Provocante Reencontro



CAPÍTULO XIII



Provocante Reencontro



Fazia um lindo dia de sol, bem diferente de quando os Donovan estiveram pela primeira vez na plataforma 9 ¾. Agora eles ocupavam, junto com seus amigos, as duas últimas cabines do Expresso, que os levaria para o sexto ano em Hogwarts.



Muita coisa tinha acontecido naqueles quase dois anos. Os Marotos tinham deixado a escola de pernas para o ar com suas traquinagens. Sirius e Tiago continuavam em suas respectivas campanhas com Kristyn e Lílian, mas, para desânimo dos dois, ainda sem obter o resultado esperado; Lílian e Remo se tornaram monitores, para extremo desgosto dos amigos de Aluado; surpreendentemente, Pettigrew arrumara uma namorada, uma garota da Lufa-Lufa, e estava completamente embasbacado por ela; Anastácia e Lupin, Sebastian e Marlene, e Frank e Alice formavam os casais mais estáveis de Hogwarts: todo mundo já se acostumara em vê-los juntos pela escola, e até as fãs de Sebastian aceitaram o fato de que o rapaz estava fora de seu alcance.



Mas a coisa mais importante não acontecera em Hogwarts. Os ataques a família do Ministro da Magia e ao vilarejo trouxa foram apenas o início de uma série que trouxe o terror a comunidade bruxa. Um novo bruxo das trevas surgira, mais terrível que qualquer outro, a simples menção do seu nome provocando o pânico, e logo a maioria das pessoas recusavam-se a dize-lo, temendo atrair o mal que ele significava.



Esse bruxo tinha muitos seguidores, e esses pareciam aumentar a cada dia. Ninguém sabia ao certo quem eram, pois escondiam-se sob máscaras e capuzes, e usavam a alcunha de Comensais da Morte. O medo e a desconfiança impedia a formação de novos laços de amizade na comunidade bruxa, e mesmo antigos laços eram tratados muitas vezes com cautela, devido a inúmeras traições.



O único lugar onde todos se sentiam seguros era em Hogwarts, pois era sabido que o único a quem Voldemort temia era seu diretor, Alvo Dumbledore. Por isso o fim das férias de verão trazia uma alegria a mais aquele ano, além daquela de rever os amigos. Os estudantes poderiam, enfim, levar uma vida relativamente normal.



Os Donovan, junto com Lilly, Tiago, Remo e Sirius, aguardavam a chegada de Frank, Alice e Marlene. Pedro tinha ido encontrar a namorada em outro vagão. Desde de que Ana e Remo começaram a namorar, tinha se tornado natural os Marotos juntarem-se a eles em várias ocasiões.



- E aí, pessoal, como foram as férias? - perguntou Sirius, olhando diretamente para Kristyn, sentada a sua frente.



- Maravilhosas, e as suas? - respondeu casualmente.



- Razoáveis. Um pouco tediosas. - comentou Sirius, com seu costumeiro tom arrogante.



- Na verdade, Kristyn, Sirius parece entediado desde antes dos N.O.M.s - interviu Remo, em tom brincalhão - Acho que não ficou muito satisfeito com o desaparecimento de vocês.



- Nós não desaparecemos, Remo. - retrucou Ana - Sabe que precisamos atender a uma emergência familiar, e que por isso fizemos o exame em época especial.



Sabiam, porém, que a verdade é que, devido aos seus dons, foi decidido que eles deveriam fazer o exame à parte dos demais alunos, para evitar qualquer tipo de problema. Por isso, aquela estória tinha sido inventada para não atrair a atenção dos demais.



- Mas, pelo que eu soube, Remo, ele conseguiu driblar o tédio, não é mesmo? - retrucou Kristyn, sarcástica.



Vendo que Lílian fechava a cara à menção do episódio a beira do lago, Remo rapidamente mudou de assunto.



- E você, Lilly? Gostou de passar as férias no Brasil? - o rosto da garota se iluminou.



- Foi ótimo, Remo, você não imagina como aquele país é fascinante! É tudo tão vivo, tão cheio de cor e calor! Muito diferente da Inglaterra! As praias são maravilhosas, toda natureza é muito exuberante! E a música? Os ritmos tão diferentes do que estamos acostumados, parecem te envolver e te levar...



- É, Lílian, parece que você realmente se deixou levar! - divertido, Tiago interrompeu a narração esfuziante da garota.



- Você nem imagina o quanto, Potter. - retrucou Kristyn, sorrindo cinicamente. Tiago a olhou, intrigado. - Acho que posso afirmar, sem medo de errar, que o que Lílian mais gostou, foi a micareta a qual a levamos.



- É verdade, você comentou a respeito, Ana. E então, como foi?



- Não se preocupe, Lupin. - interviu Sebastian, rindo. - Como eu a protegi direitinho, assim como te prometi.



- E eu te protegi, como Marlene me fez prometer! - retrucou Ana, rindo com o primo.



- O que é essa "malagueta"?



- Não é "malagueta", é micareta, Tiago.



- Que seja, Remo! O que é isso, e por que eles precisavam de proteger um ao outro? - perguntou Sirius, desconfiado, olhando para a expressão divertida dos outros, e reparando que Lílian estava muito vermelha.



- Micareta é um Carnaval fora de época, Black. - respondeu Sebastian, e passou a explicar como era a festa.



- Realmente parece muito divertido, Donovan. - comentou Tiago, ao final do relato - Mas ainda não deu para entender por que vocês precisavam de proteção.



- Acho que vocês vão entender melhor quando virem uma coisa. - disse Ana, que estava remexendo em seu malão. Tirou de lá uma camiseta colorida, com dizeres que eles não entenderam, pois estavam em português. - Isso é um abadá. É o que se usa numa micareta.



- Tá, mas como isso explic...



Sirius parou de falar, olhando surpreso para o abadá. Ana tinha feito o feitiço tradutor, e agora eles entendiam perfeitamente a frase, que parecia dançar na camiseta, debochando dos dois rapazes que a observavam.



- "Quero mais é dar beijo na boca e ser feliz!"?!!!



- Isso resume perfeitamente o espírito de uma micareta, Potter. - comentou Kristyn.



- É, o lema nessas festas é "ninguém é de ninguém, e todo mundo é de todo mundo!". - completou Sebastian.



- Mas isso é uma pouca vergonha! Você participou disso, Evans?



- Ativamente, Potter.



- É, pode-se dizer que você, literalmente, vestiu a camisa, Lilly. - Kristyn brincou.



- E não apenas ela, não é, prima? - retrucou Ana, divertida, e virou-se para os dois rapazes. - Pensei até que elas tinham incorporado vocês dois.



- Acho que não vou gostar do significado disso.



- Concordo, Pontas.



- O que Ana quer dizer é que essas lindas garotas resolveram fazer uma pequena disputa.



- E eu ganhei nos primeiro e segundo dias. - contou Kristyn, com ar importante.



- Mas no terceiro, quem ganhou fui eu!



- Afinal, que disputa foi essa?



- Simples, Black. - começou a explicar Sebastian, sorrindo ao pensar na reação dos dois - Elas apostaram que ficava com mais caras em cada dia.



- O quê?!!! – gritaram Tiago e Sirius ao mesmo tempo.



- É isso ai. Foram três dias de micareta. Eu fiquei com três, seis e quatro e Lilly com dois, quatro e sete, respectivamente. No fim das contas, acabamos empatadas. - concluiu, displicente.



- Deixa ver se entendi bem. - começou Sirius, lentamente. Tiago estava em choque, parecia catatônico. - Em três dias, vocês ficaram com treze caras diferentes.



- Bingo! Ora, Black, quem diria, você sabe contar! - debochou Kristyn, divertindo-se com a raiva mal controlada do rapaz.



- Treze... - murmurou Tiago, o olhar fixo em Lilly.



- Acho que foi um bom índice, depois de quase dois anos sendo evitadas, concorda, Kristyn?



- Plenamente, Lilly. Na verdade, estou pensando que poderíamos pedir uma semana de despensa em fevereiro, para curtimos o Carnaval, e aumentarmos esse índice, o que acha?



- Fabuloso!



- Duvido muito que Dumbledore vá liberá-las para essa sem-vergonhice! - comentou Sirius, mal-humorado. E mentalmente completou: "Assim espero".



Nesse momento Marlene apareceu na cabine, cumprimentando a todos. Logo, Sebastian foi com ela para a outra cabine, acompanhados por Lupin e Ana, sob a justificativa de que assim divididos, ficariam melhor acomodados. Sirius aproveitou para sentar-se ao lado de Kristyn, deixando Tiago junto de Lilly.



Ele ainda não tinha conseguido ganhar a aposta, mas cumprira a promessa de ser um adversário a altura da garota. Kristyn confessara a prima que o rapaz realmente entendia de sedução, e que era muito difícil resistir ao seu assédio.



- Comporte-se, Black. - ordenou, quando Sirius colocou o braço em volta de seus ombros, ficando perigosamente próximo. Ele inclinou-se para falar em seu ouvido.



- Estou me comportando de acordo com suas regras. - murmurou ele, sua respiração provocando-lhe um arrepio. - Não queria sedução?



- Pra tudo existe hora e lugar. - retrucou, indicando com a cabeça Lilly e Tiago, que pareciam alheios a tudo, envolvidos numa acalorada conversa.



Sirius sorriu e deu de ombros, afastando-se um pouco. Podia ser paciente. Afinal, pelo que conhecia dos outros dois, não teria que esperar muito.



- ... e se você está tão desesperada por companhia masculina, por que não sai comigo de uma vez?!



- Eu não estou desesperada!



- Treze desconhecidos, Lilly!!!



- E não sairia contigo nem se as únicas opções fossem você e o Pirraça!!! - com isso ela levantou-se, saindo rapidamente da cabine.



- Não pense que acabamos, Lílian Evans! Trate de voltar aqui! - gritou Tiago, seguindo-a.



Ao ouvir a porta bater atrás do amigo, Sirius voltou-se para Kristyn, um brilho predador nos olhos e um sorriso malicioso nos lábios.



- Enfim, sós!



 


***************************



- Evans! Evans!



Lilly ouvia Tiago chamando-a, mas continuou seguindo pelo corredor do trem. Tinha esperança de chegar até a cabine dos monitores, onde poderia trancar-se em segurança. E quase conseguiu. Estava estendendo a mão para abrir a porta, quando foi agarrada pelos braços e forçada a seguir adiante e a entrar numa pequena cabine entre a dos monitores e do maquinista. Não teve sequer a chance de gritar.



Estavam na cabine onde a bruxa reabastecia o carrinho de doces. Uma parede era coberta de prateleiras até o teto, repletas de guloseimas. Na outra, um sofá velho, mas de aparência confortável. Uma mesa ficava bem no meio da cabine, em frente a janela, e Lílian apoiou-se nela ao virar-se para encarar Tiago, que fechara rapidamente a porta, recostando-se nela, os braços cruzados. Sua postura era ameaçadora.



- Potter, o que pensa que está fazendo?!



Ele a ignorou, continuando a olhá-la da mesma forma,, deixando-a nervosa. Passaram-se tensos segundos, antes que se manifestasse.



- Você me conhece a cinco anos, - começou lentamente - acho que poderia me chamar de Tiago, não é? Duvido que tenha chamado algum dos treze macacos pelo sobrenome.



- Não eram macacos, POTTER. Eram rapazes muito atraentes. - ela não resistiu a tentação de provocá-lo, e completou - E tínhamos coisas mais interessantes a fazer do que nos apresentarmos.



- Você está dizendo que sequer sabia o nome dos caras?



Lílian percebeu que não tinha sido muito inteligente provocá-lo, pois agora podia sentir o ar pesado com a raiva dele. Mesmo assim, ignorou a voz do bom senso.



- Isso mesmo! - confirmou desafiadora, recuando a seguir para trás da mesa, ao vê-lo começar a caminhar em sua direção. - O que pensa que vai fazer agora, Potter?



- O que devia ter feito há muito tempo. Você acabou de confirmar que prefere ações às palavras, então, vamos a ação!



- Não se atreva! Pode ficar onde está! - tentou sacar sua varinha, mas ele se antecipou, desarmando-a rapidamente, e guardando a varinha junto com a sua. Tinha dado já a volta na mesa, mas Lilly fugira pelo outro lado, correndo para porta.



Não conseguiu sair, porém. Tiago havia trancado a porta magicamente. Lílian travava uma furiosa briga com a maçaneta, quando de repente sentiu-se agarrada pelos ombros, e foi virada, ficando presa entre a porta e o corpo de Tiago, que plantara as mãos na porta dos dois lados de seu corpo, impedindo qualquer tentativa de fuga.



- Já disse para parar com essa brincadeira sem graça, Potter!



- Então acha que estou brincando?



- Não. Mas, agora que você falou, me deu uma idéia. Vamos fazer um joguinho.



- Não quero saber de joguinho nenhum! Me deixa sair daqui!!!



- Não. - retrucou calmamente. O brilho furioso em seus olhos tinha sido substituído por outro alegre e malicioso. - Querendo ou não, você vai jogar comigo. As regras são muito simples: você tem que dizer o que eu quero ouvir.



- Nem em sonho! - retrucou automaticamente, para completar em seguida. - O que você quer ouvir?



- Isso, você vai ter que descobrir. O importante é que eu não vou parar enquanto você não disser.



- Parar o quê?



- Isso.



Colou os lábios aos dela, que entretida com a conversa, tinha esquecido momentaneamente de como estavam próximos, e do perigo dessa proximidade. Lílian tentava coordenar as idéias, e fazer com que suas mãos empurrassem o peito do rapaz, mas a ordem parecia se perder em algum lugar do caminho, e elas continuavam paradas, sentindo o coração dele bater acelerado. Como o dela.



Os lábios dele provocavam sensações poderosas, que se espalhavam por todo seu corpo, fazendo-a desejar abraça-lo, trazê-lo mais para perto de si. Mas, de alguma forma, conseguiu resistir.



Ele interrompeu o beijo por alguns instantes, e ela aproveitou o ensejo.



- Potter, trate de parar com ...



Foi interrompida por um novo ataque, e dessa vez, mais eficaz. Tiago conseguira manter seus lábios entreabertos, invadindo sua boca com a língua. O gosto dele era muito bom, e ele realmente sabia beijar uma garota. Lílian nunca tinha experimentado nada tão bom, nem mesmo com os brasileiros que conhecera nas férias.



Desistiu de tentar pensar ou resistir, e agarrou-se a ele, passando a acariciar seus cabelos e suas costas. Seus corpos agora estavam grudados, e Lilly podia sentir como o afetava. As mãos de Tiago passeavam por todo seu corpo, fazendo-a mergulhar ainda mais naquele redemoinho de sensações. Sentiu as pernas fracas, e com certeza teria caído, se não estivesse agarrada ao rapaz. Ele deve ter percebido, pois segurou suas coxas, fazendo-a envolver sua cintura com as pernas, e virou o corpo, levando-a até a mesa, onde a sentou. Fez isso sem deixar de beijá-la. Se Lilly conseguisse pensar em algo, ficaria impressionada com sua habilidade.



- Tiago...



Ele suspirou ao ouvir a garota murmurar seu nome, com evidente prazer. A muito custo interrompeu o beijo, encostando a testa na dela, ofegante, enquanto tentava recuperar o fôlego.



- Isso é típico de você, Lilly. - murmurou com voz rouca, depois de alguns instantes. - Acabou com o jogo justo quando ficava mais interessante.



Soltou-se dela, indo até a porta e destrancando-a. Voltou-se para ela com um sorriso.



- Mas eu dei minha palavra. Trate de me chamar de Tiago daqui pra frente. Cada vez que me chamar de Potter, eu te beijarei. Se não puder na hora, eu saberei esperar. E o convite para sair comigo continua de pé. A hora que você quiser, estarei disposto a continuar o que começamos hoje.



Com essas palavras, saiu da cabine, antes que Lilly pudesse esboçar qualquer reação, e afastou-se rapidamente pelo corredor. Sabia que logo ela estaria furiosa novamente, por isso, trataria de manter-se bem afastado dela nas próximas horas.



Sorriu satisfeito. Ela poderia até matá-lo, mas ele morreria feliz. Não só tivera momentos maravilhosos com sua garota, como tivera também a confirmação de que ela se sentia atraída por ele. Poderia trabalhar em cima dessa informação. Em breve, ela seria sua.




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