Traquinagens e Descobertas



CAPÍTULO VI



Traquinagens e Descobertas



 


No dia seguinte, Tiago continuava irritado. Queria muito encontrar o Snape pela frente, para poder descontar sua raiva em alguém.



- Ainda não consigo acreditar que nos enganamos tanto a respeito de ontem. - comentou Sirius, aborrecido, enquanto sentavam-se para o café da manhã. Os três tinham acabado de chegar ao salão principal, e juntaram-se a Pettigrew, que descera antes. Ele resmungou um "bom dia" de boca cheia e continuou comendo.



- E nem deve, Almofadinhas. - respondeu Remo.



- O que quer dizer com isso, Aluado? - perguntou Sirius, intrigado.



- Que nós não estávamos enganados sobre aquela correspondência.



- Remo, eu já contei, era apenas uma carta corriqueira! - disse Tiago, impaciente.



- Não era, não. - afirmou Remo, tranqüilamente.



- Eu sei o que eu vi!



- O que você viu foi um logro, um embuste, para nos despistar. - retrucou Lupin.



- Mas eles não tinham como saber que eu estava lá!



- Eles sabiam.



- NÃO sabiam! Tenho certeza que consegui "fechar" minha mente! - Tiago voltou-se para Sirius - Diga a ele, Sirius!



Sirius, que vinha acompanhando o diálogo pensativamente, perguntou, sério.



- Acha mesmo que eles sabiam, Remo?



- Tenho certeza. Vejam bem, não estou duvidando de você, Pontas. - apaziguou - Mas, de algum modo, eles tinham conhecimento da sua presença. Se você "fechou" sua mente, isso significa que eles têm outros meios de nos perceber. - concluiu.



Sirius concordou com a cabeça. Respeitava muito a opinião do amigo. Se ele dizia aquilo, então devia ser verdade.



Tiago estava revoltado.



- Eu não acredito que me enganaram desse jeito! - se possível, estava ainda mais irritado do que antes. Voltou-se para Lupin - Por que não me disse isso ontem?



- Porque, meu caro Pontas, - explicou, com um sorriso cansado. - você iria querer voltar para junto deles, o que seria uma grande perda de tempo. Eles não iriam se revelar.



Tiago foi obrigado a concordar com o amigo. Sabia que era muito impulsivo.



- E o que fazemos agora? Desistimos? - perguntou Sirius, com desdém.



- Nunca! Um Maroto nunca desiste! - respondeu Potter, mais animado agora.



- O que precisamos agora é descobrir como eles sabiam sobre você, Tiago. - afirmou Lupin - Só depois disso poderemos traçar uma estratégia para descobrir o que era aquilo que o falcão trouxe. Porque, uma coisa eu sei: não foram chocolates. - concluiu, e os amigos notaram que ele estava muito pálido, parecia se sentir mau. - Não se preocupem. - tranqüilizou-os, sorrindo fracamente - É apenas a época do mês.



Eles lembraram então que a lua cheia estava se aproximando. Ao contrário do amigo, eles se animaram, pois aquilo significava que viveriam novas aventuras.



 


**********************



A primeira aula do dia era dupla, de poções. Grifinória e Sonserina. Eles estavam aguardando no corredor, quando Potter chamou a atenção de Black, indicando discretamente com a cabeça o grupo que se aproximava.



- Sua família sabe mesmo escolher as companhias, hein, Almofadinhas? - comentou, irônico.



Narcisa Black, cujos cabelos eram tão loiros quanto os de seu primo eram negros, vinha agarrada a Lúcio Malfoy, o líder do grupo de malfeitores da Sonserina. Ao passar por eles, ela os olhou com desprezo, para em seguida empinar o nariz, virando o rosto na direção contrária.



Sirius a observou com um olhar cruel e um sorriso de desdém, falando para o amigo.



- Narcisa e sua irmã Bellatrix são perfeitos exemplares da família Black. Graças a Deus, Andie não é como as irmãs.



- E como vai nossa querida Andrômeda? - perguntou Remo, entrando na conversa.



- Grávida e feliz! - resumiu Sirius, com um largo sorriso. - Desde que fugiu para se casar com aquele trouxa, Tonks, ela não cabe em si de felicidade.



- Acho que ninguém pode culpá-la por isso. - comentou Tiago, observando novamente a prima do amigo.



- Realmente, ninguém, a não ser minha família. - retrucou Sirius, irônico. - Ela já foi deserdada e retirada da árvore genealógica da família. Espero um dia conseguir o mesmo.



Andrômeda era prima de Sirius, irmã do meio de Bellatrix e Narcisa. Havia se formado em Hogwarts no ano anterior, e saíra da escola direto para casa de Neil Tonks, um trouxa com quem se casou.



Nesse momento a prof.ª Drückgeister chegou, e os conduziu, em silêncio, para dentro da masmorra. Sua figura inibia qualquer conversa, até mesmo os alunos da Sonserina - exceto Snape, seu favorito - a temiam. Todos comentavam que não era à toa que ela tinha aquele nome, e diziam que era bem capaz de sufocar alguém até a morte.



Assim que todos entraram, ela começou, com sua voz gélida, a dar as instruções para a poção que preparariam naquele dia.



 


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"Parece que nossos amigos mudaram de alvo", comentou Sebastian, enquanto começava a preparar sua poção.



Kristyn e Ana olharam discretamente na direção dos Marotos. Eles conversavam animadamente, em voz baixa, enquanto observavam um rapaz próximo a eles, de cabelos oleosos e nariz de gancho, muito concentrado no preparo de sua poção.



"Não, meu caro, simplesmente voltaram ao alvo de sempre", retrucou Kristyn, irônica.



"Eles não deviam agir assim", criticou Ana, "Ele não fez nada a eles"



"Não devemos nos meter nessa rixa, Ana.", disse Sebastian "Mas, pelo que pude perceber desde que chegamos, Snape provavelmente merece essa perseguição"



Satisfeitos por seu logro ter funcionado e desviado a atenção deles, voltaram a se concentrar na tarefa, deixando os Marotos envoltos com seus planos.



 


**********************************



O som da explosão ecoou por toda masmorra. Todos se assustaram, virando-se na direção do estrondo. E então, caíram na risada. Exceto a professora.



- Sr. Snape, vá procurar Madame Pomfrey na enfermaria. - disse friamente, lançando um olhar gélido na direção de quatro alunos que riam muito, particularmente divertidos.



Snape passou praticamente voando por entre os caldeirões dos colegas. Sua figura, se fosse outro, seria digna de pena.



Quando o caldeirão explodiu, seu conteúdo se derramou todo sobre ele. O resultado foi que seu corpo estava todo coberto de furúnculos, e tanto seus cabelos como suas vestes ficaram de um tom berrante de cor-de-rosa.



Apenas a presença sinistra da professora era capaz de impedir que a aula descambasse para balbúrdia total.



 


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- Você se acha bem espertinho, não é, Potter? - acusou Lílian, com raiva, na saída da aula.



Tiago voltou-se para garota, com expressão de fingida surpresa e inocência.



- Eu, Evans?! - exclamou, pousando a mão no peito, de forma teatral. - Por quê?!



- Não banque o desentendido! Eu sei muito bem que foi você e seus amiguinhos que fizeram essa brincadeira de mau gosto com o Snape.



- Essa é uma acusação muito séria e injusta, Evans. - intrometeu-se Sirius, com superioridade e falsa seriedade.



- Pode ser séria, mas não injusta Black! - retrucou Lilly, irritada - Eu vi quando seu amiguinho aqui fez aquele frasco levitar até o caldeirão do Snape. E quando VOCÊ aumentou a intensidade daquele fogo. A sorte de vocês é que eu não sou uma monitora, ou então teriam que sair do time de quadribol, tantas as detenções que teriam que cumprir! - finalizou, e virou-se decidida em direção as escadas.



- Ei, Evans!



Ouviu a voz detestável quando já havia subido os primeiros degraus, e virou-se, pronta para enfrentá-lo. Ele continuava no mesmo lugar, e havia se recostado displicentemente contra a parede, um largo sorriso no rosto.



- Por que não sai logo comigo, uma vez que está claro que não consegue tirar os olhos de mim?



Lílian lançou-lhe um olhar dardejante, e voltou a subir a escada. Não lhe daria o prazer de vê-la perder a cabeça e gritar. Apesar de ser essa a sua vontade.



 


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Após o almoço, desceram para a aula do prof. Kettleburn. Aquela era uma das aulas preferidas de Ana. Adorava animais, e o professor sempre tinha criaturas interessantes para mostrar a eles. Naquele dia não foi diferente.



Um pequeno cercado tinha sido montado onde normalmente assistiam às aulas. A turma aproximou-se da cerca, aguardando em expectativa.



Pouco depois, o professor chegou, trazendo por uma corda um grande cavalo negro, que não parecia nada satisfeito. Escoiceava e tentava a todo momento morder o professor, que o amarrou a uma estaca no centro do cercado, e se afastou, limpando o suor da testa com um lenço amarrotado que tirou do bolso.



- Bem, - começou, hesitante, voltando-se para turma. Estava ofegante e parecia indeciso sobre a atitude a tomar. - Alguém sabe me dizer que criatura é essa?



A turma passou a analisar o animal, que agora estava quase totalmente imóvel, resfolegando fortemente, enquanto observava os alunos com seus ameaçadores olhos vermelhos. A única diferença para um cavalo comum eram os dois calombos, um de cada lado do seus dorso. Não faziam idéia do que era aquilo.



- É um Pégasus. - todos voltaram-se na direção da voz suave que respondeu. - Um cavalo alado. - completou Ana.



- Muito bem, srta. Donovan! Cinco pontos para Grifinória!



- Mas... ele não pode ser um cavalo alado. - contradisse Pettigrew, confuso. - Ele não tem asas!



- Pode explicar isso a seus colegas, srta. Donovan? - propôs Kettleburn, sorrindo.



- Um Pégasus revela suas asas apenas ao se sentir seguro para levantar vôo.



- Mais cinco pontos! - Kettleburn estava muito animado. - Bom, eu tinha planejado que vocês tentassem fazer amizade com Shadow, mas ele está se revelando muito arisco, então...



- Por favor, professor, eu gostaria de tentar. - mais uma vez ouviram Ana falar, espantados com a coragem da garota. – Acho que ele só está um pouco assustado.



- Bem, se a senhorita pensa assim... - fez um sinal para que Ana pulasse a cerca e se aproximasse do animal, o que ela fez, confiante.



A turma toda prendeu a respiração, enquanto observavam a bela garota estender a mão para a criatura, que parara de resfolegar, mas ainda a olhava ameaçador. Ela começou a fala carinhosamente com ele, numa língua que ninguém entendeu.



Dali a pouco a surpresa varreu a audiência. Os olhos do animal mudaram de expressão, pareciam sorrir, e ele abaixou a cabeça, encostando o focinho no ombro de Ana, que o abraçou pelo pescoço majestoso, acariciando-o.



- Impressionante! - ouviram a voz do professor acima dos murmúrios da turma.



Mas ainda tinha mais. O cavalo dobrou o corpo para frente, num convite silencioso, que Ana prontamente aceitou. Soltou a corda da estaca e ergueu-se sobre o dorso do animal. Este endireitou o corpo e um instante depois, os calombos abriram-se, liberando um par de imponentes asas negras. Ele levantou vôo suavemente, por entre as exclamações da turma.



- Vocês já viram algo assim? - perguntou Tiago, embasbacado, para os amigos.



- Não, mas eu sei o que significa. - murmurou Remo, sem tirar os olhos da dupla, que agora sobrevoava a audiência. – Pegamos eles! - concluiu, sorrindo satisfeito.



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