A Marca Negra



CAPÍTULO XVII



A Marca Negra



- Eu vou enlouquecer!!!



As amigas a olharam espantadas, enquanto ela se jogava na poltrona em frente a elas.



- Sinto te informar, Lilly, mas você já é louca. - Kristyn respondeu , em tom brincalhão - É a conseqüência natural para quem convive com os Donovan.



- Vocês não imaginam o que me aconteceu. Eu me pergunto: por que eu? Devo ter sido realmente muito ruim na vida passada, só isso explica.



- Ah, Lilly, deixa de drama e conta logo. - retrucou Marlene, impaciente.



- É, Lilly, por que você vai enlouquecer?



- Por culpa do seu namorado, srta. Withib!



- Frank?!!!



- Por quê? Você tem outro?



- Claro que não! - respondeu indignada.



- Pois então, ele mesmo. Aliás, - voltou-se para Ana, o indicador em riste - culpa dele e do Lupin.



- Ah, não! Agora você vai ter que explicar direitinho o que nossos namorados têm a ver com sua iminente insanidade, srta. Evans.



- Só faltou incluir o Sebastian! - comentou Marlene, irônica.



- Pode ficar tranqüila, Marlene. Esse está fora. E por falar nisso, cadê ele?



- Foi até a biblioteca.



Kristyn e Ana trocaram olhares. Sabiam que o primo não fora a biblioteca. Ele andava nervoso ultimamente, sentia que algo estava para acontecer, mas não conseguia descobrir o quê. Por isso, ele se isolara, para tentar encontrar a resposta.



- Não fuja do assunto, Evans. Pode tratar de nos contar o que está acontecendo.



- Pois muito bem, Withib. - retrucou no mesmo tom, falsamente severo - Acontece que estamos com sobrecarga na monitoria, e a reunião desta noite foi para fazermos um planejamento, uma distribuição de trabalho, para melhor funcionamento. Cada monitor ficou com uma parte distinta das tarefas.



- Ih, já estou até vendo...



- É isso mesmo, Kristyn. Foi decidido que um monitor ficaria reservado para acompanhar diretamente os casos dos recordistas de detenções.



- Sirius e Tiago. - concluiu Ana.



- Exatamente. Como Remo é amigo dos dois, está fora. Frank alegou que, como monitor-chefe, já acumula muitas obrigações. Ou seja...



- Sobrou para você.



- Mas, e os outros monitores?



- Tem que ser alguém da Grifinória, é o procedimento.



- E os novos nomeados, do quinto ano?



- Têm verdadeiro pavor dos dois.



- Ora, Lilly, pense pelo lado positivo... - tentou argumentar Ana.



- Quando você descobri-lo me avise, ok?



- Deixe de ironias, é claro que tem lado positivo.



- É mesmo, Alice? - retrucou em tom debochado - Pode então me dizer qual é?



- Ah... bom... tem...



- Você vai poder atormentá-los à vontade.



- Conhecendo-os bem, Marlene, aposto mais no contrário.



- Ah, vamos parar com essa palhaçada! - interviu Kristyn, impaciente - Deixe de show, dona Lílian, todas nós sabemos que você ficou foi muito feliz, pois agora terá mais chances de pôr em prática seus planos!



Todas concordaram, enquanto Lilly tentava argumentar.



- Olha, Kristyn, acontece que eu estou ficando cansada de tudo isso. Está me parecendo um completo desperdício de tempo e esforço. O Potter não vai mudar nunca, ele é e sempre será um idiota convencido!



- Obrigado, Lilly, eu também te amo! - brincou Tiago, que acabava de entrar no salão, acompanhado pelos outros Marotos. Ele sentou-se no braço da poltrona onde ela estava, recebendo um olhar de recriminação - Aluado acabou de nos contar. Então agora é oficial: você é toda minha?



- Sua e do Sirius, não é, Tiago? - Ana interviu, vendo que a amiga parecia prestes a cometer uma agressão. Era engraçado ver como, mesmo admitindo sua paixão pelo rapaz, ela continuava a se enervar tanto com ele.



- Ah, Ana, tenho certeza que o Almofadinhas terá a atenção de alguém mais do seu interesse.



- O que quer dizer, Potter? - perguntou Marlene, intrigada.



- Lilly não contou? - perguntou Remo, sentando ao lado de Ana.



- Não tive tempo. - e voltou-se para as amigas, tentando ignorar a proximidade de Tiago - Todos concordaram que esses dois eram demais para uma pessoa apenas dar conta. Segundo o diretor, eles têm um "espantoso excesso de energia!". - imitou Dumbledore, irônica - Ele parecia muito satisfeito com isso, dá pra acreditar? Bem, como os outros monitores também já estão muito atarefados, recebi autorização para designar um assistente de monitoria, para me auxiliar na tarefa.



Conhecendo Lílian, e toda a situação envolvida, não foi difícil para ninguém deduzir quem fora a pessoa indicada. E todos voltaram os olhos para ela.



- Ah, não, Lilly! Você não fez isso comigo!!!



- Kristyn, você é a única pessoa em quem posso confiar para enfrentar esses dois.



- Não, não e não!!!



- Com medo, Donovan?



Kristyn voltou-se para encarar Sirius, e o desafio que brilhava em seus olhos. Olhos estes, aliás, que ela sentia sobre si a toda hora, de uma maneira perturbadora, desde a noite da Conexão, há uma semana. Estranhara ele não tê-la confrontado, cobrado alguma satisfação, nem nada. Apenas aquele olhar. E isso a perturbava mais que qualquer outra coisa.



- Eu não tenho medo de nada, Black. - respondeu, arrogante.



- Então, não há motivo para fugir da tarefa. - a ligeira ênfase na palavra era uma provocação, ela bem sabia.



- Eu não estou fugindo!



- Não mesmo, porque eu não vou deixar! Afinal, você é minha amiga ou não?



- Tudo bem, tudo bem, sem melodramas, ok? - sabia que não tinha escapatória, então resolveu ceder logo - Eu serei sua assistente!



- É assim que se fala, Donovan.



Kristyn o ignorou, voltando-se para os outros.



- Agora que já resolvemos isso, vamos continuar o assunto de antes. Marlene ia nos contar algo, não é mesmo?



- É verdade, tinha até esquecido.



- Ih, lá vem fofoca! - brincou Remo.



- É isso mesmo, Lupin. Nunca ouviu falar que a fofoca é a terapia da mulher? - retrucou Alice, no mesmo tom.



- Conta logo, Marlene. - incentivou Pettigrew.



- Pelo visto, do homem também, Alice. - Ana provocou, fazendo o rapaz corar.



- Eu não sou fofoqueiro! Estava apenas dando atenção a uma amiga!



- Sei. - duvidou Sirius, com um muxoxo.



- Gente, vocês querem saber ou não?



- Queremos! - responderam todos em uníssono.



- Então. Todos aqui conhecem as monstrengas, não é? - todos assentiram. Nancy Flint e Edna Not eram conhecidas em toda Hogwarts, e seus apelidos eram mais que merecidos. - Bem, hoje cedo peguei as duas numa sala vazia do quarto andar, praticamente violentando dois sonserinos.



- Eca! - exclamou Tiago.



- Quem foram os loucos? - perguntou Sirius, assombrado.



- Vernon Parkinson e Elias Bulstrode.



- Arghhh!!! - a manifestação de nojo foi geral, e agora Tiago e Sirius fingiam vomitar.



- Pois é, imaginem então a minha reação, obrigada a presenciar essa cena dantesca.



- Realmente, Marlene, estou condoído por você. - comentou Remo, com fingido pesar.



- É o que chamo de verdadeira visão do inferno!



- Que isso, Tiago, também não é pra tanto. - censurou Ana, rindo da cara que amigos fizeram o ouvi-la - E digo mais: duvido que encontrem no mundo combinação mais perfeita que esses dois casais.



- Perfeitos monstros, você quer dizer! - retrucou Pettigrew, irônico.



- Não, gente, gente, - interrompeu Kristyn, gesticulando - Visualizem: primeiro, a emocionante cerimônia de casamento; depois, a animada lua-de-mel; por último, as lindas crianças que eles gerariam! - fingiu embalar um bebê.



- Não, não, por favor, não! - gritava Sirius, simulando pânico, escondendo o rosto com os braços.



- Aluado, faz ela parar! - choramingou Tiago, imitando a postura do amigo - Ela está nos assustando!



Todos riram da dramatização dos rapazes.



- Sou obrigada a concordar com esses dois. Isso dá medo! - riu Lílian.



- Pior que O Bebê de Rosemary. - concordou Ana, provocando a confusão dos amigos.



- Quem é Rosemary?



 


*************************************



Lílian e Kristyn realmente ficaram muito ocupadas nos dias que se seguiram. Os Marotos pareciam determinados a causarem confusão, e o resultado foram duas semanas consecutivas de detenções, ocupando todas as noites delas.



Para revidar, elas os separaram, e Kristyn cuidava de Tiago, enquanto Lílian se ocupava de Sirius. Esse arranjou pareceu desapontá-los.



- Ei, Kristyn, vocês resolveram mesmo nos maltratar, hein? - comentou Tiago, pegando um troféu para limpar.



- Que isso, Tiago, não é uma tarefa tão difícil assim.



- Não se faça de desentendida. - censurou ele. - Sabe, você vai acabar enlouquecendo meu amigo. Nunca o vi desse jeito com nenhuma garota antes.



- É difícil acreditar nisso, Tiago. O Black tem um reputação e tanto.



- E merecida, diga-se de passagem. - concordou ele - Mas você é diferente.



- Só porque eu não cedi ao seu assédio.



- Não sei, não. - duvidou, pegando outro troféu - Pelo que conheço dele, e não é pouco, não se trata apenas disso.



- Bom, o tempo dirá, não é mesmo? E você? - resolveu mudar de assunto - A Lilly é só um desafio?



- É claro que não! Sou louco por aquela garota!



- Não parece.



- Como não? Tenho feito de tudo por ela.



- Menos a única coisa que daria resultado: mudar de atitude.



- Pois essa é a única coisa que não farei, nunca! - retrucou irritado - Eu gosto dela do jeito que ela é, mandona, certinha e tudo mais. E quero que ela me aceite como eu sou!



- Vocês são perfeitos um para o outro. - suspirou ela - Dois cabeças-duras.



 


****************************



Sábado era dia de visita a Hogsmeade, e todos ficaram muito animados com a oportunidade do passeio. O grupo deles era grande, e basicamente formado por casais, sobrando apenas Lílian, Kristyn, Tiago e Sirius, fato que esses dois sabiam aproveitar muito bem.



- Não, Potter, não é porque fui obrigada a vir na sua companhia, que isso é um encontro! - dizia Lilly, saltando da carruagem que os quatro dividiram, e indo juntar-se aos amigos, seguida pelo incansável Tiago.



- Esses dois são impossíveis! - comentou Kristyn, rindo.



- Não mais que você. - retrucou Sirius, seguindo-a para fora da carruagem - Sabe, venho esperando outra visita sua. - comentou casualmente, o brilho em seus olhos desmentindo essa postura.



- Não sei do que está falando, Black. - tentou desconversar.



- Ah, sabe, sim... - contradisse, a voz rouca - Nunca tive uma experiência melhor, e olhe que já tive muitas. Mas você bem que podia aprender a terminar o que começa, Donovan.



- Você não está falando coisa com coisa, Black. - com isso ela se afastou rapidamente dele.



- Você pode fugir, Donovan, mas eu ainda te pego! - murmurou, seguindo-a.



 


*************************



As garotas voltaram animadas das compras. Tinham dispensado a companhia dos rapazes, para poderem aproveitar melhor o programa de garotas. Combinaram de encontrá-los no Três Vassouras, e quando chegaram, depararam-se com uma pequena multidão em frente ao prédio. Logo descobriram por quê.



- Eu não acredito!!! - gritou Lílian, avançando para os causadores da confusão - Potter, Black, parem já com isso!



Os dois fizeram que não a ouviram, continuando com sua diversão. O alvo, como não podia deixar de ser, era Snape. Eles haviam transfigurado suas vestes, trocando-as por uma fantasia completa de palhaço, com direito a nariz vermelho e tudo. Ele estava a alguns metros do chão, fazendo movimentos que provocavam a risada dos espectadores.



De repente, sem os dois saberem como, seus feitiços foram anulados, e Snape desabou no chão, já com suas vestes normais.



- Ei, Evans, quem mandou você fazer isso?



- Não fui eu, Black, mas o responsável está coberto de razão!



Snape aproveitou a discussão para se retirar sem ninguém notar. Ou foi o que pensou.



- Ana, onde você...



- Agora não, Remo! - cortou apressada, seguindo Snape e deixando um atônito Remo para trás.



 


******************



 


Ana alcançou o rapaz no lugar deserto onde ficavam as carruagens. Ele se preparava para subir em uma delas.



- Snape! - chamou-o, ao que ele se voltou, espantado.



- O que foi, Donovan? Veio tentar me humilhar também, como os amiguinhos do seu namorado?



Ana ignorou a agressividade dele. Fora ela quem interrompera a brincadeira dos amigos, porque nunca sentira tamanha dor emanando de uma pessoa antes. Era mais do que humilhação, raiva ou qualquer outro coisa do tipo, mas ela não conseguia determinar exatamente o quê.



- É claro que não. Vim te dizer para não levar tão à sério essas peças que eles te pregam.



- Ah, claro, muito obrigada pelo conselho - a voz dele estava repleta de sarcasmo - Da próxima vez eu ficarei feliz em ser a chacota da escola!



- Não é nada disso. O que quis dizer é para você não se deixar influenciar por isso. É fácil fazer escolhas erradas quando estamos com raiva.



- E o que você tem a ver com minhas escolhas?



- Depende das conseqüências que elas tragam - rebateu de pronto. Aproximou-se mais dele, tocando-o no rosto, e fazendo-o encará-la - A escola é só uma fase, Snape. E a maioria dos estudantes costuma ser idiota, e, às vezes, cruel, pois são muito egocêntricos.



- Falando mal dos amiguinhos, Donovan? - ele tentou ser irônico, mas não conseguiu. Grande parte da dor que carregava diminuíra, e até sua raiva amainara-se. Sentia-se estranhamente bem.



- Não, Snape. Apenas falo a verdade. - ela afastou-se, começando a caminhar de volta para o Três Vassouras. - Se quiser uma amiga, sabe onde me encontrar.



Ele ficou observando-a, tentando entender tudo o que tinha acontecido, e sentido-se mais confuso do que em qualquer momento da sua vida. A única certeza que tinha era que aquele Lupin era um cara de sorte.



 


****************************



Quando entrou no Três Vassouras, Ana percebeu que o clima não estava nada bom. Sentados a uma mesa afastada, Remo, Sirius e Tiago pareciam estar com o humor de um trasgo com dor de dente. Kristyn chamou-a de uma mesa no canto oposto.



- Se eu fosse você, ficava um tempinho longe deles. - aconselhou a prima, assim que Ana se sentou - Seu namorado não ficou nada satisfeito em vê-la correr atrás de Snape.



- Deixa ele remoer isso um pouco. - respondeu calmamente - Depois ele entenderá, eu tenho certeza. E os outros, por que estão assim?



- A Lílian teve uma briga feia com o Tiago. Encurtando a história, ele disse que ela teria que aceitá-lo do jeito dele, ela respondeu que nunca faria isso. Daí ele retrucou que tinha muitas garotas para ficarem com ele, ao que ela rebateu: "ótimo!, vá procurá-las então e me esqueça!", e saiu em disparada, soltando fogo pelas ventas, e deixando nosso amigo nesse estado que você está vendo.



- Ah, esses dois... às vezes acho que essa é a parte mais complicada da nossa missão. - suspirou Ana.



- Mas também a mais divertida!



- É verdade. E o Black?



- Ah, eu só disse umas coisinhas a ele sobre seu comportamento. Acho que não gostou muito. - comentou, casualmente.



- Imagino!



Elas pararam de rir de repente, entreolhando-se assustadas, ao mesmo tempo em que Sebastian deixava Marlene com os amigos, indo até as primas.



"Sebastian..."



"É isso mesmo, Ana. Precisamos agir rapidamente!"



Eles não perderam tempo, e logo o lugar estava repleto de gente. Madame Rosmerta não conseguia dar conta de tantos clientes. De repente, gritos ecoaram por todo o vilarejo. O motivo foi fácil de descobrir, espiando pelas janelas.



Um gigantesco crânio pairava sobre o povoado, num sinal de morte. A Marca Negra. A guerra chegara até eles.



 


 


 


N/A: Gente, esse cap. ficou um pouco curto, e sem romance, mas era preciso ser assim. É com ele q vamos entrar num ponto crítico da estória, os próximos cap. terão muito mais ação do que tivemos até agora, espero q vcs gostem. Vou aproveitar para deixar o mesmo aviso q deixei no 3V: quem quiser ser avisado por e-mail qdo tiver nova atualização, é só me comunicar, ok? Por favor, comentem, é com seus comentários q eu me inspiro pra continuar escrevendo. Bjks.


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