DOM





Três dias atrás.



Gina encarou, entre surpresa e divertida, a garota que sentou sem pedir licença em frente a ela. Devia ter no máximo uns dezessete anos, mas parecia muito decidida. Lembrava alguém muito segura de si nesta idade. Lembrava, talvez, a própria Gina Weasley. E Gina sabia que aquela segurança e a postura desafiadora eram irreversíveis. Aquela garota, assim como ela, seria assim para o resto da vida.

- E eu posso saber o que você pode me dizer sobre Harry Potter? A propósito, o que você tem a ver com...

- Harry Potter é meu irmão - interrompeu a garota, calma como se aquela declaração fosse a coisa mais natural do mundo.

Surpresa, Gina a princípio ficou olhando-a incrédula. A garota deveria ser maluca! De qualquer modo, a maluquice da outra fez com que ela começasse a rir descontroladamente, atraindo a atenção de alguns clientes do café.

- Irmão? – Gina disse, ainda com lágrimas de riso e o estômago doendo pelo esforço de falar sem continuar gargalhando – Desculpe, querida, mas isso é a coisa mais estúpida que eu já ouvi na minha vida! Harry nunca teve irmãos, seus pais morreram quando ele tinha um ano! Você nem era nascida, mocinha. E vocês não têm, desculpe a minha franqueza, nada em comum, a não ser os belos olhos verdes. Não sei que tipo de lunática você é!

- Um tipo de lunática que ouviu Harry Potter murmurar seu nome esses anos todos quando tinha pesadelos, Senhorita Weasley. Uma lunática que sabe que vocês Weasleys e Hermione Granger são a única família que Harry teve antes de mim. Uma lunática que sabe que ele lhe deixou algo antes de partir. Esse pingente de prata que você carrega - disse a garota, ainda muito calma, apontando para o pescoço de Gina, coberto por um grosso cachecol de lã.

- Como você poderia saber? – perguntou Gina, visivelmente impressionada e instintivamente levando as mãos ao objeto que portava sob as pesadas roupas trouxas de inverno.

- Bem, talvez agora a senhorita me leve a sério – respondeu a garota, já não tão controlada assim – Meu nome é Patrícia Okosha. Nos últimos cinco anos tenho vivido com Harry quando não estou na escola em Beauxbatons.

- Desculpe, você falou que seu sobrenome é Okosha? Você é parente de Amos Okosha, o...

- Sim – interrompeu de novo a adolescente - o Voldemort africano. Ele era meu pai. Desculpe – disse, vendo a inquietação de Gina quando falou o nome do bruxo das trevas – é que Harry sempre fala o nome dele. Esqueci que vocês ingleses não gostam que fale.

Aquilo era demais, pensou Gina. Aquela garota sabia muito sobre Harry! O fato dele dizer sem medo o nome de “você-sabe-quem”, o pingente que ele lhe deixara antes de partir. Eram informações que não se poderia obter simplesmente lendo uma das centenas de livros que haviam sido escritos nos últimos anos sobre o “garoto que sobreviveu”. Gina estava confusa com a calma e a segurança da garota. E ainda por cima, filha de um dos maiores bruxos das trevas do mundo!

- Tudo bem – disse por fim –vamos dizer que, por algum desígnio maluco que eu desconheça, você esteja dizendo a verdade. Que você esteja vivendo nos últimos anos realmente com Harry. Por que você veio atrás de mim? E, aliás, como você sabia onde me encontrar?

- Bem... – hesitou pela primeira vez a garota – não é muito difícil encontrar Gina Weasley, a mais famosa cronista de quadribol da Inglaterra – acrescentou com um sorriso travesso. Era a primeira vez que sorria. O que a deixava ainda mais bonita. Havia algo de perturbador naquela menina. Aqueles olhos, com certeza. – E quanto ao fato de estar atrás da senhorita, eu já lhe disse. Quero falar sobre Harry, meu irmão.

- Você insiste nessa história de irmão! – falou Gina, irritada - Diga logo o que você veio dizer sobre o Harry! E por que eu? Por que você não foi procurar Hermione ou o Rony, se você sabe tanto assim sobre o Harry?

- Senhorita Weasley - disse a outra – voltando a ser muito formal – pensei que fosse óbvio. Harry sempre amou a senhorita. Todos esses anos. E agora ele...

- O QUE? – gritou Gina, incrédula – ELE PASSA NOVE ANOS SEM DAR NOTÍCIAS E AGORA VOCÊ QUER QUE EU ACREDITE QUE ELE ME AMA? FRANCAMENTE...

Agora todos olhavam para Gina muito interessados na conversa das duas moças. Algumas pessoas no café eram bruxas, Gina sabia. Ao ouvirem o nome de Harry Potter, automaticamente passaram a prestar atenção na conversa. Os trouxas, uns dois ou três, olhavam curiosos aquela discussão das duas belas garotas. “Eu aposto na ruivinha se elas se pegarem a tapa”, disse um homem gordo com cara de pervertido sexual, ao seu amigo. “Essa juventude de hoje...”, ralhou uma senhora de idade, antes de tomar um generoso gole da sua caneca de chocolate.

- Ok – disse Gina tentando manter o controle e deixar de ser a atenção do lugar – Então por que ele não veio me procurar pessoalmente? Por que precisava mandar você, sua suposta irmã?

- Por que meu irmão – e a garota enfatizou a palavra irmão – é tão teimoso quanto a senhorita. E ele não me mandou, é claro.

- Sabe, essa conversa de irmão é muito estranhoa – agora era Gina quem a interrompia, tentando tornar a sua voz mais cínica do que jamais fora. Mas aquilo estava indo longe demais. Ela se sentia cansada, aquela conversa sobre Harry com aquela garota bonita e estranha estava tirando-a do sério. – Eu me pergunto se você é mesmo irmã dele. Qantos anos você tem?

- Dezesseis anos – respondeu Patrícia impassível.

- Uma garota bonita como você, vivendo com Harry esse tempo todo... Será que ele realmente a vê como irmã?

- A senhorita conhece Harry melhor do que eu, Senhorita Weasley – agora era visível a irritação na voz da menina – Acha mesmo que ele se aproveitaria de uma menor de idade?

- Eu costumava conhecer o Harry, garota! Costumava... Não sei por onde ele andou e nem quantas mulheres passaram pela vida dele...

- Nenhuma.

-Nenhuma...o que?

- Não houve nenhuma mulher, Senhorita Weasley. .

- Você quer me convencer que nesses nove anos o grande Harry Potter, que deve estar com... vejamos... vinte e cinco anos, não teve nenhuma mulher, nenhuma namorada, nenhuma amante. Desculpe, garota, mas você é muito tola por acreditar nisso, ou acha que eu sou, para acreditar em você.

- Suponho que a senhorita já tenha ouvido falar das bruxas africanas que possuem o “DOM”, não é mesmo?

Gina puxou pela memória. Ouvira falar, é claro. Bruxas poderosas, disputadas por reis e feiticeiros. Diziam que elas podiam ler a mente dos outros, sentir suas emoções, infringir ferimentos aos inimigos. Disseram na época do “Massacre de Hogsmeade” que Harry possuía o “DOM”. O que era raríssimo em homens. E nunca havia sido visto tal poder na Inglaterra. Diziam que uma das marcas do “DOM” eram os...

- Olhos verdes – disse a garota, novamente muito calma – A senhorita não deve ter visto muitos negros de olhos verdes, não é mesmo?

- Por Merlin! – exclamou Gina – Você tem o “DOM”? Você pode ler minha mente? – perguntou a ruiva, assustada.

- Não se pode ler a mente das pessoas, Senhorita Weasley! Harry me explicou isso quando me ensinou a controlar o “DOM”. A mente não é um livro que pode ser lido. Mas, sim, eu posso ler vislumbres de pensamentos. Eu sei que Harry disse a verdade quando me falou que só há uma mulher na vida dele. UMA, entendeu? A que está sentada à minha frente! Eu posso sentir isso. Sim, Senhorita Weasley, eu não me importaria se Harry me considerasse mais do que uma irmã! – disse a garota, finalmente em tom de desafio, percebendo que a ruiva ainda estava pasma com a possibilidade de ter seus pensamentos devassados.

- Mas eu me importaria, Patrícia – disse uma voz grave e calma - Você sabe, nós já tivemos essa conversa antes - Gina e Patrícia viraram-se assustadas na direção da voz. Harry Potter, sem fazer um único ruído, havia aparatado ao lado das garotas. Alguns trouxas assustaram-se sem entender aquela aparição repentina. Dois bruxos presentes olharam com grande interesse o trio. – A propósito, Pat, você não deveria estar em Beuxbatons?

Houve um momento tenso entre os dois. Patrícia olhava desafiadoramente para Harry que parecia muito tranqüilo. Gina não pode deixar de admirar o quanto ele estava bonito. Usava um paletó trouxa sobre uma blusa de gola olímpica. E óculos escuros. Gina não precisava ver os olhos verdes e a cicatriz sob os cabelos longos para saber que era ele. Aquela voz, mais firme, ainda mais grave, mais ainda inconfundível. Finalmente, Patrícia sorriu para ele, que retribuiu. Gina teve a nítida impressão que ambos se comunicavam sem palavras. Talvez o tal “DOM”.

- Bem - disse a garota – vou deixá-los a sós. E saiu tranqüilamente do café sem se despedir.

Harry apenas olhou na direção de Gina por um minuto. “Por que ele não tira esses malditos óculos escuros?”, pensou a ruiva. Num gesto inesperado, o bruxo esticou a mão e acariciou o rosto dela. Quando falou, tinha a voz embargada:

- Desculpe, Gina. Queria encontrar você em outra situação. Não posso ver você hoje - disse - estranhamente destacando o “ver”. Afastou, trêmulo, a mão e como se aquilo custasse muito para ele, caminhou até a porta do café e desaparatou silenciosamente.

“Por Merlin”, pensou Gina, “O que diabos aconteceu aqui?”.









AVISO: NESSE CAPÍTULO HOUVE UMA DICA SOBRE O PROBLEMA DE HARRY. PERCEBERAM? AGUARDO COMENTÁRIOS...



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Comentários (3)

  • Bárbara JR.

    Eu percebi mais ou menos ><' mentira#    CARA, eu tô amando sua fic. Muito viciante! Meus parabéns (;

    2011-07-31
  • Clara Ginny Tonks

    PARABÉNS, eu realmente estou amando ler essa Fic, e não eu realmente não consegui percebe a dica buaaaaaa...

    2011-07-17
  • luh_lovegood_s2

    parabens a fic ta muito boa, adoro mistério!!! é, deu pra perceber a dia, mas ainda ta um pouco confuso. vou continuar a ler então.  

    2011-06-01
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