O vôo de Osíris



CAPÍTULO IV



O vôo de Osíris



 


 


Quando Ana encontrou as amigas, Lilly parecia soltar fumaça pelas orelhas, porém, estranhamente, Kristyn estava muito bem-humorada, rindo para a amiga. Sentou-se ao lado delas, e depois de alguns instantes em que ninguém disse nada, sua curiosidade falou mais alto.



- Ok, meninas, vocês vão me contar o que houve, ou vou ter que recorrer a força bruta? - brincou.



- Quer saber o que aconteceu? - perguntou Lilly, muito nervosa, enquanto Kristyn ria de novo - Aconteceu que aqueles dois delinqüentes resolveram que suas vidas estavam muito monótonas, e agora estão praticando atos suicidas!



- Lilly, - começou Ana, confusa - me desculpe, mas isso não explica muito.



- O que nossa querida amiga quer dizer, Ana, - interviu Kristyn, divertida - é que hoje seu belo príncipe a beijou.



Riu mais uma vez da expressão espantada de Ana e da carranca de Lilly, que resmungou que "aquilo" era um sapo, não um príncipe.



- E eu não sei do que tanto você ri. - continuou, irritada - Afinal, pelo que me disse, eles combinaram agir da mesma forma com nós duas!



Ana voltou-se depressa para a prima.



- Quer dizer que o Black te beijou?!



- Não, Ana, ele "tentou"! - corrigiu Kristyn, irônica - Mas o que conseguiu foi uma bela joelhada nas "jóias da coroa"! - explicou, rindo, e passou a relatar tudo que tinha acontecido.



- E você ainda ri? - perguntou Lilly, ao ouvir o que Sirius havia feito.



- Ah, Lilly, tem que admitir que foi engraçado! - disse Ana, rindo.



- É, apesar do cara ser um cachorro, é muito esperto, e usou o que eu disse contra mim mesma. - concordou Kristyn, sorrindo. - Mas o fato de eu não estar mais furiosa não quer dizer que perdoei a ousadia. Não se preocupe, Lilly, nós pensaremos num jeito de ensinar uma lição aos casanovas.



Ana riu internamente. Conhecia a prima muito bem, e sabia que sua vingança seria memorável. Quase sentiu pena dos Marotos. Quase. Resolveu mudar de assunto.



- Onde está Sebastian?



Com um muxoxo, Kristyn apontou para um lugar mais distante na mesa, onde Sebastian estava rodeado de garotas, sorrindo, charmoso, para todas.



- Ainda não conseguiu se livrar do fã-clube. - comentou divertida.



- Ah, esse é nosso primo! - suspirou Ana, brincalhona.



- Ele é sempre assim? - perguntou Lilly, observando a atenção que o rapaz dedicava a cada garota a sua volta.



- Sempre! - responderam as duas, em uníssono, e depois riram. Ana continuou - Sebastian arrebata corações femininos desde os cinco anos de idade.



- É, o sem-vergonha sempre foi encantador! - concordou Kristyn, sorrindo.



- Estou vendo que agora teremos um trio de "colecionadores" em Hogwarts. - comentou Lilly, desgostosa.



- Aí é que você se engana! - retrucou Kristyn.



- Sabe, Lilly, - começou Ana - o que você precisa saber sobre Sebastian, é que ele, realmente, "adora" as mulheres.



- Feias, bonitas, altas, baixas, magras, gordas, jovens, velhas, não faz diferença. Ele simplesmente ama todas nós. Jamais magoaria qualquer uma.



- É claro que ele teve muitas namoradas, e terá muitas mais. – concedeu Ana - Mas cada uma sentiu-se única, especial, e mesmo quando o namoro termina, continuam bons amigos.



- Uau!, ele é perfeito, então? - perguntou Lilly, cética.



- Não é nada disso. - retrucou Kristyn.



- Ele comete erros e tem defeitos como todo mundo. É arrogante, intrometido e convencido, entre outras coisas. - disse Ana.



- Como muita gente. - defendeu Kristyn, - Mas em relação as mulheres, ninguém pode criticá-lo.



- Ele sempre diz que a alma feminina é a coisa mais bela que Deus já criou. - Ana apoiou.



- Se quer uma prova do que estamos falando, veja como ele é com a McGonagall.



Lílian tinha que dar o braço a torcer nesse ponto. Até a professora, tão rígida e séria, tinha sempre um sorriso para ele.



Nesse momento, Sebastian levantou-se, entre exclamações de decepção, desculpou-se galantemente, e foi para junto das primas.



- E então, sobre o que as mais belas de Hogwarts conversam com tanta animação? - perguntou, sentando-se ao lado de Lilly, e de frente para as primas.



- Sobre o rapaz mais charmoso de Hogwarts, o que mais? - respondeu Kristyn de pronto, fazendo-o sorrir.



- Ora, querida prima, eu sei que sou irresistível, - brincou Sebastian - mas achei, pelo modo como entraram no salão, que o assunto seria outro. - insinuou, olhando de esguelha para onde os Marotos estavam sentados, muito animados.



- Ah, Sebastian, esse assunto já se esgotou. - Ana disse rapidamente, vendo que Lilly voltava a se irritar.



- Realmente, é um assunto muito cansativo. - concordou Kristyn, com um gesto de descaso na direção dos Marotos.



Nesse momento um grande falcão negro entrou por onde, minutos antes, as corujas do correio matinal haviam saído. Todos pararam para observar a bela ave, com suas asas de envergadura impressionante, fazer um círculo majestoso pelo salão, como a exibir toda sua graça.



- Osíris. - murmuraram os Donovan, ao mesmo tempo, os olhos fixos no falcão.



Sebastian pegou sua varinha, murmurando um encantamento, e seu antebraço esquerdo foi recoberto por tiras de couro. Imediatamente a ave mergulhou, dando um vôo rasante sobre a mesa da Grifinória, fazendo com que vários alunos, assustados, se abaixassem e derrubassem suas coisas. Um instante depois, pousava suavemente sobre o braço estendido de Sebastian.



- Olá, Osíris. - cumprimentou a aves, carinhosamente, recebendo um som baixo de contentamento em retribuição. Retirou rapidamente o pequeno embrulho que a ave trazia preso a sua perna esquerda, escondendo-o no bolso. Depois, com mais calma, pegou o pergaminho que estava na outra perna, e também o guardou.



- Venha cá, Osíris. – chamou Ana, docemente. Também tinha enrolado tiras de couro em seu braço, e a ave foi feliz receber a atenção da garota.



- Não vai ler a carta? - perguntou Lilly intrigada, ainda observando o falcão. Nunca vira bruxos utilizarem-se daquele pássaro para correspondência.



- Mais tarde. Não deve ser nada de importante, apenas nossos pais, querendo saber como estamos. - respondeu Sebastian, com pouco caso.



- Sabe, nossos pais criam falcões, e Osíris é "a menina dos olhos" deles. - explicou Kristyn, vendo o interesse da amiga na ave.



- Bom, ele é realmente lindo. - concordou Lilly, acariciando de leve a penugem da cabeça do pássaro, que Ana tinha estendido em sua direção. Ele aceitou o carinho, contente. - Se eles queriam atrair a atenção de toda a escola, com certeza conseguiram.



Sebastian olhou em volta, e viu que ela estava certa. Todos os observavam atentamente. Seus olhos brilharam.



- É só pela novidade, Lilly. - voltou-se para amiga, enquanto as primas ainda agradavam o falcão. - Logo eles verão que não há nada de interessante aqui e voltarão sua atenção para outra coisa.



Assim que Sebastian acabou de falar, os outros pareceram perder o interesse neles, e o ruído das conversas voltou a encher o salão. A própria Lílian desviou seus pensamentos.



- Acho bom nós corrermos, senão vamos acabar nos atrasando! - exclamou, levantando-se.



Os primos despediram-se do falcão, que voou para saída, e acompanharam a amiga, indo para primeira aula.



Não chegaram a perceber que algumas pessoas continuavam a observá-los com desconfiança.



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Os Marotos, convencidos de que os Donovan eram capazes de ler mentes, tinham dedicado todo seu tempo livre a estudar a arte da Oclumência, de modo que não foram afetados pela sugestão mental de Sebastian. A não ser por Pettigrew, que ainda não conseguira grandes resultados.



- O que acham que era aquilo? - perguntou Tiago, curioso.



- Algo que não querem que ninguém descubra. - respondeu Remo, astutamente.



- Isso mesmo. – concordou Sirius, de modo sombrio – Viram como ele agiu rápido, guardando o embrulho e desviando a atenção de todos?



- Eu não sei do que vocês estão falando. - comentou Rabicho, despreocupado. - O cara só recebeu uma cartinha!



Os três reviraram os olhos, impacientes com a incapacidade do amigo em proteger a própria mente, e começaram a trocar impressões sobre os últimos acontecimentos, enquanto saíam também para primeira aula do dia.



 


*****************************



Em outra mesa, perto dali, tinha mais uma pessoa que não se deixara levar pela arte de Sebastian. Olhos frios tinham acompanhado a saída do trio do salão.



- O que será que eles escondem? - murmurou Severo Snape, para sim mesmo.


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