Como Edgar Allan Poe



Dois dias depois, Harry estava certificando-se que tinha posto tudo o que queria em seu malão. Tudo checado, ele tratou de levá-lo para a sala de estar de Smith House.

Lá, encontrou a senhora Smith-Roberts e Ana, ambas aguardando para se despedirem.

- Harry, querido, sinta-se à vontade para ir e voltar quando bem entender. Se quiser voltar antes... – Tia Agatha disse, evidentemente querendo segurar o rapaz por mais tempo.

- Tia... – Ana interveio – Harry vai passar uns dias na casa do melhor amigo e da namorada! Deixe ele se divertir...

- Mas sabe que esta é sua casa também, não é? – Tia Agatha acrescentou.

Harry sorriu:

- Só existem duas casas onde eu me sinto bem, senhora Smith-Roberts: A Toca e aqui. Três, se contarmos com Hogwarts.

Agatha abriu um grande sorriso e o abraçou:

- Eu sempre quis ter um sobrinho moreno. Os Smiths são todos loiros! Ana realizou parte desse sonho, mas faltava um garoto. – Agatha pareceu se lembrar de algo: - Ah, espere só um minuto. Gostaria de te dar uma coisa que achei estes dias. – e saiu para dentro da casa.

Harry sentou-se em um sofá ao lado de Ana:

- Tem certeza que não quer ir junto?

- Sim... Eu tenho muito que estudar! Para aprender a controlar meu... dom, você sabe. Tia Agatha não agüenta mais ter vasos quebrados cada vez que me assusto ou fico com raiva, ou então que coisas desapareçam a minha volta sem eu saber como fiz isso. – riu.

Agora ela mantinha sempre consigo a varinha que comprara. Infelizmente, não tinha sido no senhor Olivaras, pois o mesmo estava desaparecido desde o ano anterior. Foi escolhida (era a varinha quem escolhia o bruxo, e não o contrário) por uma feita de cedro, vinte e seis centímetros, com cordas de coração de dragão.

- Além disso – Ana continuou. - Os professores de Hogwarts estão muito empolgados por terem alguém para ensinar, afinal. Resultado: estou até o pescoço de coisas para estudar. De qualquer forma vou utilizar o tempo que sobra para pesquisar mais sobre Helga (olhou desgostosamente para o bracelete) e ajudar vocês com R.A.B.

- Por falar nisso... Kreature ainda não me trouxe o livro. – Harry comentou, fechando o cenho. – Estive segurando a minha vontade de chamá-lo. Eu não entendo, alguma coisa deve ter acontecido. Ele não pode desobedecer a uma ordem minha.

Ana deu uma batidinha na própria testa:

- Como eu não pensei nisso! Harry, sei o que está errado. Você disse-lhe para trazer o livro. Mas não disse “quando”.

- Aquele elfo! – Harry estava indignado. – Kreature!

O elfo doméstico apareceu novamente jogado no chão, debatendo-se de raiva por ter sido obrigado a atender o chamado.

- Kreature. – Harry tinha a voz perigosamente impaciente. – Eu quero o livro que pertenceu a Regulus Black. AGORA!

- Sim... Mestre... – o elfo estava desolado. Plok! Desapareceu. Um novo Plok! E ele aparecera novamente na sala, segurando um livro de couro negro, evidentemente muito antigo. – Aqui, mestre... – Kreature entregara o livro obviamente contrariado. – Deseja mais alguma coisa, amo?

- Não Kreature, pode voltar para Hogwarts. – Harry respondeu, contendo-se para não agarrar o elfo e dar a ele o que merecia.

Plok! O elfo desapareceu.

- Harry... Tenha mais paciência com Kreature. Elfos não são muito diferentes de seres humanos. Ele é produto de anos entre os Blacks, ou seja, aprendeu que esse jeito de agir é o correto.

- Não me venha com suas teorias de membro da F.A.L.E. – Harry retrucou. – Você sabe o que ele fez. E quanto à Dobby? Ele pertencia aos Malfoy, e mesmo assim não é mau.

- Ah, vamos discutir isso mais tarde! – Ana deu de ombros. – O que está dentro do livro?

Harry abriu-o. Logo, a decepção tomou conta de seu rosto. Folheou o livro, de forma que Ana pudesse vê-lo:

- Nada. Parece que é apenas um livro de Feitiços comum...

- Depois do sexto livro... Quer dizer, do último ano letivo, eu tenho minhas dúvidas quanto à inocência de livros que tenham pertencido a bruxos. – Ana contradisse.

- Vou olhar mais de perto na Toca. – Harry desviou propositalmente do assunto do livro de poções do Half-Blood Prince. – Talvez descubra se está enfeitiçado.

- Certo. – Ana concordou. Em seguida olhou em volta: - Onde está Tonks? Ela não ia com você?

- Ela foi na frente.

Agatha chegou à sala carregando duas fotos de tamanho idêntico.

- Aqui! – disse entregando uma foto a Harry e outra a Ana. – Mandei fazerem cópias para vocês dois. Sei que não tem muita coisa de seus pais, Harry. Quanto à Ana, nunca pude mostrar esse tipo de fotos a ela. Achei que gostariam.

Eles olharam para a imagem retratada. Nela, três garotas adolescentes acenavam e faziam caretas para o fotógrafo. Estavam na frente da casa dos Smiths, e usavam uniformes de Hogwarts, duas com o brasão da Grifinória e uma da Lufa-Lufa.

- Essa é minha mãe... – disse Ana, apontando para a loira da Lufa-Lufa.

- E essa é a minha. – Harry mostrou a ruiva da Grifinória.

- A morena é Alice Longbotton.

- A mãe de Neville! – Ana exclamou. – Sempre gostei muito dele.

- Obrigado, senhora Smith-Roberts - Harry exibia um sorriso de orelha a orelha.

- De nada querido. Elizabeth me contou que as três sempre passavam parte do dia da visita à Hogsmeade aqui. Então... Quero que se sinta tão à vontade nesta casa quanto sua mãe, Harry. – Tia Agatha estava com os olhos brilhando pelas lágrimas de emoção.

Harry agradeceu mais uma vez, e se preparou para aparatar.

- Divirta-se, querido. – Tia Agatha disse.

- Pode deixar. – Harry sorriu. Depois, disse à Ana, de forma que só ela ouvisse: – Vou te manter informada.

- Chame-me se precisar. – Ana disse baixinho. Em seguida, voltou ao tom normal: - Mande um abraço para todos na Toca.

Harry concentrou-se (estava ficando bom naquele negócio de aparatar) e desapareceu.

***

Ana estava na biblioteca de Hogwarts. Lera “Hogwarts: Uma História”, mais de cem vezes. Nenhuma pista. Agora ela estava no vigésimo livro sobre os fundadores de Hogwarts, e o terceiro especificamente sobre Helga Hufflepuff.

Não descobrira nada sobre o bracelete, mas tivera uma surpresa desagradável. Ao que tudo indicava, Salazar Slytherin costumava freqüentar a casa da família de Helga, e que os dois eram amigos desde a infância. Como poderia ser? Eram tão diferentes! Helga era a mais democrática das pessoas; Salazar, o mais exclusivista e segregador.

Apoiou a cabeça em uma das mãos, o cotovelo sobre a mesa, continuando a ler. Estava tão cansada! Seus olhos começaram a ficar pesados, pesados... Mesmo contra a vontade, adormeceu. Naquele mesmo instante, o bracelete de Helga Hufflepuff voltou a emitir magia.

Ela estava em uma vilazinha de estilo medieval. Havia uma movimentação intensa de pessoas nas ruas revestidas de pedras e Ana resolveu perguntar a uma delas onde estava.

- Com licença, senhora... – tentou abordar uma mulher de meia-idade, mas ela atravessou Ana como se ela fosse um dos fantasmas de Hogwarts.

Estava assustada. O que tinha acontecido? Será que tinha morrido e agora sua alma vagava pelo mundo?

Mal teve tempo para questionar-se quando ouviu um homem moreno e de expressão rude perguntar irritado para uma mulher loira e de rosto amigável:

- O que tanto quer falar comigo que não pode ser em Hogwarts, Helga?

- Vamos entrar primeiro, Salazar. – a mulher respondeu firme e paciente. – Você não iria querer que eu falasse o que tenho para te dizer na frente das pessoas.

“Helga?”. “Salazar”? Ana admirou-se. Resolveu segui-los. Alguma coisa lhe dizia que aquilo não era coincidência. E, se estava invisível para os demais...

Salazar pareceu apreensivo com a resposta de Helga. Parou de reclamar e seguiu-a para um chalé ao final da rua. Havia uma plaqueta de madeira onde se lia: “Hufflepuff”.

“Não pode ser!” Ana pensou. Estava reconhecendo o lugar. Olhou para além das águas do lago, e avistou Hogwarts. Mesmo de longe podia perceber que faltavam algumas construções, como as estufas. Mas era o Castelo de Hogwarts, não havia dúvidas.

Então... Aquela era a Hogsmeade de mil anos atrás.

- Não acredito que ainda mantém esse casebre, Helga. – o homem voltou a falar. – Não depois de ter acumulado fortuna! Por que não a vende, ou então derruba...

- Por todas as fontes de magia! É claro que não vou derrubar a casa que foi de meus pais! – ela abriu a pequena porta da cerca de madeira indignada. – Esta é a única lembrança que me sobrou deles. Além disso, passo grande parte do ano em Hogwarts, não vejo porque construir uma casa maior. Se meus filhos quiserem construir outra quando eu morrer, a decisão é deles. Mas enquanto isso eu quero sempre poder vir até aqui nas minhas folgas das aulas, matar a saudade daqueles dois velhos brincalhões que eram meus pais... – Helga estava sorrindo agora com a lembrança. – Salazar, francamente, parece que não se lembra dos tempos que passou aqui! – ela balançou a cabeça, em sinal de desaprovação.

- Como queira. – Salazar forçou um sorriso e entrou. – A decisão é sua, é claro.

Ana apressou-se a entrar também, antes que Helga fechasse a porta.

- Por falar em meus pais... – Helga começou, com cuidado. – É em nome da lembrança deles que eu quero te pedir uma coisa, Salazar.

O homem voltou-se furioso, tendo desaparecido qualquer vestígio da tentativa de parecer educado de momentos antes:

- Então é isso! Eu já te dei a resposta mais de mil vezes, Helga. Não vou aceitar nascidos trouxas como alunos! Nem você, nem Rowena, nem Godrico podem me obrigar! Também tenho direito sobre aquela escola e não vou sair dela.

- Retome a sanidade, homem! – Helga aparentava estar muito preocupada com o amigo, a voz refletia desespero. – Pense no que está falando! Lembre-se que...

- CHEGA! E nem tente me convencer com a lembrança do quanto eu sou grato aos Hufflepuffs, porque isso não vai funcionar. Sentimentalismos não me atingem, você está cansada de saber disso! – a voz dele era fria e cruel.

Helga fez uma expressão de profunda decepção. Após alguns segundos suspirou e disse:

- Sim, eu sei Salazar. Já percebi que tem um coração de pedra. Para mim é muito difícil admitir isso, pois sempre te considerei um irmão. Mas não posso deixar que continue propagando esta loucura de sangue puro. Nem que para isso eu tenha que quebrar uma promessa...

- Você não faria isso! – Salazar exclamou, os olhos muito arregalados. – Não pode fazer! Jurou! Morreria se falasse!

- E você acha que eu não enfrentaria a conseqüência de quebrar o encantamento do Voto Perpétuo para impedir que o Mal que você tanto venera fosse espalhado?

Salazar a encarou mudamente, enquanto avaliava-lhe as palavras.

- Não... Você tem filhos... Não os deixaria... – argumentou.

- Meus filhos já estão quase adultos e eu os eduquei muito bem. Tenho certeza que conseguiriam se virar sem mim. – ela retrucou seguramente.

- Onde está a sua tão amada lealdade, Helga? – ele zombou.

- Com meus alunos e com o Bem, Salazar. E não se esqueça que prezo muito a Justiça também. – ela devolveu.

Ele virou bruscamente as costas para ela, e caminhou nervosamente até a janela. Olhou por alguns minutos Hogwarts ao longe e virou-se novamente para Helga:

- O que você quer? – perguntou com desprezo.

- Que reveja seus critérios de seleção, deixando de lado essa coisa ridícula de “sangue puro”. E... Que abandone para sempre a Arte das Trevas.

- Você quer que eu nasça de novo, então! – ele voltou a zombar, desta vez com raiva na voz.

Helga ponderou alguns instantes, a tristeza tomando novamente as feições de seu belo rosto:

- Tem razão, Salazar. Isso jamais daria certo. Você sempre tentaria me enganar e mais cedo ou mais tarde estaria fazendo tudo de novo. Não te conheço mais, meu amigo. Você não é mais o menino que conheci na infância. – suspirou: - Então deixe Hogwarts como nós três já havíamos sugerido. Vá embora e deixe a escola livre de sua magia maligna.

Salazar viu que não tinha saída. Encarou aquela que antes chamava de amiga e até mesmo de irmã, e tudo o que conseguiu sentir por ela foi desprezo e ódio:

- Eu aceito. Deixarei Hogwarts.

Ele caminhou até a porta e saiu sem dizer mais nada. Ana, que estava perto da porta, encostou-se nela, atordoada com tudo o que acabara de ouvir. Ao fazer isso descobriu que podia atravessar coisas sólidas também. Caiu sentada no chão do lado de fora, a tempo de ver e ouvir um Salazar de expressão cruel dizer em voz baixa:

- Eu irei, Helga. Mas não para sempre. Deixarei um presentinho meu escondido em Hogwarts. No tempo certo, meus descendentes me vingarão.

Ana arregalou os olhos. Ele só poderia estar falando... Da Câmara Secreta! Do Basilisco que Harry Potter iria matar mil anos depois! Ela voltou para dentro do chalé. Quem sabe poderia arranjar um jeito de falar com Helga, de perguntar como voltar para casa, sobre o bracelete...

Ela parou no meio da sala. Talvez tivesse se comunicado com a tataravó por telepatia, porque ela estava segurando nas mãos justamente o bracelete que fora a causa dos transtornos de Ana nos últimos dias.

- Infelizmente eu não confio mais em você, Salazar. – Helga falou para si mesma. – Godrico acha que escondeu algo nos subsolos do castelo, talvez um monstro. E você é bem capaz disso...

Helga pegou sua varinha.

- Vou garantir que seu segredo sempre estará a te perseguir. Se tentar usar seus poderes, de qualquer forma que seja... Esse bracelete guardará o segredo de Salazar Slytherin. – e pronunciou palavras em uma língua estranha, enquanto tocava o bracelete com a sua varinha.

Uma luz forte saiu do objeto, iluminando toda a sala. Ana cegou-se com aquela luz e, quando voltou a abrir os olhos, estava sendo sacudida por alguém.

- Acorde, senhorita Ana! – era a senhora Pince, zangadíssima. – É completamente, totalmente, absolutamente PROIBIDO dormir na biblioteca!

- D-desculpe, senhora Pince eu... – Ana ainda estava atordoada. E ter que enfrentar a senhora Pince não estava ajudando.

- Muito bem, por hoje já chega, senhorita. Todos nós precisamos comer e dormir!

- Ah, não estou com fome, obrigada por se preoc...

- Estou falando de MIM senhorita. – a senhora Pince disse impaciente enquanto levantava uma sobrancelha.

- Ah, sim, claro! – Ana apressou-se a pegar o que era seu, despedir-se da senhora Pince e ir para casa.

Uma carruagem de Hogwarts a levava para casa todos os dias. A primeira vez que Ana viu um Testrálio, um misto de alegria e tristeza tinha tomado o seu coração. Alegria, porque estava conhecendo mais um pouquinho do mundo mágico; tristeza porque sabia que tinha a capacidade de vê-lo por já ter visto também uma pessoa morta. A primeira de quem se despedira fora sua avó, muitos anos antes.

Durante o trajeto, Ana remoia o que tinha sonhado. Tinha que contar para alguém! Não fora um simples sonho, tinha certeza!

Não podia contar para Tia Agatha. Ela ficava em um lamentável estado de nervos por qualquer coisa, desde aquela noite na casa do Primeiro Ministro. Chegando em casa, procurou por Moody, mas não o encontrou.

- Rampell, onde estão todos?

- Mestra Agatha foi visitar uma amiga, e o senhor Moody foi acompanhá-la, pois não era seguro ir sozinha. Jovem mestra demorou tanto a chegar que eles acharam que Mestra Ana iria pernoitar em Hogwarts.

Isso queria dizer que estava sozinha em casa. Sem aurores para protegê-la... “Tudo bem, não comece a imaginar coisas!”, ordenou-se. “Estamos em uma vila cheia de bruxos, estou segura...”.

Correu para a lareira. Fez como a tia tinha lhe ensinado para transformá-la em “meio de comunicação”. Pôs a cabeça dentro dela e segundos depois estava visualizando a sala da Toca.

Olhou ao redor procurando por alguém. A casa estava estranhamente silenciosa para A Toca. Estava quieta... Exceto por uns barulhinhos vindos de uma poltrona à direta...

Harry estava sentado na poltrona, com Gina no seu colo. Beijavam-se entusiasticamente, deixando Ana em dúvida se interrompia os namorados se fazendo perceber, ou se botava a cabeça de volta na sala de estar da tia, deixando-os a sós.

Por mais que isso doesse em uma fã de “Harry/Gina”, a primeira opção venceu, uma vez que o que tinha que comentar era urgente:

- Hum, hum! – fez barulhinhos como se estivesse limpando a garganta.

O casal literalmente “pulou” da poltrona, colocando-se o mais longe possível um do outro. Os óculos de Harry saíram do lugar, tamanha foi a pressa.

- Ana!- Gina exclamou, pondo a mão no peito, parecendo aliviada.

- T-tudo bem com você? – Harry parecia ofegante, mas também aliviado por ser a amiga.

- Não TÃO BEM quanto vocês, mas... – Ana provocou, apertando os lábios para não deixar o riso sair.

Os dois ficaram imediatamente vermelhos, mas relaxaram com a brincadeira.

- Desculpem, desculpem! – Ana pediu tentando ficar séria. – Realmente sinto ter aparecido assim, mas é que eu descobri algo importante.

- R.A.B.? – Harry perguntou, imediatamente alerta.

- Não. Mas vocês descobriram alguma coisa?

- Nada. – Gina respondeu. – Nós ficamos esses dois dias analisando o livro, mas não encontramos nada. Até mesmo Hermione veio ajudar, mas também não teve sucesso.

- Hermione está aqui? Aliás... Onde estão os outros?

O casal pareceu ainda mais vermelho:

- Mamãe e papai foram conhecer a casa de Gui e de Fleur, Fred e Jorge não vieram hoje, Carlinhos voltou para a Romênia (nessa parte o algo murchou em Ana), Tonks e Lupin estão fazendo ronda junto com outros da Ordem, e Mione e Rony estão... Er... Jogando quadribol lá fora.

“Hermione jogando quadribol?”, Ana pensou. “Fala sério!”

- Eu imaginei que seus irmãos não estavam em casa... – Ana disse displicentemente. – Nem mesmo Harry Potter se arriscaria a fazer o que vocês estavam fazendo com eles por perto... Ei! Pare com isso! – Gina tinha jogado um pouco de cinzas em cima dela, os três rindo muito da coisa toda.

- Vai nos dizer por que apareceu ou não? – Gina perguntou.

Ana contou do sonho que teve, e da sua impressão de que tudo não tinha sido “apenas” um sonho. Harry era da mesma opinião.

- Sei que sonhos podem significar muita coisa. – ele disse, preocupado.

- Harry tem tido aqueles sonhos de novo. – Gina informou à Ana.

- Como você... – Harry questionou.

- Rony me contou. – vendo o namorado franzir a testa completou: - E não fique bravo com o meu irmão por ele ter me contado. VOCÊ é quem devia ter feito isso, mas não fez!

Harry continuou com cara feia, mas não falou mais nada. Ao invés, disse à Ana para chamar Moody porque queria falar com ele. Ana contou que estava sozinha em casa. Imediatamente os dois disseram para ela vir para A Toca via pó de Flu, sem perder mais tempo.

- Mas... – ela tentou argumentar.

- Sem “mas”! – Gina disse. – Você é um alvo para os comensais.

- Isso mesmo! – Harry concordou.

- Tá... Vou deixar um recado com Rampell e já vou para aí.

Dez minutos depois ela estava na sala dos Weasleys. Conversavam ainda sobre o que Ana sonhara, quando Rony e Hermione entraram em casa, os rostos afogueados.

- Ana! Que bom te ver! – Mione disse.

- Oi, como você está? – Rony saudou.

- Muito bem. Também é bom te ver Mione. – Ela abraçou a ambos. – Marcou muitos pontos?

- Pontos? – Hermione estava confusa.

- É. Gina disse que vocês estavam jogando quadribol lá fora. – Ana comentou fingindo a maior inocência.

- Ah, é... Sim... Quer dizer... Não. Melhor dizendo: sim, nós estávamos jogando, e não, não marquei muitos pontos, porque não sou boa nisso afinal de contas, não é?

- Onde estão os outros? – Rony perguntou. Em seguida estreitou os olhos para Harry: - Vocês estavam sozinhos?

“Ah, que grande hipócrita!”, Ana achou graça. Olhou para a expressão assassina de Gina e percebeu que ela não tinha respondido exatamente isso por respeito à Hermione.

- Eles não estavam sozinhos! – Ana fingiu estar magoada. – E eu? Não conto? Eu estou aqui há... Há quanto tempo mesmo, Harry?

- Uma hora. – Harry apressou-se a dizer, pegando o “gancho” de Ana.

- Isso! Uma hora. – repetiu, encarando um desconfiado Rony com total inocência.

- Mas eu não estava aqui para segurar vela. – Ana disse, ficando agora mais séria. – Vim por outros motivos. – E contou novamente o que tinha acontecido.

- Uau! – Rony exclamou. – Um segredo de Sonserina? Tá aí um bom motivo para Snape e Bellatrix te perseguirem!

- Então essa é a missão do bracelete! Revelar o segredo que Helga não podia!

- Não sei não, Hermione... – Ana duvidou. – Eu continuo sem saber de nada. Qual é o segredo, afinal? E, por que eu? Por que logo agora?

- Tudo em seu tempo! – Hermione sorriu enigmaticamente.

Ana suspirou desanimada e se deixou cair no sofá. Foi quando viu o livro na mesinha de centro:

- Tem certeza que não está enfeitiçado? – Perguntou para Hermione, enquanto o pegava para folhear.

- Sim, tentei todos os feitiços de revelação. – Hermione apressou-se a acrescentar: - Bem, pelo menos todos os que eu conheço...

- Acho que isso cobre uma área bem grande, não é gente? – Ana provocou, recebendo risinhos em troca.

Hermione cruzou os braços, fingindo desaprovação:

- Dumbledore tinha razão quando disse que você se identificava com o senso de humor do Rony.

Ana e Rony se entreolharam sorridentes.

- Bem... – Ana continuou. – Isso quer dizer que, ou esse livro não tem nada de mais, o que eu duvido, porque Regulus não teria se dado ao trabalho de pedir para Kreature guarda-lo... ou o que ele escondeu não está oculto por magia.

- Impossível! – Rony disse. – Como ele iria fazer algo tão bem feito sem magia?

Ana o olhou indignada:

- Conhecimento trouxa, é claro! – Ana disse.

- Olha, sem ofender, mas... – Rony duvidou.

- Com licença! – Ana disse secamente, enquanto se aproximava do fogão da senhora Weasley e acendia o fogo como havia visto ela fazer naquela manhã. Abriu o livro. – Ah, aqui! Uma página inteirinha em branco na contra-capa... Perfeita para mensagens invisíveis! – E aproximou essa parte em específico do fogo.

- Não! – Rony exclamou. – Não precisa queimá-lo...

- Não vou queimá-lo, tolinho! – Ana desdenhou. – Só estou verificando a forma mais simples e famosa dos trouxas escreverem mensagens ocultas... – ela sorriu, ao ver que uma caligrafia refinada começava a delinear-se no papel: - Viu? “Escrever com suco de limão”. Depois de seco não dá para ver, mas... O calor ativa uma reação química, revelando o conteúdo da mensagem.

Ana balançou a cabeça, satisfeita:

- Como naquele livro de Edgar Allan Poe: “O Escaravelho Dourado”. Exatamente Como Edgar Allan Poe...

- Eu nunca iria pensar que Regulus Black... Um comensal da morte... – Rony começou a balbuciar.

- E nem os outros comensais, eu aposto. – Ana sentenciou. – Acho que foi mais uma jogada de R.A.B.!

- O que está dizendo aí, Ana? – Harry perguntou.

Ana começou a ler:

“Para olhos dos que renascem das cinzas
As primeiras chaves do enigma se destinam.”

- Renascer das cinzas... Entendi! É claro! – Hermione exclamou.

- Sim. A Fênix. – Ana concordou.

- Como assim? – Rony estava confuso. – É uma fênix que deve ver a chave?

- Não, Rony! É uma referência direta à Ordem da Fênix. – Hermione se impacientou. – “Para os olhos daqueles que renascem das cinzas”! Com isso Regulus Black quis dizer que esperava que alguém da Ordem encontrasse a pista. Talvez o próprio irmão!

- Então porque não mandar Kreature entregar o livro para Sirius se acontecesse algo com ele? – Rony questionou.

- Ai, Rony! Regulus não era o mestre de Kreature. Se ele lhe pedisse para entregar algo ao Sirius, o “traidor do sangue”, o elfo iria correndo contar para o senhor ou para a senhora Black!

- Ah, desculpe-me por não ser tão inteligente quanto você, “senhorita sabe-tudo”! – Rony exclamou bravo.

- Por Merlim, não comecem a brigar agora! – Harry ordenou. – Ana, comece de novo, por favor.

Os dois calaram-se, mas ficaram de costas um para o outro, com as expressões de poucos amigos. Gina revirou os olhos. Ana recomeçou:

“Para olhos dos que renascem das cinzas”,
As primeiras chaves do enigma se destinam.
O segredo as Almas dos quatro mestres
Confinam.”

- Não estou gostando desse negócio de alma... – Rony resmungou.

- Prossiga, por favor, Ana. – desta vez foi Gina quem pediu, ignorando o irmão.

Ana continuou:

“Reúna-os, e diga-lhes a alcunha do Temido,
Em seguida o nome do que procuram, e
Preparem-se para o que não é Permitido.”

- Esse cara realmente era um bruxo das trevas. – Rony voltou a resmungar. – Quem mais usaria essas palavras?

Hermione já parecia estar incorporando o “estado-de-Mione-se-concentrando”:

- Tudo bem... – disse nervosamente, enquanto começava a andar de um lado para o outro. – As duas primeiras estrofes parecem apenas uma saudação, uma forma dele dizer de que lado estava...

Ana balançou a cabeça concordando com Hermione.

- O que nos faz nos concentrar nas duas próximas. – Harry acrescentou.

- Exato. – Hermione concordou. – As almas dos quatro mestres... Os quatro fundadores de Hogwarts, ao que tudo indica. E “o Temido” só pode ser... Voldemort. – os outros estremeceram.

- Sim, mas, e quanto a “confinar o segredo”? – Gina questionou. - Como almas podem “confinar” algo?

- Er... Onde eles mesmos estão confinados? – Harry arriscou.

- Túmulos não! – Rony disse firmemente. – Não vamos a nenhum cemitério! Você-Sabe-Quem gosta deles. Deve ser uma armad...

- É claro! – Hermione exclamou. – Rony, você é um gênio! – Hermione pareceu esquecer da briga dos dois, porque foi até ele e lhe deu um beijo estalado na bochecha.

- Er... Eu sou? – Rony deu um sorriso enviesado, ficando muito vermelho e, ao que tudo indicava, esquecendo que estava bravo com Hermione também.

- Sim, é! – Hermione confirmou. – Se Regulus mencionou “alma”, é porque queria enfatizar que não se referia aos restos mortais dos fundadores. Ele estava falando de algo mais duradouro, talvez eterno... A essência do que eles eram...

- A essência de cada um foi guardada em algum lugar? – Agora era Ana que estava confusa.

- Sim... – Harry disse devagar, um sorriso se abrindo no rosto. – Hogwarts! As quatro Casas mantêm aceso o que cada um achou mais importante enquanto vivia. As coisas pelas quais lutaram.

- Mas ele diz também para reuni-las. – Rony lembrou. - Teremos que chamar todos das quatro Casas?

Ana refletiu um pouco e comentou:

- Tem algo que chama a atenção dos que leram os dois últimos livros... Quer dizer... – era difícil perder a mania da “cronologia dos livros” – Quem leu sobre os dois últimos anos: o Chapéu Seletor vem enfatizando a “união”.

- Mas não pode ser isso. – Hermione falou. – Falar o nome do Temido... O nome do que procuramos... O que aconteceria se nós disséssemos o nome dele diante de todos e depois o que estamos buscando?

- Provavelmente não daria tempo de fazer tudo, porque ao escutar o nome “dele”, todos gritariam ou correriam para longe... – Rony estava desanimado.

Ana olhou mais uma vez para o que estava escrito:

- A palavra “Alma” está com inicial maiúscula. Isso indica que foram utilizados dois ou mais significados aqui. – comentou.

- Certo... – Hermione pôs-se a andar de um lado para o outro novamente – Almas dos mestres... Almas das Casas...

- Os fantasmas das Casas! – Gina exclamou.

- “O segredo as Almas dos quatro mestres confinam.” – Hermione repetiu sorrindo e concordando com a amiga. – As Almas... ou seja, os fantasmas de Ravenclaw (Corvinal), Slytherin (Sonserina), Hufflepuff (Lufa-Lufa) e Gryffindor (Grifinória)!

Harry abraçou Gina e lhe deu um beijo em agradecimento pela ruiva ter solucionado o mistério. Rony desviou o olhar da irmã e do amigo, mas aproveitou para provocar Hermione:

- A genialidade está no sangue da nossa família, sabe... – falou em um tom de falsa modéstia.

Ana abafou o riso.

Hermione mostrou um pequeno sorriso para Rony. Pela primeira vez não estava triste por não ter sido ela a desvendar uma charada.

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(N/A): Gente, desculpe a demora, mas é que agora eu tenho uma betha (não é chique?). Aliás, este último capítulo eu postei sem a revisão dela... Então não se surpreendem se tiver erros e incoerências... Provavelmente eu vou ter que fazer algumas atualizações depois.

Letícia: Eu também torço para H/G. Quanto li o seu comentário, pensei: "puxa, até parece que ela sabe o que eu estou pensando em fazer para o próximo capítulo!". Mas já li fics H/H e também gostei. Ainda assim, permaneço fiel a H/G e R/H! Obrigada pelo seu comentário!

Eleison: Calma, calminha... Eu agradeço a sua defesa, mas nada de violência tá? He, he! Tô rindo até agora... Obrigada pelo seu comentário. Mesmo, mesmo, mesmo! Adorei!

Tícia: Valeu mais uma vez, minha fiel leitora! Obrigada por fazer esse sacrifíco de me acompanhar ao longo dos capítulos!
Magina se eu vou querer matar do coração a minha leitora mais assídua! Num sô doida! A explicação para a demora é essa mesmo: tô com betha, e ainda fiz a "arte" de postar sem ela corrigir ainda...

E, para os demais que lêem em silêncio: obrigada também. E, se quiseram postar, por favor façam isso que deixarão esta criadora de fics "marinheira de primeira viagem" muito feliz!

Abração a todos! Até o capítulo 12!

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