Sacrifício




****

Lacrou a passagem após entrar, não havia movimento no anexo. Desceu até o átrio e rumou decidido para o saguão, de onde vinha o som de vozes e risos.


– O que pensam que estão fazendo? – Harry perguntou irritado. Ergueu-se e repetiu a pergunta, elevando o tom de voz.


– Harry! – Hermione interrompeu a conversa com a família Velaska e abriu caminho até ele. – Estávamos te esperando...


– O que aconteceu aqui? – Harry desceu até ela, Rony e Gina também se aproximaram. – Onde está o Ministro?


– Já foram todos, mas está tudo sob controle, ficou decidido que...


– Tudo sob controle?! – Harry não esperou que Rony terminasse seu relato – Deixaram o Ministro partir, que garantia temos agora? Ele deve estar, neste exato momento, reunindo os funcionários para planejar uma retomada!


– Harry... Por que tanto descontrole? – o casal Weasley se aproximou. Assim como os demais moradores, observavam assustados seu destemperamento.


– Sr. e Sra. Weasley, o que fazem aqui? – Harry observou os demais membros da família, os moradores, e ninguém mais da Ordem. Reparou também a mesa redonda, agora cheia com aperitivos e bebidas.


– É noite de Natal! – Sra. Weasley o lembrou com espanto – Não iríamos passar separados...


– Hermione e eu ficamos aqui, até agora, esperando que desse notícias! – Rony acusou aborrecido – Onde você esteve até agora e por que não respondeu às nossas mensagens?


Harry levou a mão ao peito, só então se lembrando que tinha esquecido a mochila na ilha, praguejou em silêncio por ter sido tão estúpido, tinha saído apressado e preocupado.


– Dumbledore disse que você tinha falado em buscar uma horcrux! – Hermione também se irritou. – Você não nos comunicou nada! Onde ela está?


– Eu não estava me divertindo, nem um pouco! E não vamos falar sobre isso agora. O que Dumbledore foi fazer em Hogwarts? Ele não deixou instruções?


– Ele foi se preparar e organizar algumas coisas – relatou o Sr. Weasley – Há muito para ser resolvido agora, o seu sumiço era uma delas...


– Não! Vocês não percebem o que Scrimgeour pode estar fazendo? O Conselho deveria ter sido formado hoje! Ele ganhou tempo para preparar um contra-ataque...


– Foi isso o que dissemos! – disse Jorge – Mas ninguém quis nos ouvir...


Harry olhou para os gêmeos e não conseguiu imaginar a reação que teriam ao ver as Casas de show destruídas.


– Agora estão falando em sequestro? – espantou-se o Sr. Velaska. Harry olhou para ele e para todos os demais. – Sequestrar o Ministro da Magia!?


– Ainda estão com a lareira aqui? – Harry perguntou aos gêmeos.


– Está aqui comigo – Fred a retirou do bolso.


– Podem fazer com que todos a atravessem até Hogwarts? Ficarão seguros lá. – Harry pediu.


– O que está pensando em fazer? – perguntou Arthur – Todos chegaram a um consenso de deixar o restante das negociações para amanhã...


– Então eu deverei assegurar que o amanhã chegue, Sr. Weasley, e vou precisar deste espaço, creio que encontrarei aqui o que eu precisar – disse Harry, pensando nas celas do décimo andar. – Por favor, todos vocês – dirigiu-se aos moradores, erguendo-se o suficiente para que o vissem. – Preciso que desocupem temporariamente esta área, poderá não ser seguro para vocês se continuarem aqui.


– Vamos pessoal! – Fred os chamou, voltando da lareira – O caminho está limpo, poderão continuar a comemoração em Hogwarts...


– Poderão aproveitar e rever seus parentes – Jorge aconselhou enquanto enfeitiçava a mesa e a conduzia pela abertura.


– Isso é um exagero, Harry – teimou o Sra. Weasley – Dumbledore fez o Ministro dar a sua palavra de que...


– Por favor, Sra. Weasley – Harry a interrompeu pacientemente – Quero que vão com eles – apontou para os últimos moradores que atravessavam a lareira. – Pode até ser um exagero, mas eu prefiro me certificar. E se Dumbledore também achar que estou sendo exagerado, vou me certificar disso sozinho.


Ela olhou em seus olhos por alguns momentos, como se procurasse por algo ou alguém, depois virou-se para o marido.


– Certo... – ela concordou a contragosto – Vamos Arthur, temos que saber que medidas Alvo pretende tomar a respeito, afinal, ele ainda é o Ministro...


– Por favor – Harry pediu indicando a lareira – Eu vejo vocês mais tarde.


Arthur e Molly entraram, resignados.


– Se for verdade, o que podemos fazer? – Hermione perguntou a Harry.


– Obrigá-los a suspender o ataque. Se algum dos Antigos for atacado ou capturado, poderemos ter uma guerra e todos os esforços de hoje terão sido inúteis.


– Como? Sequestrando o Ministro da Magia...? – Rony parecia achar a ideia irreal.


– É a única ideia que me vem à cabeça – disse Harry – Vocês podem aguardar em Hogwarts com os outros...


– Você não vai conseguir fazer tudo sozinho!– protestou Hermione. – E nem irá sair assim tempestivamente, isso deve ser planejado.


– Claro – disse Jorge – Imagina se os aurores vão deixar que cheguem perto do Ministro, isso se ele estiver em casa, porque ele pode já estar por aí comandando o ataque...


– Os alvos dele seriam os membros da Ordem, Hogwarts, Nottinghan, St.Catchpole…


– Teríamos que ter ajuda para visitar a todos esses lugares, Harry – Rony observou. – E ainda vigiar o Ministro.


– Nós já chegamos – a voz veio da lareira portátil.


Por alguns segundos Harry sentiu-se esperançoso, até que surgiram Neville, Gina, Luna, Simas, Dino, Lilá, Justino, Ernesto, Evandra, e mais alguns da Armada de Dumbledore e outros que não haviam sido na época. Não era o que estava esperando, gostaria de contar com a ajuda da Ordem e do próprio Dumbledore.


– Vocês não deveriam estar aqui...


– Nós viemos ajudar, não seja ingrato! – reclamou Gina.


– Estamos cansados das medidas do Ministério – Neville declarou. – Também queremos mudanças e viemos buscar isso, e também temos o direito de nos manifestar – os outros o apoiaram com exclamações e murmúrios.


– Armada de Dumbledore! – Harry se ergueu para contemplar a todos os vinte alunos – Estão cientes das medidas que queremos tomar aqui? Garantir que a reunião, para criação do Conselho, aconteça amanhã, e para que não haja retaliação, hoje, por parte do Ministro, aos que estão participando da elaboração do Conselho Ministerial. Para isso vamos trazê-lo para cá, onde ficará detido por precaução, como garantia de que os funcionários não tentarão nada...


– Com o Ministro e estando de posse do Ministério – Simas se manifestou. – O controle será nosso, o Conselho já estará formado.


– Mas isso seria uma imposição, um golpe... o que queremos é uma conscientização pacífica, por parte de todos, de que este é um caminho melhor... – Hermione explicou.


– E se não concordarem, não vai acontecer de qualquer forma? – perguntou Dênis.


– Neste caso, deverá ser aberto espaço para que novas soluções sejam propostas – Evandra se aproximou de Hermione, ficando ao seu lado – Até que se ache alguma que seja apropriada para todos.


– Vamos começar logo, os detalhes poderão ser resolvidos depois – pediu Neville.


– Certo – Harry concordou – Rony, Simas, Neville e Dino irão comigo, atrás do Ministro, Hermione e Gina, vocês sabem onde encontrar os outros, organizem o grupo, vocês poderão que se dividir em duplas para verificar se há movimento...


– Só vocês cinco para dar conta da guarda pessoal do Ministro? – Jorge se opôs – Deixe Fred e eu irmos com vocês.


– Eu gostaria que você e Fred ficassem aqui no Ministério caso eles apareçam.


– Sozinhos?! – espantou-se Rony. – E se resolverem vir para cá, retomar o prédio?


– Tenho certeza de que eles poderão dar conta – Harry afirmou.


– Claro que podemos! – Jorge exclamou olhando para Rony, ofendido.


– Deixa com a gente! – Fred e Jorge se deram as mãos num cumprimento entusiasmado que rendeu várias exclamações e cinco duplas de Fred e Jorge.


– Maravilha... – Harry se admirou. – Façam o que tiverem que fazer para detê-los – sugeriu. – Vamos.


Harry se dirigiu a Rony, Simas, Neville e Dino, que se encaminharam com ele em direção às lareiras. Os demais se reuniram para se organizar. Antes que chegassem até elas, porém, uma das lareiras se acendeu e um pequeno grupo surgiu por ela.


Ele caminhou à frente, confiante, e afastou o capuz olhando para os presentes. Harry ouviu a agitação às suas costas e alguns gritos. Pelos olhos dele viu dois se precipitarem de volta à lareira portátil e em seguida mais três deixarem o grupo às pressas e amedrontados.


Harry ergueu os braços pedindo que os amigos recuassem e se aproximou.


– O que veio fazer aqui? – Harry olhou para os oito Comensais que o acompanhavam trazendo cinco prisioneiros encapuzados.


– Eu é que pergunto, por que veio perder o seu tempo neste lugar? – perguntou Voldemort. – Apesar de ter muitas coisas interessantes aqui... – considerou.


Voldemort puxou um dos prisioneiros para perto e retirou o capuz de sua cabeça, revelando os olhos arregalados de Rufo Scrimgeour, que pareciam conter mais ira do que medo.


– Sabia que iria precisar de ajuda, ainda há muito o que aprender. Não foi surpresa chegar ao local e não encontrá-lo lá – Voldemort continuou – O domínio de um rei, seu castelo, é só uma construção, e pode ser posta a baixo ou transferida facilmente, já o rei, enquanto ostentar a coroa, será sempre rei, não importa onde esteja.


– Era o que estávamos planejando... – Harry viu aos amigos tensos às suas costas, as varinhas não tão firmes, apontadas para ele, teve consciência que nenhum deles tinha estado frente a frente com Voldemort antes. – E eu não pedi a sua ajuda. Você já tem o rubi, o que quer?


– Mas não graças a você, então a minha promessa de não interferir não tem mais valor – Voldemort empurrou Scrimgeour para ele. – Acha que poderia com esse bando de... jovens inexperientes? – seus olhos percorreram o grupo e se detiveram nas cinco cópias dos gêmeos – Fred e Jorge Weasley, sempre tão criativos...


Os gêmeos mantiveram o olhar fixo em Voldemort, algumas de suas cópias se olharam meio espantadas, outras pareciam envergonhadas. Harry conjurou uma cadeira e fez com que o Ministro se sentasse.


– O que estão fazendo aqui, Potter? – pediu Scrimgeour – Onde está Dumbledore?


– Eu não sei... Mas não é nossa intenção entrar em guerra com o Ministério, só queremos garantir a paz até a reunião de amanhã – disse Harry – O senhor não estava pensando em nos atacar pelas costas, não é?


Scrimgeour olhou para eles e para seus aurores, presos nas mãos dos Comensais.


– Por que não confessa que ordenou a caça e captura de todos que mostraram simpatia às propostas de hoje? – sugeriu Voldemort.


– Do que vale a tua palavra, Tom Servolo? – Scrimgeour o desafiou.


– E a tua vida Ministro? Vale alguma coisa? Não para mim... – Voldemort apontou a varinha em sua direção.


– Não! – Harry protestou vendo a varinha em sua mão – Essa é a minha varinha...


As chamas das lareiras começaram a se acender e aurores romperam por elas, surpreendendo-os, as varinhas em punho.


– Não façam nada ainda – Scrimgeour pediu a seus aurores, erguendo a cabeça, triunfante. – Este é o nosso Ministério, tolice a sua pensar que poderia vir aqui novamente.


– Vai arriscar a vida dos alunos? – Voldemort perguntou tranquilamente.


Harry olhou para os aurores e não entendeu o porquê de Voldemort estar se sentindo tão confiante, quando todos, até mesmo a AD, apontavam as varinhas para ele e seus oito Comensais que ainda mantinham os quatro aurores capturados como reféns.


– Nenhuma vida é mais importante do que aquilo que temos lutado para manter aqui. Desista e eu posso ser benevolente com você, te dar um julgamento justo. Percebeu que estamos em vantagem, não? – perguntou Scrimgeour.


– Mas não estão todos aqui, onde estão os outros aurores, Ministro? Por que não usa novamente o seu anel ministerial? – Voldemort sugeriu atraindo o olhar de fúria de Scrimgeour. – Os outros não devem ter percebido o brilho em suas insígnias, por isso eu optei por meios mais... perceptivos...


Harry olhou para o anel nas mãos de Rufo Scrimgeour e soube o porquê da presença repentina de tantos aurores durante a reunião, mais cedo, chegou à conclusão de que em nenhum momento ele esteve disposto a ouvir o que estava sendo proposto.


– Onde estão eles agora Ministro?! – perguntou Harry – Atacando quem?


– Eu irei poupá-lo e aos seus amigos, Harry – disse Scrimgeour – Vocês são jovens e podem ser reeducados, na verdade, todos vocês serão. Tomarei medidas para reformular todos os métodos de ensino de Hogwarts... Quanto a você, Tom, entregue sua varinha aos aurores.


– Desculpe, eu não trouxe... – Voldemort tocou o braço do seu Comensal com a varinha de Harry. – Viram, crianças, como “estar do lado do bem” é só uma questão de interpretação? Aqui está o representante que deveria preservar suas vidas e a de suas famílias, mas ele parece ter outras prioridades...


Hermione se aproximou deles lentamente. Comensais surgiram pelas lareiras. Os aurores se afastaram a um canto avaliando a situação e aguardando instruções do Ministro.


– Voltem... – Harry pediu à Armada.


– Não! Serão todos meus convidados – Voldemort fez com que a lareira portátil se fechasse e fosse arremessada para um canto.


– O que pretende fazer? – Harry perguntou, contrariado. – Quero tirá-los daqui, não posso deixá-los no meio deste confronto.


– Mas foi você quem começou tudo, não irá terminar? – Voldemort tirou a varinha de suas mãos e se dirigiu ao grupo de alunos – E vocês? Vão preferir ter a minha ajuda para alcançar o objetivo de vocês ou vão preferir ficar contra mim e continuar se sujeitando aos absurdos ministeriais? Eles não se importam se morrerem hoje, mas eu estou oferecendo a liberdade que anseiam e a de todos os seus familiares e suas vidas...


– Em troca de quê? – Harry recebeu de volta sua varinha, entre desconfiado e alegre por recuperá-la.


– Não, Harry! Não acredite nisso! – Hermione protestou.


– Nós temos o Ministro, ainda podemos lutar! – disse Neville.


– Lutar contra todos nós? Apenas vocês? Seria um extermínio – disse Voldemort cruzando o braço pelo peito de Harry e inclinando-se para falar ao seu ouvido. – Vou deixar que você tente do seu jeito, vou te dar a oportunidade...


Voldemort se afastou em direção aos seus oito Comensais, os aurores capturados ainda presos aos seus pés. Harry olhou para os Comensais bloqueando o acesso às lareiras, os aurores em frente a eles, impedindo a saída para os elevadores. Voldemort olhava para ele, aguardando. Sentiu seu entusiasmo, ele parecia não ter nada a perder.


– Ministro, nenhum confronto é necessário – Harry se voltou para os aurores – Basta que faça um voto prometendo aceitar a proposta que fizemos hoje...


– Nunca! Nem que todos tenhamos que morrer esta noite – Scrimgeour disse aos seus aurores numa ordem direta.


– Vocês não precisam morrer, não hoje – Voldemort se dirigiu aos aurores que já se preparavam para um ataque suicida – Ministro... estão te oferecendo uma proposta de paz, é tão egoísta a ponto de deixar que outros morram por causa de sua teimosia?


Harry se virou para olhar para Voldemort e o Ministro olhou para todos os presentes, avaliando. Alguns dos aurores aguardavam impacientemente que Scrimgeour autorizasse o ataque, outros pareciam ponderar a situação devido ao grupo de estudantes e seus companheiros, tão próximos ao Lorde das Trevas.


– Vocês viram que tentamos, crianças? – continuou Voldemort – Só lhes restam ficar ao meu lado, vocês não têm muita opção, estão sozinhos...


– Não estão não!


Vindo do átrio, eles surgiram adentrando pelo saguão, abrindo caminho entre os aurores, que cederam passagem hesitantemente. Dumbledore se adiantou trajando longas vestes brancas, a coroa, a espada e a trombeta que trazia presas à cintura o deixavam semelhante a um personagem medieval.


– Gostaria de ter chegado mais cedo – continuou Dumbledore – Mas fomos atrasados por uma série de ataques, de aurores e Comensais, que pareciam querer nos atrasar para que não chegássemos aqui hoje, mas felizmente fomos avisados com antecedência.


– Ministro... – Quim o saudou reparando-o, ainda preso, sentado à cadeira entres os alunos de Hogwarts e os Comensais da Morte.


Voldemort fez uma careta de desagrado e olhou para a varinha que tinha em mãos e que havia pertencido a um dos seus seguidores. Harry não se sentiu aliviado ou grato com a aparição deles, tentou pensar em uma maneira de impedir aquele confronto.


– Isso não é hora para discutirmos velhas desavenças – o Ministro olhou-os criticamente – O Ministério está sendo atacado! É obrigação de vocês, como cidadãos, fazerem alguma coisa para impedir isso!


– É verdade Ministro – Voldemort concordou – Chega de conversa.


A luz verde irrompeu da varinha acertando-o em cheio, no peito. A cabeça do Ministro da Magia tombou para o lado, os olhos ainda abertos.


Harry foi arremessado para longe e caiu derrubando Rony e Neville, que estavam no caminho. Os sêxtuplos Weasley passaram por eles formando uma barreira para protegê-los.


Hermione e Evandra foram ajudá-los a chegar até a fonte, onde os outros também estavam procurando abrigo.


– Esperem, Fred e Jorge... – Harry se voltou quando viu os seis correndo para o meio do saguão, onde os presentes se confrontavam confusamente.


Alguns aurores atacavam também aos membros da Ordem, além dos Comensais. A Ordem se concentrava nos Comensais, que atacavam a todos que estivessem no caminho.


– Estamos aqui, Harry – disse um dos Fred que havia ficado.


Harry olhou para os quadrigêmeos sem saber a quem se dirigir. Voldemort se afastou do confronto observando a cena do alto.


– Vamos ajudar! – instigou Neville, já se encaminhando para longe da fonte.


– Não! – Harry o puxou pelo braço. Mais aurores e Comensais estavam surgindo pela lareira, o saguão já estava pequeno para todos. – Podem criar alguma ilusão que nos permita chegar aos elevadores? Há uma saída pelo sexto andar.


– Podemos criar uma distração, que tal Jorge? – perguntou um deles.


Após corresponder com um aceno a dupla correu em direção ao confronto, ao mesmo tempo, os outros seis também correram ao encontro uns dos outros e se chocaram. A profusão de braços e pernas se transformou em quatro longas patas e cauda de uma hydra de oito cabeças.


– Venham, por aqui – comandou Jorge quando o animal varreu o espaço até o átrio, com a cauda, lançando para longe todos que estavam no caminho.


– Tomem cuidado! – Hermione reclamou – Vocês podem machucar alguém.


– Foi só uma rabada, Hermione – disse Jorge antes de correr em direção aos elevadores.


Aos poucos os outros foram correndo para acompanhá-los, orientados por Fred. Harry paralisou quando ele avistou, do alto, a figura esquiva que se esgueirou para fora de uma das lareiras. A varinha em mãos, observando toda a cena. A hydra, também o avistou, virou as oito cabeças na direção dele e agitou a cauda entusiasmadamente. Snape apontou a varinha, se defendendo.


Voldemort ergueu as pálidas mãos para a frente. Tudo escureceu a volta deles seguido de uma estranha sensação de deslocamento, como se todo o saguão estivesse girando. Quando a claridade retornou, estavam sendo banhados pela luz do luar.

Chegou a pensar que era uma ilusão de Fred ou Jorge, mas logo reconheceu o local e a entrada para a gruta. Olhou em volta constatando que os poucos que estavam por perto também pareciam bem confusos.


Assistiu ao Diretor imobilizar um auror enquanto Voldemort se aproximava lentamente.




– Seu Ministro está morto – Dumbledore disse a ele – É melhor repensar seus valores e conceitos, e rápido, só há um único inimigo contra o qual temos que lutar hoje.


– Desculpe, Diretor... – o auror calou-se quando avistou Voldemort se aproximando.


– É impressionante, Dumbledore... Não entendo como consegue arrastar essas pessoas por onde passa, é visível o quanto está caduco – Voldemort olhou seus adereços com desdém.


– É porque eu dou total liberdade a eles, para fazerem isso.


Quim também surgiu para enfrentá-lo. Voldemort continuou se aproximando sem se importar com o fato de serem três e seus Comensais estarem espalhados pela floresta. Agiu rapidamente. Dumbledore rodopiou, saindo do caminho, e fez com que o auror fosse lançado para longe, livrando-os do feitiço que refletiu em suas vestes brancas deixando-as, por breves instantes, esverdeadas.





– Harry, espera! – Rony o alcançou quando já se aproximava da gruta.


– Rony?! – surpreendeu-se – Onde estão os outros alunos?


– A maioria conseguiu sair, pelos elevadores, alguns já aparataram, outros estão tentando ajudar.


– Lutando contra quem? – Harry observou Hermione se aproximando com Luna.


Um Comensal as avistou e se aproximou erguendo a varinha, seu feitiço foi desviado pelo de Rony, que já corria naquela direção, acompanhado por Harry. Ele pareceu hesitar observando aos quatro, depois se virou e partiu para procurar algum companheiro que precisasse de ajuda. Harry as guiou para a entrada da gruta.


– Onde estão Neville e os outros? – Harry perguntou a Luna.


– Não sabemos, todos foram espalhados pela floresta. O que vai acontecer agora, já que o Ministro está morto?


– Depende de quem vencer ou sobreviver hoje... – manteve o olhar fixo enquanto visualizava Dumbledore repelir outro feitiço da morte com a espada. – Eu tenho que entrar – disse voltando-se para o caminho que o levaria até a ilha – Querem me ajudar a libertar as pessoas da vila? – pediu esperançoso, pois não sabia como fazer isso.


– Por que você faz essas perguntas idiotas? – Hermione rumou decidida em direção ao caminho estreito. – Incarcerous! – ela atingiu a primeira gárgula quando estas ganharam vida e se ergueram virando-se ameaçadoramente para eles.


– Espera! – Harry correu à frente até elas, a mais próxima esticou as asas e voltou a se sentar quando o viu, as demais apenas olharam. – Elas não farão nada. – Guiou-os até o arco, abriu a passagem e entraram.


– Que lugar lindo! – Luna admirou, observando o mar calmo e o céu estrelado.


– É... – Harry concordou – Mas também é perigoso, fiquem juntos e preparados.


Seguiram pela trilha, clareando o caminho com suas varinhas, a luz do luar pouco iluminava por causa das copas das árvores. Harry gastou alguns minutos vasculhando o local até topar com a mochila, escondida aos pés de uma árvore.


– Há Comensais aqui, Harry? – Rony perguntou em voz baixa.


– Sim, dois... no castelo, vamos contorná-lo em silêncio.


Contornaram o castelo evitando a entrada principal. Harry sobrevoou a floresta em volta para localizar a trilha correta e voltou até eles, agachados em meio às árvores. Harry os guiou em direção à vila, e fez com que parassem e recuassem para as sombras quando avistaram as primeiras casas. Eles se agacharam, tensos, e esperaram em silêncio.


– Tudo bem – Harry se ergueu e seguiu em direção à entrada – É só o Rabicho, está percorrendo os esgotos – os conduziu até o centro da vila e olhou para as casas em volta – E agora?


– Vamos fazer com que acordem – disse Hermione – Se estão sob algum encantamento noturno, é preciso fazer com que amanheça.


– Alterar o tempo? – perguntou Luna – Ou usar uma daquelas bolhas térmicas iguais as de Hogsmeade?


– É uma ótima ideia – Rony concordou.


Hermione e Rony apontaram as varinhas para o céu e aguardaram, sob a claridade artificial, que as primeiras pessoas despertassem. Depois de convencerem a todos os felizes e entusiasmados moradores a fazerem um passeio eles os guiaram até o penhasco, por dentro da floresta, para que a claridade da redoma térmica não fosse percebida do castelo.


– Vocês podem levá-los e entregar o cetro ao Diretor? Ainda tenho que pegar meus tios – Harry pediu.


– Voltaremos com você – Rony prometeu. – Tenho certeza de que a Ordem também vai querer examinar a ilha.


Assim que saíram, Harry recebeu a imagem de Dumbledore, Quim e Moody lançando feitiços simultâneos em sua direção.



Dumbledore apontou a espada e a jogou como se fosse uma lança. Sentiu seu corpo se expandir, inconsistente como fumaça e logo depois se reconstituir mais adiante. A espada, que teria atingido seu braço direito, se cravou na terra, mais a frente, alguns instantes depois ela sumiu e reapareceu em sua cintura. Dumbledore a desembainhou novamente.



 Harry abriu a mochila pelo caminho e puxou rapidamente o cetro de dentro dela.


– Alguém lançou um escudo anti-aparatação... – avisou aos amigos, preocupado, enquanto guiavam os moradores para a saída da gruta. Eles começaram a diminuir o ritmo, reclamando, enquanto começavam a voltar a si. As gárgulas também tinham desaparecido.


Vultos correram de um canto escuro da gruta e se lançaram contra eles. Gritos e correria enquanto eles tentavam fugir do ataque. Harry foi derrubado quando um grupo tentou voltar, às pressas, pelo caminho estreito que tinham cruzado. Ouviram o grito de alguém que caía no precipício que o rodeava.


– Não voltem! – Harry pediu enquanto se arrastava para longe, evitando ser pisoteado. – Lumus Solen! – apontou a varinha para o alto.


Mais gritos e correria mediante a visão daquilo que os atacava. Os inferius correram, irritados com a luz que os cegava. Um deles foi em direção a Harry, disposto a atacá-lo e à origem da incômoda luminosidade. Harry recuou e se lançou para o precipício quando o inferi avançou sobre ele. Ouviu seu corpo cair, batendo nas pedras da encosta.


Petrificus Totalus!


Seus amigos tentavam deter o ataque, outras varinhas se acenderam iluminando toda a gruta.


– Saiam! – Harry pediu enquanto os cinco inferi restantes se encolhiam, um deles se jogou contra a parede rochosa tentando escavar um buraco escuro para se esconder.

Saíram às pressas.


– Esperem! – Luna gritou enquanto corria para um grupo que se dirigia para a floresta escura.


– Ajudem a Luna a reuni-los e guiá-los em segurança para longe daqui – Harry pediu a eles seguindo em direção à luz da varinha dela, que se perdia à frente. Evitaram os corpos semi-decompostos que se encontravam jogados no chão. – Nem todos são bruxos, vão precisar de proteção. E fiquem juntos – recomendou enquanto pegava na mochila o cordão com pingente de coração.


– Para onde vai? – Rony recebeu a mochila que ele lhe passou.


– Preciso entregar o cetro de Slytherin a Dumbledore, vai ser mais rápido se eu for por cima, eu avisarei quando estiver tudo bem.


Impulsionou-se para a copa da árvore e avançou tentando localizar a clareira na qual estavam. Viu Moody tombar ao chão, não muito distante, imobilizado por dois Comensais.


Não pôde parar para ajudar, Dumbledore repeliu outro feitiço com a espada, a luz esverdeada subiu cruzando o céu, Harry rumou para aquela direção.


Sentiu uma força estranha puxando-o para baixo, tentou avançar mas não conseguiu se manter por muito tempo, atravessou os galhos, sentindo-os partirem com o peso do seu corpo. Alguém o agarrou pelo braço e o jogou contra o tronco de uma árvore.


– O que está fazendo qui? – Harry não teve dificuldade para identificá-lo como um dos Antigos, os cabelos loiros esverdeados caindo sobre o rosto, os olhos negros o fitavam como se pudessem ver sua alma – Eu não estou contra vocês... – tentou se distanciar dele, o cetro ainda em suas mãos.


– Nós apreciamos o que tentou fazer hoje, mas estamos vendo que não será possível sem uma intervenção maior.


– Não será necessário nada disso – Harry tentou se libertar sem ser agressivo – O Ministro está morto.


– Mas o Lorde Voldemort não. E se ele continuar, não teremos chances de sermos aceitos. Eles ainda o veem como um de nós, nos responsabilizam pela maneira como ele usa seus poderes.


– Dumbledore pode pará-lo, deixe-me ir – pediu angustiado.


– Podemos fazer com que ele mude de ideia, se ele realmente não o quiser morto. – ele torceu seu pulso, imobilizando-o, o cetro bateu em vários galhos até atingir o chão, um braço se fechou em volta do seu pescoço. – Fenrir nos disse o quanto ele se arriscou para te proteger...


– Fenrir?! – Harry rosnou enfurecido. Mordeu seu braço com ferocidade, perfurando-o com suas presas.

Ele saltou para trás e Harry girou rapidamente, suas garras o atingiram afastando-o e deixando marcas em seu ombro e braço. Fez com que ele fosse lançado para além das copas das árvores.

Saltou para o chão, preocupado que o cetro pudesse ter se partido com os impactos, passou a mão por ele sentindo-o, aparentemente, inteiro.


Correu rapidamente entre as árvores e se impulsionou novamente para ganhar os céus.


– Harry! – Neville se aproximou correndo, com um dos gêmeos.


Sentiu-se pesado de repente e voltou ao chão, ofegante.


– Peguem! – pediu urgentemente – Levem até Dumbledore, na clareira à frente – apontou.


– Este metal enferrujado? – Fred aceitou, surpreso, o cetro que ele empurrou nas suas mãos.


– Façam isso, por favor... rápido! – conseguiu acrescentar antes de ser arrebatado para longe.


Tentou se agarrar aos galhos que entravam e saíam do seu campo de visão sem conseguir controlar a direção nem a velocidade com que seguia. Sentiu seu ombro deslocar ao colidir dolorosamente com uma árvore, não suportando um segundo impacto em um mesmo dia. Fincou as garras nela, se prendendo com toda a força que ainda tinha.



Voldemort olhou brevemente em direção às árvores antes fazer com que o solo abaixo dos pés de Quim cedesse, ele sumiu do seu campo de visão.



Quando a força que o atraia cessou, saltou para o galho abaixo e continuou o percurso até chegar ao solo. Deixou-se cair, exausto, quando viu de relance através dos olhos dele, Fred irromper pela clareira seguido por Neville.



Dumbledore e Voldemort se rodeavam, suas varinhas entrelaçadas através de feitiços que tentavam usar para subjugar um ao outro, estavam sujos e exaustos.


Neville virou-se para trás e lançou outro feitiço estuporante, acertando um dos seis inferi que os seguiam.


– Chegamos! – Fred bufou arfante. Apontou a varinha em direção aos inferi e eles toparam com uma enorme teia de aranha que surgiu entre as árvores e ficaram presos a ela.


– Por que não fez isso antes? – Neville reclamou esbaforido.


– Eu... precisava de um incentivo... – Fred conseguiu pronunciar com dificuldade, apoiando-se em seu ombro.


– Saiam daqui! – Dumbledore gritou para eles.


– Professor, o Harry... – disse Neville – Alguma coisa o pegou lá atrás... na floresta.


Dumbledore girou os olhos na direção que ele apontara. Voldemort abortou o feitiço, libertando-se do embate.


– Ele pediu para entregar isso ao senhor – Fred lançou o metal enferrujado para o Diretor.


Voldemort se impulsionou para partir. Dumbledore girou nas mãos o cetro prateado e reluzente e o usou para golpeá-lo, derrubando-o.


– Você não vai a lugar nenhum – disse Dumbledore, apontando a varinha para ele.


Correntes ataram seus pulsos às árvores.


– Não vou mais perder meu tempo com você, seu velho patético e louco – urrou concentrando-se para libertar suas mãos.


Dumbledore se aproximou tranquilamente, recompondo-se. Neville e Fred o observavam admirados enquanto ele ajudava Quim, que estava com a perna gravemente ferida, a sair da cova improvisada. A coroa, a espada e o cetro reluziam à luz da lua.


Voldemort se debateu em desespero, preso às correntes, sem conseguir se libertar.




Harry se arrastou pelo chão tentando se pôr de pé, ouviu passos na mata, um cheiro de maresia chegou até ele, iluminou a varinha lançando luz à sua volta e identificou um corpo caído no chão não muito distante, rapidamente se afastou. Caminhou até chegar a um local aparentemente deserto, sons de duelo chegavam aos seus ouvidos vindos de não muito longe.


Puxou o cordão do bolso e enviou a mensagem, guardou-o novamente quando soube que estavam bem.


Foi imobilizado tendo os braços presos às costas. Suas pernas cederam e um gemido de dor escapou de sua boca quando seu ombro protestou dolorosamente.


– Não vai escapar de novo – o louro reapareceu acompanhado de um sujeito baixo e atarracado, cujos olhos brancos se destacavam na floresta escura. Sua camisa estava manchada de sangue mas não havia mais nenhum ferimento visível.


– Parem... – Harry pediu fracamente – Acabou – esforçou-se para se soltar, concentrado-se – Voldemort perdeu.


– Nada acaba assim tão fácil, garoto. As energias se transformam mas continuam a existir.


– Soltem-me ou matem-me de uma vez! – Harry rugiu.


– Toquem nele e estarão traindo a irmandade, estarão contra nós!


– Guardiã! – o louro se surpreendeu, chocado, enquanto Raven se aproximava.


Harry sentiu-se livre e puxou cuidadosamente o braço para o colo.

– Como pode nos dizer uma coisa dessas?! Só queremos ele como garantia. Kariel nos deu autorização...


– Kariel não é todo o Conselho! Ele só está assumindo o lugar do pai, representa um único voto. O que os demais membros disseram sobre isso?


– Ele está desonrando a memória de Tahaus! – John reclamou aproximando-se da irmã.


– Saia daqui, Harry, você vai encontrar amigos seus mais a frente – Harry olhou na direção que Leon apontava e se ergueu – Você fez um bom trabalho hoje – Leon acrescentou enquanto ele se afastava obedientemente.


Os quatro se acercaram dos outros dois seguidores da Magia Oculta e Harry continuou o caminho ouvindo o som de feitiços ricocheteando nas árvores à frente.


Dois aurores e um Comensal lutavam para se livrar de um grupo insistente de quatro Inferi e um dementador. Harry observou a cena a distância e se afastou decidindo que aquele momento de cooperação iria fazer bem a eles.

Sentiu a temperatura cair a sua volta e percebeu mais quatro figuras cinzentas que pairavam entre as árvores, dementadores à procura de vítimas. Encontrou Gina e Jorge metros à frente.


Petrificus Totalus! – Gina acertou uma das gárgulas que os sobrevoavam, tentando atacá-los.


Jorge puxou a irmã para longe, quando uma delas desceu tentando agarrá-la. Harry correu até eles.


– Esperem! – Harry pediu enquanto se aproximava – Fiquem perto de mim, elas não me atacam...


– Harry! Você viu os outros? – Jorge pediu apreensivo aproximando-se dele enquanto as gárgulas pousavam no chão e encolhiam as asas.


– Rony , Hermione e Luna estão juntos e estão bem, encontraram Tonks e George – Harry relatou enquanto Gina fazia seu ombro voltar ao lugar. – Neville e Fred estão com Dumbledore, ele capturou Voldemort – sentia todo o medo e angústia que o assombrava por estar naquela situação, imobilizado.


– Mesmo? – alegraram-se.


– Ao menos por enquanto, ele ainda não conseguiu se soltar. Vamos até eles – pediu já se encaminhando naquela direção.




Voldemort forçou as correntes, em vão. O chão, em volta das árvores que as sustentavam, começou a ceder, porém as árvores se mantiveram firmes e inabaláveis. Ele bufou.


– Eu sabia que o seu sumiço se devia a algo realmente grandioso, para abandonar a todos por tanto tempo. Foi atrás de novas magias que eu pudesse desconhecer.


– Não há nada de novo nessa magia, pelo contrário. – respondeu Dumbledore. – Quim, acho que você já pode anunciar os novos acontecimentos, está na hora de parar esta guerra. – Dumbledore apontou a varinha para dois inferi que se aproximavam, a nuvem de pó se espalhou com o vento.


– O que vai fazer, Alvo Dumbledore? Me matar? – Voldemort o desafiou. – Você não tem coragem! Por isso discursa tanto sobre tolerância e amor...





– Parem! Chega! – Harry correu até onde Sirius e Lupin confrontavam três Comensais, um já se encontrava caído. Harry se meteu intempestivamente entre eles, apontando a varinha para os três. – Acabou – disse a eles.


A voz de Quim ressoou na floresta avisando a todos que o confronto tinha terminado.


– O que aconteceu? – Lupin ainda olhava para o alto, com desconfiança. Jorge começou a explicar.




Dumbledore guardou a varinha e puxou novamente da espada. Sua lâmina tocou o pescoço de Voldemort.


– Você acha que eu te concederia um castigo tão brando? Dumbledore perguntou a ele.


Um sorriso surgiu nos lábios de Voldemort. Snape se aproximava silenciosamente sem ser percebido por Dumbledore e Quim. Neville e Fred mantinham os olhos fixos em Voldemort como se ele pudesse fugir a qualquer momento.


– Mate-me! – Voldemort ordenou num desafio, deixando-se cair de joelhos.





– Espera, Harry o que aconteceu? – Gina tentou acompanhá-lo, correndo ao seu lado, ele não se virou.


Os três Comensais aproveitaram para fugir, Lupin e Sirius hesitaram mas Jorge foi atrás dos três, eles o acompanharam.

Distante dali, um rugido escapou de sua garganta e no instante seguinte o tigre branco corria a toda velocidade. Gina se assustou e caiu, batendo dolorosamente com o joelho em uma pedra. Arquejou, mais de surpresa do que de dor, lembrou-se do sonho que tivera há tanto tempo, por alguns instantes pareceu paralisar não tinha tido um final agradável. Obrigou-se a levantar e continuou.




– Você terá cada lento e angustiante segundo de vida que puder ter – Dumbledore bradou furioso. – Confinado, aprisionado pela eternidade, lamentando-se por cada ato, cada decisão cruel... Por todos os seus crimes, Lorde Voldemort, eu te condeno a viver!


– Mas eu não... – Snape disse friamente tomando a espada das mãos do Diretor.


A lâmina atravessou seu coração. O animal, na floresta, urrou. Snape a puxou lentamente, o sangue gotejando no chão.


– Severo... – Dumbledore murmurou – O que você fez?


– Proclamei minha liberdade, Diretor, pelos próximos anos...


Dumbledore cortou o ar com a varinha, as correntes sumiram e o corpo caiu no chão, sem vida, os olhos ainda abertos, encarando a morte desafiadoramente.




– Harry, o que aconteceu? – Gina o alcançou e se agachou ao seu lado, apreensiva.


Pela floresta corpos começaram a cair sem o feitiço que os movia. As gárgulas paralisaram, voltaram a se transformar em pedra.

Lupin foi o primeiro a chegar até eles e o encontrou nos braços de Gina.


– O que houve com ele? – perguntou a Gina, chocado por vê-lo ensanguentado.


– Eu não sei o que fazer para parar isso... – ela choramingou – Eu não consigo...


– Não... – Sirius se agachou e pousou a mão em sua cabeça, sem saber o que fazer. Seus cabelos negros se encharcando com o sangue que escorria de sua cicatriz. – Raven! – chamou, erguendo-o nos braços.


– Dumbledore, Sirius! – Remo o lembrou enquanto ajudava Gina a se erguer, as vestes dela estavam manchadas e o joelho sangrava.


Lupin e Jorge a ampararam e aparataram logo depois de Sirius.

****

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.