Encontros e Desencontros



CAPÍTULO X

Encontros e Desencontros




O estrago da lama não foi tão grande como eles planejaram, pois Ana logo apareceu
para socorrê-las, inventando uma desculpa qualquer para Lilly. O pior tinha sido
o "encontro".

- Eu não acredito que caí na rede daquele descarado! - Kristyn estava inconformada.
Tinha acabado de sair do banho, enxugando os cabelos. Mesmo depois de Ana tê-las
livrado da lama, continuou sentindo-se nojenta.

- Deixe isso pra lá, Kristyn. - aconselhou Ana, divertida. - Você não tinha como
saber que era ele.

- Isso não vem ao caso, Ana. - gesticulou irritada. - Sabendo ou não, eu beijei
"aquela coisa"!

- E aquilo se chama beijar? - retrucou Lilly, irônica - Pensei que estavam tentando
provar que Newton era um idiota.

- Isso também não vem ao caso. - respondeu, vermelha.

- A única coisa que me consola nessa história toda, é que não cheguei a fazer nada
com o Potter. - comentou Lilly, satisfeita.

- Sorte sua! - rebateu Kristyn, emburrada.

- Meninas, meninas, - suspirou Ana - acho que o melhor que temos a fazer agora é
esquecer toda essa história e irmos dormir. Afinal, já é muito tarde, e amanhã nós
temos aula cedo.

Elas acataram aquela decisão e se deitaram, cada qual entretida com seus próprios
pensamentos. Kristyn bem que queria esquecer, mas agora é que o "cachorro" não saía
mesmo da sua cabeça.


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No dia seguinte, os dois Corvinais vieram até a mesa da Grifinória, se desculpar por
faltarem ao encontro. Muito envergonhados, confessaram que algum engraçadinho os tinha
estuporado, e os trancara no armário de vassouras do primeiro andar.

As garotas perceberam que, um pouco mais adiante, os responsáveis por aquele incidente
prestavam atenção a conversa, rindo com satisfação. Kristyn voltou-se para Samuel, com
seu melhor sorriso.

- Não tem problema, rapazes. - respondeu, alto o suficiente para que a ouvissem. - Tenho
certeza que vocês podem nos compensar pelos inconvenientes de ontem. - insinuou, com um
olhar malicioso.

Lilly, vendo os dois Marotos fecharem a cara, resolveu entrar no jogo da amiga.

- Isso mesmo. O próximo sábado é dia de visita a Hogsmeade. Podemos ir juntos. - propôs,
com voz sedutora. - Tenho certeza que será bem mais interessante, sem a ameaça do Filch
para nos atrapalhar.

Os rapazes concordaram animados, e pouco depois voltavam para sua mesa. Olhando
discretamente na direção dos Marotos, viram que Tiago observava os Corvinais com raiva,
enquanto Sirius mantinha uma postura displicente. Porém, Lilly notou que suas feições
estavam rígidas, e seu olhar fixo no prato a sua frente parecia soltar faíscas.

As amigas se entreolharam, sorrindo vitoriosas. Afinal, a melhor vingança era aquela
para qual não existia revide.


**************************************

No fim das aulas da manhã, os Marotos seguiram até a cabana de Hagrid. Sirius e Tiago
extremamente mal-humorados, Remo ansioso, e Pedro apenas seguindo os amigos, como
sempre. Depois de vários dias de discussão, Remo descartara as idéias mirabolantes
dos amigos, optando pelo caminho mais simples.

- Ora, mas que surpresa! - Hagrid os recebeu com evidente prazer. Gostava muito
daqueles rapazes. - Os Marotos resolveram me visitar! O que foi, os outros alunos
cansaram de serem azarados e passaram a fugir de vocês? - brincou, enquanto servia
chá aos garotos.

Depois de um momento de hesitação, Tiago tomou a frente, contando ao amigo o motivo
da visita.

- Ah, problemas do coração, hein? - comentou sorrindo, quando o garoto acabou o
relato.
- Estou surpreso com você, Remo. É o mais tímido de todos, mas provou que sabe
escolher muito bem. A menina Donovan é muito jeitosa com os animais, além de ser
muito bonita e ter um coração de ouro. - os quatro não concordaram muito com as
prioridades dele, mas, enfim, era o Hagrid.

Combinaram tudo com ele para o sábado, dia de visita a Hogsmeade.


***************************************

- McKinnon!

Marlene parou e virou-se, observando o rapaz que se aproximava, sorrindo. Arqueou
as sobrancelhas, enquanto fingia examinar as proximidades.

- O que, Donovan? Sem escolta? - comentou, irônica. - Teu fã-clube resolveu te
abandonar?

Ele a observou com um sorriso de apreciação: ela era mesmo espetacular. Em todos os
aspectos.

- Pra você ver! - retrucou, bem-humorado. - Quando perceberam que eu só tinha
olhos para uma pessoa, consideraram isso como alta traição e me mandaram para o exílio.
- brincou, sorridente.

Marlene fez um muxoxo descrente, e continuou o seu caminho, acompanhada pelo insistente
rapaz.

- Sabe uma coisa que eu realmente não entendo? - perguntou depois de alguns minutos de
silêncio, ao ver que ele não desistiria. - Por que eu? Você tem a escola toda a seus
pés, até as Sonserinas querem sair com você, por que cismou justo comigo?

- Digamos que seja uma piada do destino. - ironizou, com um sorriso amargo.

- Piada de mau-gosto, isso sim. - retrucou irritada. - Faça um favor a nós dois, sim?
Me esqueça!

A garota afastou-se rapidamente. Ele poderia acompanhá-la, se quisesse, mas preferiu
seguir em outra direção. "Se pelo menos fosse tão fácil, Marlene", pensou, sombrio,
enquanto se dirigia a Torre, "Mas, contra certas forças, é inútil lutar".


*****************************************

- Parece que o "tratamento" fez muito bem a vocês, meninas. Estão mas bonitas do que
nunca.

Ana riu e seguiu em frente, deixando as amigas sozinhas para lidarem com seus "carmas".
Elas bufaram, voltando-se para encará-los.

- Oi, Lilly.

- Não me venha com "Oi, Lilly", Potter! Nunca te dei intimidade para me tratar assim!
E depois de ontem, deve ter sido preciso muito óleo de peroba para se aproximarem da
gente outra vez! - Tiago recuou, frente a fúria do ataque da garota.

- Calma, Evans. - interviu Sirius, tranqüilo. - Nós apenas empatamos o jogo, e você
sabe disso.

- Pois então, além de arrogantes e descarados, vocês também não sabem contar!
- retrucou, irritada - Foram VOCÊS quem começaram tudo isso. Mas podem ficar
tranqüilos: nós decidimos que não vale a pena perder nosso tempo numa disputa infantil
com os dois.

- Fugindo da raia, Donovan? - provocou Sirius.

- Eu nunca fujo, Black. - rebateu de pronto, olhando-o com arrogância. - Acontece que
tenho coisas mais interessantes a fazer do que ficar brincando com vocês. Nos acham
bonitas? - perguntou, irônica - Não são os únicos.

- Estão falando daqueles Corvinais? - Tiago perguntou, em tom de desprezo, fazendo
um gesto de descarte. - São uns idiotas!

- Bom, nós não pensamos assim. - contradisse Lílian, encarando-o desafiadora. - Na
verdade, os consideramos bem atraentes!

- E planejamos aproveitar seus atraentes "atributos" durante a visita a Hogsmeade.
- completou Kristyn alegremente, ironizando em seguida - Afinal, pra que se contentar
com a cópia, quando se pode ter o original, não é?

Partiram com pose de rainhas, deixando-os remoerem o insulto.

- Ouviu o que elas disseram? - perguntou em tom incrédulo um Tiago muito aborrecido.
- Planejam aproveitar os "atributos" daqueles gorilas!

Sirius as observava enquanto se afastavam, um brilho perigoso nos olhos, antes de
voltar-se para o amigo.

- Isso é o que nós veremos, Pontas. É o que nós veremos!


**********************************

No dia da visita a Hogsmeade, Marcus e Samuel seguiam animados em direção a entrada
principal, onde tinham combinado de encontrarem as garotas, quando de repente:

- Ei!!!...

- Será que pegamos muito pesado, Almofadinhas? - perguntou Tiago, olhando pensativamente
para a cabine de desaparecimento onde tinham acabado de jogar os adversários. Olharam
para o teto, fingindo pensar durante alguns segundos.

- Nããããão! - responderam em uníssono.

- Pontas, meu amigo, - começou Sirius, passando o braço pelos ombros de Tiago - é
como diria o grande filósofo...

- "No amor e na guerra, vale tudo!" - completou o outro, rindo, enquanto iam em
direção a entrada principal.


********************************

- Ana, será que podemos conversar um instante?

Ela se voltou ao ouvir a voz de Hagrid, e abriu um grande sorriso. Adorava o enorme
guarda-caça que tinha o espírito inocente de uma criança. Encarou os sorridentes olhos
de besouro.

- Olá, Hagrid. Claro que podemos conversar! - vendo-o nervoso, perguntou - Aconteceu
algum problema?

- Problema? - respondeu, atrapalhado - Não, problema algum. Eu só queria a sua
opinião sobre um assunto... hã... um assunto delicado. É isso, um assunto delicado.
Pode vir até minha cabana, por favor? Prometo que será rápido, logo você vai poder seguir
no seu passeio.

Ana concordou, intrigada, e o seguiu até a cabana.

- Espere aqui, por favor, eu não demoro. - e saiu apressado, deixando-a no meio do
aposento. Ana sorriu. Provavelmente ele tinha encontrado alguma criaturinha interessante
e queria mostrá-la a ela, sabendo que compartilhava o interesse nos animais. Só esperava
que não fosse nada muito perigoso. Conhecendo o amigo, esse era o fator "delicado" da
questão.

Quando ouviu a porta se abrindo, Ana, que tinha ido até a lareira, voltou-se, a voz
morrendo-lhe na garganta.

Lupin fechou a porta depressa, e caminhou na sua direção, parando há alguns passos e
observando-a de um modo ansioso.

- Cadê o Hagrid? - perguntou ao recobrar a voz.

- Foi dar uma volta. Fui eu quem pedi pra ele te trazer aqui.

- E por que, posso saber? - cruzou os braços diante do corpo, e seu tom de voz era frio.

- Ana, não faça isso com a gente...

- "Não faça isso com a gente"? - retrucou irritada - Isso vindo do cara que há poucos
dias atrás me recebeu tão calorosamente. - debochou.

- Olhe, eu sei que fui um tremendo babaca, tá? - exclamou, começando a andar de um lado
para o outro. - Por isso te trouxe até aqui. Pra te pedir perdão e tentar consertar toda
essa burrada!

- Ah, que ótimo! Então agora é assim? Você me agride, pede desculpas e fica por isso
mesmo? Remo, você tem idéia do que é pra mim suportar situações como aquela? - perguntou,
magoada - Você sabe o que eu sou, droga!!! Eu sei que sabe!

- Sim, eu sei, assim como você sabe o que EU sou! - retrucou, nervoso - Não percebe
como isso me apavora? Como você pode gostar de mim, sabendo a verdade?

- Seus amigos também conhecem a verdade, e continuam gostando de você.

- É diferente. - murmurou, cansado.

- Por quê? Por que eu sou uma garota? Uma mulher? - ao vê-lo assentindo, continuou
- Não vê que eu te aceitei incondicionalmente desde o momento em que te conheci? É você
quem me rejeita, apenas porque conheço seus segredos. O que não percebe, é que também
conhece meus segredos, Remo. E, acredite ou não, a revelação desses segredos seria tão
ou mais perigosa para mim, quanto para você.

A verdade daquelas palavras pesou entre eles durante alguns minutos.

- E onde isso nos leva? - perguntou Remo, quando finalmente pareceu aceitar aquilo.

- Depende apenas de você. É capaz de deixar esses segredos de lado, e se tornar meu
amigo de verdade?

- Claro, amigos, por que não? - respondeu, desapontado. Esperara conseguir algo mais
que amizade, mas a escolha era dela. - Sabe, se corrermos, ainda alcançamos os outros...

Enquanto falava, Ana caminhara decidida em sua direção, parando bem a sua frente,
interrompendo-o.

- Remo?

- Que é? - perguntou, cauteloso. Ela agarrou-o pela frente das vestes.

- Cala a boca e me beije! - ordenou, puxando-o para um caloroso beijo. Ele, feliz,
a obedeceu, abraçando-a ardentemente.

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