Do jeito que você é



CAPÍTULO XX


Do jeito que você é


 


N/A: Gente, muito obrigada mesmo pelos comentários, fico muito feliz que estejam gostando. Viram, eu não sou tão cruel quanto pensavam(rsrsrs). Espero que gostem desse novo capítulo, por favor, me digam o que acharam, ok? Bjks.


 


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Remo voltou-se lentamente, o coração disparado, sentindo-se invadido por uma onda de felicidade tão grande que parecia que iria sufocá-lo.


Ela sorria, as enormes olheiras evidenciando a palidez do rosto frágil, emoldurado pelos cabelos revoltos. Nunca vira imagem mais bela. Durante os instantes seguintes, nada mais existia, não havia mais ninguém na sala além deles dois, encarando-se intensamente. Ela foi até ele, parando a centímetros de distância, sem nunca desviar os olhos dos dele, que ergueu a mão, acariciando seu rosto suavemente, como que para confirmar que ela era real, e não uma miragem produzida pelo seu estado de desespero. Ela sorriu mais ainda, como a responder-lhe essa questão. E então ele deu vazão a todo o sentimento que o sufocava, abraçando-a como se nunca mais fosse largá-la, enquanto a beijava desesperadamente.


- Eu te amo, te amo, te amo... - dizia ele, distribuindo pequenos beijos por todo seus rosto, que estava banhado com a emoção que os dois compartilhavam. - Nunca mais faça isso comigo, ouviu bem? Nunca mais!!! - ele continuou com seus beijos, enquanto ela ria, emocionada.


A professora McGonagall enxugava discretamente os olhos com um lencinho, enquanto Dierna e Dumbledore observavam, com sorrisos satisfeitos, o encontro dos jovens.


Logo os amigos, a começar pelos primos, reivindicaram a atenção de Ana. Todos muito felizes, comemorando que a garota tivesse conseguido sobreviver àquela provação.


- Só consegui graças a ajuda de vocês. De todos vocês. - respondeu ela, abraçando os amigos.


- É verdade. - interrompeu Dierna - Foi a união de todos vocês, bem como a força de seu amor e amizade, que conseguiram trazer nossa menina de volta.


- Dierna... - Ana foi até a antiga mestra, abraçando-a carinhosamente - É tão bom revê-la!


- Também estou muito feliz, Anastácia. - retribuiu o abraço, um sorriso terno no rosto - Principalmente agora, que a vejo viva e feliz.


- Bem vinda, minha querida. - disse Dumbledore, os olhos brilhando com alegria, enquanto observava a garota. - Estávamos sentindo muito a sua falta.


- Obrigada, professor. - ela retribuiu o seu sorriso, com prazer, para logo depois ficar séria - E quanto aos Comensais?


- Conseguimos capturar alguns, alguns morreram na batalha, mas a grande maioria conseguiu escapar.


- E quanto aos nossos? - perguntou Alice, ansiosa.


- Perdemos sete bons homens, hoje. - informou, gravemente.


- Uma grande baixa para nossa frente. - comentou Sebastian, sombrio.


- É verdade. - concordou Frank, aborrecido - Gostaria de poder me juntar a eles.


- Ainda não chegou o momento de entrarem nessa luta. - respondeu Dumbledore, muito sério - E espero, sinceramente, que isso não venha a ser necessário. Os acontecimentos de ontem foram inesperados, e ainda que vocês tenham-nos enfrentado de forma extraordinária, não devem se repetir. O que desejo de vocês agora, como venho dizendo aos nossos amigos Donovan desde que vieram para nossa escola, é que vivam esses momentos de alegria que ainda lhe são permitidos. Aproveitem bem esses anos, pois não podemos dizer o que o futuro nos reserva. - olhou nos olhos de cada um, como que querendo enfatizar suas palavras, depois, voltou a sorrir - Agora, acho que finalmente poderei ver meu pedido ser atendido: vão descansar. Vocês já exigiram demais de si mesmos.


Sem questionamentos daquela vez, eles obedeceram. Afinal, estavam mesmo esgotados.


 


*******************************


Eles só vieram a sair da Torre na manhã de segunda-feira, pois estavam todos tão cansados que dormiram durante quase vinte e quatro horas seguidas. Os primeiros a descerem para o salão principal foram os Marotos. Eles explicaram a Pedro o que tinha acontecido, alterando um pouco os fatos para ocultarem o segredo dos Donovan e de Avalon.


- Pedro é nosso amigo, temos plena confiança nele! - argumentaram quando Sebastian pediu que não revelassem nada ao rapaz.


- Não estou duvidando da amizade dele, e sim da sua capacidade em proteger esse segredo. - rebatera de pronto - Ao contrário de vocês, ele nunca foi capaz de me bloquear, e seria fácil para alguém extrair essas verdades dele. O que ele não souber, não poderá revelar.


Foram obrigados a aceitar aquilo, visto que era a mais pura verdade. Então contaram apenas que Ana tinha sido ferida, e que estavam com ela enquanto se recuperava.


Estavam tomando o café da manhã, ainda um pouco abatidos e absortos nos pensamentos sobre tudo o que havia acontecido, quanto ouviram uma voz debochada atrás deles.


- Tão tristonhos, que será que aconteceu?


- Se manda, Malfoy. - rosnou Sirius.


- Ora, Black, estou apenas sendo solidário com meus colegas! - a expressão do loiro era de puro escárnio - Soube que uma amiga de vocês foi ferida fatalmente no ataque de sábado. Lastimável. - ele sacudiu a cabeça, com falso pesar - Principalmente para você, não é, Potter? Suas tentativas terminaram de forma bem trágica, não é mesmo? Se bem que você não tinha muitas chances, por tudo que podíamos ver.


- Estou avisando, Malfoy...


- Não, Potter, eu estou avisando. - retrucou, a voz dura e fria como uma lâmina - Revejam suas escolhas enquanto é tempo, senão terão o mesmo fim que a Evans.


- E qual seria ele?


Malfoy voltou-se atônito para Lílian, que acabava de chegar com os outros amigos.


- Você?!!! Mas como....


- Surpreso, Malfoy? - perguntou Marlene, irônica - Estava esperando o quê, podemos saber?


O Sonserino recuperou a pose rapidamente.


- Não tenho que prestar satisfações à ninguém, McKinnon, principalmente a um bando de sangue-ruins.


- Acho bom tomar cuidado com o que fala, Malfoy. - insinuou Sebastian, a postura ameaçadora.


- Isso mesmo, Malfoy, você não está exatamente no seu ambiente, não é? - apoiou Frank, um sorriso malévolo no rosto.


- E ainda sem seus guarda-costas. - completou Remo, num tom falsamente solícito - Parece que está mesmo em desvantagem, Malfoy.


O loiro observou que eles tinham razão. Estava cercado por um bando de grifinórios, todos olhando-o como se estivessem loucos para azará-lo. Sabia reconhecer a hora de uma retirada.


- Longbottom tem razão. - respondeu com o costumeiro tom arrogante, enquanto virava-se para voltar a mesa da Sonserina - Este não é meu ambiente. Ralé demais para o meu gosto. - afastou-se rapidamente, temendo qualquer reação dos Grifinórios.


- Salamandra albina... - xingou Sirius, observando o loiro indo até os comparsas.


- Ele pareceu realmente desapontado... - comentou Alice, enquanto todos se sentavam.


- É claro que está. - disse Pedro, alegre - Malfoy andou espalhando para escola inteira que a Evans tinha sido torturada até a morte no ataque de sábado, e que Dumbledore estava tentando abafar o caso, com medo de perder o posto de diretor. Hogwarts está em polvorosa desde então.


- Mas você sabia que isso não era verdade, Pedro. - disse Lílian.


- É, por que não desmentiu os boatos? - perguntou Marlene, intrigada.


- Acredita realmente que eu ia perder a chance de ver o Malfoy fazer papel de idiota na frente da escola toda? - respondeu com um sorriso irônico - Mas nem em sonhos!


Os amigos riram, concordando que o rapaz tinha razão. Não era uma chance para se desperdiçar. Pouco depois, Pedro se levantou e foi para a mesa da Lufa-Lufa, ficar com a namorada.


- Como Malfoy ficou sabendo? - perguntou Alice, em tom baixo, para que ninguém além deles pudesse ouvir.


- Acham que eles vão estranhar alguma coisa? - preocupou-se Marlene, observando enquanto o grupo de Malfoy discutia freneticamente, também em tom baixo.


- Não. Depois que foram obrigados a se retirar daquela forma, com Bella desmaiada, acho mais provável que pensem que ela se enganou sobre os danos que causou a Lílian. - Sirius riu amargamente - Duvido que seu Lord tenha ficado muito satisfeito. Afinal, perdeu mais seguidores do que esperava, não é mesmo? - ele apontou para o Profeta Diário aberto sobre a mesa, que expunha uma matéria sobre o ataque a Hogsmeade, informando o número de Comensais capturados e mortos na batalha.


- Não devemos ficar animados. - retrucou Frank - Mataram sete dos nossos, lembram? - o pensamento de que por pouco não foram oito pairou sobre eles.


- Tem razão, Frank, não há motivos para comemorar. - concordou Ana, séria, para pouco depois voltar a sorrir, brincalhona - E nem para embromar. Vamos logo, senão chegaremos atrasados à aula da Drückgeister.


Entre risos e resmungos, eles saíram do salão, despedindo-se de Frank, que seguiu para a aula de Transfiguração.


 


*****************************


Os dias se passaram, e eles tentaram seguir o conselho de Dumbledore, voltando sua atenção para a rotina normal da escola, o que acabou se revelando uma tarefa muito difícil para todos. Como não podia deixar de ser, aquela experiência mexeu muito com eles. Tudo pelo que passaram, tudo que vieram a saber, não permitia que encarassem a vida da mesma forma que antes do ataque. Em vários níveis, todos haviam sido afetados por aqueles fatos, porém, ao que parecia, ninguém tanto como Tiago sofria seus efeitos.


Estavam todos no salão comunal, preparando suas lições, com exceção dos Marotos, que estavam no treino de Quadribol, quando estes entraram pelo retrato da Mulher Gorda. Pelo menos três deles.


- Não sei mais o que pensar! - exclamou Sirius, jogando-se pesadamente numa poltrona.


- Realmente, Black, esse não é o seu forte. - provocou Kristyn, irônica.


- Por favor, Kristyn, o caso é sério. - recriminou Remo, sentando-se ao lado de Ana. Sua expressão era realmente preocupada.


- O que aconteceu, Remo?


- Tiago.


- O que houve com ele? - Lílian nem se preocupou em disfarçar o interesse.


- Se nós soubéssemos... - respondeu Pedro, carrancudo.


- Bem que eu notei que ele estava meio estranho. - comentou Kristyn, pensativa - Nunca mais aprontou nada.


- O que é realmente estranho! - concordou Ana, rindo.


- É por isso que estão preocupados?


- Se fosse só isso, Lílian...


- Ah, querem para com isso, por favor? - irritou-se Marlene - Expliquem logo tudo de uma vez, sem esse drama todo, ok?


- Ok, Marlene, não precisa nos agredir, viu? - ironizou Sirius - Donovan, acho que sua namorada está na T.P.M.


- E eu acho que você devia aprender que respeito é bom e conserva os dentes! - retrucou Sebastian, lançando um olhar ameaçador ao outro.


- Crianças, crianças, por favor... - interviu Kristyn - Estamos tentando resolver o problema do Tiago, lembram?


- Remo, acho melhor que você explique.


- Tudo bem, Ana, o caso é o seguinte: desde o ataque, Tiago mudou radicalmente. Como vocês notaram, ele não apronta mais das suas.


- Mas isso é bom, não é? - interrompeu Lilly, recebendo olhares raivosos de Sirius e Pedro.


- Seria, Lilly, - retrucou Remo - se ele estivesse feliz assim, se fosse algo natural para ele, mas não é. Não foi só a sua atitude que mudou, ele está mudado. Não se interessa por mais nada, parece ter perdido toda sua alegria. É como se fosse uma concha vazia. - concluiu Remo, triste.


- Não estão exagerando, Remo? - perguntou Marlene, ansiosa - Afinal, todos nós ficamos abalados com o que aconteceu, talvez ele só esteja passando por uma fase de adaptação.


- Eu acho que não é tão simples, Marlene. O que parece é que ele está se punindo por algo, afastando-se de tudo o que o faz feliz. Agora há pouco ele nos disse que vai largar o time.


- O quê?!!! - exclamaram em uníssono, atraindo a atenção de todos no salão.


- Isso é loucura, todo mundo sabe que ele adora o Quadribol!


- Ora, Ana, e é pra nós que você vem dizer isso? - retrucou Pedro, irônico.


- Já tentamos de tudo para ajudá-lo, mas ele se fechou de um tal jeito, que não nos deixa, seus melhores amigos, nos aproximarmos dele. - concluiu Sirius, desanimado.


Estavam todos tão entretidos na conversa, que nem repararam quando ela saiu discretamente do salão.


 


******************************


Sentado no parapeito da Torre de Astronomia, Tiago observava as estrelas, tentando em vão encontrar respostas para as perguntas que o atormentavam.


- Sabia que te encontraria aqui.


Ele sorriu fracamente ao ouvir aquela voz.


- Sempre posso contar com você para me encontrar. - respondeu, sem se virar, o olhar ainda perdido no céu estrelado.


- É verdade. - Alice sentou-se ao lado do amigo, e permaneceram os dois em silêncio durante algum tempo.


- Não entendo por que deixei você escapar quando namoramos, sabia? - ele finalmente decidiu romper o silêncio.


- Porque se apaixonou pela Lilly. - retrucou calmamente - E eu pelo Frank. Você sabe que sempre fomos melhores como amigos do que como namorados, Tiago. E é por isso que estou aqui. O que está acontecendo com você?


Quase ninguém sabia da profunda amizade que unia os dois, desde que namoraram no terceiro ano. Tiago dissera que se todos soubessem iria estragar sua reputação, mas Alice sabia que ele achava que aquela amizade com o maior conquistador de Hogwarts poderia atrapalhar o romance da garota com o cara que ela realmente gostava.


- Não é nada, Alice.


- Sabe, você tem muitos defeitos, mas nunca foi de mentir para os amigos. - ela segurou seu rosto suavemente, fazendo seu olhar encontrar o dela - O que está te atormentando? Deve ser algo muito sério, ou você nunca pensaria em largar o time.


Tiago sentiu-se incentivado a contar tudo a amiga. Afinal, fora ela quem o apoiara em todas as questões em que não se sentia à vontade para conversar com os outros Marotos, como no caso de seus sentimentos por Lilly. E tinha certeza de que, também agora, ela o compreenderia e saberia ajudá-lo.


- Lílian estava certa sobre mim. Eu sou um idiota. - ele admitiu com um suspiro desanimado - Sempre acreditei que ser o mais esperto, o mais popular, fazia de mim o melhor. Uma besta arrogante, é o que eu sou. Pessoas estão sendo mortas, Alice, massacradas, e o que eu faço? Me pavoneio pela escola, me sentindo o maioral, por que sou bom em Quadribol; azarando qualquer um, porque me dá na telha. Se eu não estivesse me divertindo, perturbando o ranhoso, Lílian não teria se afastado, não teria quase morrido, e Ana não teria de arriscar a vida para salvá-la! - ele terminou o desabafo, agoniado.


- Então é isso. - concluiu Alice, serenamente - Está se sentindo culpado.


- Na semana antes do ataque, - ele começou a contar - eu me diverti azarando o Zeller, capitão do time da Lufa-Lufa. Fiz várias brincadeiras sobre a sua família. - ele baixou a cabeça, concluindo num sussurro - O pai dele foi um dos aurores mortos no ataque.


Alice começava a entender tudo o que estava perturbando o amigo.


- Mas o que me aflige é muito mais do que culpa, Alice. Eu sinto que tudo o que eu faço, tudo o que sou, não vale absolutamente nada. Para o que serve, eu me pergunto, um idiota do meu calibre nesse mundo cheio de trevas?


- De todas as besteiras que você já me disse, essa ganha de longe o troféu. - comentou Alice, parecendo incrédula - Primeiro: você não é culpado pelo que aconteceu. Voldemort é. Ele foi o responsável pelo ataque, ele e seus seguidores. Você não podia saber o que aconteceria, nem os Donovan com seus dons conseguiram saber a tempo. E eu concordo com Kristyn: a escolha de Ana foi a mesma que qualquer um de nós faria, no seu lugar.


- Pode ser.


- Pode ser, não, é! O que nos leva ao resto da questão. Perguntou para o que serve neste mundo de trevas, Tiago? Me diga você: do que serve a coragem com que enfrentou aqueles Comensais? A lealdade com que defendeu seus amigos? O sacrifício que sei que estaria disposto a fazer por qualquer um de nós, para o que serve, hein?


- Tudo isso não apaga meus erros. – argumentou ele.


- É verdade, não apaga. - ela concordou - Mas, que erros tão graves foram esses, Tiago? Se comportar como um garoto mimado e arrogante? Muita gente se comporta assim na nossa idade, é normal. Se você acha que chegou a hora de mudar, ótimo! Mas faça isso pelos motivos certos, e do jeito certo. Não se afaste de tudo o que você ama, e principalmente, não afaste seus amigos. Isso não é crescer, é se esconder. Se esconder da vida.


Tiago a encarou durante algum tempo, pesando tudo o que a garota lhe dissera. Por fim, sorriu-lhe timidamente.


- Quando você se tornou tão sábia, hein?


- Eu sempre fui sábia! - retrucou prontamente, com falso ar superior - Bem, talvez não quando te namorei, mas todos temos direito a cometer alguns erros, não é? - brincou, recebendo em troca uma careta divertida.


Resolvida a questão, ficaram algum tempo apreciando a bela paisagem em volta do castelo.


- É lindo, não é? - sussurrou Alice.


- É, sim.


- É por isso que eu quero me tornar Auror. Eu amo Frank. - começou a explicar, respondendo ao olhar de interrogação do rapaz - Espero um dia me casar e ter filhos com ele. Quero que meus filhos possam conhecer essa beleza, que eles tenham alegria de encontrar amigos maravilhosos, como eu encontrei aqui. Se Voldemort vencer, nada disso vai ser possível.


Tiago compreendeu exatamente o que a amiga queria dizer. Ele queria exatamente o mesmo para os seus filhos.


- Frank é um cara de sorte. - comentou, enquanto desciam do parapeito.


- E Lilly é uma garota de sorte.


- Ainda não. - contradisse Tiago - Mas logo será. Você tem razão, Alice, em tudo. Mas não deixe isso te subir a cabeça, viu? - ele riu da sua exclamação de protesto. - Chegou a hora de crescer, mas não deixarei de ser quem eu sou por isso. Muito obrigado por me ajudar a enxergar a verdade. - ele a abraçou com carinho.


- Por nada, seu boboca. - brincou, dando um beijo fraternal em seus lábios.


- Ei, garota, cuidado! Eu vi seu namorado duelando, e não gostaria de enfrentar a sua fúria, viu?


- Boboca. – repetiu ela, rindo - Frank sabe que só tenho olhos para ele. E então? Preparado para voltar a ativa?


- Claro. A minha psicóloga é muito competente.


- Que bom para você. E por favor, trate de se apressar, ok? - ela recomendou em tom divertido - Apostei dez galeões que você a conquistaria até o final do ano.


- Pode deixar, eu não vou te desapontar!


Saíram rindo, voltando para o salão comunal.


 


******************************


Nas semanas seguintes, os amigos ficaram felizes em ver que Tiago "voltara a vida", como Sirius gostava de dizer.


- Parece que tudo está bem de novo, não é? - comentou Ana, indicando o canto em que os Marotos riam, jogando uma partida de Snap explosivo.


- Ainda bem. - concordou Lílian.


- Ué, Lilly, achei que você estava gostando... - provocou Kristyn.


- É, você sempre reclamou da atitude do Tiago, e ele tinha parado com tudo o que te aborrecia. - comentou Marlene.


- E tinha virado um fantasma, como o Remo bem disse, uma concha vazia. - retrucou Lilly - Meninas, eu não me interesso apenas pelo corpinho dele, sabiam? Não é por que quero que ele cresça que significa fazer lobotomia no rapaz!


- Em outras palavras: você gosta dele do jeito que ele é. - concluiu Alice, sorrindo.


- Também não é pra tanto. - negou, sem convencer as amigas.


A risada espalhafatosa do Maroto ecoou pelo salão, fazendo-a sorrir. Nunca imaginara que sentiria falta daquele riso escandaloso, mas sentira, e muito. Aquelas semanas em que ele estivera tão mudado a fizeram ver o que vinha se recusando a admitir desde que acordara, no campo em Hogsmeade, e deparara com aquele rosto ansioso, aquele olhar que transmitia tudo o que se passava na alma do rapaz. Alice estava certa. Ela não estava apenas apaixonada por Tiago, ela o amava, completamente, incluindo seus defeitos, que agora não pareciam tão sérios assim.


Havia admitido tudo isso, e decidira que aceitaria da próxima vez em que ele a convidasse para sair. Porém, isso nunca mais aconteceu. As semanas passaram, e nada. Ela poderia até acreditar que ele desistira dela, não fossem os intensos olhares que conseguia flagrar de vez em quando. Aquilo estava ficando muito confuso. E ela sentia falta dos beijos roubados.


- Lilly, nem em meus maiores delírios, eu consigo imaginar casal mais complicado que vocês dois! - exclamou Kristyn, exasperada, quando resolveu desabafar com a amiga.


- Vai ficar dizendo o óbvio ou vai me ajudar?


Depois de mais algum tempo reclamando sobre "teimosos, cabeças-duras, e etc.", ela se acalmou o suficiente para tentarem bolar um plano.


- Situações desesperadoras pedem medidas desesperadas! - declarou Kristyn, depois que elas já tinham descartado várias alternativas.


- Do que você está falando? - perguntou Lilly, confusa.


- Você vai ver...


 


****************************


- Pontas, meu amigo, temos que comemorar!


Sirius chegou animado ao salão comunal, deixando os amigos curiosos com toda aquela empolgação.


- Que foi Sirius, o Filch foi demitido? - perguntou Pedro, rindo.


- Será que expulsaram o Malfoy? - arriscou Remo.


- Ou o Snape? - Tiago soou esperançoso.


- Não chegaram nem perto.


- Conta logo, Sirius, estamos ficando curiosos. - incentivou Frank, sentado junto a Alice.


- Meus amigos, tenho o prazer de anunciar que, depois de dois anos de árduas batalhas, eu finalmente consegui! - ele fez um gesto de vitória.


- Será que entendi bem, Sirius? - Ana voltou o olhar para a prima. Ela estava do mesmo jeito desde que entrara no salão, dez minutos antes. Jogada numa poltrona, as pernas penduradas sobre o braço desta, lixando calmamente as unhas. - Você está querendo dizer o que eu penso que está?


- É isso mesmo, gente. - Kristyn respondeu aos amigos, que a encaravam interrogativamente - Cansei de tudo isso, então decidi acabar com a brincadeira.


- Não adianta tentar disfarçar, Donovan. - disse Sirius, com seu sorriso mais arrogante - Você não consegue mais é resistir ao meu charme, admita! - Kristyn revirou os olhos para o teto, voltando a prestar atenção às unhas.


- Medidas desesperadas... - murmurou Lilly, finalmente entendendo o que a amiga quisera dizer.


- O que disse, Lilly?


- Nada, não, Marlene.


- E então, Pontas? Onde vai levar a sua gata? Com as visitas a Hogsmeade proibidas, você vai ter que pensar em algo diferente, e...


- Não preciso pensar em nada, Sirius - retrucou Tiago, levantando-se e indo para saída do salão - Porque não vou a lugar nenhum, com ninguém!


A primeira a se recuperar do choque foi Lílian, que saiu em disparada atrás do rapaz, enquanto os outros continuavam de queixo caído.


- Isso realmente aconteceu, ou estou tendo uma alucinação? - perguntou Sirius, ainda olhando para saída, incrédulo.


- Se não aconteceu, então foi uma alucinação coletiva. - comentou Sebastian.


Todos se entreolharam um instante, para então concluírem em uníssono:


- Alucinação coletiva!


 


********************************


Tiago andava rapidamente pelos corredores, quando de repente sentiu-se empurrado para dentro de uma sala vazia. Surpreso, voltou-se para deparar com o rosto indignado de Lílian.


Ergueu a sobrancelha, enfiando as mão nos bolsos para conter a vontade de abraçá-la.


- Percebe a ironia desse seu gesto?


- Não venha de gracinhas, Potter! - retrucou irritada - Por que me humilhou daquele jeito?


- Eu não te humilhei, Lilly.


- Não? Você me rejeitou na frente de todos os nossos amigos! Por quê? É alguma vingança por todas as vezes em que te rejeitei?


- É claro que não! Não seja boba!


- Não me chame de boba!


Tiago suspirou, desanimado.


- Lilly, por favor, não quero brigar com você.


- Então me diga por que fez aquilo. - ela pediu, os belos olhos verdes presos aos dele, provocando reações que ele tentava a todo custo ignorar.


- Por que eu te amo. - respondeu simplesmente.


- Belo jeito de demonstrar!


- Sem ironias, Lilly. Você sabe que é verdade. Acontece que eu mudei. Não quero ficar com você por causa de uma aposta. Quando ficarmos juntos, eu te quero por inteira ao meu lado, tão apaixonada por mim quanto eu por você. Eu sei que ainda não estou à altura das suas expectativas. - continuou, impedindo sua tentativa de interrupção - Mas logo estarei, você vai ver.


- Posso falar agora? - perguntou, quando ele finalmente encerrou o seu discurso. Ele concordou, meio constrangido - Ótimo. Primeiro... - ela puxou-o pela gravata, surpreendendo-o com um beijo apaixonado. - Estava querendo fazer isso há muito tempo. - comentou ofegante, quando se separaram.


- Lilly...


- Shhhh, é minha vez, lembra? - ela pousou o dedo em seus lábios, silenciando-o - Você é um bobo, Tiago. Não percebe que faz muito tempo que eu luto contra o que sinto por você? Eu achava que você devia mudar antes que te entregasse meu amor.


- Eu vou mudar, Lilly, eu...


- Acontece que eu estava errada. Porque eu te amo exatamente como você é. Foi assim que você me conquistou, e não adianta lutar, porque você vai estar aqui - Lilly pousou a mão sobre o peito - para sempre.


Tiago ficou olhando-a, sem conseguir acreditar no que ouvia.


- Devo dizer que esperava uma reação mais condizente com a minha declaração. - brincou Lilly, e então começou a se afastar para a porta - Mas tudo bem, se você não está interessado...


Sentiu-se puxada de volta para seus braços.


- Nada disso, srta. Evans. - Tiago abraçou-a com força - Pensa que vai fugir, agora que eu sei o seu segredo?


- E o que vai fazer, agora que sabe o meu segredo? - provocou, os olhos brilhando, os lábios a centímetros do dele.


- Te manter ao meu lado para sempre! - respondeu, beijando-a com paixão.


Ela retribuiu com prazer, abandonando-se nos braços dele, rindo quando ele começou a rodopiar com ela pela sala, feliz como nunca estivera. A sombra que o acompanhava desde o ataque fora afastada e ele voltava a vislumbrar um futuro feliz, ao lado da única mulher que já amara, e que viria a amar em toda sua vida.


 


N/A: Só pra não quebrar a corrente(rsrsrs): Pelo amor de deus, comentem!


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