Pela eternidade



**

– Nós não podemos – Harry insistiu. – Já estamos indo embora.


– Eu entendo... mas foi um pedido do Sr. Shalmann – ele disse nervosamente. – Pediu para que fosse vê-lo e que convidasse o Sr. Weasley e a Srta. Granger para conhecer nossas instalações.


– O quê?! – Rony espantou-se.


– Um convite até o castelo, Rony – Hermione explicou com um sorriso, e um olhar um tanto ameaçador. – É claro que iremos aceitar...aliás, eu já aceitei.


Rony olhou para ela, mortificado.


– Ele ficará desapontado se não forem... – ele comentou timidamente. Henry Faeger tinha se apresentado como um dos estagiários do local, aparentava ter uns vinte anos e era visível que estava nervoso por ter sido escalado para aquela tarefa.


Harry se perguntou com quem Adam ficaria desapontado e que possíveis consequências isso teria para o rapaz. Não imaginava nenhum motivo para ele aparecer na ilha de repente e com aquele convite absurdo, a não ser que algo grave estivesse acontecendo.


– Tudo bem, vamos – Harry decidiu, encaminhando-se para o jipe. Rony pareceu meio perdido por instantes e hesitou até Hermione estender a mão para ele. – Quando foi que ele chegou?


– Ontem – o Sr. Faeger respondeu com indisfarçável alívio – Pediu que eu viesse e ficasse na casa esperando até que aparecessem. Vocês são corajosos, não é difícil se perder nesta ilha – assumiu a direção e começou a descrever o local como se fosse o guia de um passeio turístico.


Por fora o castelo estava do mesmo jeito que se lembrava. Estacionaram em frente à entrada e desceram. Harry visualizou rapidamente o interior enquanto ele se aproximava para recebê-los, surpreendeu-se com as mudanças.


– Olá, meus jovens, que bom que aceitaram vir!


Harry o analisou tentando imaginar o que estaria acontecendo de tão grave que o possibilitasse recebê-los tão sorridente. Percebeu a ansiedade de Hermione se transformar em nervosismo quando ela finalmente se viu diante dele.


– Imagino que estejam curiosos, mas primeiro irei acomodá-los... Pode deixar, Faeger, eu os levo daqui. – dispensou o “guia” e indicou o interior – Por favor, venham. – pediu a eles.


Harry foi o primeiro a segui-lo e Hermione o acompanhou de mãos dadas com Rony conduzindo-o enquanto admirava a tudo atentamente.


– Creio que Andrew já tenha falado muito a meu respeito e não sejam mais necessárias apresentações... – Adam dirigiu-se aos dois com um sorriso amistoso enquanto os guiava apressadamente.


Rony olhou em volta com uma expressão intrigada, como se esperasse ver mais alguém. Harry imaginou que estaria sendo difícil e confuso para eles enxergarem Voldemort no homem simpático e sorridente ao seu lado.


– O que está acontecendo afinal? – perguntou Harry – Por que veio?


– Estou em meio a um passeio de negócios – explicou rapidamente enquanto subiam em direção à torre oeste onde antigamente ficavam seus aposentos. – Vim com o Sr. Robert Campbell, ele está lá fora neste momento, encantado com nossas instalações...


– Mas esse não é dono da... – Harry se interrompeu, surpreso – Mas ele é seu concorrente...


– Sim, exatamente! – Adam passou o braço pelos seus ombros – Que bom que presta atenção às nossas conversas. Ele é meu principal concorrente sim, mas apenas em um dos setores em que atuamos... ter concorrentes não é ruim quando se está fixo no mercado, Andrew, de que outra forma saberiam que os nossos produtos são de melhor qualidade?


– Tá, mas... o que ele faz aqui?


– Provavelmente tentando se infiltrar e conhecer nossas fraquezas... por isso vou precisar da sua ajuda.


Adiantou-se quando chegaram ao último patamar. O estreito corredor que continha a passagem secundária que levava a outro salão, e que ele e Nagini tinham usado tantas vezes, tinha sido bloqueado. Adam se dirigiu para a porta de aço e digitou o código de acesso.

A antiga sala tinha sido transformada em um moderno escritório. Harry olhou ao redor meio desapontado. Reparou o olhar encabulado dos amigos que os acompanhavam em silêncio. Hermione olhou para o teto e Harry seguiu seu olhar, ao menos o teto de vidro, ornamentado com o desenho do oceano refletindo o pôr-do-sol, não tinha sido alterado.

Adam se adiantou e sibilou para a próxima porta, que deslizou, se abrindo para o corredor conservado em seu estado natural.


– Você conhece o caminho – disse indicando-lhe a porta – Arrume-se e depois te apresentarei a ele e explicarei tudo – comunicou enquanto eles passavam pela porta. – Mostre a eles os dois quartos de hóspedes... Darei mais atenção a vocês dois mais tarde – despediu-se e se retirou igualmente apressado.


Rony e Hermione se aproximaram de Harry lentamente.


– Harry... – ela sussurrou – A porta... como vamos...?


– Eu já sei o código – ele a tranquilizou.


– Esse cara não pode ser... – Rony pronunciou ceticamente – Ele é...? Você está maluca?! – dirigiu-se à Hermione – Por que quis vir até aqui?


– Por que não? Fomos convidados... acha preferível entrar às escondidas?


– Esses são os quartos – Harry se afastou e abriu ambas as portas examinando rapidamente seu interior – Fiquem à vontade...


– Para onde vai? – Rony perguntou vendo o amigo se distanciar.


– Eu preciso me arrumar... Andrew não pode aparecer perante Robert Campbell desse jeito – lançou um olhar crítico para si mesmo e foi em direção à escada.


– Ele enlouqueceu?


– Rony, olha para onde nós estamos... – ela o lembrou entusiasmada. – Você não queria conhecer este lugar?


– Nem tanto... não na presença... dele.


– É uma ótima oportunidade! Vai se arrumar e lembre-se que somos amigos de Andrew Shalmann, não vá chamá-lo por outro nome!


– Chamar quem? – perguntou distraidamente – Tá, tá bom! – concordou ao ver seu olhar irritado.


Harry desceu mais tarde e foi direto para a biblioteca, ficou satisfeito em encontrá-la do mesmo jeito. Quando ouviu passos no corredor chamou pelos amigos indicando sua localização. Assim que chegou à porta ela olhou tudo com olhos atentos e foi direto para uma das prateleiras.

Já havia falado a eles, por diversas vezes, sobre a biblioteca particular que ele mantinha ali, por instantes tentou imaginar se não seria esse o real motivo do interesse dela pelo castelo.


– Esse tal de Andrew também usa óculos agora? – Rony se aproximou dele examinando sua aparência.


– Não gosto de usar lentes, e Adam acha que quanto mais natural melhor, para evitar possíveis esquecimentos – passou a mão pelos cabelo castanho escuro e ajeitou a franja sobre a cicatriz.


– Acha que ele pode ter guardado aqui alguma anotação feita por Salazar? – a voz dela soou de detrás de uma estante.


– Não faço ideia, mas pretendo perguntar a ele.


– E ele te diria a verdade? – perguntou Rony.


– Não sei o que ele pretende oferecer por minha ajuda, mas sei o que quero pedir. – lançou um último olhar para as prateleiras antes de se dirigir para a saída.


– E pra quê ele vai querer sua ajuda? – ela perguntou enquanto ele saía.


– Vamos, Mione, são só livros de magia – Rony a conduziu para a porta – Pode fazer isso depois.


Harry chegou ao escritório, que Adam montara para continuar acompanhando seus negócios quando fosse para a ilha, foi direto até sua mesa e sentou-se na cadeira giratória.


Hermione lançou um olhar nervoso para a porta.


– Acha seguro fazer isso agora? – ela perguntou com visível empolgação.


– Fazer o quê? – Harry perguntou enquanto pegava o telefone e discava os números.


– Ah, sai pra lá! – Rony o expulsou e sentou em frente ao computador, puxou a varinha e fez com que ele acendesse ao primeiro toque.


– Como fez isso? – ela perguntou.


– Feitiço para despertar – respondeu com indiferença.


Harry abriu a boca para dizer algo mas logo se virou quando atenderam ao telefone.


– Oi Ksenya, sou eu, Harry... está... estou... não sei ainda... não...não... não! Posso falar com a sua mãe? – perguntou com irritação. Rony sorriu e Hermione revirou os olhos.


– Eu adoro ela... – Rony comentou, divertido. – Nós... precisamos da senha – mudou rapidamente de assunto ao ver o olhar de Hermione, avaliando-o.


– Tenta o nome da empresa – ela sugeriu sem tirar os olhos dele.


– Não... – ele disse após digitá-lo. – “Adam Shalmann”... também não, “Lorde das Trevas”... também não...


– Tom Servolo... – ela sugeriu.


– Nada. Ei, Harry, qual a senha?


– Ainda não anoiteceu aí, certo? Por que ela saiu tão cedo? Ah... Não voltou? – Harry se virou quando um objeto atingiu sua cabeça – SALAZAR! – ralhou entre os dentes – Não, não é com você...


Hermione se uniu a Rony, em frente ao computador quando conseguiram acesso.


Ficaram atentos à tela, vasculhando arquivos e pastas. Algum tempo depois Harry desligou o telefone e digitou novamente.


– Oi, Irina... é, eu também – continuou com um sorriso. – Não, ainda estamos aqui...


– Não dá para entender … – disse Rony.


– Tenta aquele outro – ela sugeriu.


– Dá pra acessar a rede por aqui – ele comentou.


– Mas será inútil se não soubermos pelo o que procurar...


Harry desligou o telefone algum tempo depois e se largou em uma cadeira, pensativo.


A seguir ela se levantou e foi verificar os papéis sobre a mesa e vasculhou as gavetas. Rony também desistiu e se levantou olhando o local mais atentamente.


– Quando foi que tiraram essa foto? – Rony perguntou, surpreso, mostrando a ele o porta retrato com uma foto em que Andrew, aparentando ter onze ou doze anos, aparecia ao lado de Adam.


– Montagem...alterada no computador... – murmurou com indiferença.


– Por que está com essa cara, o que a Ksenya disse? – Rony perguntou a ele, devolvendo o objeto à mesa. Harry se virou para ele, parecendo chateado.


– O de sempre, ela fica bancando a irmã mais velha só pra me irritar... mas não é isso... Irina acompanhou Tristan e Nicolae em uma daquelas reuniões com os outros, parece que eles estavam tendo problemas...


– O que há de ruim nisso? – Hermione devolveu os papéis à gaveta e a fechou. – Não é o que eles fazem? Não estão ajudando os outros e se organizarem pacificamente?


– Ela nunca quis ir antes, em todos esses meses! Saímos quase todas as noites e ela nunca quis ir até lá.


– Porque ela prefere ficar com você... – Rony opinou.


– Não... Eu iria com ela se ela fosse... Adam está vindo... – avisou olhando para a porta – É óbvio que ela não quer que eles saibam que está comigo!


Adam entrou com uma expressão séria e meio preocupada. Lançou um meio sorriso para eles.


– Desculpem a pressa, o tempo sempre foi meu principal oponente, é incrível como ele se esvai... – Adam comentou enquanto se aproximava.

Rony baixou os olhos e Hermione olhou para Rony e Harry, encabulada.

 – O que foi? O que está te chateando? – Adam perguntou a Harry.


– Nada... – respondeu de mau humor – E você, com o que está preocupado?


– Não vou te contar ainda – sentou-se à mesa e o terminal se iluminou automaticamente – Não quero influenciá-lo com a minha opinião, quero que avalie nosso convidado e depois me diga o que acha.


Digitou rapidamente a senha e acessou a rede para conferir rapidamente as últimas informações do dia.


– Sr... Shalmann? – Hermione pronunciou timidamente.


– Vocês podem me chamar de Adam, creio que não se importarão se eu os chamar pelo nome, afinal, já nos conhecemos há tanto tempo... embora eu não soubesse...


Ela procurou o olhar de Harry, mas ele estava olhando para o vazio, absorto.


– O senhor faz largo uso da tecnologia... desenvolvida pelos trouxas – acrescentou propositalmente – Mas também usa magia para expandir seus negócios, não?


– Certamente –  Adam admitiu. –  São criações maravilhosas, não são? – perguntou olhando para Rony enquanto indicava os equipamentos à sua volta. Ele apenas ergueu as sobrancelhas, avaliando. – Mas não são perfeitas. Tenho o projeto de aprimorá-las através do uso de magia.


– Projeto? – ela repetiu – Como?


– Assim que encontrar um bruxo, ou bruxos, de confiança, com grande conhecimento de seu funcionamento... mas tem sido difícil. Poucos desenvolvem esse tipo de paixão, como... transformar um simples Ford Anglia em um carro voador, por exemplo – acrescentou, sorrindo para Rony. – Pena que Fred e Jorge Weasley não quiseram aceitar a proposta da Ynys para uma parceria, eles teimam em não trabalhar para ninguém.


– Tentou contratar os meu irmãos?! – perguntou meio chocado e aliviado com a notícia.


– Os Weasley são notáveis – disse tranquilamente fazendo Rony corar – Seria uma honra ter um deles atuando conosco.


Harry desviou o olhar para Adam e permaneceu em silêncio.


– Quanto à sua pergunta, Hermione – continuou enquanto acessava outros dados – Além de falhos, são a primeira fonte de consulta para quem desejar se apoderar de suas informações seja por qual motivo for. Por esta razão todas as informações importantes e sigilosas eu as guardo em manuscritos, a salvos de curiosos e protegidos por magia. Infelizmente não pude contar com uma memória tão prodigiosa quanto a sua, tenho que ter minhas anotações, mas evito manter registros, se possível.


Levantou-se. Como se estivesse sendo alimentado por sua energia pessoal, o terminal se apagou novamente quando ele se afastou.


– Vamos? – convidou-os e se aproximou de Harry tocando o seu ombro – O que você tem afinal? Terminou o seu romance com a Irina? – indagou curioso – Ela terminou com você? – insistiu após ele acenar brevemente.


– Ainda não, Adam... – murmurou desanimado.


– Então o quê, afinal de contas, está me deixando tão pra baixo?!


– Não sei por qual motivo ela não me assume perante os outros... – confessou enquanto o seguia de volta às escadas. – Não me deixa conhecê-los, quando os encontra nunca me leva com ela, e eles nunca aparecem, pelo menos, não quando eu estou.


– Não sei por que você está inseguro, ela te escolheu! – disse Adam com impaciência, enquanto desciam. – Além de possuírem um forte instinto de proteção eles prezam a fidelidade. Ela nunca irá te trair. Quando não o quiser mais ou se interessar por outro irá terminar com você primeiro.


– E isso me conforta muito! – reclamou Harry – Você parece conhecê-los muito bem – reparou.


– Você me obrigou a estudá-los, tinha que saber se poderiam ser ou não uma preocupação, relacionamentos com bruxos ainda não são bem vistos entre eles, porém, cheguei à conclusão de que, se teima em frequentar aquele país, não poderia haver lugar mais apropriado...


Adam sorriu para os funcionários que passaram por eles. O nervosismo e a animação que sentiam por estarem diante do dono do império Ynys era perceptível.


– O que acha do meu poder de liderança agora? – Adam perguntou a ele, com ar de desafio. Harry apenas deu de ombros, desinteressado. – Que coisa mais aborrecida a adolescência, tantos conflitos desnecessários! – queixou-se – Agora, concentre-se – ele murmurou olhando para o casal à frente.


Harry também voltou a sua atenção para eles enquanto se aproximava. Foram apresentados à sra. Grace Archer, responsável pela administração do lugar e ao sr. Robert Campbell, que a acompanhava em um tour pelo castelo.


– O que achou das nossas estufas, Campbell? – Adam perguntou a ele, em seu papel de anfitrião.


– Magníficas, espécies raríssimas as que vocês mantém ali, um verdadeiro achado – concluiu com admiração.


– Vocês poderão conhecê-las amanhã, com o grupo de estudantes que virá à ilha vivenciar um pouco das nossas atividades – Adam disse aos três. – Mas por agora vamos continuar pelo castelo, Sra. Archer... por favor, continue...


– Está bem... Vamos conhecer os laboratórios de coletagem... – ela sugeriu. Uma senhora de cabelo grisalho e expressão simpática. Reiniciou a caminhada, guiando-os.


– O senhor já conhece os nossos outros centros de pesquisa, sr. Campbell? – Harry perguntou a ele após observá-lo atentamente.


– Não... ainda não – voltou sua atenção a Harry com curiosidade. – Não tive esse prazer.


– Que pena, então teremos que providenciar – ele continuou – Pretende se unir a nós, não é?


– Sim, é o que pretendo discutir com seu pai... – respondeu a ele com um sorriso. – Vejo que está se preparando para gerenciar o império construído por seu pai, não é mesmo?


Harry forçou um sorriso enquanto seguiam em frente. Adam os companhou em silêncio enquanto a Sra. Archer mostrava o local e dava explicações de como funcionava aquele centro de pesquisa.

Hermione ouvia a tudo atentamente, arrastando Rony consigo, e Harry assumiu o papel de anfitrião, caminhando ao lado do sr. Campbell e lhe fazendo perguntas de vez em quando.


Algum tempo depois se encaminharam para o próximo andar, a noite já começava a chegar, Rony segurou o braço de Harry, para atrasá-lo enquanto os demais desciam os degraus.


– Por favor, Harr... ai, Andrew... – Rony corrigiu-se rapidamente após o beliscão de Hermione. – Se eu não ver comida o quanto antes, vou sair pra caçar!


Harry olhou para baixo, relutantemente, por alguns momentos tinha esquecido da presença dos amigos. Também lhe era estranho tê-los ali, suas duas identidades reunidas apesar de tão diferentes.


– Adam...


– Sim... – ele se virou para ele distraidamente, até encontrar seu olhar – Acompanhe seus amigos ao refeitório, nos veremos depois. – sugeriu ao captar seu pedido e seguiu o casal até o próximo andar.


– O que está acontecendo? – Hermione sussurrou para ele enquanto o amigo os guiava até onde, antigamente, tinha sido a cozinha.


– Não sabemos ainda... – Harry respondeu assumindo o mesmo ar distante e preocupado.


– Você está muito esquisito – Rony reclamou. – O que há com você? Pra quê está bajulando aquele cara?


– Vocês querem ficar? Eu posso pedir que os levem de volta amanhã cedo... – ofereceu a eles enquanto entravam na fila com alguns funcionários.


– Nem se atreva! – Hermione vociferou e se adiantou para perto de duas jovens que conversavam à frente, para se inteirar da conversa.


Após, serviram-se e ocuparam um canto em uma das mesas.


– Ele é realmente... – Hermione sussurrou para eles procurando uma definição sem a encontrar – Nunca vão achar nada contra ele ou a empresa em nenhuma de suas filiais.


– É, e você parece muito entusiasmada... – Rony observou.


– Quem não ficaria? Olha o que ele está fazendo aqui, é ousado! É ... um disfarce inimaginável, ninguém nunca acreditaria quem ele é...


– O que você acha que ele está pretendendo com tanta gentileza? – Rony perguntou a ela. – Tantos elogios...


– Ele estava sendo sincero – disse Harry.


– Fica quieto, você é suspeito pra dizer qualquer coisa... Andy... – Rony murmurou criticamente – Você parece se dar muito bem com ele...


Harry ergueu uma sobrancelha e fez uma careta de desagrado para aquele apelido.


– Eu nunca disse o contrário... O que esperava? – perguntou confuso – Que brigássemos e tentássemos nos matar a cada encontro?


– Claro que não – disse Hermione – Eu fico aliviada em ver que ele não é tão ruim...


– Desculpe... – Rony a interrompeu – “Não é tão ruim”?!


– Com o Harry... – ela completou irritadamente. – E o que ele está fazendo aqui... procurando curas através da união dos conhecimentos mágicos e científicos... é louvável! Pense em quantas pessoas poderão se beneficiar...


– Ele não está sendo bonzinho, não se iluda com sua nova aparência! – Rony reclamou – Com certeza está tendo algum proveito, tirando alguma vantagem...


– Está fortificando a marca Ynys – Harry explicou interrompendo-o – Encontrar a cura para graves doenças, levar alívio para os enfermos, faz com que a Ynys se torne bem vista e admirada.


– Viu? – perguntou Rony – Seja lá o que for que ele vai conseguir com isso não deve ser alguma coisa boa!


– Isso nós vamos ter que descobrir – ela disse com determinação.


– Nós!? – Rony sobressaltou-se.


– Shhh... Não chame atenção – Harry pediu – Já tem muita gente olhando.


Terminaram a refeição com calma e Hermione aproveitou para saber mais sobre o trabalho que faziam na ilha quando alguns funcionários se sentaram próximo a eles. Ficaram um bom tempo ali até Harry sugerir que se retirassem.


– Não deveríamos aguardar por eles ou procurá-los? – ela questionou ao perceber que eram conduzidos de volta à torre.


– Estamos indo encontrá-lo – Harry respondeu. – E lembrem-se de uma coisa, ele é um ótimo legilimente – avisou-os deixando Rony ainda mais nervoso e desconfortável.


Encontraram-no em sua mesa, olhando para a tela do monitor, pensativo. O Sr. Campbell já havia sido novamente conduzido para uma das casas da vila, que agora serviam como moradia para os funcionários. Harry puxou uma cadeira para se sentar em frente a ele.


Rony e Hermione se acomodaram não tão próximos.


– E então? – Adam perguntou.


– Ele é mentiroso e traiçoeiro – Harry relatou – Mas não pode ser uma ameaça, não pra você.


– Ele não está sozinho... – comentou. – Percebeu a extensão da atuação desse grupo? Não consigo definir a origem da fonte do poder deles...


– Não vai querer estudá-los, não é? – Harry o recriminou.


– Do que estão falando? – perguntou Hermione de sua cadeira, curiosamente inquieta.


– Pragas – disse Adam – Pequenos parasitas que se espalham com o propósito de destruir o oponente, atacando em todas os lados e impossibilitando uma ação imediata.


– Acha que há bruxos por trás disso? – perguntou Harry – Que o descobriram?

– Não creio nisso, e você?


– Não sei, parecem diferentes, mas...  Preciso passar mais tempo com ele amanhã – Harry decidiu– O que irão fazer?


– Eu o levarei para conhecer o resto do castelo. Vou aceitar o que ele propor, quero tê-lo por perto até descobrir que organização é essa e como ela funciona.


– Mas se são apenas trouxas... – Hermione comentou sem se dirigir a ninguém diretamente.


– Ainda não temos certeza. E você não imagina o quanto os trouxas podem ser maquiavelicamente engenhosos...


– Se eles são uma ameaça, por que não os destruiu ainda? – Rony perguntou ousadamente.


– Rony...! – Hermione o recriminou nervosamente.


– Porque são muitos e eliminá-los agora poderia parecer suspeito, poderia comprometer a minha imagem e a minha campanha eleitoral. Claro que eu poderia simplesmente usar magia, mas nessa magnitude, chamaria a atenção dos bruxos locais, eles não sabem de minha procedência, para eles eu sou apenas um trouxa bem sucedido... E prefiro estudá-los, aprender como se organizam, como agem... eles poderão me ser úteis...


– Por que está dizendo isso pra gente? – Harry perguntou a ele se dando conta de que Rony tinha razão, tinha evitado se inteirar de seus negócios até então por medo do que poderia descobrir.


– Mentir seria subestimá-los...


– Irei acompanhá-los pela manhã, mas à tarde iremos embora – Harry comunicou a ele, levantando-se . – Irei chamar o helicóptero assim que amanhecer.


– Não vai querer me ajudar nisso? É um desafio interessante – Adam perguntou como se oferecesse algo tentador.


– Por ora não... – respondeu após breve hesitação. – Ainda tenho algo a fazer.


– Prefere continuar perdendo tempo com aquela bobagem! – irritou-se – Depois não se queixe...


– Não são bobagens e eu posso provar! Hermione... – virou-se para a amiga, paralisada no mesmo lugar. – Deixe...


Harry foi ate o corredor e estendeu a mão para a pedra, que invocou da mochila dela, ainda no quarto de hóspede. Harry mostrou-lhe a pedra e explicou como a tinham conseguido.


– Você pode pedir que a estudem, que descubram de onde ela veio? – Harry pediu. Hermione se aproximou dele, inquieta.


Adam ficou a examinar a pedra, ainda em silêncio após ouvi-lo. Ela ainda estava aquecida, ele a manuseou cuidadosamente.


– Você não deveria ter pego isso – disse por fim – Está interferindo em forças que desconhece.


– Parece haver muitas forças desconhecidas por aí. – Harry retrucou.


– Salazar Slytherin parecia conhecê-la bem. – Hermione defendeu corajosamente.


– Você encontrou alguma coisa dele por aqui? Algum tipo de anotação? – Harry pediu aproveitando o comentário dela.


Adam o olhou fixamente por alguns instantes depois voltou a baixar os olhos para a pedra.


– Não. E acredito que você conheceu esse castelo melhor do que eu, saberia sehouvesse algo escondido... – recostou-se na cadeira e deixou a pedra girar, flutuando à sua frente, enquanto a observava de todos os ângulos. – Vou fazer o possível para descobrir sua origem, a começar por análises técnicas, terei que manipular algumas mentes para isso... nossos laboratórios não possuem os equipamentos necessários.

Harry franziu a testa impacientemente por aquele comentário desnecessário. Olhou para Hermione e tentou lhe passar segurança; ela, porém, continuou com uma expressão intrigada.


– O senhor poderia nos emprestar algo que fale sobre Salazar? E também algo sobre os descendentes dele, sua árvore genealógica? – Hermione pediu a Adam, como se pedisse autorização a um professor para usar a sessão reservada da biblioteca.


– À direita, segunda estante, penúltima prateleira – ele respondeu. – Há seis livros lá.


Ela agradeceu polidamente e acenou para Rony que apressadamente a seguiu, aliviado por poder se afastar. Harry hesitou, depois voltou a se sentar.


– O que quer me pedir? – Adam perguntou sem tirar os olhos da pedra.


– Gostaria de saber o que você descobriu em sua pesquisa sobre o Clã...


– Essa deveria ter sido uma de suas primeiras preocupações, você confia demais nos outros... Eu deveria deixar que procure por si mesmo!

Harry apoiou a cabeça em uma das mãos e aguardou. Adam desviou o olhar para ele ao perceber sua atenção. Guardou a pedra.


– Você sabia que eles são donos de alguns pastos, não só na Romênia mas em outros países e que são sócios majoritários de uma rede de hospitais?


– Não, o que mais? – Harry perguntou ansiosamente.


– A empresa que administra os negócios deles pertence a outro Clã, amigos, aliados, ou o nome que deem...


– Mas e sobre a vida deles? – Harry o interrompeu com impaciência. Adam ergueu uma sobrancelha e acenou incentivando-o a ser mais específico. – Eles já devem ter tido diversos relacionamentos... alguns dos ex da Irina...?


– Ora, poupe-me! – Adam irritou-se – Tenho muita satisfação em dizer que esse seu ciúme tolo e obsessivo não me pertence!


Harry amarrou a cara para ele e inspirou ruidosamente.


– Tem alguma maneira de eu me livrar disso? – perguntou aborrecido – É tão desagradável... gostaria simplesmente de parar de pensar nessas coisas...


– Eu posso te ensinar como – Adam ofereceu. – Você só precisa escolher um objeto e uma vítima...


– Eu estou falando sério! – Harry queixou-se.


– Eu também estou – Adam assegurou, olhando-o nos olhos.


Harry se levantou no mesmo instante e foi se encontrar com os amigos na biblioteca.





Passou a manhã seguinte com Robert Campbell e Adam, mostrando-lhe o local e falando de negócios enquanto tentavam extrair mais informações. Falar de negócios, para Harry, foi fácil e considerou até agradável, uma vez que Adam lhe permitia acesso a todainformação que precisasse.


No final da tarde Rony e Hermione se juntaram a Harry parecendo propagandas ambulantes da Ynys, blusas, bonés e mochilas, que foram distribuídos a todos os estudantes.


– Eles oferecem bolsas aos alunos – ela contou a Harry mostrando-lhe uma cartilha – São selecionados em todas as partes do mundo...


– Os estudantes mais promissores – Harry a desfolhou rapidamente. – Principalmente os menos privilegiados.


– Você já sabia?


– Não foi difícil de imaginar – ele disse tristemente. – Vamos embora? O helicóptero estará lá pela manhã.


– Eles... nos ofereceram bolsas também – ela comentou – Na verdade eles nos deram. Disseram que temos vaga garantida se quisermos, temos até dois anos para decidir...


– Ficou louca?! – perguntou mortificado e olhou para Rony, mas o amigo não pareceu nem um pouco tão abalado quanto ele.


– Por quê? – ela ignorou seu ar chocado – Poderemos ingressar quando terminarmos em Hogwarts e teremos estágio garantido na Ynys...


– Mas e o Ministério?! Hermione...! – desesperou-se com sua expressão decidida, que conhecia tão bem. – Rony... você não está de acordo em deixá-la fazer isso, não é?


– Foi você quem optou por tudo isso – ele murmurou na defensiva – Ficaremos por perto e eles têm muitas coisas legais... vimos um vídeo...


– Sofreram lavagem cerebral ou foram enfeitiçados?! – perguntou com irritação.


– Por falar nisso, você terá que nos ensinar oclumência – ela pediu. – Já que ele é um ótimo legilimente... e você... então pode nos ensinar.


– Não é simples assim!


– Claro que é, foi como você viu quem era aquele sujeito, o Sr. Campbell, não foi? – Rony perguntou.


– Não é bem oclumência, você seria capaz de perceber se fosse, mas ajudará se aprenderem a fechar a mente. Não vemos apenas lembranças, é algo mais... acessar os pensamentos...


– Magia Antiga – ela concluiu. – Isso é errado... não usá-la propriamente, mas invadir a privacidade das pessoas...


– Nunca fiz isso com vocês, nunca faria! – apressou-se em afirmar.


– Eu sei disso – ela o tranquilizou – Se fizesse não nos faria tantas perguntas idiotas...quero que nos ensine oclumência, pelo menos – ela teimou antes que ele pudesse se manifestar. – Iremos precisar disso agora que teremos mais contato com ele.


– Vocês não precisam ter contato algum com ele! E não sou a favor que se envolvam com a Ynys.


– Nem eu – disse Rony – Ainda mais depois de tudo... – lastimou-se ao recordar de como seus familiares acabaram se envolvendo com ele no passado. – Mas você tinha que aceitar isso...


– Tá bom então, quer que eu desista e declare minha oposição a ele? Assim que voltarmos iremos ao Ministério pedir para que se preparem para os novos confrontos – sugeriu enfezadamente.


– Não, obrigado. – Rony dispensou com indiferença – Prefiro me especializar em Ciência da Computação...


– Traga as nossas coisas, Andrew – ela pediu, determinada. – Nós não queremos nos atrasar...


Ele se afastou sob seu olhar autoritário e subiu para pegar as mochilas. Encontrou-os minutos depois com o Sr. Henry Faeger, em volta do carro solar que tinham visto alguns dias atrás, na casa. Adam estava parado às portas do castelo, aguardando-o.


– Isso tudo foi ideia sua, não é?  Você planejou isso, esses estudantes na ilha, as bolsas de estudo... – Harry o acusou.


– Nós sempre recebemos visitas de estudantes aqui. Esse lugar é muito atraente, ajuda a envolvê-los e entusiasmá-los ao que temos a oferecer. E claro que eu não poderia perder a oportunidade, aproveitando que eu precisava de sua opinião e esperava fazer com que desistisse daquele arco...


– Nem ouse tentar usá-los...


– Não preciso fazer isso, você não consegue se afastar deles e eles sentem o mesmo, é impressionante sabia? E eles são mais responsáveis que você, se preocupam realmente com o que eu possa estar fazendo aqui, claro que irão aceitar minha proposta... E ela tem tanta ânsia por conhecimento que é bem provável que faça todos os cursos que oferecermos, só é uma pena que não se preocupe em empregá-los de forma proveitosa, mas irá aprender. E ele... é um amigo fiel, irá para onde vocês forem e tem uma espécie de aptidão natural...


– Se nos conhece tão bem assim – disse Harry ameaçadoramente – Sabe do que serei capaz se algo de ruim acontecer a eles!


– Sei... – disse após um tempo olhando-os pensativo – Infelizmente, isso você herdou de mim... Ligue-me se precisarem de alguma coisa. Pretendemos partir amanhã também, assim que o helicóptero voltar. Tão logo eu chegar providenciarei a análise daquela pedra.


Despediu-se e aguardou até que sumissem na estrada para então voltar ao interior do castelo, com um meio sorriso de satisfação no rosto.






Logo que chegaram ao continente Hermione os obrigou a acompanhá-la ao Beco Diagonal. O forte esquema de segurança continuava e Harry se sentia desconfortável sempre que ia até lá. As lojas tinham sido reparadas e algumas tiveram que ser reconstituídas. O excesso de dispositivos de proteção modificava totalmente a antiga imagem que tinham do Beco, a maioria deles era fornecida pela loja de logros que agora tinha como principais artigos os de defesa contra as artes das trevas.


Após aguardarem que ela fizesse suas compras, foram até os fundos da loja dos gêmeos onde teriam um pouco de privacidade. Ela alinhou os quatro pequenos cadernos e após enfeitiçá-los passou para um deles os registros que tinha feito sobre o portal.


– Pronto, aqui está – ela estendeu um dos cadernos para Harry. – É uma cópia dos registros de nossas descobertas. Tudo o que atualizarmos no nosso aparecerá automaticamente nos outros três.


– Para quê isso? – Harry desfolhou o seu, reparando que também continha as mesmas anotações.


– Para guardar nossos registros em locais seguros, com pessoas de confiança. Assim saberão o que estivemos fazendo se algo nos acontecer, e nossas descobertas não serão perdidas...


– O que vai nos acontecer? – Rony perguntou espantado.


– Qualquer coisa pode acontecer, não sabemos o que aconteceu a Salazar... Esse você pode deixar com o Clã, Harry, eles são os principais interessados... um eu penso em deixar em Hogwarts, com Dumbledore.


– Mas ele não acredita que seja um portal, nem que possa ter alguma serventia.


– Isso é verdade – Rony concordou – O Clã sim, talvez possam nos ajudar, se algo de errado acontecer. Sabendo onde estávamos e até onde avançamos...


– E o outro? É para ser entregue a Adam?


– Você acha mesmo seguro confiar a ele esse conhecimento? – ela o questionou, indecisa.


– Não. Mas se ele realmente for nos ajudar... Posso guardar um deles em casa, se algo der errado ele terá como saber como e onde, e também poderá ajudar... talvez... – duvidou que ele realmente interveria se precisassem. – O outro ficará com Dumbledore, e ambos terão o conhecimento, mas as pedras do portal serão nossas.


– É justo – Rony concordou enquanto Hermione mordia os lábios.


– Ele ainda terá o daquela gruta – ela lembrou – E também há aqueles lugares que falei, Stonehenge e o triângulo das bermudas, possivelmente portais...


– Mas são fixos, para locais específicos se tivermos certos, a vantagem ainda é nossa. – Harry argumentou – Tudo bem se quiserem deixar com outra pessoa...


Separaram-se ainda no Beco, Hermione levava dois dos cadernos e Harry outros dois. Aparataram de volta aos seus lares.




Arrumou-se com capricho, mas o mais rapidamente que pôde. Antes de encontrá-la ainda iria à joalheria, lamentou-se por não ter tido a ideia antes, poderia ter feito uma encomenda, agora teria que providenciar ele mesmo, e rápido.


Escolheu alguns dos pertences que tinha espalhado sobre a cama e pôs de volta na mochila. Guardou um dos cadernos no compartimento secreto do closet, junto com as fotos dos seus pais, e desceu as escadas apressado, Noah havia levado Divine às compras, segundo uma das empregada da casa. Seguiu apressadamente até a garagem, único local onde era possível aparatar dali.



Entrou pelos fundos da casa construída onde antes havia estado a Casa dos Riddle. Cumprimentou Mirella, atual governanta, a Sra. Maddy havia permanecido na Romênia tomando conta da outra propriedade do Clã. Dirigiu-se diretamente para as escadas, ainda faltavam duas horas para o anoitecer. Subiu para o terceiro andar que havia sido construído especialmente para as acomodações deles, já que o porão estava designado para outras atividades, e parou por alguns segundos no alto da escada até se acostumar com a escuridão local. Sem precisar acender as luzes percorreu o caminho, já tão familiar, até o quarto dela.


– É tão lindo... – Irina ergueu a mão e admirou o anel sob o brilho das estrelas.


Ainda deitado em seus braços, Harry ergueu a mão direita e tocou a dela, entrelaçando seus dedos, as pedras vermelho-sangue dos dois anéis brilharam deixando as gravações, com as iniciais de seus nomes, mais perceptível.


– Se você concentrar seus pensamentos em mim e chamar o meu nome, eu poderei ouvi-la, onde quer que esteja. E também poderei fazer o mesmo. Não precisaremos mais ficar tanto tempo sem falar um com o outro.


– Como um telefone? – perguntou admirada.


– É... quase uma linha direta, só que sem interferência de áreas de sombra ou magia. Mais que isso... – acrescentou virando-se para olhar em seus olhos – é um símbolo do nosso compromisso.


Ela sorriu e beijou seus lábios.


– Então terei ainda mais orgulho em usá-lo – acrescentou enquanto ele se reacomodava em seus braços. – Já te contei tudo sobre meus últimos entediantes dias, conte-me como foi na ilha...


Harry contou para ela os avanços que tinham feito e as teorias a respeito do portal. Aproveitou para lhe entregar a outra cópia das anotações e explicar o seu propósito.


– Seria realmente maravilhoso se pudéssemos criar nossas próprias passagens, mas... ainda não estou certa de estarmos falando dos mesmos portais...


– Por que acha isso? – observou ela virar as folhas, pensativa, e depois colocá-lo sobre a mesinha de cabeceira.


– Porque até onde sabemos é preciso esperar a época certa para que se abram. Somente em épocas certas permitem que alguns desçam até as profundezas...


– Vocês confiam demais nesses tais “Legionários”.


– Eles são a Primeira Ordem do nosso povo, eu já te contei isso – ela passou a mão pelo seu peito, acariciando as marcas causadas pelas garras do lobisomem Fenrir. – Eles controlam nossas leis e o uso dos portais. Nem todos que se aventuram a descer para pesquisá-los retornam, tem de haver controle.


– E eles são os mais indicados pra isso?


– Eu sempre me achei rebelde – ela disse com um leve sorriso – Mas você tem total aversão a regras e proibições...


– Algumas delas vão de encontro ao aceitável, como essa que persegue bruxos como Nicolae – acrescentou teimosamente – Acho que cada caso deveria ser tratado individualmente...


– Estávamos em guerra com os bruxos naquela época, não era a intenção torná-los um de nós, isso daria mais vantagens a eles, mas de vez em quando esses acidentes ocorriam... Nicolae teve sorte de sobreviver até nos encontrar. Essa proibição não é nada em comparação ao que poderia ter lhe acontecido.


– Eu nunca perguntei sobre o passado de vocês... – Harry se autorecriminou.


– Você tem se interessado muito pelos portais – ela observou – É comum, muitos se interessam, por isso há o controle... Já deve ter anoitecido, vamos descer. – ela o convidou se levantando e começou a se vestir.


– Essa é a nossa noite – Harry indicou o teto estrelado que tinha encantado especialmente para ela – Gostaria de ficar aqui, com você, até amanhã.


– Como assim, apenas até amanhã? Você ficou fora por dias! Vai precisar de muito mais que isso pra me recompensar! Mas agora precisamos ir até a cozinha se quisermos evitar... “acidentes”...


– Você está brincando, não está? – perguntou enquanto se vestia preguiçosamente.


– O que você acha? – ela cruzou os braços enquanto o aguardava.

Ele sentiu-se tentado por breves instantes, mas desviou o olhar.

– Não precisa se dar ao trabalho, não vai  ficar com ela por muito tempo – ela o puxou em direção à porta impedindo-o de terminar de abotoar a blusa, ele teve que fazer com que os botões se encaixassem em suas casas.


Encontraram Nicolae e Grazina à mesa e se juntaram a eles. Harry fez levitar até a mesa seus pratos e utensílios e serviu o líquido vermelho e espesso em sua taça.


– Você me mima demais, está me deixando mal acostumada...


– Está mesmo, você não imagina como ela ficou durante esses dias... totalmente down! – Grazina reclamou. – Muito chata! – pronunciou enfaticamente cada palavra.


– Perdoe-me por não conseguir me alegrar tanto quanto você – Irina replicou – Por qualquer coisa …


Harry sorriu e se ocupou em se servir, era raro os momentos em que podia comer com eles, precisava estar sempre em casa para o jantar. Levou a mão automaticamente ao bolso da calça para verificar se não havia esquecido o telefone celular. Emil e Ksenya entraram e se juntaram a eles.


– Onde estão os outros? – Harry perguntou.


– Nossos astros voltaram à Romênia e arrastaram Mihail e Di Cavour com eles, os três agora só falam no lançamento da banda – disse Nicolae, referindo-se à banda de rock que Pável, Ubayd e Hana iriam ressuscitar – Talvez Sean se alegre quando começarem as turnês.


– O que é isso que estão usando? – os olhos de Grazina brilharam ao reparar o vermelho dos anéis.


– É um anel de compromisso – Irina estendeu a mão para que todos vissem. – Harry os enfeitiçou para nós.


– É lindo! – disse Emil, admirando ao anel.


– Eu estava pensando em algo duradouro como, por exemplo, tatuagens... Mas gostei ainda mais do seu anel, meu gatinho – ela sorriu para ele.


– Tatuagens? – Harry repetiu enquanto observava o símbolo estranho em seu braço.– É isso o que ela significa? Seu compromisso com alguém? – indicou a tatuagem no braço dela, tentando dar um tom desinteressado à própria voz.


– Sim... – Irina passou os dedos carinhosamente por ela. – Tinha sido gravada a ferro, mais recentemente eu pedi que a pintassem.


– E quem foi esse cara? – perguntou por impulso, sem ter certeza de que realmente queria ouvir a resposta.


– Esse é um símbolo do meu compromisso com a Primeira Ordem, os Legionários.


– Hã? Como assim? – Harry perguntou, pego de surpresa.


– Todos os legionários fazem uma marca, símbolo de seu compromisso e devoção.


– Você é um deles?! – Harry pegou-se olhando para ela atentamente, procurando por alguma coisa que a diferenciasse dos demais, costumava imaginá-los como criaturas assustadoras. – Por que não está com eles? – não conseguiu frear sua pergunta.


– Por que você acha que ela está aqui? – Nicolae perguntou com um sorriso. – Assim como você, ela não aceita ordens com as quais não concorde.


– Você fala como se fossemos rebeldes revolucionários, não é assim. – Irina reclamou. – Eu ansiava por mais liberdade e eles não permitiam isso. Muitas das leis deles estão ultrapassadas e eles são resistentes a mudanças... mas ainda são um poder maior entre nós!


– E há outros legionários como você, “com total aversão a regras e proibições”? – Harry a provocou.


– Strickland era um legionário também. – contou Emil – Mas ao contrário dos demais, ele achava que um bruxo transformado era uma vantagem e não uma ameaça.


– Graças a isso estou aqui hoje – acrescentou Nicolae. – Ele e Irina conseguiram convencê-los de que eu poderia viver se abrisse mão de minha magia.


– E você também lutou nesta guerra? – Harry imaginou que ela não perderia por nada uma guerra ao lado dos seus.


– Eu já os havia deixado naquela época, quando resolvi participar ela já estava quase no fim e o fiz apenas porque estava perdendo muitos amigos meus. Então, encontrei Strickland e entrei para o Clã. Aquele conflito não me interessava nem um pouco e eu tinha algo mais importante para fazer, eu tinha Ksenya.


Ksenya sorriu para ela. O ingresso dela, no Clã, era outra coisa que despertava a curiosidade de Harry, mas ele ainda não tinha parado para perguntar.


– Harry! – Tristan o cumprimentou calorosamente quando entrou na cozinha e o avistou – Que bom que já voltou. Como foi a sua viagem, conseguiu o que queria?


– Fizemos alguns avanços... – Harry repetiu para eles o que já havia contado à Irina.


– Fico satisfeito em ver o seu empenho – Tristan disse orgulhosamente – Por muito tempo tentei convencê-los de que o poder dos portais poderia ser melhor compreendido por quem entendesse de magia, mas nunca aceitaram pensar nessa possibilidade, você entende bem sobre isso, esses antigos preconceitos... Agora, eis a prova de que eu estava certo!


– Mas o arco que Harry possui parece funcionar de forma diferente... – disse Irina.


– Ainda não compreendemos totalmente seu funcionamento – Harry confessou apesar de não querer decepcioná-lo – Ainda estamos começando, Tristan, pretendemos procurar mais pela história do arco, a origem das pedras... iremos ao Ministério ver se encontramos algo...


– Você foi mais longe do que qualquer um de nós em todos esses séculos de observações, ninguém nunca havia descoberto a possibilidade de removê-los... – Tristan afirmou sem se deixar abalar. – Se você estiver certo e conseguirmos controlar o portal, não dependeremos mais da autorização dos nossos amigos lá de baixo, seria mesmo difícil convencê-los.


– Era essa a ajuda que queriam? Um bruxo que pudesse ir até lá e desvendar o funcionamento dos tais portais? Pensei que fosse para algo mais... drástico...


– Bom, basicamente, era para isso sim – afirmou Tristan.


– Mesmo se eu tivesse me tornado um lobisomem? – duvidou – Ou um híbrido?


– Não temos nada contra os lobisomens durante seus períodos racionais, e nossas leis não incluem os híbridos, eles formam uma categoria à parte, muito respeitada, aliás.


– Se você nos privar de ter que ir até lá, serei eternamente grato, Harry. – Nicolae suplicou.


– Esse deve ser o seu lado bruxo se manifestando... – Harry compartilhava com ele a mesma aversão.

Ir até os chamados Legionários, que pregavam a discriminação a qualquer bruxo-vampiro obrigando-os a escolher entre abrir mão de seu lado mágico ou o extermínio, só para tentar convencê-los a permitirem que fossem às profundezas da terra, onde havia portais para terras desconhecidas guardados por letais criaturas sem vida.

Considerou que isso, com certeza, não entraria espontaneamente em sua lista de atividades a serem concluídas.


– E isso me faz lembrar, Shacklebolt quer falar com você, Harry – Tristan anunciou – Pediu para eu te dar o recado há alguns dias e tornou a me lembrar ontem, durante a reunião. Ele espera a sua visita no Ministério...


Tristan havia sido eleito para cuidar dessa parte diplomática, representando-os perante o restante do mundo mágico. Os demais ainda não se achavam preparados para tanto.


– E ele disse o que queria? – pediu sentindo-se desconfortável.


– Não. Mas andou fazendo perguntas sobre esta casa, como conseguimos comprá-la e de quem. Ele só está curioso – acrescentou para tranquilizá-lo. – Manhir também está querendo falar com você sobre os novas decisões a respeito do ensino da Magia Oculta... se já tinha a intenção de ir até lá, poderá procurá-los e descobrir o que querem.


– Não tencionava ter de encontrá-los – comentou pensativo – Tencionava entrar sem ser visto...


– O que você tem contra agir de forma normal? – perguntou Ksenya, estudando-o do outro lado da mesa – Você é viciado em emoções fortes?


– Claro que é! Ele está conosco, não está? – disse Grazina.


– Eu não tenho como justificar a posse das pedras do Arco – Harry explicou. – Por isso queria entrar sem ser visto.


– Mas se nada te dá o direito de ficar com elas... não é melhor que as devolva para não se indispor com seu povo? – Emil demonstrou preocupação.


– Eu não vou deixar que continuem usando o Arco da Morte para se livrarem das pessoas que não os agradam. Depois que descobrirmos como ele funciona, talvez possamos libertar os que foram obrigados a atravessá-lo.


– Cuidado – Tristan o advertiu. – Pense bastante a respeito antes de tomar tal atitude, pode ter havido um bom motivo para terem feito isso.


– Penso ser essa a melhor maneira de descobrir como utilizá-lo como porta de saída – Harry argumentou. – Não adiantará nada para vocês se puderem entrar e não tiverem como sair também.


– Não se sinta pressionado, Harry, se chegar o momento certo de tentar encontrar Strickland e você ainda não tiver conseguido poderemos nos utilizar da outra opção – disse Emil, para descontentamento de Nicolae.


– Quanto tempo eu tenho para descobrir a localização de Strickland? Quanto tempo até o portal se abrir novamente?


– Já faz cinquenta anos e três meses que ele se foi – Tristan calculou – Daqui a … um século e seis meses...


– Isso se ele realmente conseguiu chegar à passagem correta. – Nicolae observou. – Os Legionários têm se dedicado, com muito custo, a estudar e marcar os portais, mas não temos como saber se Strickland conseguiu chegar até ele.


– Sério...? – Harry respirou aliviado – Acho que é tempo mais que suficiente... – imaginou que para eles cem anos seria quase nada – Não se preocupe, Nicolae, posso passar a vida inteira pesquisando o arco – assegurou a ele, em compaixão ao bruxo – E se eu não conseguir, vocês terão todos os nossos avanços registrados e as pedras do arco, para que outro bruxo possa dar continuidade... Que bom que Hermione teve essa ideia, vou protegê-lo com magia para que não se estrague com o tempo...


– Você está falando como se não fosse estar aqui, conosco... – observou Grazina. – Você não estará?


– Daqui a um século? – Harry estranhou sua pergunta.


– Mas eu pensei que fosse se juntar a nós, entrar para o Clã... – comentou Ksenya lançando-lhe  um olhar indagativo.


– Eu não... – disse Harry, mas então reparou os olhares curiosos de Tristan e Emil.

– E não é essa a sua vontade? Pensei que o teríamos conosco assim que se tornasse adulto, em dois anos no máximo... – disse Tristan.


– Eu, sinceramente, não consigo imaginá-lo como um de nós – disse Nicolae – Não sei porque pensaram isso, pode ser comum nos relacionarmos com humanos, mas é raro transformá-los. Eles têm que querer muito.


– Vocês é que dificilmente aceitam uma relação duradoura – Grazina o corrigiu. – Não gostam de se prender a ninguém por muito tempo e têm medo de se comprometerem com outras mulheres, de outros Clãs... Eu acho muita falta de romantismo!


– Claro, nestes casos uma briga de casal pode significar a dizimação dos dois Clãs ou uma eterna inimizade – continuou Nicolae – E para transformar alguém, só se tiver certeza de que é amor de verdade. Só que esse não é o caso do Harry, ele não é um simples mortal, é um bruxo! Não é certo desejar que ele viva conosco...

– Irina nunca me pediu isso...


– Mas eu desejo! – disse Irina – Só que não vou pedir isso nunca, eu sei que não posso, Nicolae! – disse irritadamente.


– Eu pensei que isso não tivesse importância pra você, que me queria do jeito que eu sou... mas tudo bem, se você quiser... – Harry segurou a mão dela.


– Isso não é assim, Harry, não só porque eu quero... Você não conseguiria viver sem magia, sei o quanto você sofreu naquela ilha, seria uma tortura pra mim tê-lo infeliz ao meu lado...


– Bobagem, eu não abriria mão da magia – Harry confessou – Posso encontrar uma maneira de contornar essa determinação estúpida, só teria que descobrir como... – olhou para todos os presentes, ninguém pareceu apreciar a sua decisão.


– Ah é, uma boa ideia a sua, ao invés de morrer de morte natural enfrentá-los e ser exterminado por eles – Nicolae o criticou – Eu sempre soube que não daria certo, você não é um covarde como eu...


– Você não é um covarde por optar por viver, Nicolae – Ksenya o consolou.


– Nicolae tem razão, é um egoísmo nosso desejar isso – disse Tristan – Desculpe, Harry, não tinha parado para analisar esse fato do ponto de vista de vocês, bruxos.


Ainda segurando sua mão, Irina se levantou em silêncio e saiu levando Harry consigo. Quando chegaram na varanda ela parou para admirar a noite. Harry parou ao seu lado, pensativo.


– Você está disposto a entrar em conflito com o meu povo só para satisfazer a minha vontade. Isso é muito corajoso, muito romântico e muito estúpido também.


– Por você... – Harry a corrigiu. – É por sua causa que eu estou aqui, agora. E eu quero que fiquemos juntos, pelo tempo que eu viver.


– Em todo caso eu sairei perdendo, eu perderei você, naturalmente ou não...


– Assim você me subestima... – Harry se afastou e sentou no parapeito, observando o jardim, abaixo dele, túneis, cavernas e armadilhas mágicas que tinha ajudado a preparar. – Posso me tornar um bruxo poderoso se eu me dedicar a encontrar aquelas fontes de poder que eu te falei...


– Mas você nem quer isso, está adiando há meses! Eu já disse que posso te ajudar, posso ser sua guia – Irina se aproximou. – Não há lugar algum no hemisfério norte que eu não conheça.


– Faremos isso quando Rony e Hermione voltarem a Hogwarts, cursarei a faculdade pela manhã, me dedicarei ao Arco quando voltar e à noite poderemos procurar...


– Está adiando de novo... Você tem medo...


– Eu não tenho medo! – ele protestou – Só tenho muitas coisas difíceis e demoradas a fazer, só isso.


– Se você tiver a posse dessas possíveis fontes de poder, poderá se tornar imortal sem ter que ser um de nós? – Irina perguntou esperançosa – Sem ter que se submeter às nossas leis...


Ele não respondeu, começou a se questionar do real motivo de Adam ter sido sempre tão compreensivo com o seu relacionamento. Imaginou que ele pudesse estar esperando que fizesse exatamente isso, tinha acabado de demonstrar que ainda considerava essa possibilidade. Sua imortalidade o beneficiaria também, e parecia ser algo que realmente buscaria, algo que o possibilitasse ficar para sempre ao lado dela.


– O que foi? – ela perguntou ao perceber sua expressão intrigada – Não estou sugerindo que mutile sua alma como fez o seu outro lado... Estou me referindo a outra coisa qualquer.


Harry olhou para ela e permaneceu calado.


– Você está me ouvindo? Está me ignorando?!


– Ele não é “meu outro lado”, de onde tirou isso? – perguntou, por fim. Ela sorriu. – Eu desejo passar toda a minha vida ao seu lado sim, mas na verdade, a imortalidade não me atrai... não uma eternidade problemática e cheia de conflitos...


– Você quer dizer aqui, deste lado... sabe, eu nunca me interessei realmente por nenhum dos portais...


– Poderíamos encontrar um bom lugar... – ele murmurou, sonhador.


– Um lugar calmo e tranquilo – ela se aconchegou em seu peito. – Distante de todos... de tudo... Consegue se imaginar vivendo assim? – perguntou após algum tempo em silêncio.


– Não... – ele respondeu após breve hesitação.


– Nem eu. E com a capacidade que você tem de atrair situações perigosas eu duvido que isso adiantaria. Vamos esquecer a questão da imortalidade e nos concentrarmos na procura por esses tais artefatos. Eu quero que você se fortaleça – ela se afastou para olhar em seus olhos – Ser imune somente a mortes naturais não bastaria, não para alguém que estava pensando em entrar em confronto com os Legionários...


– Não fique pensando nisso – Harry a puxou novamente para perto, abraçando-a com força. – Eu já estive perto da morte por vezes suficientes para me acostumar com ela, não se atormente com esse assunto... e não se esqueça da minha capacidade de sobreviver – ele beijou seus cabelos e traçou um caminho até seus lábios.


– E você, comece a duvidar da minha capacidade de continuar vivendo sem você... – ela declarou enquanto ele mordiscava seu pescoço – Vamos iniciar nossas buscas amanhã – decidiu de repente – Faremos isso todas as noites, Rony e Hermione poderão vir conosco.


– Acho que o ritmo será puxado para eles – Harry comentou – E Hermione está mais interessada nos portais, ela espera encontrar civilizações perdidas, conhecimentos e poderes desconhecidos, tenho que tirar um horário para ficar com eles... – baixou os olhos, pensativo.


– Ela tem alma de pesquisadora, assim como Strickland, acho que ela irá gostar de conhecê-lo...


– E se você estiver certa e os nossos arcos forem totalmente diferentes dos portais que conhecem...? – Harry meditou, preocupado. – A descrição que você fez parece bater com outros possíveis portais que Mione localizou, Stonehenge, o Triângulo das Bermudas, e parece que também há alguma coisa no Peru, todos portais fixos, que ninguém sabe para onde e como se abre, talvez também dependam de uma data correta, diferente dos nossos arcos.... – Harry puxou o cordão, impulsivamente, para falar com Hermione.


– Não se estresse, gatinho – Irina fez com que o guardasse novamente – Agora não é hora pra isso, não agora.


– É que parece que o tempo não está a meu favor... ainda tenho que separar algumas tardes para passar com Adam, tenho que saber o que ele anda fazendo – Harry respirou profundamente – Quando consigo me livrar de alguns problemas, surgem outros... – reclamou.


– Deixa eu te fazer esquecer tudo isso... – ela sugeriu puxando-o em direção à porta, tencionando chegar às escadas. – Que tal voltarmos ao nosso mundinho particular, sob um céu estrelado e estrelas cadentes...?


– Quer estrelas cadentes? – ele a puxou de volta e a beijou.


– Sim... e uma lua cheia... – sugeriu com um sorriso.


– Sei de uma praia deserta... na verdade é uma ilha, desabitada, poderíamos apreciar esse céu estrelado da praia, que tal? Algum problema com ofídios?


– Não... somos imunes ao seu veneno... – respondeu com curiosidade – Por que é desabitada?


– Ninguém se atreve a ir até lá, é considerada muito perigosa... – ele enfatizou bem as duas últimas palavras e ela pareceu encantada com a ideia. – Cerca de nove cobras por metro quadrado, todas venenosas, mas acredito que irão gostar de minha visita... Deve estar de dia na ilha de Queimada Grande, mas posso torná-lo noite pra você, com quantas estrelas cadentes e luas você quiser... Pare, Irina, agora não!  – seus caninos se destacaram em seu sorriso – Eu nunca estive lá antes e é muito distante, vou precisar de toda a atenção...


– Tudo bem, eu te dou trinta segundos... – seus olhos escuros brilharam em expectativa.


– Agora você está me superestimando... – ele a ergueu nos braços e se concentrou.


Deixaram a varanda vazia, sob um céu noturno e nebuloso.




*** TÉRMINO ***



N/A: Obrigada por todas as palavras de incentivo e por me acompanharem nesta jornada.
Foi um prazer dividir esta aventura com vocês.
bjs

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