Conselho Ministerial



****

– Por que está contando isso pra gente aqui, agora? – Hermione olhou para o relógio, apreensiva.


– Porque eu precisava contar a vocês, ainda está em tempo de desistirem, ou se quiserem pensar a respeito...


– Você fez o que deveria ser feito – Rony colocou a mão em seu ombro – Só lamento que tenha que ter sido você a fazer isso...


– Obrigado, Rony, o apoio de vocês é importante pra mim.


– Ah! Os centauros! – Hermione exclamou ao olhar para a fonte – Tinha me esquecido deles – abriu novamente o extenso pergaminho e acrescentou nervosamente mais um nome ao final da lista.


– Os que ficarem de fora poderão reclamar uma posição depois – Harry disse a ela – O mais importante é que um Conselho seja formado assim que tivermos sucesso.


– Se tivermos...


– Vai dar certo, Hermione – Fred exclamou, carregava uma enorme saca às costas e desejava Feliz Natal aos presentes enquanto distribuía relógios ativadores de escudo de invisibilidade e outros artigos defensivos que os ajudaria a fugir caso fosse preciso.


– Ou então... estaremos todos ferrados! – Jorge acrescentou enquanto se afastava medindo o local.


– Gatinho... – Irina se aproximou – O “seu bando” está brigando de novo...


– Ahh... – Harry se virou com desânimo para olhar – Gostaria que Lupin estivesse aqui, eu não sei lidar com eles…


– Talvez seja melhor que eles extravasem agora, assim não vão arranjar confusão na hora errada... – Hermione sugeriu.


– Harry! – Icos o chamou – Tem gente chegando.


Harry atravessou o saguão passando pelos bruxos com suas varinhas a postos, muitos deles ex-moradores e frequentadores da Travessa do Tranco, outros, trambiqueiros como Mundungo, que temiam tanto as decisões do Ministério quanto os Comensais. Parou no final do saguão aguardando a cabine telefônica que descia ruidosamente.


– Podem deixar – pediu ao bando de Lupin, que vigiava aquela entrada – Sei quem são.


Ficou entusiasmado com a chegada deles, o código de acesso ainda era o mesmo, as coisas pareciam estar indo muito bem, as possibilidades eram promissoras.


A porta se abriu e os quatro saíram, confortavelmente, da minúscula cabine. Harry deixou que se aproximassem.


– Que bom que vieram. – Harry disse a eles, até então não sabia como o recado, dado por Dobby, havia sido interpretado.


– Eu não iria deixar que se arriscasse nisso sozinho. Essa ideia foi tão...


– Vai dar certo, Raven, não é justo que todas as decisões do mundo mágico fiquem nas mãos de um único bruxo, todas as categorias têm o direito de serem devidamente representadas, de participarem de todas as decisões. E há muita gente insatisfeita com o Ministério, se nos unirmos em prol do mesmo objetivo não há porque dar errado. Só virão vocês? – perguntou desapontado.


– Viemos primeiro, para ver se é realmente seguro – disse Melwas.


– Por enquanto, sim... Os funcionários da noite estão lá atrás conversando com amigos meus, Tristan e Emil, o Ministro não chegou ainda.


– É bom sermos os primeiros, uma vantagem – disse Leon.


Harry se alarmou ao perceber a interferência na proteção local, que durou alguns segundos em que as luzes piscaram e eles apareceram. Harry contou rapidamente vinte e sete deles. Percebeu que estava diante de alguns dos membros do próprio Conselho, se diferenciavam dos demais pelos seus gestos tranquilos e olhares sábios, e também, pareciam existir há muito tempo.


– De nossa parte garantimos que não haverá confrontos desnecessários – disse Manhir, que assumiria um lugar na mesa do Conselho Ministerial para representá-los – Lyman também veio para ajudar nas negociações que ocorrerão – disse apontando o ex-auror.


– Por favor, fiquem à vontade – Harry pediu – Espero poder contar com a sabedoria de vocês para que este Conselho seja organizado da maneira mais justa possível, para todos.


– Nós cuidaremos disso – Manhir se afastou para se inteirar aos demais.


Harry viu Fred e Jorge armando a lareira portátil a um canto e achou uma boa ideia, seria uma rota de fuga, caso fosse necessário.


– Raven... – Harry a chamou num canto. – Sabe o que aconteceu ao meu primo Duda?


– Já soube? – Raven o encarou pesarosa – Seu primo está bem, Sirius e Moody o escoltaram pessoalmente até a casa da tia, para passar o Natal, estão vigiando a casa também... Desculpe, eu teria te contado a respeito dos seus tios, mas Sirius estava com medo da sua reação... Eu não concordei com a intenção dele de te forçar a voltar pra casa, mas foi decisão da Ordem... – ela passou a mão pela sua face e o encarou hesitante – Harry... a polícia foi chamada até a casa dos seus tios recentemente e encontraram...


– Eu sei, Greyback andou por lá, mas isso não importa mais – ele estendeu a mão em direção à Irina, que se aproximava cautelosa.


– Não precisa mais se preocupar com ele, constatamos sua morte há duas noites...


– Eu estou sabendo – murmurou sem tirar os olhos de Irina – Raven, esta é a Irina, ela é...


– Sou do Clã de Strickland – Irina se apresentou evitando que ele o fizesse – Harry e os amigos chegaram até nós, feridos, meu Clã os acolheu.


– Fico muito grata a vocês por isso – Raven disse sinceramente – Ele tem uma queda por situações perigosas...


– Sim eu percebi isso, não foi essa a única vez que aconteceu...


Uma das lareiras se acendeu e sua chama tremulou enquanto eles surgiam, Harry as deixou e foi recepcionar os recém-chegados.


– Obrigado por ter aceitado vir assim tão cedo, Ministro... e no dia de Natal! – saudou-o cordialmente.


Os aurores que surgiram a seguir foram rapidamente desarmados por Pável, Ksenya e Ubayd, tão rápido que ainda apalpavam desesperadamente as vestes à procura de suas varinhas.


– O que é isto? – os olhos cautelosos de Scrimgeour passou por todos os presentes registrando suas identidades.


– Exatamente o que eu disse na mensagem, quero discutir sobre as injustiças que estão ocorrendo.


– Não estávamos sendo injustos com você... – seus olhos pararam sobre a figura de um dos Antigos que exibia sua experiência bem sucedida de ter quatro braços.


– Só queria me manter preso aqui, eu sei... – Harry completou. – Mas não sou o único, estamos reunidos aqui, hoje, para discutirmos isso, pacificamente...


– Estamos aqui para negociarmos nossas vidas, liberdade e dignidade, senhor atual Ministro da Magia – disse Manhir – Não só para o meu povo, mas para cada criatura que tem sido discriminada sobre o comando de vocês.


– Está sugerindo que façamos acordo com bruxos das trevas, transgressores das leis e criaturas... – Seth se dirigiu a Harry indignado.


– Estou propondo paz entre todos nós, respeito e tolerância às diferenças – disse Harry – Vocês podem ouvir e tratar isso com bom senso ou nos incitar a uma rebelião...


– Por favor Ministro, Senhores … – Jorge apontou solicitamente a mesa redonda que tinha conjurado a uma extremidade do saguão.


– Não sei o que espera receber com isso, garoto – Scrimgeour se dirigiu a Harry aproximando-se – Mas seja o que for eu posso oferecer mais, se ficar do meu lado... – propôs num sussurro.


– Mas o Senhor ainda não ouviu as nossas reivindicações... – Harry apontou a mesa para a qual os demais se dirigiam.


Manhir e Perdicas ocuparam assentos à mesa, e também alguns bruxos e Hermione, que a pedido de Harry se juntou a eles, enfeitiçou a pena e ajeitou as folhas de pergaminho com a intenção de transcrever aquela reunião. Os Guardiães e alguns dos Antigos cercaram a mesa para acompanhar a discussão e o Ministro ocupou seu lugar cercado de perto por dois de seus aurores, os outros quatro estavam a um canto conversando com Lyman Dekker.


– Quem vai nos representar? – Ksenya perguntou a Harry – E aos outros?


– Eu não sei onde encontrar pessoas como vocês... – Harry desculpou-se. – Depois que conseguirmos criar o Conselho os demais serão chamados e convidados a eleger um representante, por enquanto é arriscado de qualquer forma...


– Eu tenho um vampiro morando no meu sótão e tenho certeza de que ele não vai querer vir não. Está lá em casa há anos, desde a época dos bisavós do meu pai.


– Isso é horrível! – Ksenya se chocou.


– O sótão lá de casa não tem nada de horrível! – Rony lançou a ela um olhar irritado – É até bem legal...


– Tristan, Emil... – Harry os chamou – Poderiam assumir um lugar à mesa, só para representá-los temporariamente? – Harry pediu.


– Claro, por que não? – Tristan recebeu a tarefa com prazer.


– Estamos mesmo pensando em comprar uma propriedade neste país – disse Emil – Irina nos contou sobre o casarão antigo, próximo a um cemitério, minhas meninas ficaram entusiasmadas com a ideia...


Harry olhou para Irina e ela sorriu indiferente à sua expressão. Ele acompanhou o casal até a mesa e depois voltou para falar com ela. Mais aurores estavam chegando, o bando de Fenrir, o de Lupin, alguns dos Antigos, os bruxos voluntários e os demais membros do Clã estavam espalhados pelas lareiras para recepcioná-los.


– Irina, estão querendo comprar a Casa dos Riddle? – perguntou a ela apreensivo.


– É, ficamos interessados – ela admitiu – Como eu falei pra você, parece o submundo e todos aqueles protetores... nos ajudariam a treinar.


– Eu não gostaria que voltasse lá, é perigoso...


– Está querendo dizer o que com isso? – ela o encarou – Que eu não posso com meia dúzia de mortos-vivos?

Ele permaneceu em silêncio pensando em como exprimir o que sentia a respeito.

 – Não me lembro de ter pedido a sua ajuda!


– Não, não é isso... – Harry tentou se explicar mas ela se afastou para perto de Hana e Grazina sem lhe dar atenção.


– Não pense que por ter também garras, além das presas, terá mais vantagens – Ksenya sussurrou para ele – Ainda somos seis e vocês, cinco... Aliás, belas garras...


Harry olhou com irritação enquanto elas se afastavam. Desviou a atenção para a aglomeração próxima às lareiras.


– Eu quero falar com o Ministro! – bradou um auror, que estava sendo contido por um dos Antigos.


– Que história foi essa? Vocês foram à Little Hangleton, sem a gente? – Rony perguntou com perplexidade.


– Depois eu te conto – Harry pediu mal-humorado.


– Não precisa se dar ao trabalho, agora você tem novos amigos para quem contar – Rony comentou invocado e deu-lhe as costas, se afastando também.


Harry teve vontade de puxá-lo de volta e tomar satisfações, levou a mão à cabeça tentando organizar seus pensamentos, não sabia porque estava se sentindo daquele jeito.


Impulsionou-se para o alto, para ter uma visão melhor do que estava acontecendo, muitos ergueram os olhos para olhar para ele. Percebeu que as negociações, à mesa, pareciam estar evoluindo muito bem até agora, sem gritos ou descontroles. Sentiu-se encher novamente de esperança como se tivesse acabado de respirar ar puro.

Olhou para todos mais atentamente. Fred e Jorge haviam isolado o local da reunião com uma espécie de cerca de finos fios transparentes, desceu até eles.


– O que estão fazendo com isso? – Harry perguntou aos dois.


– Estamos mantendo os ânimos ali. – Jorge explicou com orgulho.


– Emitindo bom humor, deixando-os descontraídos e à vontade – disse Fred, enquanto mantinha um olho nas negociações.


– Isso é ótimo – Harry admitiu – Só que estão causando um desequilíbrio aqui e se acontecer alguma coisa, nem que seja uma pequena discussão, poderá se iniciar uma guerra e colocar tudo a perder.


– Não seja dramático – Jorge o ignorou – O principal aqui é a aceitação do Ministro em garantir a paz e firmar um acordo.


– Eu tenho lobisomens recém saídos da lua cheia, tenho vampiros que logo estarão sedentos, bruxos acostumados a usar artes das trevas e tenho praticantes de magias desconhecidas deste lado – Harry se irritou – Acham que um simples acordo poderá evitar que se matem?


– Desculpe, Harry – Fred desfez o encantamento – Foi mal...


Ouviram vozes alteradas e um tumulto do outro lado, entre os que chegavam. Harry lançou um olhar irritado aos dois e foi até lá.


– O que você está fazendo aqui é uma loucura... – George exclamou mortificado, interceptando-o pelo caminho.


– Está tudo saindo muito bem até agora, já falou com Lyman Dekker? – Harry indicou o auror que estava cercado por sete de seus amigos desarmados e desorientados em meio àquela nova situação. – Oh, droga...


Harry viu Rony discutindo com Gina e alguns alunos de Hogwarts, que estavam em volta da lareira portátil. Apressou-se em direção às vozes que estavam se tornando cada vez mais alteradas. Um auror, recém saído da lareira, tinha se recusado a entregar a varinha e tentou atacar um dos homens do ex-bando de Greyback, que revidou.


– Parem com isso! – Harry abriu caminho entre os presentes que se aglomeravam, tensos, sem saber se deviam separar ou tomar uma posição na briga. – Chega! Abadir! – Harry o empurrou para longe.


– Eu fui mordido! Ele me mordeu, o mestiço! – gritou o auror. Um tumulto se fez ao redor em que os empurrões logo foram substituídos por ataques corporais.


Pável e Mihail em segundos desapareceram com o auror, Harry percebeu o fato mas ainda segurava Abadir, e tentava localizar os outros, preocupado que mordessem mais alguém. Dois dos Antigos, entre eles reconheceu Derfel, se aproximaram para ajudar Nicolae e Ubayd a acabarem com a briga. Os outros estavam ocupados, tentando controlar a chegada de mais aurores que por algum motivo pareciam ter decidido que deveriam se encontrar no Ministério para receberem novas ordens do Ministro.


– Por acaso esqueceu do nosso objetivo aqui? Esqueceu do que foi combinado? – Harry irritou-se com ele. – Se não consegue se controlar é melhor que vá embora.


– Quem é você pra me expulsar, seu híbrido! – Abadir se desvencilhou.


– Está querendo me desafiar? – Harry rosnou para ele.


– Terá que desafiar a mim! Mas esta não é a hora nem o lugar! – ele agarrou Abadir pelo pescoço e o arrastou para perto dos outros do bando.


– Lupin, por onde andou? – Harry reclamou seguindo-o. Olhou para suas pernas, aliviado por estarem funcionando bem, tinha sido sua primeira experiência, tinha se preocupado com o fato de que algo pudesse sair errado.


– Na verdade eu estive correndo por aí – ainda estava magro, porém, limpo e barbeado – E trago novidades... Mas que ideia louca foi essa? E trazer o bando de Fenrir pra cá, são indisciplinados e agressivos...


– Nós temos o direito de estar aqui – Abadir reclamou – Também seremos representados no Conselho...


– Têm o direito, mas não estão preparados pra isso ainda – Lupin fez uma chave de portal e estendeu a eles. – Vão para Nottinghan e nos esperem lá.


– Foi o Potter quem nos convocou, ele é que dirá o que devemos fazer – outro do bando reclamou.


– Vocês podem ir – Harry os liberou – E sigam as instruções de Lupin, ele será um bom líder para vocês, e um ótimo amigo... – acrescentou.


Observaram eles tocarem a Chave do Portal e partirem. Harry respirou mais tranquilamente, passou os olhos em volta procurando por Mihail e Pável. Percebeu várias pessoas estranhas vindo do saguão ao lado, o átrio, onde ficavam os elevadores. Eles olhavam para todos perdidamente, alguns, com crianças no colo.


– O que foi isso? Por que estão obedecendo ordens suas?


– Agora não, Lupin. – Harry se afastou abrindo caminho até chegar a um grupo de  aurores conhecidos – Quem são essas pessoas, como chegaram aqui?


– São bruxos e bruxas que abandonaram os lares em busca de segurança, moram no anexo criado aqui no Ministério, no sexto andar...


– Anexo... – Harry repetiu alarmado – E nesse anexo, há outra entrada? – Harry perguntou.


– Há funcionários encarregados de vigiar todo o Ministério e as entradas – Lence ainda observava Grazina, ao seu lado, ao responder.


Harry começou a se dirigir para o local, preocupado, um simples feitiço de ilusão de Fred tinha sido suficiente para garantir a entrada deles e há horas os funcionários se encontravam detidos no saguão, não havia ninguém vigiando aquelas passagens. Sua cicatriz ardeu desorientando-o, parou.


Pessoas começaram a surgir na sua frente enquanto passava por elas, a visão limitada pelo capuz. Harry olhou ao redor, procurando e tentando não chamar a atenção de ninguém, um ataque de pânico, naquele momento, colocaria tudo a perder, desde que ele se mantivesse incógnito teriam uma chance.


Uma mão pousou em seu peito. Harry olhou para ela, seus olhos azuis o observavam com espanto.


– Evandra... está fazendo o que aqui?


– Eu estou morando aqui, no anexo, há algum tempo, lá fora não é seguro para nós. Onde esteve esse tempo todo? Nunca te vi por aqui.


– Estive acampando por uns tempos... – Harry olhou a toda a volta – Escuta, o seu pai ainda trabalha para aquela multinacional, qual era mesmo o nome...? – pediu ansioso enquanto o acompanhava.

Quando ele entrou no elevador com os outros, conseguiu localizá-lo.


– Ynys Corporation, sim, ele está aqui – disse indicando o casal parado a poucos passos, observando os aurores discutindo com Lyman. – Meus pais vieram passar o Natal comigo, querem me convencer a ir com eles, mas agora sou funcionária do Profeta Diário, e é aqui que eu quero ficar.


– Me apresenta. – Harry pediu e a acompanhou até o casal, que ficou surpreso em conhecê-lo. – Sr. Jonathan Velaska, a empresa para a qual o senhor trabalha, a Ynys, quem é o proprietário?


– Eu trabalho para o senhor Shalmann, Eva havia me dito que você e seus amigos se interessavam por antiguidades... – ele comentou tentando agir naturalmente e não demonstrar o quanto a tensão em torno deles o preocupava.


– Sim, mais especificamente, por um cetro, algum dos grupos de escavação chegou a encontrar algo parecido?


– Não, nosso trabalho exige concentração e paciência, não temos tido grandes descobertas ultimamente...


Harry agradeceu a atenção e se despediu, estava perdendo contato com ele mas sabia exatamente para onde estava indo. Passou por George Killingbeck e Rowan Rodda, que tentavam explicar a um grupo de moradores do anexo o que estava acontecendo.


– Mihail! – Harry a avistou quando chegou no átrio, ela vinha de um dos elevadores, junto com os demais moradores.


– Não é melhor mantê-los longe daqui? – ela perguntou a Harry indicando os bruxos que continuavam a chegar do anexo.


– Sim... Não! Agora não, deixe-os ficar – pediu, tencionava fazer com que ele voltasse por aquela entrada – O que fizeram com o auror?


– Ele está bem, não estamos mais na lua cheia, nada acontecerá a ele...


– Ótimo... se alguém perguntar, eu voltarei logo – acrescentou ao se afastar.




Cruzou rapidamente o corredor do nono andar, a porta estava aberta, entrou por ela chegando à área escura e circular, e saiu pela porta seguinte, desceu até o fundo do poço de pedra, de onde ele estudava o arco. Fazia tempo que tinha estado ali, mas parecia estar tudo do mesmo jeito, os estragos haviam sido reparados.


– Vai embora! O que temos pra resolver não será feito hoje – Harry pediu irritado – Nem ouse estragar meus planos!


– Que estranho ouvir isso logo de você, que já me atrapalhou tanto... – Voldemort continuou contornando o tablado sobre o qual estava disposto o arco, sem desviar o olhar. – Saiba que o que está conseguindo aqui se deve muito aos meus esforços até agora. Eu também tinha um plano para o Ministério...


– Que plano? – perguntou Harry – Deixar os bruxos acuados e amedrontados, se escondendo, assim como o Ministério faz aos Antigos?


– E insatisfeitos... – acrescentou – Até o ponto de se rebelarem ou se renderem às minhas exigências... sim.


– Eu tenho uma ideia melhor, e cheguei aqui, hoje, primeiro, então...


– Pode ficar com sua tentativa, uma utopia, bem típico de uma mente jovem e idealista. Não vai dar certo... Pode mudar as regras, alterar a lei, mas não, eliminar o preconceito que habita cada um.


– Vai dar certo se você não atrapalhar – disse Harry. – Por hora neutralizarei o Ministério e consequentemente tirarei os Antigos do meu caminho, sem o medo de que o Ministério os descubra, não haverá motivo para me acharem uma ameaça – explicou – O resto vai se ajeitar a longo prazo...


Voldemort o olhou avaliando-o.


– Interessante... Poderia até dizer que estou… orgulhoso? Talvez... Você conseguiu reuni-los, um feito e tanto, mas já percebi que às vezes o subestimo em demasia, estou me esforçando para reparar isso...


Voldemort voltou a atenção ao arco e levou o dedo aos lábios distraidamente enquanto pensava, o verde do anel brilhando à claridade do local.


– Por que tanto interesse nesse arco velho? – Harry reclamou.


– Hum... arco velho... – Voldemort ergueu-se até o tablado e o tocou. – Realmente, não consigo entender o interesse de Salazar Slytherin nisso, é idêntico, com certeza... Mas saiba que este não é um arco qualquer, é o Arco da Morte e os que o atravessaram, até hoje, jamais voltaram. O Ministério já fez largo uso dele, principalmente contra os Antigos...


– Um portal? – Harry se juntou a ele interessado. – Slytherin também tem um? Na ilha?


– Você estava certo quando sugeriu que fosse procurado naquele local, em direção ao pôr-do-sol, bem abaixo de nossos pés. Há uma entrada para aquela colina, uma entrada submersa.


– E lá embaixo, um desses...


– E o cetro – Voldemort confirmou – Ele era a chave para o portal, só não entendo por que Salazar o atravessaria, ele preferiu a morte...


– Não, são portais! Eles estão todos do outro lado, você não os ouve?


– Almas aprisionadas...


– As pessoas que entraram! – Harry ergueu a mão para tocar o véu – Acha que Salazar o atravessou?


– O cetro estava fincado na parede e a passagem, para a câmara que o continha, aberta. Foi o fim que ele escolheu. – Voldemort baixou sua mão e o afastou enquanto passava.


– O que será que as impede de sair?


– Isso não nos interessa, ele preferiu atravessar o Arco rumo à morte e eu escolho atravessar os tempos – Voldemort erguer a varinha e as pedras que formavam o arco se deslocaram, e ele se desfez.


Harry agachou próximo a elas e as examinou. Quando se ergueu novamente o tablado estava vazio e trazia na palma da mão uma minúscula saca, amarrou a borda para impedir que as pedras rolassem.


– Não deve ser difícil transformá-lo em uma porta de saída – Harry ergueu os olhos para ele devolvendo seu olhar.


– Será este seu primeiro ato como líder? Libertar seguidores fantasmas? – Voldemort desdenhou e lhe deu as costas, se dirigindo ao alto da arena.


– Não preciso de seguidores, não quando posso contar com amigos fiéis e estabelecer alianças... – Harry o seguiu – E não serei líder, nem representante, não vou ficar preso a isso aqui...


– Isso, delegue... Eles já o veem como um típico herói, um líder, é o suficiente.


– Já que o cetro não terá mais utilidade para você, eu posso ficar com ele? – Harry pediu.


– Vá buscá-lo... – chegaram à sala circular e Voldemort olhou para as portas – Já está mesmo na hora de você voltar pra casa e parar de brincar de colecionar minhas horcruxes – voltou-se para ele decidido.


Ouviram o burburinho que chegava a eles vindo do andar de cima.


– Como eu disse, mantê-los em paz é uma utopia... Posso convocar meus seguidores e estarão aqui em poucos minutos, para ajudar ou atrapalhar... só depende de você – estendeu a mão para ele.


– Só quero que não se envolva – Harry olhou para sua mão estendida – Ela não está aqui comigo agora... mas posso buscá-la – acrescentou rapidamente antes que ele se precipitasse. – Se ainda a queria por que a deixou na casa?


– Ah, sim, muito me surpreendeu suas táticas – Voldemort abriu uma outra porta e entrou por um corredor comprido, com bancadas e estantes repletas de pequenos objetos estranhos. – Sabia que deixar Fenrir caçá-lo iria ajudar a desenvolver seus instintos de autopreservação, e logo a morte não pareceria, aos seus olhos, tão terrível assim – enquanto falava, verificava os objetos que estavam na estante.


– Você é doente... – estreitou os olhos revoltado – Eu poderia ter morrido.


– Você, o “menino-que-sobreviveu” tantas vezes...? Nas mãos de um lobisomem? – descartou a possibilidade com uma careta. – Como se ele pudesse se sair melhor do que eu nisso – Voldemort escolheu o que lhe pareceu ser uma jarra prateada de corpo fino e alongado, e a fez desaparecer sob as vestes.


– Deixe tudo onde está, não vou permitir que leve nada.


– Não seja egoísta! – Voldemort voltou para a saída. Atravessaram a sala até chegar ao corredor. – Devo parabenizá-lo, você se saiu muito bem, e com duas mortes, três com a de Fenrir, suponho. Um tanto primitivas, quando o derramamento de sangue é desnecessário... mas, um bom treinamento.


Harry olhou para o alto, de onde vinham as vozes.

– Vamos, eu vou buscá-la e você vai embora – Harry seguiu o caminho até o elevador.


– As três, não vim pessoalmente até aqui para barganhar por pouco.


– O que está querendo dizer com isso, sabe que só tenho uma... – Harry virou-se para ele desconfiado.


– Está dizendo que as perdeu?! – perguntou sobressaltando-se.


– Não... eu a libertei... Não voltou pra você? – perguntou confuso, tentando controlar suas emoções.


– O que fez!? – Voldemort perguntou atônito.


Harry recuou, puxou do fundo do bolso o medalhão e o examinou novamente.


Voldemort o tomou de suas mãos.


– Estava procurando uma maneira de romper nossa ligação...


– E decidiu que minhas horcruxes dariam um bom experimento?! – girou a medalha entre os dedos, reconhecendo-a, e a apertou com força – Você não a libertou, deve tê-la transferido, onde ela está agora?


Harry o olhou pasmo enquanto absorvia aquilo, não soube o que responder.


– Ache-a! Esse tem sido o seu passa-tempo preferido, então encontre-a e leve todas três até mim.


– Espere... – Harry o deteve antes que partisse. – Fora o medalhão, eu não tinha mais nenhuma. Você disse que só haviam duas, e eu só consegui o rubi... na Casa dos Riddle...


– Sei que esteve na floresta e libertou meus sentinelas, quer brincar comigo?! Você tem muito a perder aqui.


– Justamente! Eu estou falando a verdade... – Harry assegurou, encarando-o nos olhos. Deixou que ele sondasse as lembranças que tinha daquele dia.


– Isso foi... estranho... – Voldemort se aproximou e ergueu a mão para tocar sua testa.


– Quem conjurou o pântano, se não foi você...? – afastou sua mão, impacientemente, e ajeitou os óculos.


– Seja quem for que a pegou, não a destruiu ainda – ele voltou-se novamente para a saída, pensativo. – Ninguém, além de mim, poderia saber...

 – Então, se pensou isso... – Harry meditou – Ainda está com meus tios? Ia pedir as horcruxes em troca deles?


– Iria pedi-las em troca de sua varinha, pensei que a quisesse de volta, que também fosse importante para você...


– Eu quero! Mas... e os meus tios?


– Não sei por que está se importando, eles não o consideravam, não achei fotos naquela casa, nem indícios de sua passagem por lá. Eles mesmos confirmaram isso. Não te desejavam. Assim como eu, você foi rejeitado por seus únicos parentes vivos. Parece que estávamos predestinados para que ocorresse assim ...


– E o que você tinha com isso? Resolveu se vingar por mim?


– Eles poderiam atrapalhar meus planos – comentou com naturalidade – Poderá vêlos quando levá-las até mim.


Harry continuou parado observando-o se afastar, sentiu-se impulsionado a perguntar que plano seria esse, que seus tios, trouxas, teriam o poder de atrapalhar, mas já tinha muito no que pensar.


Acompanhou-o cobrir-se novamente com o capuz e subir até o sexto andar. Teria que iniciar imediatamente sua busca pela horcrux, poderia estar em qualquer lugar, em qualquer objeto, teria que obrigar os gêmeos a lhe contar como e onde tinham feito.


Subiu e parou, cabisbaixo, quando chegou ao átrio. – “Eles são espertos demais para cometerem um erro desses” – pensou. – “Mentes privilegiadas...” – A conexão com a mente de Voldemort se desfez, avançou pelo saguão e sentiu a presença de um Comensal ali perto, misturado aos demais.


– Harry... – ela apareceu ao seu lado e o imobilizou num abraço apertado. – Eu sinto muito, pela maneira como agi com você...


– Tonks... está tudo bem... – pronunciou entre as mechas de seu cabelo amarelo ouro. – Você está me sufocando...


– Desculpe... – Ninfadora o soltou e manteve as mãos em seus ombros enquanto o contemplava. – Obrigada por tudo o que você fez, pelo Remo...


– Eu tinha que fazer alguma coisa, mesmo contra a vontade dele, não era justo... – Harry tentou se justificar.


– Você fez um ótimo trabalho, fico feliz que tenha tentado. Ele é muito difícil de se convencer, mas não merecia terminar daquele jeito... – seus olhos se umedeceram mas ela sorriu – Agora ele está difícil de acompanhar, sabe, muito ágil...


– Vocês dois estão juntos novamente? – perguntou Harry.


– Se depender de mim, sim... E depois do que eu acho que acontecerá aqui, não vejo onde ele encontrará motivos para objetar... Mas vem comigo – ela segurou sua mão – Vamos falar com os outros.


– Agora não, Tonks. Preciso fazer uma coisa primeiro.


Harry a deixou e abriu caminho entre as pessoas, que espreitavam ansiosas para ver o Ministro e provavelmente, saber sobre as negociações.


Conseguiu visualizar alguns do bando de Lupin conversando próximo às lareiras, seus amigos não tinham tentado chamá-lo ainda, parecia estar tudo sob controle novamente. Chegou até ele e segurou seu braço.


– Draco, ainda está com o Athame de prata do seu pai?


– No meu malão... – respondeu surpreso.


– Você me empresta novamente? Eu posso precisar dele – Harry pediu. – Pode ir buscá-lo?


– Está aqui – Draco tirou a miniatura do malão do bolso – Não vim pra cá hoje disposto a voltar àquele castelo, mesmo com tudo isso acontecendo.


– Tá... – concordou mecanicamente olhando para a miniatura em sua mão.


– Não vou entregar a você, vai ter que me levar junto, estou cansado de esperar.


Harry vincou a testa observando sua determinação, hesitou pensando em até que ponto ele poderia atrapalhar ou ajudar.

– Tudo bem, vamos sair daqui então, há uma passagem pelo anexo do sexto andar.


Harry seguiu pelo saguão à procura de Irina. Ergueu-se um pouco acima dos demais e logo localizou Grazina, conseguiu encontrá-la próximo e vigilante. Encaminhou-se para lá.


– Irina, eu vou precisar do rubi... – Harry pediu a ela. – O que foi aquela agitação há pouco? Ouvi vozes lá de baixo... – perguntou enquanto ela o tirava do bolso.


– Chegou um outro grupo, Lupin pediu para que nós o deixássemos passar, chama-se Ordem da Fênix...


– Ah, isso é bom, são as pessoas de quem eu te falei, da Ordem. Eles vão poder ajudar... – Harry guardou o rubi em local seguro. – Escuta, vou precisar ir agora, acabei de descobrir que a horcrux que estava com os gêmeos ainda existe, tenho que procurá-la.


– Ok, vamos...


– Desta vez não... – acariciou seu rosto com tristeza – Irei apenas eu e o Draco. Fique com isso – ele colocou o saquinho em sua mão. – São as pedras de um portal, chamam de Arco da Morte mas acho que é apenas uma porta de entrada, acredito que possa ser invertida, podemos tentar. Isso os livraria de ter que descer ao submundo não é?


– Depende de para onde se abrirá esta porta... – ela olhou admirada para a pequena saca que tinha em mãos. – De qualquer forma, ficará perfeita na nossa casa nova.


– Se vocês conseguirem convencer a Ynys a vender, o que eu duvido... – Harry a olhou nos olhos, considerando – Poderei colocar armadilhas novas pra vocês...


– Você... quer se despedir, não é? – ela desviou os olhos para as pessoas à frente.


– Eu não quero, mas pretendo ir para a ilha assim que recuperar a horcrux, vou trazer meus tios de volta... não sei o quanto irei demorar.


Irina voltou novamente sua atenção para ele e sorriu.


– Eu tenho a eternidade para esperar por você.


– E eu vou voltar...


– Só prometa que voltará vivo e inteiro... – Irina tocou seus lábios com os dedos quando ele tentou beijá-la. – Gatinho... seus amigos e conhecidos estão vindo pra cá...


– Você não tem medo de enfrentar criatura alguma, por mais assustadora que pareça – Harry comentou – Está com medo de assumir a nossa relação?


– Não é medo – ela contornou seus lábios com os dedos – Já presenciei muitos conflitos entre o nosso povo para saber que nossa relação não será bem vista. E este, em especial, não é o melhor momento para isso, o que eles pensariam...?


– Que estamos dando um bom exemplo de como superar as diferenças... – Harry beijou seus dedos e depois beijou seus lábios delicadamente.


– Será que podemos interromper este momento?


Harry virou-se quando ouviu a voz familiar, piscou várias vezes enquanto o olhava atentamente, era como se suas esperanças tivessem acabado de se materializar.


– Professor Dumbledore!!


– Também estou feliz e espantado por reencontrá-lo, ainda mais nessa situação...


– O senhor conseguiu... – olhou admirado o fino arco de metal coberto por pequenas folhas douradas que trazia enfeitando seus cabelos prateados..


– Consegui, claro que dispus da ajuda preciosa de uma amiga para isso. Mas de qualquer forma, é um feito que se torna pequeno e insignificante se comparado ao seu. Acho que subestimei a capacidade de Voldemort em arquitetar situações em favor próprio. Deveria ter desconfiado de que tentaria forjar sua morte, só assim evitaria que fôssemos buscá-lo... Subestimei também sua capacidade de se livrar dessas situações...


Harry olhou em volta reparando as pessoas que observavam ao Diretor com admiração e as expressões nos rostos de Tonks e Sirius que se contrastavam com o sorriso nos lábios de Hermione, que conversava com Evandra a distância, sem percebê-los.


– O que foi decidido?  –  Harry se elevou para tentar enxergar a mesa – O Conselho  já está formado?  – olhou em volta registrando os Guardiães com Manhir, Lyman e alguns outros aurores a um canto, o Ministro, próximo à mesa, ouvindo Perdicas com Lupin e Tristan, os Weasley reunidos em meio aquele tumulto, em uma espécie de reunião familiar.


Sirius o puxou de volta ao chão e pousou a mão em seu ombro.


– Seja discreto... As coisas não vão se resolver em algumas horas.


– Eu cheguei há pouco e ainda não consegui absorver todos os acontecimentos ocorridos nesses poucos meses, imagine pôr a limpo os acontecimentos de séculos... – disse Dumbledore – Posso supor que você não se importará se eu ficar e tomar parte nas negociações? Depois que fui impedido de entrar em Hogwarts também tenho assuntos a expor...


– Por favor, Professor... – Harry estranhou sua pergunta – Gostaria que o senhor assegurasse que as coisas aconteçam da melhor maneira possível – pediu.


– E você? – perguntou Tonks – Não vai participar das resoluções? Se pretende representar os bruxos no Conselho Ministerial...


– Não eu não pretendo – passou os olhos por eles e segurou a mão de Irina. – Esperamos que cada grupo possa realizar uma votação para eleger seu próprio representante. Eu não vou me candidatar, tenho muito o que fazer e já estou de saída...


Raven se aproximou com Emil, discutindo algo sobre possíveis conhecidos em comum, existentes na Romênia.


– Para onde pretende ir? Nós ainda nem conversamos... – disse Sirius.


– Podemos conversar depois – Harry percebeu a expressão ressentida de seu padrinho – Sirius eu não estou mais magoado com você, só tenho muitas coisas a resolver... Poderia fazer algo por mim?


– Claro!


– O Clã de Strickland irá precisar voltar pra casa em breve, pode providenciar uma chave de portal?


– Nós os levaremos em segurança – Raven segurou o braço do marido – Emil pretende adquirir uma propriedade por aqui assim que as coisas se normalizarem, poderá se hospedar conosco enquanto providencia isso, não é, Sirius?


– Sim... por que não? Vai ser interessante... – Sirius concordou pensativo.


– Imagine, não quero incomodá-los, Tristan estava mesmo pensando em procurar pelos nossos neste país, estabelecer alianças antes de nos situarmos, e informá-los sobre o que está acontecendo aqui hoje.


– Não será incômodo, é o mínimo que podemos fazer, depois de acolherem nosso afilhado... – Raven sorriu para Harry. – Acho que a partir de agora não teremos dificuldade alguma quanto a circular livremente, mas é sempre melhor ficar junto aos amigos...


– Ah, Sra. Black, sempre otimista... – observou Dumbledore. – Mas Harry, você me dará um pouco do seu tempo – afirmou – Pelo o que ouvi, muita coisa aconteceu com você, precisamos conversar.


– Agora eu não posso, Professor... – Harry se esquivou pressentindo que ele iria querer que contasse todos os detalhe de tudo o que tinha feito. – Estou com a localização de uma horcrux e tenho que procurá-la, Voldemort está com meus tios e pretendo trocá-la por eles...


– Eu soube disso – disse Dumbledore incomodado – Você deveria ter voltado à casa deles nas férias, mesmo que por uma semana apenas, para reforçar o encantamento de proteção, mas isso não ocorreu e acabei me descuidando desse fato. Sinto muito, foi culpa minha e eu cuidarei disso pessoalmente...


– E ele está com o cetro... – Harry contou. Evitou dar sua opinião, mas achava mais provável Voldemort matar seus tios do que libertá-los se visse o Diretor em posse de suas horcruxes.


– Oh... – Dumbledore ajeitou os óculos meia-lua e por alguns segundos pareceu preocupado com o fato – Isso significa que terei que apressar as coisas. Estive procurando-o por todos os cantos, por um tempo pensei estar em uma pista que me levou até a Mongólia...


– Faz um bom tempo que não vamos até lá, mas ainda temos aliados e antigos amigos no local, se Harry precisar, ajudaremos no que for possível – Emil ofereceu, ouvindo-os com os outros, mas sem saberem do que falavam – Irina é a que melhor conhece a região.


Irina lançou a Harry um olhar terno e soltou sua mão, liberando-o.


– Vivi durante anos naquela áreas – disse aos demais, se aproximando mais do grupo para obter deles a atenção – Não possuía um clã, naquela época, passei a andar com uma orda...


– Fascinante... – disse Dumbledore. – Imagino que deve ter presenciado fatos inimagináveis durante seus muitos anos de existência. Adoraria ouvir as suas experiências e conhecê-la um pouco mais – pediu interessado.


– Sim, inúmeros – Irina concordou com um sorriso encantador – As ordas eram violentas e viviam em guerra, eram a melhor maneira que eu tinha para me alimentar sem chamar atenção...


Harry aproveitou que todos voltavam sua atenção ao relato de Irina e se afastou, relutante, enquanto os observava, naquele momento ela parecia angelical. Ficou se perguntando se aquilo poderia realmente acontecer unir mundos e pessoas tão diferentes. Virou-se e foi se encontrar com Draco próximo aos elevadores.


– O Weasley e a Granger não virão conosco? – Draco perguntou a ele enquanto subiam de elevador.


– Não, seria difícil para o Rony entender isso e ninguém mais precisa saber que Voldemort conseguiu influenciar os gêmeos...


– Eu bem que desconfiei... estão agindo sob as ordens dele...


– Não, eles estão bem conscientes. É possível até que não tenham percebido o que aconteceu e acreditem mesmo que tenham obtido sucesso em libertar a horcrux, porém, são espertos e inteligentes, o tipo de mente que Voldemort aprecia, não há como ter certeza de nada ainda.


****

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.