Mestres dos Sonhos



Uma vez no Beco Diagonal, porque não aproveitar?

Ninguém havia almoçado, e agora que a tensão do julgamento havia passado, decidiram comer alguma coisa por ali mesmo. Ou melhor, a tensão de QUASE todos tinha passado, porque Ana achava que a presença de Carlinhos era mais perturbadora do que enfrentar qualquer tribunal bruxo.

Além de Agatha e Moody, também estavam lá Neville, a Sra. Longbotton, Luna e o pai dela. Juntaram algumas mesas formando um grupo enorme no local. O dono do restaurante simples parecia eufórico com tanta movimentação: ao que tudo indicava os Comensais não faziam bem para a economia bruxa.

- Alguém mandou uma coruja para a mamãe? – Gina perguntou.

- Para quê? – Rony questionou.

- Até parece que você não a conhece. Deve estar uma pilha de nervos e se ainda não souber o que aconteceu quando chegarmos em casa, vai descontar na gente.

- Não se preocupem. – Carlinhos sorriu para os irmãos. – Papai falou com ela por uma das lareiras do Ministério.

- Por falar nisso... Onde está o senhor Weasley? – Ana perguntou vasculhando todos os lados, só para ter uma desculpa para desviar o olhar de Carlinhos. Do jeito que seu coração disparava cada vez que ele sorria, temia que fosse sofrer um ataque cardíaco em breve.

- Ele disse que já estava vindo... – Carlinhos respondeu. - Ah! Lá está ele!

O senhor Weasley entrou no restaurante acompanhado de Tonks e de Lupin.

- Olá! Olha só quem eu achei! – o senhor Weasley falou animadamente e conjurou mais três cadeiras.

- Desculpem a demora! – Tonks disse. Depois cochichou no ouvido de Ana: - Procuramos por uma hora com todos os feitiços que conhecemos, mas a tal Rowling desapareceu do mapa!

- Eu sei... – Ana respondeu também cochichando ao ouvido dela. – Feitiço de confusão. Acho que foi Dumbledore... – e acrescentou ainda cochichando, mas com um tom malicioso: - Uma hora? Mas vocês ficaram fora por duas... O que você e Lupin fizeram no restante do tempo?

- Você é impossível... – Tonks retrucou com um sorriso no canto dos lábios. – Depois eu tenho uma coisa para te contar. Mas, me diga, deu tudo certo no tribunal?

Ana tentou responder. Realmente tentou. Mas parecia que sua língua tinha travado. Já estava muito vermelha de tanto se esforçar quando Hermione percebeu e perguntou para as duas:

- Ela está tentando falar sobre o julgamento?

- Sim. – Tonks respondeu.

- Sinto muito. Contrato mágico. Todos que estavam no julgamento foram proibidos de comentar... E isso se estende até mesmo ao ato de escrever. Por favor, faça a pergunta de novo.

- Deu tudo certo? – Tonks repetiu.

Hermione balançou a cabeça afirmativamente:

- Isso é o máximo que podemos fazer. Acredito que foi o que o senhor Weasley fez quando falou com a esposa pela lareira do Ministério.

- Isso mesmo. – Arthur Weasley confirmou.

Luna deu uma risadinha:

- Bem, esses feitiços do Ministério não têm fama de serem muito bons. Acho que em breve os rumores vão voltar. Mas enquanto isso...

- Que pena... Minh... – Ana tentou dizer “Minha defesa foi tão boa...”, mas nem isso conseguiu. – Ah, isso é frustrante! – exclamou com uma expressão cômica, fazendo os demais rirem.

Um clarão saiu do nada. Ana ficou cega por um segundo, e quando voltou a enxergar viu um garoto loiro com uma câmera nas mãos:

- Oi gente! – ele disse muito rápido e empolgado. – Que bom ver vocês! Tudo bem? Alguma novidade? Sabem o que aconteceu no Ministério? Ah, oi Harry! – tirou mais uma foto só de Harry, mas cegou os demais do mesmo jeito.

Ana esfregou os olhos na tentativa de voltar a enxergar mais rápido. Assim que conseguiu focalizar o garoto loiro, exclamou:

- Colin Creevey, eu suponho! – ela foi abrindo um sorriso lentamente, enquanto o cumprimentava: - Meu nome é Ana Maximilliam Anhangüera...

- Olá! – Colin devolveu o cumprimento também sorrindo. – Você é a sobrinha da senhora Agatha, não é? Alguém falou de mim?

Ana fez uma expressão de “o-ou...”. Trocou de assunto rapidamente:

- Eu tive uma idéia! Me empresta a câmera, Colin? - o garoto a entregou. – Obrigada. – depois se dirigiu a um homem loiro, cabelos curtos, que estava em uma mesa próxima. – Com licença, senhor... Poderia tirar uma foto do nosso grupo?

O homem pareceu muito surpreso, depois apreensivo, mas aceitou a tarefa ainda que não exatamente contente com isso. Ana puxou Colin para o meio dos amigos:

- Você sempre está tirando as fotos, Colin. Mas nós gostaríamos que desta vez fizesse parte dela conosco. – o garoto pareceu extremamente contente. – Aquele ali não é seu irmão... Denis? Chame-o, também!

Seguiu-se uma série de fotos com sorrisos, caretas, poses feitas... Os mais velhos, como tia Agatha, Augusta Longbotton e Moody, ainda tentavam se manter mais sérios, mas o restante não estava nem aí, divertindo-se muito! Também formaram trios, quartetos, duplas, quintetos... Enfim! Colin tinha fotos para compensar o ano todo!

- Assim que eu revelar o filme, vou mandar cópias para vocês! – Colin avisou quando se despediu, saindo do restaurante com o irmão e os pais.

Eles saíram logo depois. Ana tinha a sensação ruim de que tempos assim, de descontração e divertimento, iriam ser ainda mais raros dali por diante. Mas afastou esses pensamentos com certa dose de ceticismo. Desde quando ela dava uma de Sibila Trelawney?

Lembrou-se de agradecer mais uma vez o homem que tirara as fotos, e segundos depois de sair entrara novamente no restaurante, mas ele desaparecera. Dando de ombros, saiu novamente, surpreendendo-se ao constatar que todos tinham desaparecido... Todos, menos Carlinhos.

- Aonde eles foram? – ela perguntou muito surpresa.

- Moody, Agatha e a senhora Longbotton foram tomar chá aqui perto. Falaram alguma coisa sobre como existem poucos lugares onde se fazem chá decente hoje em dia. – riu. – Papai voltou para o Ministério e o senhor Lovegood para a redação d’O Pasquim. Os garotos foram na Gemiliadades Weasley.

- Oh, Meu Deus! Diga-me que eles não foram sozinhos! – Ana exclamou.

- Lupin e Tonks foram com eles. – Carlinhos apressou-se a acalmá-la.

- É claro! – ela suspirou aliviada. – Aqueles seis já enfrentaram os comensais antes, mas... Bem, acho que vamos ter que agradecer pelo resto da vida o trabalho que Tonks e Lupin estão tendo!

Os dois começaram a caminhar lado a lado pelas ruas praticamente desertas do Beco Diagonal. Ela estava começando a ficar nervosa, pois percebeu que a tinham deixado sozinha com ele de propósito. Mais ainda, tinha quase certeza que a idéia tinha saído da cabeça de Gina e de Hermione.

- É verdade. – Carlinhos respondeu. - Os dois são ótimas pessoas, temos sorte em tê-los conosco.

- Eles enfrentaram e ainda vão enfrentar muitas coisas para ficar juntos. Merecem um final feliz...

- Eu enfrentaria muito mais por você, se você deixasse... – Carlinhos falou, parando e segurando-a levemente pelo braço, enquanto a fitava em um pedido mudo.

- Carlinhos... Por favor... – ela começou a protestar com a voz fraca, a cabeça baixa.

- Não, eu é que peço que, por favor, me escute! – ele disse e, quando percebeu que as poucas pessoas que passavam pela rua começavam a olhá-los, curiosos, puxou-a para um canto escondido entre dois prédios.

- Eu te amo. Parece loucura que eu tenha desenvolvido este sentimento em tão pouco tempo, mas... Eu não posso negar... Não me importa o que tenha que fazer, quanto tempo tenha que esperar, mas o que tiver que ser feito, farei. – ele fez uma pequena pausa, e acrescentou quase em um sussurro: - A menos que você não me queria como eu te quero. A menos que diga que não me ama...

Era isso. Simples. Era só dizer que não o amava. “Vamos diga”, Ana ordenou-se. “São só algumas palavras e você pode garantir que ele siga normalmente com a vida dele, que ele seja feliz...”. Ela abriu a boca várias vezes tentando dizer. Mas as palavras não queriam sair, como se também houvesse algum feitiço impedindo-a de falar algo que fosse contrário a seus sentimentos.

Carlinhos percebeu isso. A expressão ansiosa do rosto dele se foi, dando lugar ao alívio. Um sorriso brincou em seus lábios e ele os aproximou para roçarem levemente a testa dela. Ana fechou os olhos, deliciando-se com a sensação.

- Você me ama... – ele murmurou enquanto deixava a boca descer até os olhos dela, depositando pequenos beijos neles. – Diga... Eu preciso ouvir.

- Eu te amo. – as palavras sussurradas tinham praticamente saltado de sua boca, como se ela tivesse tomado Veritaserum.

Imediatamente a boca dele estava sobre a dela, em um beijo apaixonado.

Muito tempo deve ter se passado sem que eles se dessem conta. Na compania um do outro, trocavam carinhos, conversaram sobre tudo o que estava acontecendo. Cada vez que Ana dizia que não poderia ser, que não daria certo, Carlinhos a calava gentilmente com um beijo, e ela voltava a ceder a todo aquele amor que ele lhe dava.

Só quando Carlinhos mencionou os irmãos, Ana deu-se conta de quanto tempo estavam ali:

- Merlim! Os garotos! Temos que voltar!

- Está bem... – ele concordou relutante. – Também tenho que voltar para o trabalho. – então voltou a fitar profundamente os olhos azuis: - Não vai desistir de nós, vai?

- Prometo que vou pensar. – ela sorriu timidamente.

Ana se arrepiou com a expressão determinada que Carlinhos fez. Era como se dissesse: “Eu não vou deixá-la desistir”. Mas ele não falou nada, apenas limitou-se a acompanhá-la enquanto iam para a Gemialidades Weasley.

“Eu te amo”. Ela dissera aquelas três palavras e deixara que ambos se envolvessem. Com três palavras ela tinha lançado a vida dos dois naquela armadilha. Agora tudo o que restava era a angústia de ter que esperar o que o futuro lhes reservava.

***

- O que deu nele? – Ana perguntou para Neville enquanto observava um Rony evidentemente mais confiante atendendo os clientes dos irmãos.

- Er... E-eu não sei... – Neville começou a explicar timidamente. Aquela moça bonita e inteligente que tinha enfrentado o tribunal bruxo o deixava nervoso. – Ele ficou assim depois que viu a foto de um ator em uma revista trouxa que estava aqui...

- Um ator trouxa? – Ana estranhou. – Quem?

- Ah... O primeiro nome eu não lembro... Mas acho que o sobrenome era Fraser. Gravei porque é o mesmo de um jogador da Lufa-Lufa...

Ana pôs a mão na boca, disfarçando o riso, compreendendo o que tinha ocorrido. Ela resolveu trocar de assunto:

- Ah, Neville, soube que você é bom de Herbologia. Eu estou com algumas dúvidas...

O assunto pareceu deixar o garoto bem mais a vontade. Neville podia ser tímido, mas nas ocasiões certas avançava como um trator contra seus inimigos. Como quando enfrentou os Comensais no Ministério e depois, em Hogwarts.

Luna e Gina se juntaram a eles na conversa. Após algum tempo, os gêmeos a chamaram para um canto da loja.

- Queremos fazer um trato com você cunhadinha... – Jorge falou.

- O-o quê? Do que vocês estão falando...

- Quanto tempo mesmo ela e Carlinhos levaram para chegar até aqui, Jorge? – Fred perguntou.

- Ah... Deixa eu ver... – ele começou a olhar para o relógio.

- Tá, tá! Entendi! Parem de pegar no meu pé e digam logo o que querem.

***

Harry havia decido voltar com Ana para a casa dos Smiths. Já estavam no final da tarde, mas insistiu para ir a Hogwarts tão logo chegaram. Disse que teria ido antes, se não fosse a confusão no Ministério. Ana desaprovou tanta ansiedade, mas o garoto não lhe deu ouvidos.

“Bem, não dá para fazer Harry Potter mudar de idéia. O melhor que se pode fazer é insistir em acompanhá-lo”, pensou.

Falou para a tia que tinha que pegar alguns livros na biblioteca e que ambos retornariam antes do anoitecer.

Lupin iria ficar com eles desta vez, junto com Tonks. Só que o velho lobo conhecia bem Harry, e logo desconfiou que estivesse havendo algo. Simplesmente disse que iria com eles a Hogwarts e não tiveram alternativa a não ser deixarem-se acompanhar.

- Como vamos achar e reunir os fantasmas? – Ana sussurrou, enquanto Lupin estava distraído conversando com a senhora Pince.

Harry tirou um pedaço de papel do bolso do seu casaco, e ela prendeu a respiração ao reconhecer o que era.

- Isso funciona com fantasmas também?

- Sabe o que é?

- Claro! Li... – ia dizer “livro três”, mas o feitiço lançado no ministério a impediu. Suspirou resignada, enquanto Harry sorria, divertido da frustração dela. Ele ergueu a varinha, mas Ana adiantou-se:

- Ah, me deixa fazer? Por favor, por favor! – ela implorou, mais parecendo uma criança.

- Você sabe como...? – Ana balançou a cabeça freneticamente. – Tá bom... – e lhe passou o papel.

Pegando a sua própria varinha, e depois de olhar para os lados certificando-se que ninguém estava por perto, falou baixinho, mas com um sorriso travesso nos lábios:

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom! – e tocou o pergaminho com a varinha.

O Mapa dos Marotos revelou-se diante deles. Poucos pontos apareciam no mapa, agora que a escola estava vazia. Mas eles conseguiram ver pontinhos diferenciados, onde se lia os nomes dos fantasmas residentes das Casas.

- É melhor ficar aqui enquanto eu os procuro. Se Lupin perguntar... Diga que fui ao banheiro, sei lá.

Ana resmungou alguma coisa, mas concordou com ele.

***

Sir Nicolas de Mimsy-Porpington, ou melhor, Nick Quase-Sem-Cabeça, foi fácil de encontrar. O fantasma residente da Grifinória estava próximo ao Salão Principal, conversando com outro fantasma, Sir Patrício Delanky-Podmore. O Frei Gordo, fantasma da Lufa-Lufa, estava em uma conversa animada com os elfos domésticos na cozinha. Dobby ficou eufórico quando viu Harry, e logo perguntou:

- O que Dobby pode fazer por Harry Potter?

Harry sorriu para o amigo, e pediu-lhe para que chamasse o Barão Sangrento. Dobby teve um pequeno estremecimento ao pensar em falar com o fantasma da Sonserina, mas atendeu ao pedido. Em seguida, ele encontrou a Dama Cinzenta, fantasma residente da Corvinal, sentada em uma das salas vazias, estudando.

Reuniu todos eles na entrada do castelo. Os fantasmas olhavam uns para os outros, sem entender o que estava acontecendo.

- E então, jovem Potter? – Nick Quase-Sem-Cabeça perguntou.

- Voldemort. Horcruxes. – Harry disse muito sério, após uma pausa tensa.

A Dama Cinzenta fez “Oh” e levou as mãos transparentes aos lábios. O Frei Gordo e Nick se olharam surpresos. O Barão não fez nada, a não ser voltar seu olhar vidrado para o chão.

- Então... Você descobriu o livro de Black... – Nick comentou. Voltando-se para os demais fantasmas, disse: – Bem pessoal, sabem o que tem que fazer...

O Frei e a Dama Cinzenta, bem como Nick, puxaram de suas vestes ectoplásmicas pedaços daquela espécie de papel fantasma que Harry já tinha visto antes, quando recebera o convite para a festa do Deathday de Nick Quase-Sem-Cabeça. Eles os juntaram, e então ele percebeu que eram partes de uma outra mensagem. Mas faltava um pedaço.

Os três fantasmas olharam interrogativamente para o Barão, mas não ousaram dizer nada. Foi Harry que o fez:

- Barão...?

O Barão Sangrento suspirou (ou foi como se o tivesse feito, já que não respirava mais) e tirou outro pedaço de papel de suas vestes manchadas de sangue prateado. Entregando-o à Harry, voltou-lhe as costas e saiu murmurando roucamente: “Fiz uma promessa... E agora a cumpri”.

- Não sabemos o que significa, senhor Potter. – a Dama Cinzenta adiantou-se a explicar, ao perceber a expressão confusa de Harry ao ler a mensagem. – Nós só prometemos a Regulus Black que guardaríamos estes pedaços.

- E logo depois o pobre rapaz... Se foi. – completou o Frei Gordo tristemente. – Talvez o Barão saiba de alguma coisa, mas...

- Ninguém ousa perguntar. – Harry completou, adivinhando que os demais fantasmas queriam distância do fantasma da Sonserina. – Obrigado, mesmo assim. Eu tenho que ir agora.

Enquanto Harry se afastava, Nick Quase-Sem-Cabeça disse preocupadamente:

- Oh, Deus, não deixe que este menino tenha o mesmo fim que Black!

***

- Conseguiu? – Ana perguntou sussurrando, quando Harry voltou à biblioteca.

Ela tinha dado graças à Deus, porque não tinha mais desculpas para dar a Lupin. O homem tinha saído à procura de Harry preocupadíssimo. Se bem que ele desconfiava que o sumiço não tinha sido causado por nenhum comensal, já que Ana parecia muito tranqüila. Para o “Aluado” deveria ser algo que eles estavam aprontando... Onde Dumbledore estava com a cabeça quando resolveu juntar Harry e Ana? Isso era confusão na certa!

- Sim... E não. – Harry respondeu desanimado. – Mais uma charada.

Ele mostrou o pedaço de papel à Ana que murmurou ao ver aquela substância transparente: “Que interessante, sempre quis saber...”. Bem, mas aquilo não era hora para divagar sobre o mundo dos fantasmas. Ela leu o conteúdo do papel:

“Esta Alma Desencarnada pode lhes dizer:
Procurem nas terras dos quatro, entre aqueles
A quem os deuses confiam seus filhos.”

- Entendeu alguma coisa? – Harry perguntou ao ver a expressão distante de Ana. Aquele olhar lembrou-o um pouco Luna. – A terra dos quatro deve ser aqui, não? Ou será que vamos ter que procurar nos lugares onde os fundadores nasceram?

- Não, você está certo. – Ana parecia preocupada. – Deve ser Hogwarts, especialmente por aquela parte da outra mensagem... “Prepare-se para o que não é permitido”. Foi a maneira que Regulus deve ter encontrado para que somente aqueles que tivessem achado a primeira mensagem entendessem a segunda de forma correta.

- Como assim? – Harry perguntou.

- O que não é permitido é...

- Proibido! – Harry entendeu. – Então...

- Regulus estava se referindo à necessidade de termos que entrar na Floresta Proibida depois de falarmos com os fantasmas.

- Isso nunca foi problema para mim... – Harry sorriu, convencido.

- Eu sei, senhor “Eu-Entrei-Na-Florestra-Proibida-Todos-Os-Anos-E-Saí-Vivo”! – Ana mostrou a língua para ele, o que o fez ter que controlar uma risada. – Essa não é a pior parte, por incrível que pareça... – ela estava séria novamente. – O pior é o que eu descobri ligando os dois trechos e que confirmou que o local é a Floresta Proibida. Nós vamos ter...

- Harry! – era Lupin. – Onde esteve? O que andou aprontando?

- Nada... – Harry apressou-se a responder, tentando parecer natural. – Eu só estava dando uma volta no castelo... Edwiges estava com saudades dos amigos e fomos até o corujal.

Lupin suspirou e passou as mãos nos cabelos, cansado. Era evidente que não acreditou em uma palavra, mas parecia que não tinha tempo para discutir:

- Vamos embora. Já está escurecendo. – diante do estranhamento dos dois, completou, em tom baixo: - É noite de lua cheia.

Eles se entreolharam preocupados.

- Você... – Harry começou a perguntar.

- Tomei a poção, sim. – ele tentou sorrir. – Mas não gostaria de me transformar na frente da senhora Pince. Deve ter uma regra da biblioteca contra isso também.

Eles juntaram suas coisas rapidamente e se apressaram a sair. Pegaram uma carruagem puxada por trestálios e seguiram para Hogsmeade. Ana não sabia aparatar, Lupin não podia porque a aproximação da lua cheia o estava enfraquecendo. Harry não poderia aparatar com os dois ao mesmo tempo (eles não ousavam deixa-lo nem por um instante) e Lupin se recusou a deixar Ana sozinha. Não contou aos outros, mas tinha um mau pressentimento.

A noite caiu rapidamente enquanto avançavam pelo caminho. Harry olhou cheio de remorso para Lupin:

- Desculpe, professor. – ele ainda o chamava assim, às vezes. – Eu não tive intenção...

- Eu sei, Harry. – Lupin tentou sorrir para o garoto, o rosto pálido e cheio de suor, parecendo estar sentindo dor. – Eu deveria tê-los avisado... Se a lua aparecer antes de chegarmos... Deixem-me na carruagem e saiam... A transformação é um pouco violenta... Mas logo depois a poção faz efeito e eu fico inofensivo...

Ele fitou Ana, e disse, a voz cada vez mais cansada:

- Desculpe assusta-la.

- Eu não estou assustada, Lupin. – Ana sorriu amigavelmente. – Estou preocupada. Acredite, de todos os lobisomens, o único que metade do mundo levaria para casa sem pensar duas vezes seria você.

- Espere só até Tonks ouvir isso... – Lupin sorriu fracamente.

- Eu não quis dizer... – Ana enrubesceu ao perceber que suas palavras tinham duplo sentido. Mas parou de falar e fez uma careta ao ouvir o riso baixo e fraco de Lupin. – Ora seu... Você entendeu perfeitamente! – ela riu também. – Vejo que não deve estar tão mal assim.

A lua começou a surgir e Lupin não conseguiu esconder a dor imensa que o percorreu.

- Saiam... AGORA! – ordenou.

Harry e Ana foram para fora totalmente angustiados de não poderem ajudar o amigo. A carruagem estremecia e sacudia, gritos horrendos vinham lá de dentro, enquanto o vento gélido que anunciava o outono soprava.

Quando nenhum movimento ou som saiu da carruagem, os dois suspiraram aliviados. Tinha acabado. Deram o primeiro passo em direção à carruagem, mas o chão pareceu estremecer, e vultos surgiram ao redor deles. Vultos enormes, cujas respirações animalescas Ana podia sentir.

Lobisomens.

Eles sacaram suas varinhas, não sabendo que lado defender primeiro.

- Olá... – um deles, o de aparência mais selvagem, falou. – Ouvimos dizer que um amigo nosso está aqui. – um barulho foi ouvido na carruagem e ele caminhou até lá. – Lupin, é você camarada?

- Greyback... – Harry sussurrou para Ana, que gelou ao nome.

A porta da carruagem se abriu em um estrondo e Lupin, já na forma de lobisomem, pulou sobre Greyback, iniciando uma luta ferrenha.

- “Estupefaça”! – Harry atingiu um dos lobisomens.

Ana não tinha certeza se dois dias de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas a habilitava a enfrentar lobisomens. Mesmo o professor tendo sido Moody. Ainda assim, juntou-se ao amigo:

- “Petrificus Totalus”! – atingiu outro deles.

Oh, Deus! Era a primeira vez que estava usando seus poderes de verdade, e logo assim! Teve a terrível certeza que iria morrer. Como se não bastassem os demais lobisomens que os cercavam, dois bruxos apareceram. Um deles ela não conhecia, mas o outro...

- Façam o que quiserem com Lupin, mas peguem a garota e o Potter! O Mestre os quer inteiros! – Snape gritou.

Os lobisomens saltavam agilmente, fugindo dos feitiços lançados pelos dois. Eles estavam chegando cada vez mais perto, mas os comensais estavam começando a se impacientar e resolveram interferir:

- “Expeliarmus”! – Snape atingiu Ana que, inexperiente, esquecera do feitiço de proteção. Sua varinha voou para baixo da carruagem, o que a deixou à mercê das criaturas que a cercavam.

- ANA! – Harry gritou, mas não conseguiu protege-la porque um lobisomem conseguiu se aproximar perigosamente dele.

Lupin voltou a atenção para ela. Aproveitando a distração, Greyback cravou seus dentes no ombro dele, o que o fez urrar de dor e ter que tentar primeiro se livrar de seu algoz.

- Calma... Bonzinho... Isso, bom garoto! – ela começou a falar mansamente para o que rosnava e se aproximava lentamente dela, cercando-a. O que por um lado era bom, porque ele estava tampando a visão dos comensais. Eles não podiam lançar nenhum feitiço contra ela com aquela montanha de pelos e de músculos na frente.

Harry teria rido se a situação não fosse tão perigosa:

- “Estupefaça”! – Harry conseguiu se livrar do que estava mais próximo dele e apontou a varinha para o que a estava ameaçando: - “Estupefaça”! Ana, pelo amor de Deus, eles não são cachorrinhos!

“Cachorros?”, Ana pensou, uma daquelas suas idéias doidas surgindo de novo. Sua bolsa ainda estava com ela. Se conseguisse achar lá dentro... Tentou se proteger atrás da carruagem, mas outro lobisomem pulou na sua frente. Certamente as criaturas estavam se segurando para não rasgar-lhe a jugular por causa de Voldemort, mas o olhar deles estava cada vez mais animalesco, como se o controle fosse fugir a qualquer momento.

- Rodolfo, não os deixe atacar a garota! – Snape gritou para o outro comensal, que estava mais próximo dela. – Se ela morrer não valerá nada para o mestre!

- Sim... Mas quem sabe machucar um pouquinho, eim? – Rodolfo Lestrange respondeu, divertindo-se com o pensamento. – Bella iria gostar de saber que...

Ele não conseguiu terminar a frase, porque Ana tinha achado o que procurava e o pôs na boca, soprando-o com toda a força. Os humanos não mostraram nenhuma reação, mas os lobisomens urraram e caíram no chão com as mãos (ou seriam as patas?) nos ouvidos, parecendo desorientados. Lupin e Greyback também pareceram sentir, porque se separaram e começaram a uivar enquanto também tampavam os ouvidos.

Ana parou para tomar fôlego. Harry e os comensais olhavam para ela assombrados. Snape se recuperou mais rápido e iria azará-la se no mesmo instante os lobisomens não começassem a correr, assustados com o que quer que os tivesse atingido. Estavam tão desorientados que um deles o derrubou na ânsia de fugir. O baque deve ter sido forte, porque o velho mestre de Poções ficou no chão e não se levantou mais.

Lestrange pareceu lembrar-se de onde estava e apontou a varinha para Ana. “Estou acabada”, ela pensou, fechando os olhos. Mas Harry foi mais rápido:

- “Expelliarmus”!

- “Protego”! – ele se protegeu.

Os bruxos se entreolham por dois segundos. Harry soube pelo olhar de Lestrange que ele iria dificultar as coisas. Realmente, o comensal lançou um feitiço silencioso, e, para a surpresa do próprio Harry, ele conseguiu repelir sem igualmente pronunciar uma palavra.

Lupin começou a se levantar, e Greyback também, notando que sua matilha o tinha deixado. Com um rosnado de raiva, ele avançou novamente para Lupin. Ana abriu os olhos naquele momento. Não pensou duas vezes e soprou o objeto que tinha nas mãos outra vez. Só lamentava que isso também atingisse o amigo. Quando ela parou para tomar fôlego, Greyback resolveu seguir os seus companheiros e correu cambaleante para os arbustos onde os outros tinham desaparecido.

Uma batalha grandiosa estava acontecendo entre Harry e Lestrange. Lupin já estava se recuperando e caminhou na direção dos dois a fim de ajudá-lo. Por isso, nem Lupin nem Harry viram quando Snape começou a se mexer.

Com o caminho livre agora, Ana correu até a sua varinha, pegou-a e a apontou para Snape. A varinha dele estava a alguns metros dos dois. Eles ficaram se olhando, Ana respirando com dificuldade. A expressão de Snape indagava porque ela não lançava um feitiço de estuporamento logo.

Os segundos foram se passando, e quando Ana percebeu, Snape estava na mente dela. Tão logo se deu conta do perigo disso, ela se acalmou como tinha lido nos livros que estudara com Harry, e manteve a mente fechada. Mas não antes de perceber que uma imagem tinha escapado: a dele se pondo protetoramente entre três adolescentes e um lobisomem, muitos anos atrás.

Estreitando os olhos, a face em perplexidade, Snape aparatou apenas alguns metros, pegando sua varinha e sumindo novamente. Ao voltar o olhar para Harry e Lupin, Ana notou que eles estavam sozinhos, o que queria dizer que Lestrange devia ter feito o mesmo alguns segundos antes.

Harry observava-a intrigado, mas atribuiu a inação dela à sua inexperiência e ao medo de Snape.

- Lupin! – ela exclamou e Harry olhou para trás, percebendo que o antigo professor tinha caído de joelhos.

Os dois o socorreram. Ela falou, preocupada, quando viu os ferimentos no ombro dele:

- Está muito machucado...

- E atordoado – Harry completou. – Que objeto mágico foi aquele que você usou?

- Mágico? – ela perguntou confusa. – Não era mágico! Era só um apito para cães. – ela o tirou do bolso e o mostrou. – Comprei quando fui a Londres para preparar as coisas para o jantar do ministro trouxa. Achei que seria útil com o cachorro chato do meu vizinho lá no Brasil. Pensei que, já que funcionava com cachorros, quem sabe...

Harry a olhou atônito:

- Você é a maluca com mais sorte que eu conheço!

***

A carruagem chegou na frente da casa dos Smith. Agatha e Tonks apareceram, aflitas:

- O que aconteceu? – Agatha exclamou quando viu Harry e Ana com as roupas cheias de terra.

- Onde está Remo? – Tonks encontrou os olhos de Ana e entendeu que ele estava dentro da carruagem. É claro que ela sabia o que a lua cheia fazia com ele. – Oh, Remo! Você disse que iria voltar a tempo! Por que demorou tanto? – os olhos dela encheram-se de lágrimas.

Ana e Harry trocaram um olhar de remorso.

- Como assim a tempo?

- Não se preocupe, Agatha. – Tonks disse, enxugando os olhos. – Vou levá-lo daqui...

- Leva-lo? Por que faria isso...? – antes que Tonks a impedisse, Agatha olhou para dentro da carruagem. – Oh!

- Ele não é perigoso quando toma a poção, tia. – Ana apressou-se a dizer. - Ele só fica transformado, só isso... Ele salvou nossas vidas... Fomos atacados por lobisomens, e ele nos defendeu!

-Vou levá-lo. – Tonks apressou-se a dizer quando viu a expressão de Agatha. – Há um velho celeiro... Nós já tínhamos combinado...

- Não! – Tia Agatha disse firmemente. – Por Merlim! Lupin é meu convidado, não vejo porque ele tenha que ir dormir em um celeiro! Ainda mais quando salvou a vida da minha sobrinha! Francamente! O que pensa de mim?

Tonks fitou a mulher mais velha em um agradecimento mudo.

- Vamos, vamos! – disse Agatha - Temos que leva-lo para dentro e cuidar desses ferimentos!

Os quatro o carregaram com dificuldade para dentro. Se Lupin ainda não estivesse consciente e capaz de andar quando Harry e Ana o colocaram na carruagem eles provavelmente ainda estariam lá, tentando levanta-lo, porque ele parecia pesar o triplo de seu peso assim, como lobisomem. A sorte era que a casa de Agatha tinha um terreno tão grande em volta que a tornava um tanto isolada das demais, então podiam arrastá-lo sem se preocupar em serem vistos.

***

Exaustão. Ninguém da casa tinha condições de permanecer acordado depois de terem posto Lupin em um dos quartos do andar de baixo e cuidado dele. Tonks ainda estava lá, zelando por ele quando Ana saiu, mas ela simplesmente não agüentava mais. Nem Harry. Os dois foram quase se arrastando até os seus quartos e nem mesmo tinham se lembrado que não haviam terminado a conversa que iniciaram em Hogwarts.

Ana caiu em um sono profundo tão logo se deitou na cama (a expressão correta teria sido “desabar na cama”). Mas momentos depois um sonho tenebroso a fazia gemer e se revirar.

Voldemort estava furioso. Ele era Harry. Não, era Ana... Ela não conseguia entender. Ele estava em uma sala muito mal iluminada. Apesar de vários lustres estarem à disposição na parede, apenas dois estavam acessos, dando uma iluminação insuficiente ao local. Percebia-se a presença de mais pessoas somente pelos vultos que se viam de vez em quando.

- Eu estou cercado de incompetentes! – a voz dele poderia matar de tanta raiva que continha. – Deixaram de pega-la porque havia muitos aurores a cercando e, quando têm a oportunidade de fazê-lo com o reforço de lobisomens e ainda pegar o Potter, falham!

- Os lobisomens não foram de grande ajuda, mestre. – Lestrenge explicou. – A moça tinha um objeto mágico que os atordoou...

- Objeto mágico? – Voldemort indagou, olhando para Greyback.

- Sim, meu lorde. – o lobisomem confirmou. – Um instrumento sonoro de sopro, muito alto, que somente nós pudemos ouvir...

Os olhos de Voldemort ficaram extremamente vermelhos, fazendo todos na sala se encolherem.

- UM APITO PARA CÃES! – ele gritou.

- O quê? – Greyback não entendeu.

- Um objeto trouxa dos mais simples, usado para controlar cachorros! – não ligando para a expressão espantada do lobisomem, ameaçou: - Greyback, acho melhor arranjar um jeito de neutralizar esses instrumentos. Do contrário você e sua raça não terão mais nenhuma utilidade para mim e terei que desfazer nosso acordo...

- Sim, meu lorde... – Greyback apressou a sair antes que Voldemort mudasse de idéia e dissesse que eles já não eram necessários.

O Lorde das Trevas voltou-se para Snape e Lestrange:

- Agora... Vocês dois não conseguirem dar conta de um garoto e de uma aborto... – a voz dele ficou entre a zombaria e a ameaça.

- Perdão, mestre, mas a moça não é um aborto. – Snape afirmou, a expressão impassível, como sempre.

- Como? – Voldemort não se lembrava de ter visto a garota usar poderes mágicos.

- Ela estava com uma varinha, meu lorde. – Snape continuou. – E a usou, embora insuficientemente, devido a sua inexperiência, acredito. Deve ser um caso de manifestação adulta de magia. O que é bem provável já que todos comentam que o pai era brasileiro...

Voldemort interrompeu Snape com uma gargalhada:

- Essa garota me surpreende cada vez mais! Acho que vou gostar muito de matá-la depois de conseguir o que quero. Não mais do que vou gostar de matar o Potter, mas... Sim vou me divertir muito, com certeza! – voltou-se para Snape e Lestrange: - Mas no momento sinto-me muito frustrado... Tenho que descontar isso em alguém, infelizmente! “Crucio”!

Ana gritou. Não queria ferir Snape. Apesar de desejar abaixar a varinha que estava apontada para ele e para Rodolfo Lestrange, a mão não lhe obedecia. Captou a mente de Harry, algo de revolta nele. “Chega, chega, chega!” Ana desesperou-se, e ordenou a sua mente que parasse, levando a consciência de Harry consigo.

Acordou com os próprios gritos e os de Harry. Ela percebeu que estava suando. Correu para o quarto dele. Tonks e tia Agatha chegaram em seguida.

- Harry! – ela exclamou preocupada vendo os olhos dele vidrados nela.

- VOCÊ O DEIXOU IR DE PROPÓSITO!

- O que... – ela estava confusa.

- VOCÊ DEIXOU SNAPE FUGIR DE PROPÓSITO HOJE! VOCÊ TEM PENA DELE!

- Ana, o que está acontecendo? – Tonks perguntou.

- Eu não tenho certeza. – sussurrou muito pálida. – Acho que ambos sonhamos com Voldemort... Eu...

- Você entrou nos sonhos de Harry com Voldemort?!? – Tonks parecia preocupada.

- Mestres dos Sonhos... – Agatha murmurou.

- O que disse, tia? – Ana perguntou.

- SAI DAQUI! EU NÃO QUERO VER VOCÊ NUNCA MAIS! – Harry voltou a gritar.

- Sim, EU TENHO DÚVIDAS SOBRE SNAPE! VOCÊ TAMBÉM TERIA SE TIVESSE... – Ana tentou dizer “lido os livros”, mas o feitiço ainda estava funcionando.

- Ter o quê? – Harry parou de gritar, mas sua voz continuava tão raivosa quanto antes.

Agatha e Tonks limitavam-se a olhar de um para o outro atônitas, sem entender nada, mas tão pouco ousando interrompê-los.

- Há muitos indícios... São somente suposições de leitores... Ninguém tem certeza. Por exemplo, ele te salvou no primeiro ano (aqui Ana começou a perceber que o feitiço do Ministério estava começando a falhar).

- Uma dívida com o meu pai que ele não queria dever para o resto da vida! – Harry exclamou.

- Ajudou a guardar a Pedra Filosofal...

- Só porque não sabia que era Voldemort por trás de Quirell! – nesta parte Ana, hesitou. Foi exatamente o que Snape disse à Narcisa e a Bellatrix quando elas o interrogaram sobre isso.

- Ele se pôs entre vocês e Lupin quando ele se transformou em lobisomem e perdeu o controle por não ter tomado a poção! – ela ainda argumentou.

- Queria ser o herói à custa da prisão de Sirius e da expulsão de Lupin! Queria se vingar dos dois por causa da brincadeira que Sirius tinha feito quando eram estudantes! – Harry rebateu.

- Brincadeira de muito mau gosto e irresponsável, vamos combinar! Se não fosse seu pai ele teria morrido!

- Que indício pode ser maior do que ter matado Dumbledore? Que ter contado a Voldemort sobre a profecia?

- SIM, E LÍLIAN MORREU POR CAUSA DISSO!

Ana tampou a boca com as mãos, percebendo horrorizada que tinha falado demais.

- O que... Quer dizer com isso...? – Harry empalideceu.

- Nada. Esqueça. Só suposições sem importância... De leitores, já disse – ela falou rapidamente.

- POIS DEVIAM LER OUTRA VEZ! – Harry recusava-se a pensar no significado das palavras de Ana. - Não devem ter lido direito! Era só o que me faltava ela ter dito que Snape era inocente! – com “ela” queria dizer Rowling.

- Ela não escreveu isso! São coisas que estavam... – Ana arregalou os olhos: - Nas entrelinhas... – completou em um fio de voz.

Harry a encarou. Dumbledore tinha dito que havia coisas que só ela poderia contar a Harry antes que ele prosseguisse. Avisou-a para que “lesse nas entrelinhas”.

- Ele não estava falando da carta! – Ana exclamou estupefata.

Harry pareceu entender, porque a raiva sumiu de seu rosto, sendo substituída pelo assombro.

- Não. – Harry balançou a cabeça negativamente. – Não pode ser isso...

- Ele entrou na minha mente, hoje... – Ana comentou. - Ele viu alguns dos meus pensamentos. Ele podia ter usado os segundos que eu fiquei paralisada para me destruir, mas não fez. Então, consegui fechar minha mente e...

- Você conseguiu enfrentar Snape com Oclumência? – Harry estranhou. – Mas... Mas... Eu nunca consegui! Snape é muito bom!

- Acho que não é só isso, Harry. – Ana disse com cuidado. – Sua raiva contra ele te atrapalha. Não teve problemas para evitar que Lestrange lesse seus pensamentos hoje, teve?

Ele silenciou e fitou o chão. No fundo, sabia que era verdade. Dumbledore já lhe tinha dito isso uma vez. Até mesmo Snape. Ana deve ter seguido a linha de pensamentos de Harry porque acrescentou:

- Você o odeia tanto quanto Voldemort. Acho que foi por isso que Dumbledore o escolheu para te dar aulas de Oclumência.

Fazia sentido, pensou Harry.

- Ana – Tonks resolveu falar de uma vez. – Por falar em Oclumência, você vai ter que tomar aulas práticas com Lupin assim que ele melhorar. É uma sorte que a nova poção faça ele se restabelecer mais rápido.

- Por quê? - Ana não estava com sua atenção total em Tonks, sua mente ainda tentando montar o quebra cabeça que Dumbledore tinha lhe dado.

- Porque você é uma Mestra dos Sonhos.

- Sou o quê? – Ana pareceu acordar de seus devaneios sobre o caráter de Snape e as ações incompreensíveis de Alvo Dumbledore.

- Mestra dos Sonhos, querida. – Agatha explicou. – Os povos ameríndios têm dons acentuados sobre a mente neste estado de relaxamento e divagação que são os sonhos. Por isso a facilidade dos shamãs de entrar em transe. De curar enquanto os enfermos dormem, parecendo descobrir as causas de seus sofrimentos.

- O despertar de seus dons mágicos deve ter acionado este dom também. – Tonks falou preocupada. – E sua proximidade com Harry a fez entrar em seus sonhos sem querer. Ana, você precisa treinar esse dom porque a sua inexperiência te faz tão vulnerável quanto Harry.

Harry fitou a amiga, preocupado. Toda raiva que sentia dela desapareceu. Quando ela sentou-se em sua cama, sem forças de tantas coisas que tinham acontecido, ele pegou a sua mão e disse:

- Desculpe por te meter nessa.

- Tudo bem. – ela tentou sorrir para o rapaz. – O que é ser amigo de Harry Potter sem todos esses picos de adrenalina?

- Ainda não acredito em Snape. – Ele a avisou sorrindo.

- E talvez tenha razão. – Ana também sorriu.

- Bem... Eu vou voltar lá para baixo para ver como Remo está. – Tonks disse, visivelmente cansada.

- Quer que eu reveze com você, querida? – Tia Agatha perguntou.

- Não, está tudo bem. Podem descansar, vocês precisam. Além disso, eu não iria conseguir dormir, mesmo.

Agatha e Tonks saíram e Ana comentou:

- Que confusão! – ela olhou para o bracelete de Helga Hufflepuff. – E pensar que no começo só havia um mistério chamado R.A.B.!

Eles se encararam, lembrando da charada.

- Ah, Merlim! – Ana exclamou. – E ainda tem isso!

- Você tinha dito que havia uma parte pior do que ter que entrar na Floresta Proibida...

- Sim. – Ana respirou fundo. – Bem, lembra-se da frase “procurem aqueles a quem os deuses confiam seus filhos”?

- Claro. Foi justamente a parte que eu não entendi!

- Pois é! Na mitologia grega, os deuses não precisavam de professores. Nasciam sabendo de tudo.

- Não vai me dizer que Regulus chamou os bruxos de deuses! – Harry disse desgostoso. – Isso é tão... Esnobe!

- Não. – Ana sorriu, cansada. – Os deuses nasciam sabendo de tudo, mas os filhos deles com mortais, não. Os semi-deuses mais importantes, como Hércules e Jasão, foram confiados a um tutor em especial... Um centauro.

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(N/A): Ufa! Esse me matou de cansaço! Me perdoem se viajei na maionese de novo, tá? Ah, to postando sem revisão, sem betha... Enfim, este capítulo vai ter que sofrer modificações posteriores também...

Magia: Eu amo a tia J.K! Se bem que eu acho que, se ela lesse minha fic iria me processar! “Essa garota está acabando com os meus personagens!” He, he! Mas eu gosto tanto deste mundo que ela criou que continuo escrevendo. Ah, não esquenta, não! Carlinhos é tanto um “cavalheiro” quanto um “cavaleiro”! Obrigada de novo pelos comentários!

Tícia: Quem bom que você apareceu! As crianças meio que extravasaram o que eu mesma queria dizer para os personagens! Gostou da capa? Pois, é... Demorou, mas descobri como é que se põe uma! Quanto ao Carlinhos... É eu queria um homem desses para mim tb! (Ai, ai!). Valeu pelo comentário!

Comentem! Comentem! Seus comentários são como combustível para mim. Podem até mesmo mandar críticas se quiserem! Esta é minha primeira fic, e eu não sou boba de achar que ela estaria maravilhosa, né?
Obrigada a todos que estão lendo!

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