apenas aparatar em algum lugar no qual pudessem utilizar uma passagem secreta, como a anterior.


Foi com alívio e empolgação que reconheceu as torres do castelo que apontavam distantes, em uma das extremidades da ilha, que era realmente muito grande. Começaram a descer assim que se aproximaram.


Pousaram em uma pista de pouso recém construída e desceram após pegarem suas bagagens, apenas três mochilas. Adam tinha insistido que uma das empregadas da casa os acompanhassem mas Harry recusou, não queria ter alguém vigiando e mimando-o como se fosse o filho do patrão.


Seguiram por uma trilha de pedras até a casa de dois andares. Rony e Hermione seguiam calados enquanto o piloto e o copiloto os guiavam, a pedido de Adam, levando uma caixa de provisões para a casa que nunca tinha sido habitada. Somente depois de constatarem que o telefone por satélite estava funcionando despediram-se deles e voltaram ao helicóptero. Aguardariam a ligação, quando quisessem que fossem buscá-los.


– Pelo jeito ele não poupou despesas – comentou Hermione enquanto examinava o cômodo.

Foram conhecer o resto da casa e abrir as janelas para permitir a entrada da brisa marinha. Não tardou para que ouvissem o helicóptero partindo. A leve camada de poeira que cobria o interior da casa foi rapidamente extinta. O segundo andar continha apenas os quartos, escolheram um deles e nele largaram seus pertences. Verificaram o conteúdo da caixa que haviam levado e após colocarem tudo nos devidos lugares foram preparar a refeição.


Horas depois saíram para conhecer o exterior. Na lateral da casa havia uma garagem e nela, um pequeno automóvel branco.


– Será que podemos? – Rony se aproximou e tocou sua superfície.


Hermione destrancou a porta e entrou.


– É elétrico... deve ser movido à energia solar! – aprovou entusiasmadamente.


– Acho que é a única fonte de energia aqui. – Harry concordou. – Mas não me lembro de ter visto nenhuma estrada para carros naquele trecho próximo ao penhasco. Vou dar uma olhada lá de cima.


– Deixa que eu vou, eu posso ir bem mais alto – Hermione se ofereceu com entusiasmo – E é arriscado para você, alguém do castelo pode acabar te vendo... – ela usou o Feitiço dos Quatro Pontos para se situar.


– Tudo bem – disse Harry, concordando que era melhor não correr o risco.


A águia voou em círculos acima deles antes de se afastar.


– Só assim para fazer ela perder o medo – comentou com Rony.


Os dois ficaram aguardando, no mesmo local, pelo seu retorno. Harry contou mais sobre o que havia visto na ilha, a localização do rio, a praia próxima ao castelo, voltou ao quarto e pegou papel na mochila, depois sentou na soleira da porta e tentou traçar um mapa com as lembranças que tinha. Rony sentou ao seu lado e ficou observando seu trabalho.


– Há algum animal selvagem nesta ilha? – Rony perguntou algum tempo depois, quando ouviram algo correndo dentro da mata, não muito distante.


– Além de você? – Harry lhe lançou um breve olhar, zombeteiro. Rony riu.


– Algo mais selvagem do que nós dois?


– Eu nunca vi nenhum, não no trecho da ilha em que eu ficava. Só via pássaros, alguns poucos macacos, capivaras muito raramente... – explicou sem tirar os olhos do papel. – Acho que por causa da Nagini e dos lobisomens que vinham caçar aqui... eles deviam se refugiar o mais distante do castelo...


Ele dobrou a folha e olhou para o céu, à procura de Hermione. Rony o observou por instantes e depois se levantou.


– Vamos dar uma olhada por aí.


– Não é melhor esperar por ela aqui? – Harry perguntou enquanto ele o puxava, obrigando-o a se levantar também.


– Ela pode nos ver lá de cima – argumentou.


Seguiram por uma caminho, atrás da casa, apreciando o clima e a paisagem. E desceram por uma trilha, em direção ao mar. Cruzaram a areia em foram até a água. Harry tirou os tênis e dobrou as pernas da calça antes de se sentar na areia úmida. O vento jogava seu cabelo castanho para trás, expondo a cicatriz. Rony sentou-se ao seu lado, observando o brilho na água e a espuma deixada na areia, pelas ondas.


– Esse lugar é o máximo – Rony tirou a blusa e esticou as pernas deixando que a água molhasse a barra da calça, suspensa até os joelhos. – Poderia passar todas as férias aqui.


– Eu não... – Harry ficou a olhar o mar fixamente.


– Sente-se mal voltando aqui?


– Não... é só que... seria muito tempo longe da Irina, sol e praia não fazem parte da lista deles, de diversão.


– Talvez ela gostasse se fosse à noite...


– É... talvez... – Harry concordou, pensativo. – Vou sugerir isso quando voltarmos.


– Nossa, como é quente aqui – ela surgiu ao lado deles como se tivesse acabado de cair do céu. Tirou o calçado para molhar os pés na água e dobrou a camiseta para improvisar uma miniblusa. – As estradas seguem daqui em direção ao castelo e alguns pontos específicos da ilha, nenhuma na direção que seguiremos.


– Já imaginava isso – disse Harry – E ainda não há como aparatar aqui, teremos que caminhar.


– Creio que serão, pelo menos, dois dias até chegar àquela extremidade, não poderemos ficar na casa, mas tudo bem, eu trouxe nossa barraca.


– Como nos velhos tempos – disse Rony. – Vamos agora?


– Não, hoje não – Hermione pediu. – Tem uma tempestade se aproximando.


– Tempestade? – estranharam. O céu estava azul e limpo.


– Deve chegar à noite. Vamos partir amanhã cedo. – determinou.


Não haviam o que contestar, ela enxergava melhor e mais longe que todos eles quando estava lá em cima.


– Que bom, poderemos aproveitar esta tarde – Rony deitou na areia usando seus tênis como travesseiro, seu piercing brilhava ao sol, no peito nu.


Hermione sentou ao seu lado e ajudou Harry a ampliar o mapa a partir do que tinha visto lá de cima. Depois de descansarem e desfrutarem das belezas do local, exploraram um pouco mais as proximidades. Quando regressaram o céu já escurecia com a tempestade que se aproximava.


Tiveram uma noite agradável, de sono tranquilo, e quando acordaram, no dia seguinte, o sol já brilhava do lado de fora. Tomaram o café da manhã e separaram alguns mantimentos para acrescentarem aos que tinham levado e se prepararam para partir.  


Seguiram pela estrada até encontrarem uma antiga trilha que parecia se estender na direção que deveriam seguir. Estava praticamente encoberta pela falta de uso, tiveram que reabri-la, Hermione os guiando em direção ao poente. Horas depois ouviram o som do rio e foram até sua margem para descansar e se refrescar.


– Você acha que pode haver alguns deles espalhados pela floresta? – Hermione perguntou enquanto pegava os utensílios na mochila – Você disse que faziam expedições pela ilha antigamente, ele não deu nenhuma pista do que...?


– Não, Hermione. Nem pense nisso.


– No quê? – perguntou pestanejando inocentemente.


– Não vamos sequer chegar perto do castelo nem de nenhum deles. Adam pediu para não os atrapalhar, ou ele não permitirá uma próxima visita, tenho certeza.


– Você não tem nenhuma curiosidade em saber...? – Rony abriu uma lata e passou para Hermione.


– Eu estive no escritório dele, sei que ele guarda todas as informações no computador da empresa, e não foi difícil ter acesso, logo, não deve haver nada de tão secreto assim.


– Ele deixou que você visse? – ela perguntou interessada.


– Assim que eu saí de Hogwarts eu fui procurar por Adam, em seu escritório. Já tinha visto Voldemort no local, uma vez, conversando com ele. Como era noite e não tinha ninguém... eu dei uma olhada – Harry mexeu a sua porção de comida enquanto falava – Temum arquivo com o nome , endereço e atividade de várias empresas, possivelmente, suas filiais...


– E? – Hermione continuou olhando-o insistentemente.


– E várias outras informações e códigos que não entendi, e números, muitos números... não estava procurando por nada na época...


– Podíamos dar uma olhada... – Rony sugeriu, interessado.


– Não podíamos não... já temos muito o que fazer – afirmou decidido.


– Está com medo de descobrir algo de errado?


– Adam gosta de me falar sobre o trabalho dele todas as noites durante o jantar e ouvir o relato de Divine sobre os eventos sociais que ela frequenta em nome da companhia. – disse Harry – Nunca ouvi eles relatando nada de errado ou desaprovador, mas... ele é um político agora.


Harry terminou sua refeição em silêncio enquanto eles especulavam o que poderia estar ocorrendo ali e arrumou a mochila para recomeçar a caminhada. Pegou-se por diversas vezes tentando imaginar o que poderia estar acontecendo sem o seu conhecimento, e se estaria mesmo acontecendo alguma coisa de errado.


Sempre recusara os convites para acompanhá-lo ao trabalho e nunca demonstrara interesse nos assuntos da empresa. Adam sempre alegava falta de tempo, e agora percebia que ele também, cada qual com suas prioridades. Ainda estava pensando nisso, horas depois, quando Rony pousou a mão em seu ombro, desequilibrando-o enquanto o puxava para trás.


– Que som é esse? – perguntou num sussurro.


– Ei, cuidado com isso! – Harry reclamou afastado as garras dele, que pressionavam contra sua pele. – Hermione... – chamou-a, finalmente prestando atenção ao caminho que seguiam.


– O que foi? – ela se virou para olhar, também parecia ter estado distraída nos últimos minutos.


– O sol... – Harry disse, reparando os poucos raios que penetravam até onde estavam. – Estamos nos afastando da direção correta.


– É... – ela concordou. – Vou dar outra olhada, ver o quanto avançamos.


Harry a observou sumir entre os galhos e executou o Feitiço dos Quatro Pontos para se reorientar. Voltou-se para Rony mas ele não estava mais ao seu lado, não estava em lugar algum.


– Rony! – chamou-o sem obter resposta – Que droga... – chateou-se, o amigo tinha dificuldade em controlar seus instintos.


Agachou-se e observou o terreno em volta. Seguiu seus rastros mata a dentro, ao menos estava indo na direção correta, esperava que não os atrasasse. Encontrou-o mais à frente inspecionando um tronco caído.


– Já ouviu que a curiosidade matou o gato?


Harry o empurrou para o lado e se agachou para ver o que tinha chamado sua atenção. Conseguiu avistar apenas dois pontos brilhantes no interior do tronco escuro.


– Seja o que for deixe-o aí, você o está assustando... – Harry virou-se para ele e se deparou com seu olhar atento, as patas flexionadas e a cauda se agitando lenta e hipnoticamente. – Nem se atreva...


O tigre branco saltou para longe segundos antes dele cair pesadamente onde estivera.


Esperou que ele se preparasse para nova investida e partiu em disparada mata a dentro. Correram em direção ao pôr-do-sol, até que os últimos raios desaparecessem por completo. A águia crocitou pousada no galho de uma árvore, o tigre olhou para ela e esperou.


– Estou morto... – Rony se aproximou ruidosamente, segundos depois, e se deixou cair aos pés da árvore em que ela estava.


– Você está pesado, devia se exercitar mais – Harry tirou o cantil d'água de dentro da mochila – Ou vai acabar perdendo o trono... Rei dos Animais... – caçoou antes de se servir.


– Você rouba! Você não se locomove o tempo todo no chão...


– Eu só uso as árvores pra cortar caminho – defendeu-se – Eu não voo quando estou como animago.


– Ah é? – Rony duvidou – Por que não?


– Já está escurecendo... – Harry reparou com entusiasmo – Podemos cortar o resto do caminho pelo céu, ninguém irá nos ver. Estaremos lá amanhã de manhã, o que acha? – perguntou a Hermione que estava sentada alguns galhos acima, observando o local.


– Acho bom – disse Hermione, pensativa – A presença de vocês está perturbando os habitantes do local.


– Só uma coisa... – Rony se pronunciou timidamente – Eu não trouxe minha vassoura...


– Por quê? – Harry e Hermione perguntaram juntos.


– Porque tive que arrumar as minhas coisas às pressas... não dava pra lembrar de tudo! – resmungou.


– Bom... teríamos que parar para dormir em algum momento – ela desceu da árvore e procurou por um lugar onde armar a barraca.


Hermione observava o mar, logo abaixo do rochedo em que estavam as ondas quebravam ferozmente contra as pedras. Prendeu o cabelo e olhou para eles. Harry olhava para o horizonte, pensativo, enquanto terminava de guardar seus pertences na mochila. Rony terminou de se despir lentamente, nem um pouco entusiasmado.


– Quer que eu te mostre onde fica a abertura? – Harry perguntou a ela quando Rony começou a descida pelo estreito e ingrime caminho que levava à água.


– Não precisa, eu encontro vocês lá dentro... Acha mesmo seguro? – ela perguntou observando Rony se afastar.


– Não se preocupe, eu tomo conta dele. – Harry a tranquilizou antes de segui-lo.


Hermione esperou até que mergulhassem para então levantar voo.




Suas mochilas foram as primeiras a emergirem no lago, envoltas pela bolha de ar. Harry apareceu logo a seguir e as levou até a margem. Olhou para baixo e esperou Rony se aproximar, ele emergiu próximo à borda, esvaziou as mãos e cuspiu o peixe que trazia na boca.


– Nossa próxima refeição – declarou entusiasmado.


Harry olhou para os peixes que se debatiam no chão, saiu da água e se afastou sem dizer nada. Secou-se com a varinha e passou os olhos pelo local, o falso cetro ainda preso na parede, a porta para a câmara, aberta.


Ouviram o ruflar de asas e olharam para o teto da gruta. Harry entrou na câmara, pegou as pedras na mochila e subiu em direção ao portal. Hermione pousou próximo à margem, retirou os óculos escuros e olhou para Rony, debruçado sobre seu pescado.


– Eu mesmo os pesquei, com minhas próprias mãos – ele contou orgulhoso.


Ela tentou esboçar um meio sorriso e foi até a câmara, onde largou a mochila e examinou o local.


– Eu vi movimento na floresta antes de vir – ela disse a Harry – Há um grupo andando por lá, não muito longe daqui. Teremos que tomar cuidado ao sair.


– É melhor que não nos vejam, não sei se foram avisados da nossa vinda... – Harry disse a ela enquanto arrumava as pedras lá no alto, comparando-as. Minutos depois virou-se para entrada. – Que isso? Fumaça...?


– Ah, que bom! – Hermione sussurrou aliviada – Ele vai cozinhar primeiro.


– Isso se não nos sufocar antes...


– Ou chamar a atenção de alguém – ela completou enquanto descia os degraus e seguia para a saída.



Pela segunda vez observavam o sol lançar seus últimos raios pela abertura do rochedo. Harry caminhava impacientemente pela câmara enquanto pensava. Hermione agitou a varinha no ar fazendo com que as pedras do Arco se rearrumassem em uma nova posição.


– Não adianta, é isso mesmo – ela se convenceu ao avistar o véu que surgiu automaticamente quando as pedras se encaixaram – Há apenas uma única combinação capaz de fazer com que o portal se forme.


– Então, ele está mesmo inútil... – Harry se reaproximou dele apurando a audição.


Nenhum som, ao contrário do que acontecia antigamente, quando funcionava no Ministério.


– Então, estão os dois, certo? – Rony perguntou saindo da barraca montada próximo à entrada. – Você disse que o outro também não tem som nenhum...


– Ao contrário do portal do Ministério, este esteve isolado aqui, ninguém entrou por ele – disse Hermione enquanto marcava as pedras para identificar a sequência correta, numerando-as.


– E o Salazar? Se ele entrou realmente porque não há os sussurros dele? – Rony sentou em um dos degraus da câmara. – E se ele não entrou, para que mais ele usaria o arco senão para se livrar dos seus desafetos como fazia o Ministério? Logo, também deveria ter muitas vozes.


– Não sei... – Harry suspirou desanimado. – Mas acho que seria inviável trazer alguma pessoa até aqui só pra se livrar dela, até porque seria mais fácil deixar que se afogasse pelo caminho...


– Claro que há uma explicação pra isso... – Hermione meditou, determinada. – Ele era uma serpente marinha, então só ele poderia chegar até aqui, não deve ter construído isso pensando no uso para mais alguém.


– Pode ser... mas por que o do Ministério está tão silencioso...? – andou em torno do Arco tocando suas pedras desgastadas e o véu esfarrapado e esvoaçante. – Para onde foram aquelas vozes, os murmúrios...


– Bom, de alguma forma ele funciona – disse Rony escolhendo uma pedra solta no chão – Para quem quiser fazer sumir alguma coisa... – jogou a pedra fazendo com que atravessasse o véu. Ela não reapareceu do outro lado.


Hermione pegou suas anotações empilhadas próximo a uma das pilastras e sentou na escada, para escrever. Harry se ajoelhou em frente ao Arco e apontou a varinha para o véu.


– Accio!


– Eu não acho isso uma boa ideia – Rony opinou receoso. – Nem isso! – levantou-se nervosamente ao vê-lo deslizar a mão por baixo do véu, tateando como se quisesse recuperar a pedra lançada.


Antes que Rony o alcançasse ele a recolheu rapidamente deixando algo cair no chão enquanto agitava a mão dolorida.


– O que é isso? – Rony se agachou ao seu lado.


– Está muito quente – Harry avisou a ele.


– Nada de testes práticos, lembra!? – Hermione jogou as anotações para o lado e se aproximou exasperada – Foi você mesmo quem determinou! Não até encontrarmos uma saída!


– Só porque eles tinham ficado entusiasmados demais para testá-lo – argumentou. – E agora sabemos que realmente tem alguma coisa aí – ele olhou para o Arco com um novo brilho no olhar.


– É uma pedra... – Rony a tocou com a varinha – Mas não foi essa que eu joguei.

– Temos que estabelecer uma maneira segura de testar isso – ela apontou a varinha fazendo com que as pedras se desalinhassem e formassem uma pilha no chão.


– Como era do outro lado? – Rony perguntou também entusiasmado com sua experiência.


– Era como se houvesse uma fonte de calor muito forte, como um sol escaldante e eu senti terra árida antes de tocar a pedra. – descreveu examinando a mancha avermelhada na palma da mão.


– Como um deserto? – ela sugeriu voltando sua atenção à pedra. – Não parece uma pedra comum... – tocou brevemente a pedra e depois invocou a mochila, de dentro da barraca e usou uma toalha para pegar o achado.


Rony acendeu a varinha e Harry usou a claridade para criar pequenas bolas de luz flutuantes para clarearem melhor o local. A pedra tinha um tom azulado e uma de suas superfícies polida. Após alguns segundos contemplando a pedra Harry voltou sua atenção para o outro arco, no alto.


– Este lugar não poderia estar no Ministério – disse Harry – Quem sobreviveria a essa temperatura?


– E não era justamente essa a intenção? – perguntou Rony.


– E se não há como inverter o Arco, como eles sairiam? – Harry especulou – Um feitiço, uma chave...


– Uma porta de saída – sugeriu Rony. – Talvez hajam portas específicas, umas para entrar e outras para sair. Lembra o que Ubayd disse, que o mais difícil é encontrar a porta certa?


– Então temos dois portais para lugares totalmente diferentes, um frio e úmido e outro absurdamente quente – Harry observou.


– Como sabe que é frio e úmido? – Hermione lhe lançou um olhar acusador.


– Porque eu senti... De que outra maneira se descobre qual a porta correta sem ser experimentando?


– Foi por isso que ficou acordado até tarde ontem à noite?


– Não por isso, mas como estava sem fazer nada... – tinha passado a noite de vigília, por precaução, as lembranças de sua última visita ainda o assaltavam.


– Você conseguiu retirar a pedra sem problemas – disse Rony – O que isso significa?


– Significa que este não é o portal do Ministério...


– Mas você não disse...


– É o mesmo arco, Mione, mas não é esse o portal, não pode ser.


– Você acha, então, que não é a maneira como é montado o portal e sim, onde... – ela analisou. – Faz sentido... o local correto pode ser o que permite ou não a saída...


– Em cada local uma porta diferente? Isso complica ainda mais – disse Rony – De onde será que vieram essas pedras? Quem as enfeitiçou?


Hermione recuperou seus manuscritos e começou a descrever as descobertas, a pedra e todas as teorias e dúvidas que tinham a respeito.


– Acho que ele sabia como usá-lo – Harry murmurou olhando fixamente para o arco, no alto, como um símbolo místico em um altar. – Ele fixou o arco neste lugar porque era essa a entrada que o interessava, não escolheu este lugar por acaso.


Passou a andar pelo local examinando cada desenho, cada detalhe, do chão ao teto.


– Não acredito que ele tenha deixado algum manuscrito por aqui, Harry – disse Hermione – Se a intenção dele ao entrar era estudar esse... lugar misterioso, deve ter levado as anotações com ele para continuar os relatos.


– Que egoísta... – Rony reclamou olhando para o portal, como se Salazar pudesse estar ali, observando-os. – Poderia ter deixado uma cópia. Vamos embora assim que amanhecer – pediu – Não há mais nada a fazer aqui.


Harry começou a guardar as pedras, concordando que era hora de partir, ele mesmo estava ansioso pra isso. Hermione continuou olhando para Rony, distraidamente.


– Ele deixou o tesouro, não devia ser sua intenção partir de verdade já que se preocupou em protegê-lo da ganancia de seus parentes – disse Harry – Talvez usasse a passagem constantemente, para ir e vir...


– Não sabemos – disse Hermione, despertando de seu devaneio – Vamos voltar ao Ministério para testar essa teoria e tentar descobrir mais sobre o Arco da Morte – decidiu levando suas anotações para dentro da barraca.


Assim que o sol surgiu ela saiu para verificar se o local era seguro. Deixaram a gruta quando ouviram seu piado. Ao chegarem no alto do penhasco já estavam secos e vestidos. A águia se aproximou e pousou no braço que Rony estendeu para ela.


– Você já pode ir, Mione – Harry sugeriu – Vamos fazer o possível para chegarmos até amanhã à tarde...


Ela levantou voo e partiu. Rony ficou olhando tristemente enquanto ela se afastava, tinham combinado dela chegar primeiro e telefonar pedindo para que viessem buscá-los, assim economizariam tempo. Harry voltou e o puxou para seguirem em frente.


– Já pensou na desculpa que vai dar para entrar lá com as pedras...? – Rony perguntou durante a caminhada.


– Já... nenhuma... você é quem vai. Você pode dizer que está indo ver o seu pai, ou que está ansioso para começar o estágio e quer se adiantar... eu vou entrar com você sob a capa de invisibilidade.


– E por quê? Ninguém vai te barrar se você quiser entrar! É só dar uma desculpa convincente para usar aquela sala.


– Não... Eu teria que dar explicações, responder perguntas...


– Até quando acha que vai conseguir evitar todo mundo?


– Até que me esqueçam... – parou apurando a audição. Rony passou por ele.


– Bobagem!


Rony prosseguiu enumerando as desculpas que ele poderia usar para não ter que devolver o Arco, Harry ouviu em silêncio enquanto dava continuidade à caminhada e aspirava o ar em volta, atento.

Horas depois pararam para comer alguma coisa e Rony começou a olhar repetidas vezes para a mata ao redor.


– Está com a mesma impressão que eu? – perguntou Harry – De que estamos sendo observados?


– O que são?


– Não sei, mas espero que só estejam curiosos...


Foi interrompido por um rugido ensurdecedor que agitou a mata enquanto seus ocupantes fugiam para longe deles.


– É... só estavam curiosos – Rony concluiu.


– Exibido – Harry lambeu a mão, limpando o caldo que tinha deixado derramar acidentalmente. – Que tal uma corrida até o rio? – propôs enquanto terminava a refeição – Podemos chegar lá ainda esta noite.


– Mas Hermione disse que seria perigoso, caso ainda haja algum desses grupos andando por aí. A aparição de um tigre e um leão, aqui, de repente...?


– Está se preocupando agora, depois que você chamou a atenção de toda a ilha?


– Por que de tanta pressa em voltar? Vocês se veem todas as noites... – acrescentou desconfiado do real motivo de sua ansiedade – O que tem de mais em dar um tempinho...


– Rony, você vê a Hermione todos os dias... – Harry o lembrou pacientemente.


– E o que isso tem a ver? – Rony franziu a testa e enfiou na boca o último pedaço de sua ração.


– Gostaria de ser tão tranquilo quanto você – comentou após alguns segundos observando-o comer, despreocupado. – Não me agrada a ideia de ficar afastado por tanto tempo...


– Ainda se preocupa com o Sean? Pensei que gostasse dele agora, afinal, se ele não tivesse se juntado a vocês, hoje você também estaria se preocupando com o lançamento da banda...


– Não... Di Cavour não me preocupa, ele é esquisito... o problema são os outros que eu não conheço...


– Você está ficando paranoico – Rony jogou a mochila nas costas e se levantou.




A mensagem recebida no início da manhã os surpreendeu. O sol ainda não tinha começado a esquentar e já estavam a caminho. Harry tinha feito, com muito custo, Rony se levantar cedo para darem prosseguimento. Tinham passado boa parte da noite correndo pela mata para se anteciparem, ele ainda estava sonolento e mal-humorado.


– O que ela quer dizer com isso? – perguntou Rony, estreitando os olhos para o relicário. – Vai vir nos buscar de carro? Até que seria bom... – meditou.


– Mas a estrada está fora do nosso trajeto – estranhou – Não vai compensar... – enviou uma resposta mas receberam outra mensagem, insistindo.


– Vamos encontrá-la! – Rony decidiu, entusiasmado, e reiniciou a caminhada após se reorientar.


Harry o seguiu insatisfeito, deixando que assumisse a liderança. Demoraram algum tempo no rio, antes de atravessá-lo, e depois continuaram. A tarde já havia chegado quando ouviram o riso de Hermione, antes mesmo de chegarem à estrada. Seguiram o som de sua voz e logo a encontraram, de pé em frente a um jipe, em uma conversa animada com um funcionário local.


**
N/A O capítulo acabou ficando muito grande, tive que quebrá-lo.
***

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