Revelações



CAPÍTULO XIX


Revelações


N/A: Eu estava ouvindo essa música aí embaixo quando escrevia o capítulo, e achei que tinha tudo a ver com o Remo e a Ana, por isso iniciei o cap. com ela, espero que gostem. Bjks.


 


**************************


 


No, I can't forget this evening

Or your face as you were leaving

But I guess that's just the way the story goes

You always smile but in your eyes your sorrow shows

Yes, it shows

No, I can't forget tomorrow

When I think of all my sorrow

When I had you girl but then I let you go

And now it's only fair that I should let you know

What you should know

I can't live if living is without you

I can't live, I can't give any more

I can't live if living is without you

I can't give, I can't give any more


Without You - Harry Nilsson


  


***************************


 


Ainda estavam em choque quando ouviram um estampido, e Dumbledore surgiu diante deles, o semblante contrito, correndo para onde Remo estava com Ana.


- Rápido, não temos tempo a perder se quisermos salvá-la!


- É tarde demais, professor. - retrucou Lupin, a voz angustiada - Ela se foi...


- Não, Remo, - contradisse, muito sério - posso garantir que ainda existe um sopro de vida nela. E onde há vida, há esperança. Vamos, traga-a com você. Nós vamos salvá-la!


Reanimado pelas palavras do diretor, Remo ergueu-se com Ana no colo, enquanto Dumbledore se dirigia aos outros Donovan.


- Eu estava na Ilha, por isso demorei tanto a atender ao seu chamado. Dierna veio comigo, e trouxemos algo que pode ajudar. Mas temos que voltar imediatamente ao castelo. - voltou-se para os outros - Quanto a vocês, voltem para as carruagens, e vão direto para a ala hospitalar, cuidar desses ferimentos. Haverá tempo depois para quaisquer esclarecimentos. - completou, ao vê-los protestarem.


Reuniu-se então a Lupin e aos Donovan, desaparecendo diante dos outros, que entreolharam-se, receosos, e sem alternativa, obedeceram as ordens recebidas.


 


********************************


Quando chegaram ao escritório de Dumbledore, encontraram uma bela mulher, usando uma longa túnica azul e um cinturão com o símbolo de uma meia-lua. O mesmo símbolo que ostentava na testa. Ao vê-los, ela correu ao seu encontro.


- Minha querida menina... - murmurou aflita, afastando os cabelos do rosto de Ana - Precisamos ser rápidos!


- Acredita que ela ainda tem chance, Dierna? - perguntou Kristyn, tentando agarrar-se a um fio de esperança.


- Talvez, Kristyn, eu não sei. - suspirou tristemente - Mas temos que tentar. Venha, rapaz, traga-a aqui. - foi na frente, passando para outra sala por uma porta lateral, seguida por Remo e os outros.


A sala estava iluminada por velas distribuídas estrategicamente, de forma a criar uma atmosfera relaxante. Fora as velas, a única coisa na sala era uma grande pirâmide de cristal, disposta bem no centro do aposento.


Dierna foi até a pirâmide, estendendo a mão sobre ela, e proferindo palavras de um idioma muito antigo. Dali a pouco afastou-se, e os quatro lados do objeto baixaram, fazendo-o assemelhar-se a uma estrela sobre o piso.


- Coloque-a no centro. - Remo obedeceu, pousando-a delicadamente sobre o cristal frio, e recuando para fora do objeto, que tornou a fechar-se. - Kristyn, Sebastian, venham. E você, rapaz... - voltou-se para Remo, enquanto os primos posicionavam-se em dois lados da pirâmide - Você a ama?


Lupin sustentou a força do olhar com que ela o encarava, sem titubear.


- Sim, eu a amo. - respondeu simplesmente.


- Ótimo, então venha também. Dumbledore, sabe que eu tenho que pedir...


- Já estou saindo, Dierna. - interrompeu amavelmente - Começarei a cuidar dos outros procedimentos. Desejo-lhes sucesso.


Depois que ele saiu, Dierna voltou-se para os três, que aguardavam ansiosos as próximas instruções.


- Essa pirâmide é um poderoso canalizador de energia. Nós a usaremos para doarmos a Ana a energia necessária para lutar por sua vida. Ponham suas mãos sobre o cristal, assim. Agora, concentrem-se no amor que sentem por Ana, pois a sua presença na energia doada será fundamental. - fechando os olhos, ela começou a entoar um cântico melodioso, no mesmo antigo dialeto que usara antes.


Eles seguiram as instruções fervorosamente, dedicando cada átomo de seus seres à tarefa. Logo o interior da pirâmide estava repleto de luz, fazendo-a brilhar intensamente com a energia que emanava dos quatro. Pouco depois, Remo notou que o amuleto de Ana passara a emitir um brilho tímido, quase imperceptível. Olhando para os outros Donovan, viu que seus amuletos também brilhavam como antes, enquanto entoavam o mesmo cântico de Dierna. Como não podia acompanhá-los, tornou a fechar os olhos, concentrando-se em seu amor pela garota.


 


**********************************


Algum tempo depois, Dumbledore estava às voltas com seus preparativos, quando viu seu escritório ser invadido por seis jovens ansiosos, falando todos ao mesmo tempo.


- Onde eles estão, professor?


- Como ela está?


- Ela vai ficar bem?


- Podemos fazer alguma coisa?


Dumbledore recostou-se calmamente, olhando-os por sobre os óculos de meia-lua, enquanto aguardava eles terminarem com a enxurrada de perguntas.


- Eu acho - começou em tom sério - que disse claramente que deveriam ir para a enfermaria, não foi?


- Se tivéssemos feito isso, - retrucou Alice - Madame Pomfrey não nos deixaria sair de lá.


- Suas palavras mostram que sabem muito bem que precisam de cuidados.


- Professor, o que menos nos importa agora são nossos ferimentos. - declarou Marlene. Frank havia envolvido sua pena com ataduras, prendendo-a numa tala - Nossa preocupação é com a vida de Ana!


Os amigos manifestaram seu apoio, com exclamações de concordância.


- Por favor, professor, diga-nos... - pediu Lílian, os lábios tremendo. Estava muito abalada com o que acontecera, e a culpa a consumia - Ela vai sobreviver?


Dumbledore suspirou profundamente, antes de responder.


- Dierna e os outros estão se esforçando ao máximo para mantê-la viva, mas seu caso é muito sério, e apenas isso não bastará para salvá-la.


- E o que mais pode ser feito? - indagou Sirius, em tom contido.


- Dierna trouxe a receita de uma poção que poderá ajudar. Porém, sua execução é muito complexa, e não posso pedir a nossa mestre de poções para prepará-la, pois para surtir efeito, deve ser feita por alguém que tenha relação de proximidade com o ferido.


- Eu posso prepará-la! - propôs Alice, animada.


- É isso mesmo, professor. - apoiou Tiago - Alice é ótima em poções, alcançou índice máximo nos N.O.M.s, e é muito amiga de Ana.


- Não duvido de sua qualificação, Alice, - respondeu Dumbledore - mas a situação não é tão simples. A maioria dos ingredientes podem ser encontrados no armário da professora Drückgeister, mas três deles não são de fácil acesso. Na verdade, vou levar algum tempo para conseguir estes dois, - apontou para lista a sua frente - e o último ingrediente é tão raro, que há muitos anos não se houve falar em algum lugar onde pode ser encontrado.


- Professor, - começou Tiago, trocando um olhar com o amigo Sirius, depois de verificar a lista - e se nós disséssemos que podemos conseguir este último ingrediente?


Todos voltaram-se espantados para os dois, que encaravam firmemente o diretor, aguardando a resposta.


- E como fariam isso?


- Isso não vem ao caso. - respondeu Sirius - O que importa é que podemos trazê-lo em, digamos, umas três horas. O que nos diz? - perguntou, ansioso.


- Eu digo, Sirius, - começou lentamente, encarando-os severamente - para se apressarem. - concluiu, erguendo-se com repentina energia - Frank, por favor, vá até as masmorras e diga a professora Drückgeister para lhe fornecer esse material. - entregou a lista ao rapaz - Lílian, Marlene, ajudem Alice com os preparativos. Eu vou em busca dos outros ingredientes. Sejam rápidos!


Com isso ele desapareceu com um giro de sua capa, enquanto os alunos apressavam-se em seguir-lhe as instruções.


 


********************************


Algumas horas mais tarde, todos já haviam retornado, exceto Sirius e Tiago. A poção borbulhava no caldeirão que fora armado no meio do escritório, à espera do ingrediente final.


- Onde eles estão? - Lílian andava aflita pelo aposento.


Alice trocava olhares preocupados com Frank e Marlene, enquanto mexia a poção, verificando seu andamento. Se eles não chegassem logo, ela estaria perdida.


Apenas Dumbledore parecia tranqüilo. Reclinado em sua cadeira, ele trazia as mão cruzadas sobre o peito, e fitava calmamente o teto, enquanto esperava.


De repente a porta abriu-se com estrépito, e os dois entraram correndo, ofegantes. Suas vestes estavam rasgadas, e eles apresentavam várias escoriações. Todos olharam-nos com expectativa. Eles sorriram, mostrando a sacola de couro que traziam.


- Conseguimos!


 


********************************


- Está terminada, professor. - anunciou Alice, pouco depois.


- Ótimo, Alice, agora só falta um detalhe. - erguendo sua varinha, Dumbledore abriu um armário do outro lado da sala, e dele veio flutuando um belo cálice, todo trabalhado com antigas inscrições. Ele ficou parado no ar em frente a Lílian.


- Professor, isso é...


- Sim, Marlene, este é o Graal, o Cálice Sagrado.


- Pensei que ele tinha desaparecido, juntamente com Avalon. - comentou Frank, olhando incrédulo para o objeto.


- Existem muitas coisas que vocês não sabem. - respondeu simplesmente, e então fez um gesto de incentivo para Lílian - Pegue-o.


A garota obedeceu, e ao envolvê-lo com seus dedos, sentiu a poderosa energia que o cálice emanava fluir por eles, provocando-lhe uma sensação de paz e bem-estar.


- Para surtir efeito, - Dumbledore explicava, enquanto Alice derramava a poção no cálice - a poção deve ser ministrada pela pessoa por quem o sacrifício foi feito. Vá, minha querida, - indicou a sala onde Ana estava sendo tratada - eles a estão aguardando.


Lílian seguiu determinada até a amiga, adentrando a pirâmide, e fazendo-a beber o líquido estranhamente frio, enquanto silenciosamente pedia a qualquer poder supremo que salvasse a vida da amiga.


Depois de ministrada a poção, Dierna anunciou que deveriam se retirar.


- Não há mais nada que possamos fazer agora, além de aguardar. - explicou ela - A pirâmide já canalizou o máximo de energia possível. Agora, dependerá somente de Ana a sua recuperação, e para isso ela deve ficar só. Vamos.


Relutantemente eles obedeceram. Remo foi o último a sair, depois de lançar um olhar sofrido para a namorada, que permanecia inerte.


- Vocês devem ir cuidar desses ferimentos e descansar. - Dizia Dumbledore, impaciente, quando Remo entrou no escritório - O processo ainda levará muitas horas.


- Nós ficaremos. - declarou Marlene, determinada.


- Enquanto Ana estiver lutando pela vida, nós não sairemos de perto dela. - insistiu Alice, sendo apoiada pelos amigos.


Vendo que não conseguiria vencer a obstinação dos jovens, e sem querer impor sua autoridade, o diretor suspirou profundamente.


- Está bem, então, mas insisto em que vejam Madame Pomfrey. - ao vê-los protestarem, argumentou - Será rápido, prometo que depois poderão voltar para cá. Mas quero ver esses ferimentos tratados, imediatamente. Agora vamos, todos vocês devem ser examinados, passaram por momentos terríveis hoje.


 


*************************************


Madame Pomfrey os atendeu prontamente, reclamando da demora em procurar seus cuidados. Num instante ela deu um jeito no braço de Alice, na perna de Marlene, e nos ferimentos mais leves de todos. Examinou um a um, por fim declarando que não havia dano mais grave, porém insistindo para que tomassem uma poção revigorante, pois estavam muito abatidos.


Apesar dos protestos da medi-bruxa, Dumbledore cumpriu sua palavra, e logo eles estavam de volta ao escritório do diretor, mas agora Dierna não estava mais sozinha. Sentada numa cadeira ao seu lado, a professora McGonagall estava mais rígida do que nunca, seus lábios apertados numa tinha tão fina que quase desapareciam. Assim que entraram, ela voltou os olhos úmidos na direção deles.


- Vim assim que pude, Alvo. - era notável seu esforço para manter a postura calma.


- Sei que esteve muito ocupada tentando controlar essa crise, Minerva. - respondeu Dumbledore, voltando a sua cadeira, depois de conjurar acomodações confortáveis para todos - Sinto tê-la sobrecarregado.


- O pior já havia passado, e você tinha assuntos mais importantes a resolver. - ela descartou sua preocupação - Ela vai ficar bem?


- É o que todos queremos saber, Minerva.


- Não sei se agimos a tempo - Dierna respondeu ao olhar inquisitivo que ele lhe lançou - Ela já estava muito além do ponto de retorno.


- O que quer dizer com isso? - rosnou Remo, enfurecido - Ela TEM QUE VIVER!


- Isso, Remo, não está em nossas mãos. - retrucou Dumbledore, calmamente - O que nos resta agora é esperar, enquanto o destino de Ana é decidido. Como não consigo convencê-los a irem descansar - deu um sorriso triste - e como teremos um longo tempo a nossa frente, acho que chegou o momento de vocês conhecerem toda a verdade.


- Acha que é prudente, Dumbledore?


- Sim, Dierna, não tenho dúvidas quanto a isso. - ele voltou-se novamente para os jovens, que o observavam com expectativa, exceto pelos Donovan, que já sabiam o que Dumbledore contaria, e Remo, para quem nada mais importava, a não ser Ana. - Hoje demonstraram imensa coragem e lealdade. Agora mesmo, estão mais preocupados com a amiga, do que consigo próprios, o que corrobora a opinião que sempre tive sobre todos vocês: são jovens formidáveis, e por isso merecem saber a verdade sobre tudo isso que aconteceu.


- Sobre o ataque em si, acredito que não são necessárias explicações. - continuou ele, observando-os sobre os óculos de meia lua - Todos sabem sobre Voldemort, e sua campanha para controlar o poder.


- É verdade, professor - concordou Frank - Acho que o que todos queremos entender é o que aconteceu depois do ataque.


- Para entenderem completamente, acho melhor pedir que Dierna explique como tudo começou. Por favor, Dierna... - Dumbledore incentivou-a com um gesto.


- A história toda tem início em Avalon, pouco depois que Caillean e os outros a separaram do dito mundo real. - começou ela, e com um gesto de suas mãos, uma imagem surgiu no ar diante deles, como se assistissem a um filme. - Um grupo de soldados romanos foi até Glastonbury dispostos a averiguar os misteriosos boatos que corriam sobre o lugar.


Conforme Dierna avançava em sua narrativa, a tela ilustrava suas palavras, mostrando quando os soldados chegaram a Ilha, deparando-se com um grupo de nativos, que executavam seus ritos de agradecimento a Deusa entre as pedras sagradas.


- Indignado com o que considerava uma afronta a seus próprios deuses, o líder dos soldados ordenou a prisão de todos. Depois, decidiu como punição queimá-los vivos.


Puderam ver o terror que a ordem causara nos prisioneiros. Então, três jovens soldados puseram-se a frente deles, defendendo-os. Três jovens idênticos.


- Os Domnus não permitiram. Filhos de uma antiga e valorosa família romana, eram valentes guerreiros, e muito honrados para permitirem tamanha barbárie.


Viram quando os Domnus libertaram os prisioneiros, que fugiram rapidamente, enquanto os gêmeos enfrentavam os outros soldados. Depois de algum tempo de luta, porém, foram derrotados. O líder, mais furioso do que antes, ordenou a morte dos três, também pelo fogo.


- Apesar disso, os gêmeos romanos sobreviveram. Graças a sua bondade em proteger aqueles que deviam ser seus inimigos, a Deusa interviu, salvando-os quando seus antigos companheiros atearam fogo a seus corpos, e levando-os a presença de Merlin, de quem receberam dons especiais, e um poderoso Talismã, que os ajudariam em sua nova missão. Eles eram agora os guardiões de Avalon, e deveriam ajudar a manter o equilíbrio entre o mundo mágico e o não-mágico.


A partir daí, a imagem apagou-se, e Dierna continuou seu relato.


- Para essa nova vida, eles tiveram que deixar sua herança romana para trás, e adotaram um nome galês para sua família.


- Os DeLanyea. - concluiu Sirius, surpreendendo-a.


- Eu disse que eles sabiam demais. - resmungou Sebastian.


- Eles formaram uma tríade, conhecida como a Tríade do Gaworn, que era o Talismã que Merlin lhes dera. Cada um possuía um dom específico, e desde então, a cada geração da família, uma nova tríade nascia, com esses mesmos dons. Durante séculos, eles protegeram a Ilha contra invasores. Quando, porém, os Templários se tornaram uma forte ameaça ao segredo de Avalon, medidas drásticas foram tomadas para sua segurança.


- Não foi nessa época que a Ilha foi destruída?


- Não, Frank. - respondeu Dumbledore - Avalon nunca foi destruída.


- Quer dizer que a Ilha ainda existe? - espantou-se Alice.


- Isso é impossível! Durante séculos os bruxos tentaram, sem sucesso, chegar até ela. - argumentou Tiago.


- Isso porque estavam procurando no lugar errado. - retrucou Dierna.


- Como assim? Todos sabem que a Ilha ficava em Glastonbury!


- Disse bem, rapaz: ficava. Com a ameaça dos Templários, os sábios da ilha e seus guardiões resolveram realizar um poderoso feitiço, mais forte até do que fora feito originalmente, para transferirem a Ilha para um local mais seguro.


- Deixa ver se eu entendi. - interrompeu Marlene - está nos dizendo que eles mudaram a ilha de lugar? Simples assim? - duvidou ela.


- Não houve nada de simples. Muitas vidas se perderam durante a realização do feitiço, inclusive as daquela Tríade, mas no fim eles conseguiram.


- Desculpe perguntar isso, Dierna, - Alice disse de forma cautelosa - Mas, onde você se encaixa nessa história toda.


- Sou a Senhora de Avalon - respondeu altiva - Suma Sacerdotisa da Ilha Sagrada.


- E onde está a Ilha agora? - perguntou Marlene.


- Isso, minha cara, é segredo.


- Na Irlanda. - Dierna voltou-se, surpresa, para Sirius - Onde a família DeLanyea reapareceu com o nome Donovan.


- Então vocês... - Alice começou, encarando Kristyn e Sebastian.


- Somos a Tríade atual. - completou Kristyn.


- E quais são esses dons especiais de que falaram? - perguntou Frank, curioso.


- Como já sabem, Ana é uma Sensitiva.


- Acreditamos que Sebastian seja um Telepata.


- Não, Black. - retrucou com ar meio ofendido - Sou um Vidente, o que é muito mais do que um Telepata.


- Sebastian vem nos mantendo informados sobre os passos de Voldemort. - informou Dumbledore - Claro, dentro daquilo que pode revelar.


- Como assim, professor?


- Não podemos intervir diretamente nos acontecimentos, a não ser para proteger a Ilha, ou em casos especiais, quando essa intervenção é determinante para que certas coisas aconteçam.


- E como sabem quando podem intervir?


- Através do Gaworn.


- Esse Gaworn... são esses amuletos que usam?


- Exatamente. Separados, assim, funcionam como amplificadores de nossos dons, servindo também como um poderoso elo entre nós. Quando estão em sua forma única, porém, formam o Talismã da Tríade, que concentra o poder do próprio Merlin.


- E o seu dom, Kristyn? - perguntou Frank.


- Sou uma Feiticeira.


- Kristyn possui a essência mais pura de nosso poder bruxo. - explicou Dumbledore, ao perceber que os outros não haviam entendido a diferença - Diferente do resto de nós, ela não precisa de uma varinha, apesar de poder usá-la muito bem, como qualquer bruxo. Além disso, ela controla qualquer elemento com a mesma naturalidade com que respira.


- Mas não foi sempre assim. Passamos por um rígido treinamento em Avalon, antes de sermos capazes de controlar plenamente nossos poderes.


- Então era lá que estavam, antes de virem para Hogwarts.


- Isso mesmo. Eu já andava preocupado com as atividades de Voldemort, quando Dierna entrou em contato comigo, revelando que um período de trevas se aproximava. Foi decidido então que a Tríade viria para nossa escola, para tentar nos ajudar no que lhes fosse permitido.


- Então Remo estava certo. - comentou Tiago - Era o senhor quem eles procuravam em suas saídas noturnas. O que não entendo, é por que tanto segredo.


- Meu caro Tiago, a história da Tríade é muito antiga, e, diferente de Avalon, pouco conhecida. Porém, os dons especiais de nossos jovens amigos com certeza chamariam a atenção do Lord das Trevas, e não demoraria muito para ele descobrir tudo sobre eles.


- O que poria em risco não apenas Avalon, mas também a vida dos três. - completou Dierna - Voldemort não descansaria até conseguir o Talismã.


- Se esse Talismã é tão poderoso, - perguntou Remo, irritado, manifestando-se pela primeira vez - por que Ana está agora à beira da morte?


- Porque esse é o preço. - respondeu Sebastian, os olhos desmentindo a falta de emoção em sua voz - Ana sabia que Lílian estava além do seu alcance, mesmo com o auxílio do Gaworn.


- Então, por quê? - perguntou Lílian, emocionada - Por que ela fez isso? Minha vida não era mais valiosa do que a dela!


- Ela não pensava assim. - retrucou Kristyn - E decidiu pagar o preço porque não suportaria ver uma amiga, alguém que ela ama, morrer, sem tentar tudo para salvá-la.


- Mas...


- Por favor, Lílian. - interrompeu Sebastian, ríspido - Acha que não sabíamos, eu e Kristyn, o que aconteceria? Poderíamos tê-la impedido, se quiséssemos.


- Então por que não impediram?! - a voz de Lílian estava repleta de agonia.


- Porque foi a escolha dela. - respondeu Kristyn, suavemente, enquanto segurava o rosto de Lílian, fazendo-a encará-la - Não se culpe, Lílian. Minha prima não merece que você faça isso com ela. Se quer descobrir por que ela fez isso, olhe dentro de si mesma. Depois me diga se não faria o mesmo se estivesse no lugar dela. Aliás, - ela olhou para os amigos - tenho certeza que qualquer um aqui agiria da mesma forma.


Depois disso, o silêncio imperou no escritório, cada um remoendo seus pensamentos, durante horas de agonizante espera. O sol já estava nascendo, quando Kristyn notou o olhar de desalento que Dierna trocou com Dumbledore.


- Algum problema, Dierna? - perguntou temerosa, sua voz chamando a atenção de todos - Quanto tempo ainda falta?


- Na verdade, Kristyn, ela já devia ter acordado há algumas horas. - seu tom era de profundo pesar - Nós falhamos.


- Como assim, falhamos?! - rugiu Remo - Então vocês vêm, nos enchem de esperança, depois simplesmente declaram que falhamos, que não adiantou nada?!!!


- Remo, controle-se, ela não tem culpa...


- Você está certo, Sirius! - gritou, descontrolado, desvencilhando-se dos amigos que tentavam contê-lo - A culpa é daquela vagabunda da sua prima! Mas ela não vai sair bem disso, você pode ter certeza! Eu vou persegui-la até o inferno, se for preciso, mas eu vou encontrá-la! E quando isso acontecer, ela vai suplicar que eu acabe com sua vida bem rápido.


- Remo, tente se acalmar - pediu Marlene - Eu sei que ela merece, mas é muito arriscado para você fazer isso. Os amigos dela são perigosos...


- Eu também sou. - retrucou, com uma raiva fria - E contanto que eu acabe com ela primeiro, os outros podem me torturar, matar, o que for. Sinceramente, eu não me importo nem um pouco.


- Mas eu, sim. E muito! - replicou uma voz suave às suas costas.


 


****************************


N/A: Esse cap. foi bem mais parado que os últimos, não é? Desculpem, ele serviu basicamente para explicações - viajantes - sobre a Tríade(rsrsrs). Como pareceu funcionar da última vez, vou repetir: Pelo amor de Deus, comentem!


 Tradução de Without You:


 Não, não posso esquecer essa noite


Ou seu rosto enquanto você partia


Mas acho que é assim que são as coisas


Você sempre sorri, mas em seus olhos sua


dor se mostra,


Sim ela se mostra


Não, não posso esquecer o amanhã


Quando eu pensar na minha tristeza


Quando eu a tinha, menina mas deixei você partir


E agora ficou apenas a beleza


Eu deveria mostrar a você


O que você deveria saber


Eu não posso viver se a vida for sem você


Eu não posso viver, eu não posso mais continuar


Eu não posso viver se a vida for sem você


Eu não posso viver, eu não posso mais continuar


 


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.