Saudades de um beijo.



Capítulo 57.
Saudades de um beijo.

Harry não conseguiu dormir aquela noite, por incrível que pareça, não foi pelo fato de Rony, Vítor e o Sr. Weasley estarem na enfermaria juntamente com os gêmeos e sim pelo simples fato de quem havia mandado os dementadores até ali e saber que eles estavam agindo novamente mesmo depois do fato de Voldemort ter sido destruído. Ele não fazia idéia sequer de quem havia feito isso, mas tinha certeza de que tinha algum dedo de Voldemort, ou algum aliado que ainda, infelizmente, restara.
Rony sairia fácil como Vítor Krum, já o Sr. Weasley Harry não tivera muitas notícias, apenas que ele desenvolvera um piripaque típico de trouxas estressados com o seu dia-a-dia, era algum tipo de parada, alguma coisa, Harry não conseguira muitos detalhes, mas Hermione entendera perfeitamente bem, mesmo agarrada ao braço de Harry e não parando de sussurrar que estava morrendo de medo de acontecer alguma coisa ruim com o seu sogro e toda vez que ela o lembrava disso, fazia seu estômago se contorcer de uma infelicidade sem fim.
Finalmente Harry deduzira que não ia conseguir dormir naquele estado e que conversar com Dumbledore seria o melhor remédio do mundo, só assim ele realmente teria certeza do que estava acontecendo, ele lutava contra seus próprios pensamentos tentando não imaginar que um novo inimigo poderia surgir, e essa idéia o atormentava infinitamente.
Precisava falar com alguém, uma pessoa que seria o suficientemente inteligente para acalmá-lo naquela hora; uma única opção veio a sua cabeça além do diretor de Hogwarts, Hermione Granger.
Harry jogou a coberta para longe dos pés, se levantou do sofá onde dormia, foi até a varanda sem fazer muito barulho, e se assustou ao ver um vulto encolhido em um canto, achava que Hermione estivesse dormindo, mas ela se encontrava sentada na sacada, encolhida, tentando se proteger do frio.
Ela não notou a presença do garoto por vários segundos, só então ela se tocou quando o garoto perguntou assustado.
- Hermione?
Ela voltou bruscamente para a realidade, olhando para Harry, totalmente assustada e se desenroscou da sacada, sentando de modo formal.
- Harry, o que faz aqui?
- Não consegui dormir - e apoiou os cotovelos na beirada da sacada olhando o mar de escuridão à frente - Estou preocupado com Rony, entende... É o meu melhor amigo.
Ela suspirou e sentou no cimento da sacada, com as mãos apoiadas ao lado do corpo.
- Ele terá de comparecer ao Ministério, sabia? Devido aos feitiços que fez pelo fato de espantar um dementador e tudo mais!
- Ah - disse Harry sacudindo a cabeça levemente sonolenta - Aconteceu comigo, também, mas no fim deu tudo certo, você se lembra...
Ela pulou da sacada e olhou para a lua que brilhava no céu escuro.
- Eu tenho medo... - ia dizendo a garota com a voz falhando, parecia trêmula, mas não era por causa do frio.
- Isso não é nada comparando ao meu medo - cortou o garoto depressa - Eu tenho medo de que algum inimigo meu volte. E que as conseqüências sejam piores dessa vez!
Ela engoliu em seco e pareceu esquecer o problema de perder Rony para trás, olhou para Harry com pena e aproximou tentando ajudar, doando uma de suas mãos em seu ombro.
- Lamento Harry, lamento mesmo, mas você não pode pensar no pior, sabe... Coisas negativas atraem, tenta pensar que foi sem querer a vinda dos dementadores - ela parecia ainda mais nervosa - Pode ter sido sem querer, não é mesmo?
Harry concordou com incerteza, bufou e olhou para Hermione, encarando-a, sabia que aquilo era obra-prima de alguém, tinha quase certeza, porém não total e absoluta.
- Eu precisava falar com Dumbledore. Urgentemente.
Ela olhou para o lado, chateada e se afastou como se fosse sua culpa.
- Dumbledore não apareceu nenhuma vez na Ordem durante nesse tempo todo, chegamos até pensar que ele tivesse saído ou algo parecido, mas o Sr. Weasley disse que anda com muitos problemas mesmo depois da guerra.
Harry a encarou por breves instantes e logo se rendeu a um abraço, ouviu um barulho que o incomodou, se lamentou por ter que afastar do abraço que aquecia e o confortava.
- Que diabos de ruídos são esses? - perguntou aborrecido indo até a sacada e esticando o pescoço enquanto Hermione continuava com o ar de sonhadora sem se importar com nenhum barulho.
Ele voltou a olhar para Hermione sem resposta, logo em seguida, duas luzes surgiram no meio da escuridão, Harry se distanciou, as luzes os iluminavam com grande intensidade, Hermione gemeu e grudou no braço de Harry.
- Vamos entrar, estou com medo.
- Não - disse Harry procurando a varinha sem resultado, estava de pijama, ou seja, a varinha ficara com suas vestes dentro da mala na sala, ao lado do sofá onde dormia.
Harry entrou na frente de Hermione e encarou as luzes, estava ficando um pouco tonto e Hermione agachava atrás do garoto, ele já enxergava pequenas bolinhas coloridas e tentava manter os olhos abertos, mas era realmente difícil.
O carro entrou e entrou por debaixo da sacada, Hermione soltou Harry com uma exclamação e para que ele pudesse se aproximar e investigar o caso. Harry se apoiou na sacada, na ponta dos pés tentando ver quem era, mas o carro já se encontrava na garagem, abaixo de seus pés.
- Acha arriscado descer? - perguntou Harry se virando para Hermione que estava preste a comer as unhas.
- Seria melhor apanhar as varinhas antes, não? - sugeriu como se fosse óbvio, ainda trêmula.
- Você precisa de ajuda? - perguntou Harry enquanto passava de lado pela porta da sacada entreaberta.
- Não, só não posso fazer barulho, Gina está dormindo...
- Me encontre na sala, onde estou dormindo - e Harry sumiu pelo corredor escuro.
Minutos mais tarde Hermione voltou enrolada em um casaco azul-marinho, cobrindo grande parte da camisola, segurava a varinha nas mãos.
- Não é arriscado?- perguntou Hermione em seu ouvido, agarrada em seu braço novamente e apertando com força.
Aquele hálito, Harry conhecia perfeitamente bem, não tivera tempo o suficiente para recordar os bons momentos que eles haviam passado, precisava descer e ver quem era, talvez fosse algum ladrão, apenas isso. Ainda com Hermione agarrada em seu braço, Harry desceu na ponta dos dedos, degrau por degrau, as falas se tornavam mais reais e agudas.
- Harry... - tentava sussurrar Hermione o mais baixo possível.
Harry e Hermione fixaram os olhos nas sombras que estavam na parede do corredor era um homem muito alto e outro muito baixo, seguraram a varinha com mais firmeza a apontaram contra a parede, foram se aproximando.
- Receio que estejam bem - Harry reconhecia essa voz... Era bem familiar.
- Ainda não, mas vão ficar - respondeu Mestre Xangai fazendo seus gestos no ar - Posso conduzi-lo até a enfermaria?
- Se não for muito incomodo... - Era... Não podia ser! Alvo Dumbledore? Era como se tivesse adivinhado os pensamentos de Harry.
- De maneira alguma - respondeu Xangai caminhando lentamente fazendo com que as sombras fossem sumindo. Harry ficou olhando nas sombras imaginando qual seria o mais lerdo.
Harry olhou para Hermione e puxou o braço, iria conversar com Dumbledore, ela o puxou de volta, mas ele tinha mais força e puxou os braços com força, fazendo Hermione dar alguns passos forçados à frente.
- Ah... - sussurrou aborrecida.
- Como está o garoto Potter? - perguntou Dumbledore parando de caminhar.
Harry colou o ouvido na parede úmida, enquanto Hermione balançava a cabeça como se ele estivesse fazendo uma burrada, soltava exclamações bem baixinhas.
- Está bastante chocado, uma espécie de trauma eu diria, mas agora está dormindo no andar de cima, teve um dia cansativo, coitado...
Dumbledore deixou um muxoxo escapar.
- Eu vou falar com ele, assim que amanhecer, agora vamos, imagino que Arthur vai ficar satisfeito com a minha companhia.
E as sombras sumiram, Harry olhou para Hermione que estava ofegante.
- Vamos voltar a dormir...
~~
À noite dos garotos não foram as melhores, evidentemente. Harry fingiu acordar bem cedo, escondendo as olheiras, fingiu também grande espanto ao encontrar Cho Chang em pé passeando pelo corredor ali perto.
- Desculpa, não queria ter te acordado.
- Tudo bem, eu já ia levantar mesmo - disse Harry esfregando os olhos e enrolando os cobertores - Onde eu deixo?
Ela olhou para os lados.
- Deixe aí, os elfos arrumam, venha, vamos descer para tomar café, vai ter grande surpresas - ela parecia contente com a visita de Dumbledore.
- Que tipo de surpresa?- perguntou erguendo as sobrancelhas e roçando os óculos em volta das vestes para limpá-lo.
Ela pegou a mão do garoto, entrelaçou na sua e o puxou sem se importar com a sua aparência, desceram as escadas e continuaram andando reto por mais uns 10 passos, logo viraram o corredor para direita e depararam na cozinha, Dumbledore estava lá sentado em volta da mesa, como Harry imaginara, não só ele, como Tonks também, ao lado de Mestre Xangai que tomava uma xícara de chá e os elfos rodeavam a sua volta.
Harry aproveitou a oportunidade de ficar surpreso com a visita de Tonks e fingiu ficar surpreso com Dumbledore também, abriu um sorriso meio vivo e infantil e os abraçou.
- Que saudades, garoto!- disse Tonks sorridente.
Após o abraço ele se afastou e decidiu ser direto para que ninguém ficasse enrolando com mentirinhas inúteis.
- Vocês vieram por algum assunto especial?
- Acho melhor tomar o seu café antes, não queremos ver você com indigestão - disse Tonks sorridente e atrapalhada como sempre.
- Podem falar! - disse Harry tentando se preparar para o pior e já se sentando.
Dumbledore olhou para Tonks jogando algumas faíscas vermelhas de raiva, mas sem perder a postura, já a bruxa, encolhia os ombros, envergonhada, sem saber onde enfiar a cara, Mestre Xangai deu a volta pela mesa e colocou o braço nos ombros de Cho, conduzindo-a para fora da cozinha.
- Sinto muito, Harry, desculpa as minhas palavras breves, mas as suspeitas estão para ser confirmadas, você tem uma nova inimiga!- disse Dumbledore sem rodeios.
Harry engoliu um pedaço particularmente grande da torrada jogada ali na mesa e sussurrou.
- Já imaginava, vocês sabem o nome dela ao menos? - perguntou aborrecido.
- Não sabemos se é exatamente ela, mas se ligarmos os fatos, compreenderemos que Narcissa Malfoy esteja envolvida nisso.
A torrada caiu de sua boca, o queixo de Harry seria queimado pelo chá se ele abrisse a por mais dois centímetros, Tonks sorriu para quebrar o clima.
- Malfoy, filho, foi atacado anteontem e encontrado quase sem vida - respondeu dando voltas na mesa. Harry levantou com pressa segurando as costas da cadeira com tanta força que a ponta de seus dedos ficou brancos.
- Ele está bem?- perguntou com a voz trêmula com medo da resposta.
- Sim, quase bem, ele será transferido para Ordem. Por voto da grande maioria.
O queixo de Harry caiu novamente, Draco Malfoy iria fazer parte da Ordem da Fênix? Simplesmente se Rita Skeeter soubesse, iria ser o melhor artigo do ano.
~~
Hermione abriu a porta com delicadeza para evitar acordar algum deles, Rony estava deitado bem a sua frente. E ao seu lado, estava Vítor Krum, o observando, sentado em um banquinho.
- Oi - sussurrou acenando de leve.
Ela não respondeu, entrou e ficou encarando o rosto do garoto que dormia profundamente, ela sentiu uma pontada de pena.
- Você quer ficar sozinha com ele? - perguntou Vítor Krum em seu ouvido.
- Não, obrigada, já estou de saída - e virou a costa para sair, era meio óbvio que preferia ficar a sós com Rony. Mas Vítor tinha um olhar pensativo e pelo visto não queria deixar Hermione sozinha com Rony.
Subiu as escadarias sem entender muita coisa e deparou com a porta de vidro da sacada aberta, se espantou ao ver os ombros de Harry baixos, com os cotovelos apoiados na sacada, ela se aproximou e o encarou.
- Harry?
Ele não respondeu no momento, continuou olhando para o horizonte sem fim, o sol aparecendo.
- Sabe, eu acho que a gente precisava conversar - iniciou Hermione com a voz meiga e um tanto infantil – Sobre nossas vidas. Sobre nós mesmos.
Harry jamais pensara que Hermione chegaria nele e falaria sobre sentimentos... Aqueles sentimentos!... Seus sentimentos, também!... Era o que desejara suas férias de verão inteira, e veja só, aquela simples cena estava acontecendo. E da maneira que ele mesmo desejava, Hermione em seus pés.
- Eu andei pensando... - ia dizendo.
- Você não gosta do Rony, não é mesmo? - perguntou Harry cortando-a e virando bruscamente e assustando-a por alguns segundos, ficando de frente a ela - Não é?
Ela abriu a boca para pronunciar alguma coisa, mas não arranjou palavras e fechou novamente, piscando várias vezes e mexendo a cabeça negativamente.
Harry segurou o queixo da garota e puxou, ficando frente a frente.
- Heim?
Ela fechou os olhos e ela fazia esforço, Harry percebia, mas eles já não eram mais necessários, uma lágrima solitária escapou do rosto de Hermione, ele que a conhecia muito bem, percebia que ela naquele momento xingava a si mesma mentalmente. Ela ergueu os braços e passou em volta do pescoço de Harry.
- Eu... Eu te amo tanto, Harry...
Harry abraçou com força e ainda sob o abraço, endireitou os óculos que escorregava pelo nariz por causa do suor.
- Eu... - disse ele acariciando os seus cabelos pensando se devia falar o mesmo ou não, só que dessa vez o seu coração venceu o orgulho e a vingança - Eu também te amo.
Ela se afastou, os braços que se encontravam no pescoço do garoto agora seguravam firmementes os seus ombros, ela fechou os olhos e suspirou, não era o tipo de atitude de Hermione se dar por vencida em uma batalha ou trair o namorado tão fácil, mas ela sentia que precisava daquele beijo, daqueles olhos, daquela pele, acariciá-lo, ela precisava daquela bunda, ela precisava daquele garoto... Ela precisava de tudo dele! Inclusive ele! Sentia falta de tudo! Seus lábios imploravam os de Harry, seus dedos imploravam para tocá-lo. Ela precisava daquele Harry Potter, na qual ela menosprezara há algum tempo. Harry também necessitava de Hermione, tomou atitude e a beijou, podia durar para sempre... Podia mesmo durar para sempre ele não ia se importar, e seus pés levemente largaram o chão.

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N/A: Harry Potter, James Potter, Julia Granger Potter, Mione Potter, amei os comentários de vocês, mto obrigado mesmoooooo, amei
Comentem sempre... amo vocês =@

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