Regresso



 


As poucas pessoas que circulavam pela rua naquele horário passavam por ele apressadas, em encontro aos seus destinos. Ele não tinha nenhum. Aquela sensação de liberdade o assustou por alguns momentos, poderia decidir seu caminho a partir de então.


Encolheu-se esfregando os braços, o frio de Londres arrepiava sua pele nua por baixo da fina camiseta de malha. Entrou no metrô procurando um lugar aquecido, não podia continuar andando pelo centro correndo o risco de ser reconhecido. Levou involuntariamente a mão à cicatriz, que formigava dolorosamente.


Percebeu que estava começando a chamar a atenção das pessoas que circulavam por ali. Elas começavam a olhar em sua direção repetidas vezes, um garoto trêmulo de frio e bronzeado de praia em meio ao clima londrino, com a blusa manchada de sangue e com rasgos que lembravam as garras de um animal feroz.

Puxou o cordão de dentro das vestes e o apertou na palma da mão, sentiu-se tentado, mas não podia pedir que se arriscassem a encontrá-lo ali, às escondidas. Foi para um canto do saguão enquanto se decidia.


Reparou no casaco de um homem, que carregava uma guitarra pendurada no ombro, encarou fixamente seus olhos castanhos enquanto ele se aproximava. O homem parou ao seu lado e sorriu, apoiou o instrumento no chão enquanto se despia, e lhe entregou o casaco antes de partir.


– Obrigado – agradeceu, detestando-se por fazer aquilo, mas estava sem dinheiro, teria que se virar com magia por enquanto.


Vestiu-o, dobrou as mangas e cobriu a cabeça com o capuz. Afastou-se para as sombras da área restrita a funcionários da manutenção.



Encolheu-se quando sua cicatriz ardeu novamente, encostou a testa na lápide fria. Estava difícil fechar a mente depois de tanto tempo, conseguia senti-lo contrariado por não o encontrar, imaginou que ainda o julgava na ilha. Olhou para o céu que começava a clarear, fazia tempo que estava ali mas não queria ir embora. Estar ali não o deixava apreensivo, pelo contrário, sentia-se acolhido e tranquilo.


Descansou a cabeça sobre o túmulo e continuou observando os nomes ali gravados, os nomes dos seus pais. Quando voltou a perceber o que se passava do lado de fora, atrás das grades do cemitério, a rua já começava a ganhar vida. Arrastou-se para as sombras e voltou para a casa.


Não tinha sido difícil ultrapassar o bloqueio que a protegia, não tinha sobrado muita coisa, ver os destroços que um dia fora o lar de seus pais era uma experiência que lhe despertava muitos sentimentos conflitantes. A primeira coisa que tinha feito ao chegar, durante a noite, fora lavar o sangue da blusa e limpar o ferimento causado pelas garras de Fenrir, três cortes de uma profundidade que o assustou.


Aproveitou a claridade, agora, para reparar com calma o local. Os poucos objetos restantes, as cores, tudo mostrava um pouco da personalidade deles, porém não achou fotos ou quadros, gostaria de tê-los visto.


Reuniu todos os objetos que julgou ter algum valor, afinal, eram seus por direito, e colocou-os dentro de uma sacola que tinha visto no quintal ao lado, o tipo de vizinhos que extrairiam muitas críticas de seus tios, mas que não se importaria de ter, parecia, pela quantidade de objetos espalhados, que tinham muitos filhos.


Voltou ao banheiro e pegou a blusa que tinha deixado secando, os rasgos tinham lhe custado um tempo para serem reparados. Retirou o bracelete do bolso do jeans e o jogou na lixeira, puxou os cabelos castanhos sobre a testa, cobrindo a cicatriz, tinha que sair e tentar conseguir algumas coisas.


Saiu de dentro do mausoléu, não podia deixar que o vissem saindo da casa dos Potter. Agachou-se novamente ao lado do túmulo de seus pais e prometeu voltar mais tarde.


Uma senhora passou por ele lançando-lhe olhares curiosos, sentiu-se corar por ser pego falando sozinho, mas depois não se importou, nunca teria a oportunidade de falar com eles de verdade. Pegou a sacola e partiu.


Rodou o vilarejo procurando por algum lugar que vendesse antiguidades. Entrou na Antiquários e ficou olhando os objetos envelhecidos enquanto o atendente conversava com um senhor que procurava uma peça para reposição. Assim que ele saiu se aproximou.


– Está procurando por alguma coisa? – ele perguntou ajeitando o bigode.


– Não, eu quero vender – colocou sobre o balcão os castiçais e demais pratarias que tinha encontrado. – Quanto o senhor pode me dar por isso?


– Eu não estou comprando nada no momento...


– Por favor, estou precisando de dinheiro.


– Vocês jovens estão sempre precisando de alguma coisa – comentou olhando-o com desconfiança. – Seus pais sabem que pegou isto? Não quero ter aborrecimentos...


– Eles sabem – Harry garantiu encarando-o fixamente, esperou enquanto ele avaliava as peças.


Saiu da loja com o dinheiro, não era muito, teria que decidir o mais importante para o momento. Foi até a farmácia, tinha passado por duas delas até então, escolheu uma. Levou vários minutos lendo os rótulos de cada frasco da prateleira, não tinha ideia do que deveria levar.


– Quer ajuda? – a balconista, que parecia ser também dona do local, lhe atendeu.


– Preciso de algo para desinfetar um ferimento...


– Que tipo de ferimento? Corte...


– Marcas de unha, das garras de um animal.


– Um arranhão...?


– Não. É mais profundo que isso.


– Eu sou a farmacêutica, posso dar uma olhada para você, se quiser.


– Quero – ficou aliviado, já começava a sentir calafrios.


– Qual o seu nome? – perguntou indicando-lhe o reservado no fundo da loja.


– Bryan – disse o nome que Sirius havia escolhido para ele quando tinham ido ao show da The Burners, e para Rony, Mat .


– Bryan... de quê?


– Black – respondeu após breve hesitação.


Tirou o casaco e a blusa, que estava ficando novamente manchada, enquanto ela juntava sobre uma mesa os itens que utilizaria.


– Estranho, não me recordo de nenhum Black por aqui... Céus! – ela exclamou quando olhou para seu peito nu. – Que animal fez isso?


– Um bem grande... e estúpido – observou ela lavar as mãos e calçar as luvas.


– Você teve sorte – comentou enquanto limpava o ferimento olhando de vez em quando para os demais hematomas em seu corpo. – Seus pais já viram isso?


– Cheguei ontem à noite – esclareceu incomodado.


– Férias escolares... – ela deduziu reparando seu bronzeado. – Quantos anos tem? Catorze, quinze...?


– Tenho dezessete! – respondeu indignado.


– Desculpe... – olhou-o compassiva – Bryan, terá que chamar seus pais para que o levem a um hospital, creio que alguns pontos serão necessários...


– Tem certeza?


– Tenho, vou fazer um curativo, mas não será suficiente... Algum problema em fazer isso? – perguntou desconfiada.


– Não... na verdade, vou encontrá-los assim que sair daqui – respondeu chateado.


Vestiu logo sua roupa quando ela terminou o curativo, comprou os remédios que ela receitou e também alguns produtos de higiene pessoal. Passou no túmulo dos pais e deixou flores, sentiu-se levemente tonto, então, lembrou-se de que não tinha comido nada ainda, mas seu dinheiro tinha acabado, teria que esperar.


Voltou para a casa e tentou pensar em uma maneira de chegar ao Gringotes sem ser visto, porém, sentiu-se desanimar quando recordou que estava sem a chave do cofre, Passou a vasculhar o local mais detalhadamente em busca de mais alguma coisa que pudesse ser útil, algum cômodo ou esconderijo secreto no qual pudesse encontrar algo importante.


Estava começando a escurecer quando ouviu o barulho do lado de fora da casa. A principio pensou que pudesse ser algum desordeiro, mas a pessoa desfez o feitiço que a protegia, com certeza era um bruxo. Colocou rapidamente seus poucos pertences nos bolsos e partiu.


O cemitério estava deserto. Espiou pela grade, a rua estava relativamente calma, ouviu passos apressados de alguém que andava na calçada oposta, escondeu-se nas sombras. Não esperava ter de sair tão cedo. Ouviu uma coruja piando próximo à sepultura, atrás da qual estava escondido, não deu importância, corujas costumavam caçar à noite, então, ela se aproximou para bicar sua orelha.


– Edwiges! – ela pulou para sua mão estendida. – Como chegou até aqui?


Ele acariciou suas penas, mal acreditando que a estava revendo depois de tanto tempo. Uma coruja menor pousou na lápide, branca com manchas marrons. Estendeu a mão para ela também, mas recebeu apenas um olhar desconfiado.

De repente três deles surgiram  duas ruas à frente, Comensais. Tinha ficado tão surpreso por revê-la que, por alguns momentos, tinha se esquecido dos bruxos na casa de seus pais. Perguntou-se como o tinham localizado tão rápido, não sabia o que tinha feito de errado.


– Eu estou feliz por rever você também, mas não posso te levar, nem mandar recado para ninguém agora, não assim – despediu-se colocando-a de volta sobre a lápide. Ela piou reclamando. – Vai pra casa, vai cuidar da sua família, eu volto quando eu puder.


Afastou-se sorrateiramente por entre os túmulos, quando se virou nenhuma das duas estava mais ali, partiu.


Espreitou da ruela para conferir a atividade do local, estava planejando chegar até a loja de logros sem ser visto. Avistou dois homens parados, em meio à Travessa vazia, conversando em voz baixa, todas as lojas estavam fechadas àquela hora.

Tinha escolhido a Travessa do Tranco por imaginar que os seguidores de Voldemort nunca desconfiariam que ele pudesse aparecer por ali. Aqueles homens não possuíam a Marca Negra, mas pareciam estar vigiando ou esperando por algo ou alguém.


Um outro se aproximou e os três seguiram caminhando, pôde ver a insígnia do Ministério brilhando em suas vestes sob a luz de suas varinhas. Recuou lentamente para o fundo do beco, os passos deles ficando mais audíveis à medida que se aproximavam olhou em volta para o muro e para o prédio lacrado.


Pararam por breves instantes na bifurcação, um deles ergueu a varinha iluminando a ruela vazia. Harry ficou imóvel, observando do alto do telhado, até eles darem continuidade à caminhada. Ergueu-se sobre mãos e joelhos e engatinhou até a frente do prédio. Seguiu lenta e cuidadosamente prestando atenção aos estalos das telhas sob seu peso, voltou a deitar quando se aproximou e seguiu rastejando até a borda.


Outra dupla apareceu na esquina, considerou arriscado cruzar para o telhado em frente. A chuva começou a cair fina e insistente, praguejou mal acreditando em sua sorte. Eles se abrigaram embaixo de uma marquise, não pareciam dispostos a partir tão cedo. Recuou.


A claridade que passava pelas tábuas, que lacravam a janela, era muito pouca. Colocou um comprimido na boca e se esforçou para engolir, encolheu-se a um canto e aguardou impacientemente que o dia clareasse, temendo adormecer e se encontrar com Voldemort, sua cicatriz ainda formigava de vez em quando, mas não tão intensamente. Não quis se arriscar a investigar o que havia no  prédio ou se havia alguma coisa. Estava se sentindo exausto mas imaginou que se Voldemort  conseguia, era só uma questão de prática.


Abriu os olhos sobressaltado quando se sentiu vaguear rumo à inconsciência, sentiu a testa queimar como se estivesse a ferro em brasa, levantou-se num salto, o céu começava a clarear, a chuva já tinha parado. Voltou ao telhado. Foi escolhendo os prédios mais altos, para não correr o risco de ser visto lá de baixo. Apesar de curto, o trajeto, demorou bastante até chegar ao seu destino, tendo que aguardar o momento certo para cruzar a distância entre os prédios. Eles estavam espalhados por todo o Beco e a Travessa.


Desceu até a entrada dos fundos, demorou um tempo na porta até que conseguisse anular a proteção e entrar. Atravessou o corredor de caixas do depósito e chegou à loja. Olhou os artigos coloridos nas prateleiras, a visão familiar fez com que se animasse um pouco. Aproximou-se do balcão e tocou a sineta. Tocou três vezes e esperou até que surgisse alguém.


– Hei! Como conseguiu entrar aqui? Ainda não abrimos!


Harry ouviu, com satisfação, a voz de Fred vindo do alto da escada. Logo eles apareceram empunhando suas varinhas. Baixou o capuz, desde que voltara andara imaginando como seria recebido depois de tanto tempo, mas não esperava ter duas varinhas apontadas em sua direção.


– Calma... sou eu, Harry! – ergueu as mãos devagar mostrando que não carregava nada, perguntou-se se estaria, de alguma forma, diferente.


– Impossível! – Fred não parecia propenso a acreditar. – Harry está morto!


– Não! Eu não estou! Sou eu... – esperou enquanto eles se posicionavam avaliando-o.


– Então prove!


– Como? O que vocês querem que eu faça? – pediu ansioso por provar-lhes que era real.


– Qual a cor preferida do Harry? – Fred perguntou após uma rápida troca de olhar com o irmão.


– Minha cor preferida... é azul – respondeu após pensar um pouco.


– Nós não sabemos qual é a acor preferida do Harry! Se você fosse mesmo o Harry saberia que nunca perguntamos isso! – Jorge o acusou. – Qual é o nome do gato dele?


– O quê?! – Harry começou a achá-los absurdos. – Eu nunca tive um gato, só a Edwiges... Parem com isso! Sou eu! – afirmou nervosamente. – Eu vi quando a Sra. Weasley se zangou por vocês darem caramelo Incha-Língua ao meu primo Duda, estava lá quando confessaram enviar bosta de dragão ao seu irmão, Percy, pelo correio, quando roubaram fadas mordentes durante...


Sentiu-se como se estivesse sendo atropelado quando os dois se jogaram contra ele, prensando-o num abraço apertado.


– Por favor, parem! – pediu com dificuldade. – Ou vocês é que vão me matar... – levou a mão ao peito ferido se protegendo mesmo assim estava feliz por estar de volta.


– Caramba! Eu não estou acreditando, você está vivo!


– Eu estava preso, mas fugi...


– Mamãe não vai acreditar! Ninguém vai acreditar! – Fred não o deixou terminar.


– Eles já sabem? – perguntou Jorge – Alguém está sabendo?


– Não, ainda não, mas...


– Eu aviso! Pode deixar que eu chamo eles... – Jorge se ofereceu entusiasmado.


– Não! Não agora, esperem um pouco...


– Vem com a gente – Fred o puxou em direção às escadas.


– Foi sorte a minha vocês estarem aqui hoje, eu não poderia ir à Hogsmeade... – subiram até o terceiro andar, onde ficavam os aposentos deles.


– Nós não temos ido, não depois de tudo o que aconteceu... o movimento diminuiu bastante com as férias e a viagem do Diretor, e temos gente cuidando de tudo por lá...


– Isso não importa agora – disse Jorge – Por que ainda não foi pra casa?


– Achei melhor não, só estou de passagem... Dumbledore viajou? – chegaram na sala, vários projetos e artigos inacabados espalhados.


– Do que está falando? Passar pra onde? – Fred o empurrou em direção ao sofá fazendo-o se sentar.


– Não vou voltar para Hogwarts ou St. Catchpole...


– Torturaram você, não é? – Jorge perguntou compassivo. – Ele deve ter perdido um pouco da sanidade – comentou com Fred. – Mas pelo menos está vivo...


– Ninguém me torturou e eu estou são! Só quero um pouco mais de tempo...


– Imagino que sim, você não parece nada bem...


– O que aconteceu lá fora? – desconversou – Há aurores por toda a Travessa do Tranco.


– Sim, há. A Ordem tem pegado pesado contra os seguidores de Você-Sabe-Quem, chegamos a pensar que Dumbledore estava querendo vingança, sabe – Fred comentou.


– Só que o Ministério não quis ficar atrás, quando a Ordem descobriu o ponto de encontro dos Comensais aqui na Travessa, os aurores chegaram expulsando todos que eram suspeitos, muitos foram presos, acusados de serem simpatizantes das artes das trevas.


– Na verdade todos sabiam que a Travessa era ponto de venda desses artigos – disse Fred – Mas agora, com tudo isso acontecendo, o Ministério decretou intolerância absoluta a eles.


– Fizeram com que eles fugissem, que buscassem proteção com Voldemort... – Harry concluiu.


– Bom, acho que não era essa a intenção, mas o seu ponto de vista também é válido... – Jorge avaliou. – Com certeza os que não eram partidários passaram a ser ou estão se escondendo... Mas e você, como conseguiu chegar até aqui?


Harry passou a mão rapidamente pela testa, incomodado.


– Eu conto quando Rony e Hermione chegarem – Harry pediu – Tem como chamá-los sem que os outros percebam? Não quero que eles comentem com ninguém antes, se eu mesmo os chamar eles não vão entender...


– Eu faço isso – Fred se prontificou afastando-se.


– Eles estão esperando por isso, com certeza não vão se espantar. E nós duvidamos deles... O que você quer Harry, precisa de alguma coisa enquanto isso?


– Vocês têm comida aqui? Estou me sentindo fraco... – sentiu também a camisa ficar úmida após aquele encontrão, mas se manter de pé era mais urgente.


Foi com Jorge até a cozinha, que parecia mais um laboratório pela quantidade de ingredientes e poções coloridas. Encontrou apenas doces, biscoitos e guloseimas, comeu depois de se certificar com ele de que não eram algum experimento para a loja.

Não demorou a ouvir as vozes de Hermione e Ronald vindas do outro cômodo.


– O que é tão hiper, super urgente? Temos muita coisa para fazer hoje – ouviu Hermione reclamando.


Saiu para a sala e ficou algum tempo olhando-os ali parados, uma sensação de paz e realização invadindo-o.


– Não acredito! – Hermione gritou e correu para ele.


Os três se abraçaram emocionados.


– É você mesmo? Tem certeza? – Rony perguntou meio abobado quando se separaram.


– Claro! Rony... – Harry o examinou de cima a baixo. – Você cresceu... E você também! – disse à Hermione.


– E você não mudou quase nada nesses meses! O que aconteceu?


– O que é isso? – Harry passou a mão pelo rosto do amigo, espantado.


– Legal não é? – perguntou orgulhosamente mostrando os poucos pêlos cor de cobre que começavam a surgir em volta da boca e queixo.


– Harry, você parece exausto! – Hermione reparou – Por onde andou? Onde estava?


Harry contou resumidamente, aos seus amigos ansiosos, o que tinha acontecido e o que tinha visto.


– Não entendo... – disse Jorge – Ele salvou você, e te levou para “passar as férias em uma ilha”... por quê?


– Como vou saber? – Harry trocou um rápido olhar com os amigos. – Não acho que ele tenha uma linha normal de raciocínio... Agora me contem como ficaram as coisas por aqui, estão todos bem?


– Sim... – Hermione respondeu hesitante. – Ora, todos pensavam que estava morto, como poderiam estar?


– Mas a gente não! – Rony disse entusiasmadamente. – Nós sabíamos que não podia ser verdade. Nós íamos te resgatar, não importa o que custasse! Hoje mesmo!


– Esses dois têm tentado convencer a todos de que você poderia estar vivo. – Fred confirmou feliz com o entusiasmo deles.


– Ninguém acreditava na gente, disseram que estávamos traumatizados e evitavam falar a respeito, até evitavam pronunciar seu nome.


– Por quê?! – perguntou chocado por seu nome ter virado uma espécie de tabu.


– Por causa do Sirius principalmente – Hermione explicou – Ele também não quis acreditar a princípio, queria te encontrar de qualquer jeito.


– Ele ficava andando por aí com o casaco que você estava usando naquele dia, mesmo manchado de sangue... Acho que queria encontrar um rastro que levasse até você – disse Jorge. – Ele estava se culpando por não ter estado lá, Harry, você precisa falar com ele, ele vai surtar quando te ver...


– Vocês ainda não o chamaram?! – Hermione se surpreendeu.


– Não... Eu ainda não sei como dizer isso a ele...


– Que você está vivo? É só deixar que ele veja! – Rony exclamou surpreso com sua hesitação.


– Que eu não voltei pra ficar, não pretendo voltar a Hogwarts, nem deixar que me levem para o Ministério. Não quero mais ser prisioneiro de ninguém.


– Sirius nunca permitiria isso – Jorge afirmou. – Não depois de tudo.


– Mas eu não voltei para trazer problemas para ele de novo, nem para a Ordem. Pretendo seguir com meus próprios planos, só que antes tinha que alertá-los sobre Voldemort, ele pode tentar algo contra vocês, por eu ter fugido, mas quero que o Ministério e os Antigos continuem pensando que estou morto.


– Não sabemos se o Ministério acredita mesmo nisso, ele proibiu que sua morte fosse divulgada. E desde que você... partiu, Dumbledore não parava mais em Hogwarts, então, nada foi noticiado lá também.


– Mesmo assim, acreditando ou não, não vou deixar que me peguem.


– Acho que você deveria pensar melhor a respeito disso, com calma – Hermione sugeriu. – Até lá, poderemos cuidar de assuntos mais urgentes, seu estado... – examinou-o atentamente.


– A horcrux... Vocês destruíram uma, não foi? O que aconteceu?


– Não foi culpa nossa! – Fred e Jorge se apressaram a explicar.


– Foi um acidente... – Rony disse corando levemente. – Não, na verdade foi culpa do Draco! Foi ele que libertou a coisa, eu estava tentando impedir, mas então... tive que destruí-la.


– Foi culpa de todos – disse Hermione. – Draco se cansou de esperar e achou que tínhamos que seguir com o plano, como você mesmo tinha recomendado, Harry, e destruir logo todas antes de regressarmos à Hogwarts, mas Rony queria aguardar até que você voltasse...


– Tudo bem, menos uma. Qual delas foi?


– O cilindro – disse Fred – Você tinha razão, o nome da mãe dele era o acesso...


– Como ele reagiu? Ele soube? – Hermione o interrompeu. – O que ele disse?


– Sim, ele sabe, a reação dele... foi dentro do imaginável. – Harry tocou com a língua o ferimento em seus lábios.


– Ele te feriu, te torturou não é? – Rony concluiu chateado. – Nós tentamos, temos procurado pistas, visitamos vários lugares e temos seguido Comensais mas nenhum deles nunca tocou no seu nome.


– Vocês têm feito o quê? – Jorge o interrompeu. – Estão loucos?!


– Tínhamos que descobrir onde ele estava... – disse Hermione.


– Sim, mas como se atreveram a fazer isso sem nos convidar?! – Fred reclamou.


– Nós sabíamos que Você-Sabe-Quem não te mataria depois de tudo... tudo o que houve ano passado – Rony continuou, ignorando o irmão. – Mas tínhamos medo que algo assim pudesse acontecer, se nós...


– Tudo bem, Rony, nada disso aconteceu – Harry o tranquilizou – Onde está a outra? Ela tem que ser destruída também...


– Hoje? Agora? – Fred indagou surpreso.


– Claro, Voldemort sabe sobre ela, que estava comigo. Não quero que tente encontrá-la, isso o traria até vocês, Sirius, a Toca...


– Não – Jorge se opôs. – Estamos quase conseguindo uma maneira de fazer isso... libertar ele!


– Mesmo? – Harry se entusiasmou.


– Claro! – Fred gabou-se. – É só uma questão de tempo até prepararmos tudo, não se preocupe, nada atravessa o escudo que protege nossas casas.


– Deixe ela com a gente Harry, nós a estamos protegendo. – Jorge falou com firmeza, encarando-o.


– Certo... – Harry o olhou seriamente preocupado. – Há mais duas ainda, mas não quero falar sobre isso agora. Há outra coisa que preciso que façam, preciso da chave para pegar meu dinheiro, em Gringotes, ela deve estar com Sirius, podem arranjar um jeito de trazê-la para mim?


– Harry... as coisas não podem ser assim – Hermione reclamou.


– Como você quer que eu faça? Estou precisando urgentemente de dinheiro e não posso simplesmente aparecer depois de tanto tempo e...


– Ainda temos dinheiro, da venda das presas. – Rony informou.


– Nós podemos arranjar mais dinheiro pra você. – Fred ofereceu.


– Não, não precisam, eu não teria como garantir a devolução...


– Pense que estamos te pagando um empréstimo – Jorge acrescentou decidido. –  Nós devemos isso a você. Sumiu por alguns instantes e depois reapareceu com um embrulho. – Aqui tem metade, em dinheiro trouxa – passou-lhe o pacote. – Te entregaremos o restante depois.


Harry levou a mão à cicatriz e esfregou a testa incomodado.


– O que está sentindo, Harry?


– Só estou cansado – tentou se convencer – Não durmo há duas noites...


– Poderá dormir quando chegarmos em casa – Hermione passou a mão pelo seu cabelo e beijou seu rosto.


– Casa?


– Estou hospedado no apartamento da Hermione, meus pais concordaram em me deixar passar as  férias com ela... fazer algo diferente para me distrair do “trauma”.


– Não posso, é perigoso, e para vocês também. Gostaria que ficassem sob a proteção da Toca.


– Não se preocupe, meu prédio está protegido, escudos anti-Comensais de Fred e Jorge, detectores de Artes das Trevas, de visitas Mal-Intencionadas, e outras coisas mais que Moody andou espalhando por lá.


– Acho que, em uma situação normal, nunca me deixariam ir com vocês – Harry comentou para se distrair, ela riu.


– Claro que não! Foi difícil convencê-los a liberar o Rony, e ele já é de maior... – Creio que o seu aniversário não foi nada agradável também... Pensamos muito em você naquele dia... Vamos! – levantou-se puxando-o consigo – Vocês vão avisar aos outros? – perguntou aos gêmeos.


– Não se preocupem – Fred garantiu.


Despediram-se e foram de lareira até o apartamento onde Hermione morava. Achou a sala espaçosa, havia papéis com anotações e um mapa do Reino Unido espalhados sobre a mesa. Olhou curioso para o compartimento de onde tinham saído.


– São lareiras portáteis da loja de Fred e Jorge, todo o meu prédio tem sistema de aquecimento – Hermione esclareceu – Elas são práticas e totalmente independentes do controle do Ministério.


– Onde estão seus pais? – perguntou em voz baixa.


– Foram viajar hoje. Tinham acabado de sair quando os gêmeos nos chamaram. Pedi que eles viajassem em uma segunda lua-de-mel, iríamos sair hoje à noite e não sabíamos quando voltaríamos.


– Sorte eles terem aceitado viajar nesta época – Harry estranhou, as férias logo acabariam. – Deixando vocês dois aqui, sozinhos...


– Não foi sorte, tive que “convencê-los” a ir, e com uma ajudinha da poção do amor uma segunda lua-de-mel veio bem a calhar... Nada de mais fazer com que se apaixonassem de novo – comentou corando levemente ao olhar surpreso dele. – Rony está usando o quarto de hóspedes, então você pode ficar com o meu, eu fico com o dos meus pais.


Harry olhou para Rony espantado, ele deu de ombros e seguiu atrás dela, pelo corredor.


– Trouxemos algumas coisas suas porque não sabíamos do que você iria precisar quando voltássemos, Sirius não estava em condições de se importar com esses detalhes... – ela fez o malão sair de debaixo da cama e dele retirou sua mochila. – O que foi? – reparou o olhar dele passando pelo cômodo.


– Seu quarto. É tão... feminino... – reparou os babados, rendas e bichinhos que ornamentavam o local, dividindo o espaço com uma estante da mesma altura e largura de uma das paredes, do lado oposto ao armário e cama. Na mesa de cabeceira estava a foto dos três juntos, tirada no noivado de Sirius, ao lado da foto, o globo contendo a miniatura do Museu de História Natural. Lembrou-se do dia em que o tinha comprado, com Dumbledore.


Rony sorriu para ele.


– Você também?! – suspirou – O que esperava? Eu sou uma garota, caso não tenha percebido, e sou filha única, não me custa ceder a alguns gostos dos meus pais... Vai nos contar agora, tudo o que aconteceu?


– O que mais você quer saber? – Harry pegou a mochila das mãos dela, lhe pareceu que estava quase vazia, mas ao abrir visualizou muitos dos seus pertences, a capa, o Lord, algumas roupas, suas lentes... ela parecia ter pensado em tudo.


– O que você não quis contar na frente de Fred e Jorge. Há mais coisas, não? – Rony deduziu.


Harry contou aos amigos, todos os detalhes que antes tinha omitido para encurtar a história.


– Caramba! Um dragão! Ele sozinho poderia destruir toda a cidade – Rony comentou assombrado.


– Ele não faria isso. – Harry pegou roupas limpas e pediu para usar o banheiro.


– Então... isso significa que ele não está mais interessado em descobrir como acabar com a conexão entre vocês – Hermione meditou. – Já que queria te obrigar a fazer uma horcrux.


– Eu sei, mas não quero pensar nisso hoje – pediu a ajuda de Rony e foi até o banheiro.


Abriu o casaco e livrou-se da blusa manchada e do curativo, usou os medicamentos, que tinha comprado, para limpar os cortes.


– Ela fez mesmo isso? Enfeitiçou os pais? – perguntou para distrair ao amigo, que o olhava fixamente, meio espantado.


– É... ela também me assusta às vezes... – Rony murmurou enquanto o observava intrigado, a testa franzida.


– Pode fechar pra mim? – pediu quando terminou.


– Você tem certeza?


Harry assentiu e aguardou enquanto ele puxava a varinha do bolso da calça. Depois virou-se para o espelho conferindo a pele novamente curada, passou a mão pelas novas marcas que o acompanhariam.


– Onde está a sua varinha? – Rony perguntou reparando que não a tinha visto ainda.


– Ficou com Voldemort, não foi uma fuga planejada, não tive como pegá-la – esclareceu despreocupadamente.


Depois de se banhar e vestir roupas limpas acompanhou Rony ao quarto que ele estava ocupando, um cômodo simples, achou-o preferível ao outro. Havia mais livros espalhados ali.


– O que aconteceu com vocês nesses últimos meses? – sentou-se na cama e bichento subiu no seu colo, para cumprimentá-lo.


– Bom, tivemos que ficar em Hogwarts até o fim do período letivo, o que atrasou muito os nossos avanços, não conseguíamos sair com os aurores pelos terrenos, ninguém mais pôde ir ao povoado e mal conseguíamos falar com o pessoal da Ordem estando presos no castelo, todos pareciam ocupados demais.


– É, e não respondiam às nossas cartas – Hermione apareceu levando um lanche para ele. – Dumbledore não ficava mais por lá, McGonagall nos chamou depois, para conversar com nossos pais.


– Disseram-nos que tínhamos que aceitar sua morte, eu disse que não tínhamos provas disso, que só a palavra do Snape não bastava... Ele quis me dar uma detenção por isso! – reclamou revoltado.


– Mas a Professora Minerva não permitiu, disse que não estávamos conseguindo lidar com a perda e era normal nosso comportamento... Fizeram com que conversássemos com um monte de gente, Professora Trelawney, Professora Vector, Professor Filch, até o Professor Binns veio nos falar sobre a morte “algo naturalmente inevitável e necessário” mas que ele fez questão de ignorar...


– Foram dias horríveis. Ainda mais sem a Raven...


– O que houve com ela? – Harry parou de comer, preocupado.


– Ela abandonou Hogwarts, claro, precisava cuidar de Sirius – Hermione esclareceu, ele voltou a relaxar e terminou logo, interessado em ouvir o relato deles. – Passaram um tempo sumidos, correndo por aí, acho, procurando pistas suas, Sirius passou muito tempo disposto a te encontrar e ela também estava se culpando por não ter estado lá pra te proteger...


– Raven também acredita que você possa estar vivo, ela concordou com a gente que Você-Sabe-Quem não teria interesse em permitir isso, sua morte. Só que ela não queria que nos envolvessemos. – disse Rony.


– Os alunos perceberam sua ausência, claro, mas logo se espalhou o boato de que sua guarda tinha sido transferida ao Ministério e que eles tinham aparecido para te levar, antes do ataque.


– O que disseram a eles? – Harry perguntou aos amigos.


– Não tínhamos nada a dizer, – disse Rony – o Diretor não fez nenhum pronunciamento à escola, fomos proibidos de comentar a respeito, dizíamos que não sabíamos ao certo.


– Só quando terminaram as aulas é que pudemos começar a colocar nosso plano em ação. Conseguimos localizar alguns Comensais com a ajuda de Draco e passamos a segui-los usando a sua capa de invisibilidade... Draco desconfiou do que estava acontecendo quando perdeu o contato com a mãe, ela não estava mais podendo falar com ele, e isso reforçou nossas suspeitas também. Mesmo assim não conseguimos descobrir nada sobre você, só sobre o que anda atacando os trouxas...


– Dementadores... – Harry se recostou nas almofadas.


– E essas pessoas que você viu na ilha, Harry?! – ela sobressaltou-se – Temos que avisar a alguém sobre elas! Alguém tem que libertá-las!


– Hum... não estou preocupado com elas, estão bem por enquanto... São as outras que estão me preocupando, as vítimas dos dementadores.


– É verdade – Rony concordou – Eles parecem estar aumentando em número e ficando cada vez mais famintos... Presenciamos um ataque, foi arrepiante – Rony comentou.


– Mas naquele dia não pudemos segui-los, os perdemos, mas hoje à noite eles atacarão de novo, em Aberdeen. Depois que os dementadores vão embora os Comensais aparecem para recolher as “evidências”... Não tínhamos ideia de que você estava em uma ilha, se soubéssemos, isso teria facilitado...


– Não! De jeito nenhum vocês poderiam ir até lá, seria muito perigoso e há vigias na entrada, lobisomens... aposto que aqueles também têm ajudado a aumentar a lista de desaparecidos...


– O maquinista do Expresso e os dois aurores reapareceram – Hermione informou. – Disseram que não se lembravam de nada, os Antigos provavelmente os libertaram.


– O auror que iria ser nosso Professor de Defesa contra as Artes das Trevas, Lyman Dekker, também?


– Não, esse não. Ele não estava na ilha? – perguntou Rony.


– Não... – respondeu pensativo. – Quem assumiu o cargo de professor, com a saída  da Raven?


– Snape acumulou as duas funções. Tivemos que ter o dobro de aulas com ele... Ele pareceu bem satisfeito.


– Não acredito que o Professor Snape tenha tido algo a ver com o desaparecimento do auror. – disse Hermione.


– Ele sempre quis o cargo e enquanto não consegue sua nova ambição...


– Harry, essa história dele querer o cargo de diretor é muito estranha... também não confio nele, não acreditamos quando anunciou sua morte, mas...


– Nem quando ele mostrou aquela lembrança! – Rony ressaltou. – Ele convenceu Gina e os outros, mas não a nós! Ele poderia ter forjado aquilo, não? E é bem provável que tenha armado para conseguir o cargo de DCAT sim...


– Que lembrança? – Harry franziu a testa em preocupação.


– Do seu corpo, aparentemente sem vida, e coberto de sangue.


– Eu não quis ver...– ela confessou.


– Gina acredita, então? – não conseguiu evitar de se sentir decepcionado. Tinha pensado que ela, principalmente, saberia que estava vivo.


– Na verdade, todos os membros da Ordem acreditaram. ... – Hermione murmurou.


– Menos Sirius... a princípio – Rony completou. – Depois ele se dedicou a te encontrar dizendo que você tinha o direito de ser enterrado junto com seus pais...


Ficaram em silêncio por algum tempo, apenas observando-o. Harry tentou desviar seus pensamentos daquele assunto.


– E Dumbledore? Ainda está viajando? Ele conseguiu alguma coisa?


– Mal o víamos no castelo, não temos notícias dele. O que ele deveria conseguir? – Hermione perguntou.


Harry contou a eles sobre sua busca às relíquias dos fundadores de Hogwarts.


– Eu disse que o cetro deveria ser importante – Hermione lembrou a eles, satisfeita consigo mesma.


– Vamos ter que procurar por elas também? – Rony perguntou desanimado.


– Não. Dumbledore está se ocupando disso. Gostaria de ter podido trazer o cetro para ele, mas Voldemort ainda não o encontrou.


Harry fechou os olhos se lembrando de como pensara que Voldemort estava utilizando o serviço dos trouxas em auto-mar quando na verdade os tinha matado e transformado em inferi, pensou no quanto tinha sido tolo imaginando que ele pudesse ainda ter um pouco de humanidade, depois ficou em dúvida se ele ainda teria ou não. Ficou esperando que os amigos falassem alguma coisa. O silêncio prolongou-se até não mais percebê-lo.


Acordou sentindo a cicatriz formigar e algo roçar seu pulso, já começava a escurecer, Rony e Hermione estavam ajoelhados ao seu lado cochichando.


– O que estão fazendo? – ergueu-se sobre os cotovelos procurando os óculos. Rony os entregou.


– Cuidando dessas marcas... – ela disse. – Quem fez isso? Foi ele também...?


– Não, eu mesmo... tentando tirar o bracelete – olhou para o pulso ferido.


– Deve ter sido horrível... – comentou pesarosa.


– Não tanto quanto não poder fazer magia... Que horas são?


– Hora de comer alguma coisa, venha. – Hermione se levantou e saiu do quarto levando a maleta de remédios.


– Deve ser estranho isso, não sentir. Pelo o quê você acha que ele trocou essa sensação?


– Talvez, pela capacidade de perceber seus seguidores, é o que eu consigo fazer...


Foram até a cozinha. Rony pegou uma lata de comida no armário e colocou seu conteúdo para Bichento, que miava insistentemente. Harry se ocupou em analisar o mapa, os locais dos ataques que eles haviam marcado, as anotações relatando todas as espionagens que haviam feito, às escondidas durante suas saídas noturnas, os horários e todos os lugares visitados pelos Comensais vigiados.


Leu em uma das folhas o relato feito por um deles, marcando um encontro para a noite seguinte, quando seria 'liberado'. Deduziu que era o único momento em deixavam a ilha, durante a noite, quando já não tinha permissão para sair do castelo. – “Muito esperto” – murmurou para si mesmo. Depois ficou tentando imaginar o quê, de tão urgente, Eddie e o outro Comensal tinham precisado fazer ali fora, durante o dia.


– Vamos ter que nos virar com comida congelada e lanches rápidos – a voz de Hermione o trouxe de volta.


– Eu já disse que posso cozinhar, posso aprender seus pratos preferidos – Rony se ofereceu meigamente. – Eu ajudava mamãe na cozinha às vezes. Todos ajudavam de vez em quando! – afirmou ao olhar incrédulo deles.


– É melhor não, Rony.... Você não acende um fósforo sem ser com magia... – Hermione argumentou.


– Mas seu fogão é elétrico...


– Só que nossos estômagos não são tão resistentes assim, e tenho certeza de que meus pais vão querer encontrar a cozinha inteira quando voltarem...


– Você está me subestimando... – Rony pegou os pratos e os levou até a mesa. – Quer apostar que eu consigo?


– Hum... – Hermione mordeu o lábio tentada. – Quem sabe, se você me contar como fez aquilo...


– Mione! Já disse que não trapaceei! – reclamou sorrindo. – O que você acha que eu fiz? Que enfeiticei o seu pai? – provocou.


– Do que estão falando? – Harry juntou os papéis para guardá-los enquanto eles colocavam a mesa.


– Rony descobriu uma exímia aptidão para jogos, ganhou do meu pai em todos que conseguiram jogar nesses últimos dois dias, e isso porque ele nunca tinha visto um vídeo game antes...


– O que eu posso fazer se sou naturalmente bom... quer me desafiar? – perguntou com um sorriso nos lábios – Varinhas à mesa... – propôs a ela. Sentaram-se e começaram a se servir.


– Não, não gosto de jogos...


– Vocês ainda não me contaram como foi o casamento de Sirius – Harry os lembrou após algum tempo.


– O quê? – Rony o olhou admirado. – Você tinha sido levado e a Ordem te julgava morto, como eles iriam pensar em casamento? Fleur e Gui chegaram a pensar em adiar também – contou a Harry – Por fim, acabaram tendo uma cerimônia rápida e reservada, diferente do que estavam planejando.


– Mas foi uma cerimônia bonita, mesmo assim – Hermione acrescentou. – Já pensou melhor à respeito? Eles vão ficar tão felizes quando souberem.


– Por que não vamos até lá hoje? Meus pais também vão gostar de te rever.


– Eu sei, mas... – Harry virou-se bruscamente em direção à janela.


– Nós vamos estar com você, do que está com medo? – Hermione perguntou.


– Estão aqui! Lá fora... – disse com urgência.


Rony levantou-se de um salto derrubando a cadeira, Harry se levantou também e ergueu a mão fazendo com que as luzes da sala se apagassem.


– Onde? – Rony aproximou-se da janela, a varinha em mãos.


– Espera, Harry – Mione o puxou pela blusa – Não deixe que te vejam, fique aqui.


– São dois, está vendo eles? – Harry perguntou a Rony apontando na direção que eles deveriam estar, na calçada oposta ao prédio.


– Sim... um casal... – comentou enquanto Harry se afastava em direção ao quarto.


– Acalmem-se... – Hermione pediu a eles . – Se soubessem que você está aqui já teriam tentado entrar, devem estar apenas checando, eu já desconfiava de que isso pudesse acontecer... não quer dizer nada – ela o seguiu acompanhada por Rony.


– Eles podem resolver invadir a qualquer momento. Peguem suas coisas, vamos sair daqui – pegou a mochila no quarto dela.


Rony e Hermione se entreolharam e foram arrumar suas bolsas. Arrumou-se rapidamente e ficou esperando, impacientemente, na sala, se concentrando no movimento deles do lado de fora. Hermione apareceu com um pergaminho na mão e sua bolsa tiracolo atravessada no peito, parecia pronta para um passeio.


– Fiz uma lista das coisas que temos que levar...


– Hermione, não temos tempo pra isso! – Harry protestou.


– Mas e se esquecermos alguma coisa?


– Não poderemos voltar pra pegar? – Rony apareceu com sua mochila às costas. – É melhor mudar a cor do cabelo – sugeriu a Harry – Quer que eu...


Harry passou a mão por eles, sacudindo-os, depois ajeitou as madeixas castanhas sobre a testa, tampando a cicatriz.


– Para onde iremos? Que tal sairmos do país por algum tempo? – Hermione propôs.


– Nós vamos pra Toca – Harry esclareceu. – Mas é provável que estejam vigiando lá também, teremos que pensar em uma maneira de chegar sem que nos percebam.


– Você mudou de ideia? – Rony ficou entusiasmado com a possibilidade de ver todos reunidos novamente.


– Não – Harry virou-se para ele enquanto Hermione dobrava a lareira e a colocava dentro da bolsa. – As aulas começam depois de amanhã, então...


– Pensei que não fosse querer voltar – Hermione o interrompeu surpresa.


– Eu não... vocês...


– Está louco? Não vamos te deixar de novo!


– Eu manterei contato. Não posso pedir que venham comigo, estaria sendo egoísta...


– Não comece com essa de querer nos proteger! – Mione ralhou com ele. – Acha que eles vão nos deixar em paz só por você não estar por perto? Se ficarmos juntos você não terá com o que se preocupar, ele não poderá nos usar pra te atrair.


Harry olhou para eles considerando.


– Tudo bem vamos até Londres, para o Largo Grimmauld. – decidiu. – Deve ser o único lugar não vigiado.


– Se você está pensando que… – Hermione começou a se irritar. Harry logo a interrompeu.


– Estão esquecendo do ataque a Aberdeen? Não vai ser esta noite?


– Sim, mas o que quer que a gente faça? O plano era só chegar até você e te libertar – Rony informou. – Como iríamos lutar com dezenas de dementadores?


– Mas temos que impedir! Avisar à Ordem pelo menos...


– Teremos que convencê-los, vai ser difícil mas devemos tentar – ela concordou. – Pegaram tudo? Então vamos... – pegou Bichento no colo e os guiou até a saída de incêndio.


– Por que temos que ir de escada? Você mora no quinto andar! – Rony reclamou.


– Quer sair pela porta da frente? – cochichou – Com aqueles dois vigiando a entrada? – começou a descer os degraus de metal.


– Não... Quero sair no Largo!


– Sim, aparatar na frente de todos...


– Eu sei um jeito mais fácil – Harry os interrompeu, segurou a mão deles, a luminosidade ao redor foi diminuindo gradualmente.


Surgiram das sombras do prédio e foram seguindo pela rua.


– Aquela mulher na janela do segundo andar – Hermione cochichou indicando o prédio em frente discretamente. – Ela está olhando, deve ter percebido.


– Eu disse que era mais fácil, não que era perfeito. Pelo menos ninguém nos ouviu... – continuaram caminhando pela rua.


– E se não tiver ninguém lá? – Rony olhava para o local onde estaria escondido o número doze. Harry parou e olhou ao redor.


– Vocês vão verificar, eu aguardo aqui.


Rony e Hermione olharam para ele.


– Vamos acabar logo com isso! – Rony determinou puxando-o em direção à sede.


Aproximaram-se furtivamente, Hermione tocou a campainha. Alguns segundos depois uma bruxa de cabelos escuros abriu a porta e acenou rapidamente para que entrassem. Os gritos que vinham do quadro do segundo andar enchiam a casa.


– Ninguém conseguiu se livrar desse quadro ainda? – Rony perguntou. Logo os gritos pararam e um bruxo desceu as escadas.


– Olá jovens... – o homenzinho simpático os recebeu – O que aconteceu para estarem aqui a esta  hora? Algum recado do seu pai? – perguntou a Rony.


– Não – Rony começou a explicar sobre o que tinham ouvido, o ataque que iria acontecer.


Eles ouviram em silencio, lançando a Harry olhares desconfiados de vez em quando.


– Não consegui entender como vocês ouviram uma coisa dessas, como podem ter certeza de que eram mesmo Comensais? Eles disseram a palavra dementadores? – perguntou Héstia Jones.


– Nós temos certeza do que estamos falando, precisamos que convoquem os membros da Ordem, vocês têm de impedir o ataque! – Hermione ressaltou.


– E quem é esse? – Doge indicou Harry, que continuava cabisbaixo e em silêncio, com um aceno – Não é um dos Weasley, não?


– Também viemos para avisar a todos que ele voltou e provar que estávamos falando a verdade – disse Rony olhando para Harry, ele passou a mão pelos cabelos afastando o capuz de seu sobretudo.


– Minha nossa! O que é isso?!


Hermione se apressou em explicar a eles o que estavam vendo.


– Parece mesmo com ele, Doge – disse a espantada bruxa enquanto o examinava com o olhar.


– Sim... muito convincente – Elifas Doge manteve a mão no cabo de sua varinha. – Teremos mesmo que chamar os outros, vocês podem esperar ali – apontou a sala e esperou que entrassem.


Rony largou a mochila no chão e se deixou cair em uma das poltronas.


– Acho que não acreditaram muito... em nada do que disseram. – Harry comentou.


– Mas é a verdade e eles vão ter que acreditar – Rony respondeu tranquilamente.


Harry ficou andando pelo cômodo, dando voltas, pensativo. Hermione ficou sentada no sofá torcendo as mãos impacientemente.


– Querem saber, eu acho melhor irmos agora, antes que cheguem, podemos nós mesmos ir até Aberdeen e... – Harry parou de falar quando ouviu passos às suas costas.


Virou se preparando para enfrentar o recém chegado, ficou parado sem reação até que ele o envolveu em seus braços, então, o abraçou também.


– Sirius... – tivera tanto medo daquele encontro, que só agora, com o alívio que estava sentindo, percebeu que o estava aguardado ansiosamente.


Ele beijou-lhe a testa e o afastou o suficiente para estudá-lo. Rony e Hermione ficaram em silêncio, dando aquele momento aos dois.


– O que aconteceu com você? – tocou seu lábio ferido e o olhou de cima a baixo.


– Eu estou bem... – murmurou e segurou suas mãos.


– Não, não está não... – Sirius ergueu seu pulso ferido examinando-o. – Eu estive em Godric's Hollow.


– Quando? – perguntou surpreso.


– Hoje. Edwiges passou a noite inteira piando no seu quarto, então, quando eu recebi o recado hoje de manhã eu tive certeza e corri para lá.


– Recado? – estranharam – De quem?


– Uma conhecida nossa mandou um recado a Dumbledore informando que tinha visto um garoto no túmulo dos Potter. Como Dumbledore está fora, Snape recebeu e o repassou, então, eu fui até lá.


– Por que Snape?! – irritou-se levemente. – Por que não a Professora Minerva?


– Ela não está em Hogwarts, está cuidando de assuntos de família... – Sirius explicou distraidamente – Quando cheguei lá, soube que o Ministério tinha detectado outra perturbação na proteção da casa dos seus pais, eles foram até lá ontem à noite...


– Então... eu os ouvi entrando na casa, mas apareceram Comensais também...


– Sim, eles foram surpreendidos por Comensais. – Sirius passou a mão por seus cabelos negros e o puxou para outro abraço.


Moody adentrou apressadamente pelo cômodo e parou de chofre quando os viu.


– Sirius... O que está fazendo? Não seja imprudente! – Moody criticou-o. – Deixe-me cuidar disso.


– Nem ouse! – Sirius respondeu rispidamente. – Eu avisei a vocês, era ele mesmo, em Godric's.


Rony e Hermione se aproximaram, Quim também surgiu e sacou imediatamente a varinha, mediante a possível ameaça.


– Era sobre isso que aqueles dois estavam falando? Sobre Você-Sabe-Quem? – Quim apontou na direção de Harry.


– É o Harry, podem acreditar na gente agora. – Rony se pôs entre eles e Moody e Quim.


– Crianças, deixem que cuidemos disso – Moody pediu. – Sirius, solte-o.


– Não venha me dizer o que fazer!


– Não! Não briguem! – Harry pediu nervosamente. – Sou eu mesmo, eu posso provar!


– Você não precisa provar nada – Sirius determinou antes que eles falassem – Eu sei que é você e isso para mim basta – virou-se para ele ignorando os demais – Eu vi as flores que deixou no túmulo dos seus pais. Harry, vilarejos pequenos são um péssimo lugar pra se passar despercebido...


– É, foi uma ideia idiota – concordou.


– Está machucado... – lembrou-se. Levou a mão ao seu peito abrindo o casaco. – Deixe-me ver esse ferimento, o que te fez isso, disse que foi um animal?


– Já cuidei disso... Como soube? – perguntou espantado com a vizinhança que seus pais tinham tido.


– Ora, eu passei o dia inteiro seguindo o seu rastro. Quando me identifiquei naquela farmácia a senhora McLaren me passou um sermão... Bryan Black... – mediu com a mão as marcas deixadas. – Que animal...?


– Greyback... Acho que minha presença o incomodou tanto quanto a dele incomodou a mim – esclareceu.


– Foi mordido? – Quim se aproximou para verificar. Os outros, que foram chegando, aguardavam a uma distância segura. Moody apenas observava, esperando.


– Não... – franziu a testa em preocupação ao lembrar de Nagini.


– Por que não nos conta a sua história? – Moody sugeriu acompanhando seus gestos.


– Mas... e o ataque? – Hermione os lembrou. – Alguém foi até lá?


– Dementadores? É mesmo verdade? – Dédalo perguntou.


– Nós ouvimos os seguidores dele comentando sobre o ataque de hoje, vai realmente acontecer – Rony garantiu.


– Ouviram como? – Moody indagou com desconfiança – Se não receberam permissão de saírem sem a presença de um de nós?


– Hi...nossa! Parece mesmo ele! – o bruxo abriu caminho entre as pessoas que estavam aguardando paradas próximo à porta, os mesmos olhos vermelhos e empapuçados.


– Mundungo! – Quim o chamou – Vá com Dédalo e Emelina até Aberdeen, vejam se está acontecendo algo estranho por lá e voltem para nos avisar.


– Escócia... tá bom. O que deve ter de estranho?


– Dementadores, fiquem atentos – Moody recomendou acompanhando-os com o olho mágico, o outro fixo em Harry. – Ou talvez haja Comensais.


Harry resumiu para eles o que tinha acontecido, sobre os dementadores, as pessoas na vila, como tinha conseguido fugir. Quando terminou nenhum dos três tinha voltado ainda para avisar do ataque.


– Snape mentiu... – Sirius concluiu lentamente. – Mentiu sobre a morte de Harry! E se estiver mesmo tramando...


– Lembrem-se que semear a discórdia foi um artifício muito usado pelo Lorde das Trevas – Quim interferiu.


– Quando foi que Snape recebeu o recado, sobre Godric's? – Rony perguntou a Sirius antes que Harry pudesse protestar.


– Não sei, mas eu recebi hoje de manhã...


– Por que não checam isso – Rony sugeriu – e verificam se ele teve tempo de avisar aos Comensais ontem à noite.


– Assim que Dumbledore retornar eu vou pedir uma reunião – Sirius avisou. – Vamos te proteger, eu estarei com você todo o tempo, talvez tenhamos que procurar um novo local, poderemos decidir isso com a Raven...


– Não, não posso, Sirius... Não posso ir com você...


– Ninguém irá – disse Moody – Já faz mais de uma hora que estamos aqui, ele não está usando Poção Polissuco – avisou a eles. – Mesmo porque não teriam como fazer isso depois de tanto tempo, não se pode usar cadáveres...


– É o que temos tentado... – Hermione começou a falar.


– Deve estar usando magia muito mais poderosa – Moody concluiu. – Para mim não faz sentido que o Lorde das Trevas o tenha deixado vivo.


– Estão sendo neuróticos...


– Ele viu a sede, Sirius! Se sair, em menos de três minutos todos os outros estarão aqui, e eu não vou permitir que todos paguem pelo seu excesso de confiança.


– Eu concordo com Moody – Quim deu seu parecer.


Harry disfarçou sua decepção, não esperava que fossem ser tão inflexíveis. Ignorou-os e se concentrou em seu padrinho.


– Sirius, eu não voltei pra ficar. Ainda tenho duas horcruxes pra localizar...


Tonks entrou tempestivamente.


– Desculpem o atraso, só consegui terminar meu turno agora... – fixou os olhos neles. – O que...?


Moody se adiantou a explicar o que estava acontecendo. Harry olhou para os presentes, a chegada dela fez com que se preocupasse.


– E o Lupin? Por que não está aqui? – Harry fingiu não notar a aversão no rosto dela ao ouvir sua pergunta.


– É do jeito como ele era – Tonks comentou amargamente ignorando sua pergunta – Mas não do jeito como ele estaria agora, ele não parece nem um pouco mais velho...


Harry abriu a boca mas não soube como responder ao seu comentário.


– A lua cheia começa hoje – Sirius o lembrou.


– Já rodamos todo o lugar – Mundungo apareceu à porta – Não está acontecendo nada por lá. É para continuar vigiando?


Harry, Rony e Hermione se olharam.


– Não – Moody decidiu. – Talvez isso seja só uma distração e algo muito sério esteja acontecendo neste exato momento! Ele gosta muito de fazer isso, não é mesmo? – perguntou a Harry.


– Fomos Hermione e eu que ouvimos, temos certeza que disseram Aberdeen! – Rony o confrontou.


– Vocês dois vão explicar isso mais tarde – Moody rosnou para ele.


– Eu não sou um Comensal disfarçado, nem nada parecido. – impacientou-se – Só viemos alertá-los, Voldemort está procurando por mim e já colocou vigias em frente ao prédio de Mione, é provável que todos vocês estejam sendo vigiados, devem tomar cuidados extras... – aconselhou-os ansioso por partir. Voltar ali não fez com que se sentisse de volta ao lar.


– Acho que foi isso que os gêmeos Weasley estavam tentando dizer... Alastor...? – Héstia pareceu acreditar em suas palavras.


– É possível... – Moody admitiu – E estranho também, não vamos nos precipitar.


Mundugo, volte lá e traga os outros. Alguém avisou aos Weasley?


– Não, não achei apropriado... – Doge desculpou-se.


– Fez bem – Quim concordou. – Mas agora vamos precisar de todos aqui para decidirmos isso. Não podemos esperar pelo Diretor, não sabemos quando retornará.


– E não poderemos deixá-los aqui até que Dumbledore retorne. – Moody concluiu.


– Só peço que ninguém mais saiba que voltei. Não quero ter novamente os Antigos, e agora também o Ministério, atrás de mim. – Harry pediu desistindo de tentar convencê-los de qualquer coisa mais.


– Ninguém voltou! – Tonks lhe lançou um olhar irritado antes de sair.


Harry trocou com Rony um olhar exasperado e impaciente, chegou a se perguntar se a lua cheia estava começando a afetá-la também, de alguma forma.


– Fique aqui até que discutam a respeito, prometo que te levarei logo para casa. – Sirius disse a Harry.


– Não se preocupe comigo, Sirius – pediu desanimado por ele não entender sua necessidade de partir.


Aguardaram em silêncio enquanto eles saíam deixando-os presos.


– Pelo menos Sirius acreditou em você – Rony comentou.


– Sinto muito por isso, deveríamos tê-los preparado com antecedência e nos certificado primeiro de que o ataque realmente aconteceria – Hermione começou a procurar algo na bolsa. – Podemos ir agora?


– Ir para onde? Não vão nos deixar sair... – Rony calou-se ao ver o que ela segurava. – Eu adoro o seu jeito prático – comentou com um sorriso.

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