Sete anos



CAPÍTULO 13


- SETE ANOS -


Desde o dia em que Scorpius a deixara sozinha em um corredor de Hogwarts, já haviam se passado sete anos. Quase oito, para ser mais exata. Rose nunca mais conseguira falar com ele. No fim do 6º ano, ganharam juntos, mais uma vez, o prêmio de melhor aluno do ano. E a hora de receber os troféus e tirar as fotos foi a última vez em que estiveram realmente próximos um do outro. Fisicamente, pelo menos. Sentimentalmente, era uma outra história. Ao menos para Rose, que achava que Scorpius devia odiá-la, ou, no mínimo, desprezá-la pela escolha que fizera.


Depois da cerimônia de entrega da Taça das Casas – para a Grifinória –, Scorpius foi embora da vida de Rose para sempre. Ele não participou da formatura de James e de Roxanne, já devidamente reconciliados com Laura e Miguel. Ele não voltou para Hogwarts para o 7º ano, pois voltou para Durmstrang. Ele não respondeu às cartas de Rose, nem a atendeu nas inúmeras vezes em que a menina tentou visitá-lo em casa. Na última vez em que estivera lá, depois da formatura do 7º ano, Astoria a atendera e ficara longos minutos tentando persuadir o filho a falar com Rose – em vão. A loira disse que Scorpius havia mandado um único recado: “Você fez a sua escolha, e eu, a minha. Temos que cuidar de nossas vidas, Weasley”.


Depois de todo esse tempo, Rose ainda acordava à noite, com as palavras de Scorpius ecoando em sua mente, como se tivesse as ouvido da boca dele e não da de Astoria. Depois daquele fatídico dia, Rose nunca mais tentou falar com o loiro. O que falaria se conseguisse vê-lo? Ela não sabia. A única coisa que mais desejava no mundo era que ele não a desprezasse.


Laura e Miguel não a desprezavam, mas Rose sabia que a relação com os dois tinha mudado. Acima de tudo, eles eram amigos de Scorpius. E pareciam achar que ele estava coberto de razão. Antes tão receptivos e brincalhões, eles agora estavam sempre sérios e compenetrados se estivessem perto de Rose. De alguma forma, estavam sempre perto. A relação deles com James e Roxanne era um constante vai e vem.


Mas Rose nunca tinha conseguido contar a ninguém o que acontecera entre ela e Scorpius – era difícil de contar e ainda mais complicado de compreender. Como contar a alguém algo que ela nem sabia como explicaria? A sorte dela foi que ninguém insistiu no assunto – tampouco Lily, que parecia ter feito um enorme esforço para engolir toda a curiosidade que estava na ponta da língua. Hermione e Ron também não disseram nada, mesmo percebendo a mudança brusca na filha, cada vez mais calada e taciturna. Aqui, Rose suspeitava que havia dedo de Hugo, e se sentia imensamente grata a qualquer coisa que o irmão pudesse ter feito.


Como consequência de tudo isso, depois de terminar Hogwarts, Rose se entregou de corpo e alma ao trabalho e às baladas. Durante a semana, perseguia o sonho de conseguir uma vaga no Departamento de Mistérios, dedicando-se com mais afinco do que imaginava ser possível aos treinamentos. Nos fins de semana, saía com Alvo para festas, shows e qualquer coisa que aparecesse pela frente. E sempre ficava com um número incontável de homens, de quem ela não se lembrava nem do rosto no dia seguinte – não por negligência. Talvez fossem os efeitos das bebidas. Perdeu a conta, também, de quantas vezes o primo tentou persuadi-la a não ser tão irresponsável nos fins de semana – em vão. Se estivesse com outros caras ou se estivesse bebendo qualquer coisa, tornava-se menos doloroso não pensar em Scorpius. E Alvo continuava sempre com ela. A ruiva sabia que o primo preocupado e zeloso jamais a deixaria sozinha do jeito que estava, porque a considerava um grande perigo para si mesma.


Mas Alvo logo arrumou uma namorada depois de alguns meses e, como ele mesmo disse a Rose, tinha se cansado de ser babá dela. Não demorou muito e Rose parecia que ia se endireitar – logo estava namorando também, um filho de italianos que conhecera em um restaurante. Hermione tinha suspirado aliviada quando a filha os apresentou, mas, naquele momento, mal sabia ela que Fabrizio era apenas o primeiro de uma longa lista de namoros frustrados. Porque Rose teve incontáveis namorados dali para a frente: bastava que um namoro acabasse e, alguns dias depois, ela já engatava outro. Nenhum desses namoros durou mais que três ou quatro meses – quando duravam. E Ron vivia em um estado de exasperação constante, sem nunca saber qual seria a próxima travessura da filha. Por fim, Rose resolveu sair de casa e alugou um pequeno apartamento em Londres. Pelo menos, desse modo, não contribuiria para que o pai ficasse careca prematuramente. Por outro lado, ficava cada vez mais sozinha.


Depois de dois anos vivendo assim, Rose conseguiu ser aprovada no treinamento que fazia e se tornou uma Inominável. Era uma das melhores que o Ministério da Magia já conhecera, embora ainda tivesse uma vida pessoal bastante confusa e atribulada. Quando entrava pela porta do Departamento de Mistérios, porém, nada disso importava. Ninguém a julgava pelo que fazia fora dali ou cochichava sem se preocupar em disfarçar que era ela o assunto dos cochichos – afinal, era a filha de Ronald e Hermione Weasley. Sobrinha de Harry Potter, o “menino que sobreviveu”. Sobrinha de Gina Potter, a melhor jogadora que as Harpias haviam tido, e outras coisas mais. Talvez por isso gostasse tanto de seu trabalho. Ninguém se importava com esse tipo de coisa.


Mesmo o trabalho, porém, acabou se tornando um fardo muito pesado para Rose, que começou a se considerar um fiasco como Inominável, o que culminou com seu pedido de demissão: certa vez, fora incumbida de desenvolver um antídoto que revertesse o envenenamento de um rapaz que era Auror Júnior. Era um veneno peculiar. O garoto não havia morrido instantaneamente, e havia sido removido para o St. Mungus. Mas nem mesmo o bezoar conseguiu salvá-lo, e por isso precisavam dos serviços de Rose. Ela visitou o rapaz, que se chamava John, recolheu amostras de sangue dele e começou a estudar com afinco o tal veneno. Trabalhava durante todo o dia para tentar descobrir um antídoto, e toda noite visitava John. Ele definhava lentamente, alternando quadros de melhora e de piora. Nessa época, Rose deixou todas as confusões pessoais de lado. Vivia para ajudar a salvar John. Descobrira uma poção que o ajudava a recuperar as forças quando as coisas pareciam ficar críticas, mas era uma solução temporária. Ela sabia que tinha que achar a solução definitiva – o antidoto –, o que não era nada fácil.


Atormentava-se por não conseguir. John era apenas três anos mais velho que ela e amava a vida. Rose desconfiava que ele tinha se apaixonado por ela. Mas, para ela, John era apenas um grande amigo. Alguém em quem confiava o bastante para contar coisas que nunca havia dito a ninguém. E John fazia o mesmo com ela. Demonstrava todos os sentimentos que tinha a respeito das pessoas. Brincando, planejou o próprio casamento com Rose quando esta lhe contou que Fred e Nicole iriam se casar. E embora ambos tivessem gargalhado e feito piadas com a ideia, tinham os corações aos pedaços, porque, no fundo, sabiam o que significavam aquelas brincadeiras. E sabiam, também, que o futuro de John era nebuloso, embora sempre dissessem o contrário em voz alta.


Depois de sete meses passando todas as noites no St. Mungus, John se foi. A solução temporária deixou de fazer efeitos. E a definitiva não havia sido encontrada. E Rose se sentiu culpada por isso. Mais uma vez, sentiu-se completamente infeliz. John havia representado um raio de sol em sua vida, que estava vazia novamente. E o pior de tudo era que Rose estivera ao lado dele na hora, escutando as últimas palavras do rapaz: “Rose, fica comigo”. No minuto seguinte, os olhos mel dele se fecharam para sempre. Rose sentiu como se seu coração dilacerado e cheio de cicatrizes tivesse sido arrancado do peito definitivamente.


Depois disso, Rose passou alguns dias na casa dos pais. Ron era um dos líderes da missão em que John tinha sido sutilmente envenenado pelo grupo de extermínio que investigavam e sabia como estava sendo difícil para a filha enfrentar tudo.


Mas ela logo voltou ao seu apartamento, e encontrar um antídoto para o tal veneno tinha se tornado uma espécie de obsessão. Sem emprego, passava os dias e as noites enclausurada em uma salinha cheia de vários ingredientes comprados no boticário, tentando achar o tal antídoto.


Passados cinco meses, Molly foi visitar Rose, deixando esta surpresa. Molly era, na época, assessora de um dos bruxos que integrava a Suprema Corte, mas estava cansada de trabalhar sempre em segundo plano. Tinha um projeto ambicioso em mente e o Ministro Shacklebolt já lhe dera o aval para que o colocasse em prática, mas precisava de ajuda. No entanto, nenhum bruxo se dispunha a ajudá-la por muitos acharem tudo uma grande bobagem. Como sabia que há algum tempo a prima não trabalhava, Molly resolveu visitá-la e pedir um voto de confiança.


O objetivo de Molly era construir uma espécie de Defensoria Pública no Departamento de Execução das Leis da Magia. Depois de participar de várias audiências, ela havia percebido que muitos bruxos, em sua maioria, pobres, não tinham um advogado. Não era uma exigência processual, e como não possuíam dinheiro para os honorários, contentavam-se com a autodefesa, culminando, quase sempre, com uma condenação. Boa parte das vezes era uma condenação injusta, porque tais bruxos pouco conheciam as leis. Alguns não sabiam nem mesmo construir argumentos bem encadeados. E o resultado era péssimo.


Rose aceitou trabalhar com a prima. Seriam as primeiras defensoras públicas no universo bruxo. Achou a ideia de Molly ousada e brilhante. Mas disse a ela que continuaria trabalhando para descobrir o antídoto. Sentia que devia isso a John. Afinal, ele colocara um sorriso sincero no rosto dela depois de muito tempo. Ele lhe dera uma razão para continuar vivendo. Proporcionara-lhe momentos felizes. E tinha sido, sempre, um grande amigo.


Molly não se opôs, e Rose começou a estudar Direito Bruxo. O curso demoraria três anos, tempo suficiente para Molly divulgar a criação da Defensoria, construir sua sede, lutar por uma reforma da legislação bruxa – tornando obrigatória a participação de um advogado na defesa do réu – e atender aos primeiros clientes.


Rose concluiu o curso com louvor, e logo estava trabalhando com Molly. Ainda não tinham conseguido a alteração que almejavam na legislação, os clientes ainda eram poucos, e as causas, de pequeno valor. Mas não se importavam. O trabalho da Defensoria Pública Bruxa da Inglaterra estava sendo cada vez mais divulgado. Rose e Molly trabalhavam com afinco e entusiasmo, e tinham ganhado todas as causas em que haviam atuado até então. E Rose se sentia realizada no serviço. Achava gratificante poder ajudar pessoas tão simples e receber um sincero agradecimento carinhoso por isso. Além do mais, sempre recebia pequenos mimos dos clientes: bolos, tortas, galinhas, flores... para completar, tinham salário fixo pago pelo Ministério e não podiam cobrar nenhum valor pecuniário dos clientes, que nem assim deixavam de abrir mão das “lembrancinhas”.        


Agora, o mês era janeiro. Ainda bastante frio. E Molly estava grávida de oito meses. O que significava que, em breve, Rose estaria sozinha na Defensoria Pública. Mas não por muito tempo. Molly estava cuidando de um processo de seleção para escolher mais dois novos integrantes. Antes rejeitada e menosprezada pela maioria dos bruxos, a Defensoria, por seu sucesso, agora atraía as atenções de muitos jovens que estudavam Direito. 


No momento, Rose estava sozinha na sala que ela e a prima ocupavam, contemplando uma foto que havia sido tirada no último Natal e que, há pouco, seu pai lhe entregara. Fora um Natal especial. Há alguns anos que os Weasley não conseguiam reunir todos n’A Toca, mas dessa vez ninguém escapara da fúria de Molly Weasley. Apesar de estar em idade avançada, a matriarca ainda conservava bastante do vigor que tinha desde jovem.


Rose sorriu para a foto. Arthur já estava bastante careca e os poucos fios de cabelo que lhe restavam eram brancos, e ele sorria. A esposa também parecia radiante. Bill e Fleur, Charlie e Charlotte (não casados, mas legalmente em união estável), Percy e Audrey, George e Angelina, Ron e Hermione, Gina e Harry: todos haviam envelhecido um pouco, é verdade, mas conservavam todos os traços peculiares da personalidade de cada um. Os que mais haviam mudado, mesmo, eram os pertencentes à terceira geração dos Weasley.


Victoire e Teddy, casados há algum tempo, eram pais de duas crianças: Desirée, uma ruivinha de quatro anos, e Remo, metamorfomago como o pai, de apenas dois anos. Vivia com os cabelos roxos. Fred e Nicole também já eram pais: tinham Jack, de quatro anos, também ruivo, que estava sempre às turras com Desirée, implicando com absolutamente tudo o que a menina fazia. Para completar, Nicole estava grávida de cinco meses de gêmeas, que já tinham nomes definidos – Claire e Rachel. Dominique também estava grávida. Ela e Matt já tinham Paola, loirinha, de dois anos. Mas como a gravidez tinha cerca de dois meses, não sabiam se seria uma menina ou um menino. E Paola torcia para que fosse uma irmãzinha. Molly, como já foi dito, estava grávida de oito meses e esperava um menino, Daniel. Ela havia se casado com Ian há pouco mais de um ano. Ian era um sonhador. Estava sempre com a cabeça nas nuvens, e Rose sorria pensando em como achara improvável que um relacionamento entre eles desse certo, no início.


Lucy havia se casado com um rapaz que havia conhecido em um tour pelos países do Mediterrâneo, Mark, que era vizinho dela há vários anos. E eles nunca tinham se encontrado antes da tal viagem. Louis, por outro lado, ainda não se casara, mas estava noivo de Sarah, a quem conhecera dando aulas particulares em um curso de aperfeiçoamento para trabalhar no Gringotes. James e Roxanne, depois de anos de idas e vindas com Laura e Miguel, também estavam de casamento marcado.


Os mais novos, porém, não queriam saber de compromissos muito sérios por ora. Alvo namorava Caroline, uma bonita morena. Hugo namorava Alice, a filha de Neville. E Lily namorava um garoto chamado Benjamin, e todos só o chamavam de Ben, por acharem mais fácil e mais bonito que o nome completo.


Melancolicamente, Rose percebeu que era a única que não havia tido companhia no Natal. Lembrou-se de Scorpius e soltou um pesado suspiro. Não havia um dia em que não se lembrasse dele. Por mais que se esforçasse e tentasse evitar, mesmo durante o período em que cometia loucuras, bastava se deitar para dormir que as lembranças que tinha a respeito dele se passavam como um filme diante de seus olhos. E bastava para que a noite parecesse fria e vazia. Sentia falta do calor que o corpo de Scorpius emanava. Sentia falta de contemplar o céu com ele. Sentia falta de sua voz, de seu olhar. Acima de tudo, sentia falta dele, simplesmente. Gostaria de poder reencontrá-lo. Nem que fosse somente para olhá-lo de longe. Saber como ele estava. Onde estaria. Em que trabalhava.


- Rose! – chamou Molly, entrando correndo na sala, visivelmente animada. – Conseguimos, Rose! O Parlamento bruxo aprovou a lei que torna obrigatória a presença de um advogado para defender os réus! – contou, feliz, jogando os documentos na mesa da prima.


Com cuidado, Rose os abriu e prendeu a respiração enquanto lia.


- Molly, isso é... – começou, também feliz.


- PERFEITO! – gritou, encantada. – Representa um grande avanço para a nossa sociedade!


Rose a abraçou, animada. Sabia o quanto a Defensoria significava para Molly. Sabia como a prima sempre se empenhara, desde o início, para que tudo desse certo. E estava feliz por ter ajudado. Nos últimos anos, ela e Molly tinham se tornado grandes amigas.


- E você, Rose, como está? – quis saber Molly, sentando-se defronte à prima, fitando-a com expressão preocupada.


- Bem. – respondeu, encolhendo os ombros, enquanto guardava os papéis que estavam espalhados em cima da mesa.


- Encontrei tio Ron. – começou Molly, cautelosa. – Ele me disse que você levou para os Aurores, hoje, o antídoto para o veneno que matou o John.


- É verdade. – confirmou, distraída.


- Você conseguiu, Rosie. É uma bruxa brilhante. – disse, com visível admiração na voz.


- Não sou. – retrucou. – Não consegui salvar o John.


- Mas você vai impedir que outros passem pelo sofrimento que o John passou. – insistiu Molly. – Você devia se orgulhar disso. Mesmo não sendo mais uma Inominável, você conseguiu algo que eles não conseguiram.


- Eu não me importo, Molly. Continuei buscando o antídoto porque sempre achei que devia isso ao John. Ele me deu um motivo para continuar enfrentando a vida em vez de ficar me escondendo em festas, bebidas e relacionamentos de uma noite só. Mas eu não me orgulho de ter conseguido a fórmula. Ela não vai trazer o John de volta. – concluiu, com os olhos azuis marejados.


Molly se levantou da mesa, contornou-a e abraçou a prima. Rose aceitou o abraço, agradecida. Desde que começara a trabalhar com Molly, as duas tinham se tornado praticamente inseparáveis. E Rose descobrira que por trás da pose durona e certinha da prima, havia uma mulher madura, sensata e preocupada com aqueles que a rodeavam.


- Vou visitar o John hoje. – contou Rose, enxugando as lágrimas e se afastando de Molly com cuidado.


- Não quer que eu vá com você? – sugeriu Molly, ansiosa.


- Não precisa, Molly, obrigada. Você precisa descansar com o Daniel. E além disso, o Ian sempre te espera. Vai ficar preocupado se você demorar. E eu não tenho quem me espere. – acrescentou, pegando a bolsa e o sobretudo que estavam pendurados em ganchos na parede.


- Rose... bem... posso te fazer uma pergunta? – começou Molly, cautelosa.


- Claro que sim. – disse, curiosa para saber que pergunta deixara a inflexível defensora Molly Weasley Adams ansiosa.


- E o Scorpius?


A expressão no rosto de Rose se transformou em uma sombra de infelicidade.


- Rose, eu... me desculpa. – falou Molly, apressada, ao perceber a reação da prima.


- Não tem problema, Molly. É só... um assunto delicado. – disse, evasivamente. – Não gosto de falar disso.


- Desculpa, Rosie. – falou novamente, com uma expressão culpada.


- Está tudo bem. – assegurou Rose, embora estivesse com um nó na garganta e a voz começasse a ficar embargada. – Até segunda, Molly. – disse, saindo da sala, apressada.


Sem ver por onde andava, exatamente, a ruiva desceu do elevador no Átrio do Ministério e se encaminhou para uma das lareiras. Os pensamentos dela flutuavam de Scorpius para John, sem uma linha de raciocínio fixa. Minutos depois, ela apareceu na lareira do apartamento em que morava e, mecanicamente, pegou as chaves do carro e desceu pelo elevador até o hall do prédio.


- Rose! – chamou Timmy, o rapazinho que trabalhava na portaria. – Você tem correspondência!


- Mais tarde eu pego, Timmy. – respondeu, descendo as escadas para a garagem, que ficava no subsolo. – Não vou demorar.


Era um hábito trouxa, mas Rose adorava dirigir. Funcionava meio que como uma válvula de escape para se distrair dos problemas.


Primeiro, ela passou numa floricultura e pagou por um ramo de girassóis. Eram as flores que John mais gostava. Ele dizia que “rosas são malvadas, têm espinhos para enganar os incautos”, enquanto “os girassóis são alegres. Representam o sol”. Rose sorriu internamente ao se lembrar que, certa vez, John dissera que ela era uma rosa. Suave e bonita, fazia as pessoas se aproximarem. Mas se a tirassem do sério, colocava todos os espinhos na superfície.


A ruiva entrou no carro novamente e dirigiu até o cemitério. Lá, percorreu o tão conhecido caminho para a lápide de John, que estava coberta de neve. Sem se importar, ela se abaixou e, com uma das mãos, retirou toda a neve que cobria o nome dele, as datas de nascimento e de falecimento, e uma foto pequena. John sorria na foto, e seus cabelos castanho-claros estavam um pouco compridos. Os olhos cor de mel eram vivos, audaciosos.


Com cuidado, Rose repousou os girassóis perto da lápide e disse, olhando para a foto:


- Me perdoe, John. Me perdoe por não conseguir salvar você. – murmurou, com os olhos marejados. – Não sabe como minha consciência está pesada. Eu queria que você pudesse estar comigo. Você faz falta, sabe?


Rose silenciou, pensativa. Quando John era vivo, sabia que ele tinha se apaixonado por ela. Mas ela o via somente como um grande amigo. Será que a faria escolher, como Scorpius fizera?


Talvez não. Porque Rose nunca perdia o controle de si mesma com John. Então o relacionamento deles nunca chegaria ao ponto que chegara com Scorpius e, além disso, não haviam apostas envolvidas. Certa vez, John comentara que Scorpius agira, de certa forma, de modo egoísta.


Mas talvez pudesse ter o mesmo final. John era muito bonito, talvez se se recuperasse conseguiria fazer com que Rose o beijasse.


E havia, ainda, uma terceira opção: Rose se casaria com John, como ele sugerira, brincando, do mesmo modo que Phoebe e Mike tinham se casado em Friends. Seria até possível se apaixonar por John. Se o coração da moça não estivesse tão confuso e cheio de cicatrizes a respeito de Scorpius. Nem mesmo sabia como se sentia a respeito do loiro.


- Se você estivesse aqui, John, poderia tomar o antídoto – murmurou Rose. – Eu consegui. Finalmente. Cumpri minha promessa, mas bem atrasada. Talvez eu consideraria a hipótese de me casar com você, porque o tempo está bastante propício. Tem neve em todos os lugares. – ela sorriu. – Sinto saudades de você todos os dias. – sem saber mais o que dizer, Rose acrescentou: – Tchau, John. Depois eu volto. Prometo trazer girassóis. Para iluminar o seu cantinho aqui.


Quando alcançou o portão do cemitério, Rose ouviu alguém a chamando:


- Rose!


Ela se virou e viu o sr. Lincoln, coveiro, de idade já avançada, correndo na direção dela com um envelope azul-escuro na mão.


- Sr. Lincoln, não precisava correr. – censurou ela, quando o senhor se aproximou, arfando. – O senhor me disse que o médico o proibira de fazer esforço físico.


- Mas eu estou ótimo, Rose! – rebateu, estendendo-lhe o envelope. – É para você. A mãe do John esteve aqui hoje cedo e deixou comigo. Pediu que eu lhe entregasse quando você viesse, já que não sabia onde você mora. Disse que achou há pouco tempo, quando estava arrumando as roupas do John para doação.


Rose pegou o envelope, curiosa. Seu nome estava escrito nele, com a letra de John. Sentiu o coração despencar.


- Como está a Annie? – perguntou Rose, tentando não pensar no que estaria escrito ali.


- Um pouco abatida, mas está melhor. – respondeu o sr. Lincoln. – Ela me disse que ia se mudar para a França. E é por isso que me procurou. Pediu que eu dissesse a você que ela vai mandar remover a sepultura do John para lá.


- Quando? – quis saber Rose, ansiosa, guardando o envelope em um dos bolsos internos do sobretudo cinza.


- Na segunda-feira. – disse o senhor, observando atentamente as reações da moça.


- Segunda-feira – repetiu, fechando os olhos com força.


- Ela deixou o endereço, Rose. – contou o sr. Lincoln, em uma tentativa de deixá-la um tantinho mais animada, estendendo-lhe um cartão.


- Obrigada, sr. Lincoln. – agradeceu, comovida, guardando-o na bolsa.


- Não quer tomar um cafezinho no meu chalé? – convidou o senhor, preocupado com a ruiva.


- Hoje não, sr. Lincoln, obrigada. Mas prometo voltar assim que puder, antes que removam o John. Mande um beijo para a sua esposa por mim. – finalizou, abraçando o senhor carinhosamente. Ele e a esposa sempre a ajudaram todas as vezes em que foi visitar John e passou mal. Tinha se aproximado bastante de ambos.


Com a cabeça nas nuvens, Rose dirigiu de volta para o prédio. Ao sair da garagem, foi até a portaria e disse, fingindo animação:


- E aí, Timmy, cadê as cartas? Aposto que só tem contas.


- Adivinhou, Rose. – disse ele, sorrindo, entregando-lhe um maço de contas. – E você tem visita, também.


- Não me lembro de você ter dito nada sobre visitas. – comentou Rose, passando os olhos pelas contas.


- Ele chegou aqui assim que você saiu. Está te esperando na porta de seu apartamento.


- Quem é, Timmy? – quis saber, curiosa. Ninguém aparecia por ali com frequência, a não ser por Molly, Ian, e Dominique com Paola, que era afilhada de Rose.


- Não sei, direito. Chama-se Wood.


- Por que você o deixou entrar se não o conhece? – repreendeu Rose, seriamente.


- Não é esse o sobrenome da sua afilhada? Paola Weasley Wood? Imaginei que fosse pai dela. – explicou Timmy.


- Tudo bem. Mas nunca mais faça isso sem me perguntar, entendeu, Timmy? São as regras do condomínio. – disse a ruiva, virando-se para pegar o elevador.


- Sim, senhora. – disse Timmy, com uma reverência exagerada.


Ao descer no andar do apartamento, Rose se surpreendeu ao ver quem a esperava. Não era Matt, como Timmy supusera. Era Glenn. Andava de um lado para o outro no corredor.


- Glenn? – chamou Rose, confusa.


- Rose, até que enfim! – disse, aliviado, ao vê-la.


- O que você está fazendo aqui? – perguntou, indecisa sobre o que fazer com ele.


- Vim falar com você. Mas não se preocupe, só vim trazer um convite. – respondeu, adiantando-se para cumprimentá-la com um aperto de mãos.


- Entre, então. Vou fazer um café. – disse Rose, adiantando-se para abrir a porta.


Glenn ficou ali por uns quinze minutos, apenas. Depois de jogar na Colômbia, no México e nos Estados Unidos, estava de volta à Inglaterra para jogar nos Chuddley Cannons. “Goleiro titular”, acrescentou, orgulhoso. Além disso, disse a Rose que ela não tinha cumprido a promessa de escrever para ele esporadicamente, o que a fez ficar claramente envergonhada. Depois de enrubescer um pouco, ela murmurou, com um ar culpado:


- Me desculpe, Glenn. Mas... as coisas... bem, minha vida tem sido um pouco complicada.


- Eu sei, Rose. É só uma brincadeira. – comentou, ao perceber que a tinha transtornado. – Mas do casamento você não escapa, ok? – acrescentou, em tom de brincadeira, entregando à ruiva um convite de casamento. Glenn e Thaís.


- Quer dizer que você vai se casar? – perguntou Rose, surpresa, lendo o convite. – Glenn Wood e Thaís Rodríguez.


- Conheci a Thaís enquanto estive no México. Ela era a presidente do meu fã-clube oficial. Mas foi bem rude comigo, porque eu me esqueci da entrevista que meu pai tinha marcado com ela.


- Como você se esqueceu disso? – quis saber Rose, surpresa, erguendo uma sobrancelha.


- Fui para uma festa com meus colegas de time. Mas a Thaís não gostava de mim. Só trabalhava no fã-clube porque não tinha conseguido emprego com o fã-clube do apanhador do time. Então, na primeira oportunidade, ela me descascou e disse que eu não passava de um jogadorzinho de nariz empinado.


- Jura? – disse a ruiva, divertida.


- O resto é bem previsível, né? Fiz de tudo para que ela me desculpasse e acabei me apaixonando por aquela garota teimosa e que não gastava nem um segundo olhando para mim. – disse, erguendo as mãos em rendição. – Acabei caindo no laço dela. De fato, a Thaís não teve boa mira. Nunca planejou ter nada comigo. – acrescentou, em tom de piada.


- Mas é uma boa história para contar aos seus filhos. – apontou Rose, vendo que havia duas entradas para a festa anexadas ao convite e separando-as.


- Rose, já que você nunca me escreveu, exijo que vá ao casamento, ok? A Thaís também quer conhecê-la. Só não veio comigo hoje porque teve um problema com as flores da decoração, o cabeleireiro dela, com o vestido... enfim.


- A futura sra. Wood quer me conhecer? – repetiu Rose, surpresa.


- Ela disse que precisa agradecer à garota que me largou. – comentou, com um sorriso no rosto, levantando-se. – Mas não fique preocupada, Rose, a Thaís é muito espontânea e não tem papas na língua.


- A Lily vai gostar dela. – disse Rose, levantando-se para acompanhá-lo até a porta.


- Te vejo no casamento, hein? Não falte. Já falei com a Lily e com o Hugo e eles me prometeram que você vai, nem que tenham que levá-la à força. – contou Glenn, sorrindo.


- Tá certo. Obrigada, Glenn. – sorriu em resposta antes de fechar a porta.


De volta ao sofá, olhou as duas entradas para a festa, que seria dali a um mês. Provavelmente, devolveria a Glenn uma delas. Não tinha quem levar.


*


Nas duas semanas que se passaram, Rose mal teve tempo de respirar. A quantidade de processos que ela e Molly recebiam havia aumentado em decorrência da nova lei aprovado pelo Parlamento, elas estavam organizando os últimos preparativos para a primeira prova de concurso para defensores públicos, e ainda tinham que conceder entrevistas a todos os jornais e revistas do mundo bruxo, comentando o grande avanço que trazia a aprovação da lei pela qual tanto batalharam.


Na terceira semana após a aprovação da lei, o mês de janeiro finalmente chegava ao fim, ainda com muita neve. Molly havia saído para atender a um memorando do Departamento de Ligação com os Trouxas, que exigia uma reunião com uma delas. Sozinha na sala, Rose cuidava de arquivar os processos em que atuaram cuja sentença já havia sido definida.


- Oi, Rose. – cumprimentou Ian, entrando na sala.


- Oi, Ian. Como vai? – respondeu, sorrindo para o rapaz. Ele tinha estatura média, cabelos castanho-claros cacheados e olhos escuros. Trabalhava no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.


- Preocupado com a Molly. Onde ela está? – quis saber, sentando-se à escrivaninha da esposa.


- Em reunião. Daqui a pouco ela volta. – falou Rose, em uma tentativa de tranquilizá-lo.


- A Molly é teimosa, mesmo. Já devia ter saído de licença-maternidade, mas parece que quer ficar aqui até o dia que o Daniel resolver nascer. – desabafou, girando na cadeira da esposa.


- Não fique chateado com ela, Ian. – pediu Rose, lacrando os arquivos com um feitiço não-verbal. – A Molly está com dó de me deixar aqui sozinha, mas logo sairá a lista dos aprovados no concurso.


Ian suspirou pesadamente, derrotado.


- Não estou chateado com ela, Rose. Quando o expediente acaba e vamos para casa, a Molly é um amor de pessoa. Não fala de processos nem nada, mas eu fico preocupado de qualquer forma. Ela está quase no nono mês de gravidez! E insiste em continuar trabalhando.


- Eu entendo, Ian, mas...


- ROSE! – era Molly, que entrava na sala, afobada. Ao ver o marido ali, beijou-o com carinho e, voltando-se para a prima, continuou: – Temos um processo, em segredo de Justiça.  E dos grandes. Vai ser julgado perante a Suprema Corte! – acrescentou, mal disfarçando a ansiedade e sacudindo o processo que segurava com uma das mãos.


- Mas você não pode, Molly. – disse Ian, preocupado.


- Eu sei, Ian. – respondeu, com ar de tédio. – Este processo é especialmente para a Rose. O pessoal do Departamento de Ligação com os Trouxas enfeitiçou o processo. A única que vai conseguir abri-lo é a Rose, porque eu estou com a gravidez já avançada e devo evitar quadros de estresse.


Intrigada, Rose pegou o processo das mãos da prima.


- Sobre o que é? – quis saber, insegura. Teria que enfrentar toda a Suprema Corte. Não podia ser boa coisa.


- Bem, o pessoal do Departamento disse que é uma situação delicada. – começou Molly, em tom profissional. – É sobre um bruxo que trabalha de médico em hospitais trouxas há uns dois anos, mais ou menos, sem comunicar nada ao Ministério da Magia. Como se não bastasse, está tentando adotar uma garotinha, de quem o Ministério não tem nenhuma informação. Ela pode até ser trouxa. Eles estão sem saber se o cara usa feitiços em trouxas ou faz algum tipo de experiência maluca com eles. Parece que a família dele deixa margem para esse tipo de pensamento. Como ele não indicou advogado para defendê-lo, o caso foi encaminhado a nós.


- Muito bem, mocinha. – disse Ian, levantando-se. – O expediente acabou; é hora de ir para casa.


Molly lançou a Rose um olhar de quem pede desculpas.


- Rose, se você puder levar a intimação para esse cara hoje mesmo, te ajudaria bastante. A audiência vai ser em uma semana. Se precisar de qualquer coisa, pode mandar um Patrono ou ir lá em casa. Quero saber de tudo. – falou, abraçando-a.


- Não se preocupe, Molly. Vai com Deus. – disse, sorrindo, ao ver a prima saindo do escritório de mãos dadas com Ian.


Meia hora depois, Rose estava em casa, fazendo um lanche. Não tinha aberto o processo ainda. Ele estava na mesinha de centro da sala. Perguntava-se se conseguiria enfrentar toda a Suprema Corte. Tudo o que sabia sobre defesa, aprendera com Molly. Molly é quem tinha experiência com a Corte, não ela. Molly era uma defensora muito melhor que ela.


Suspirando, Rose pegou o sobretudo cinza e o vestiu. Pegou o processo e as chaves do carro foi até a garagem. Antes de dar partida no carro, puxou a primeira folha do processo, que era a intimação do réu e a procuração que conferia a Rose Granger Weasley, defensora pública, plenos poderes para representá-lo em juízo.


O nome do processado estava coberto por uma fita adesiva, um cuidado essencial quando o caso era segredo de Justiça. Rose não se preocupou em retirá-la naquele momento, concentrando-se no endereço escrito ali. A casa era em um subúrbio trouxa nos arredores de Londres. É, levaria um tempinho para chegar lá.


Depois de uns quarenta minutos de viagem, Rose estacionou o carro em frente a uma casa de dois pavimentos, pintada de branco. Havia um alpendre ao redor da casa. Uma das janelas do andar de cima tinha cortinas rosas.  Na garagem, havia um carro estacionado. E o jardim estava coberto de neve. Parecia um lar agradável e aconchegante.


Pegando a intimação, Rose abriu a porta do carro e saiu de dentro dele. Ansiosa, subiu os três degraus que levavam ao alpendre da casa, escorregando um pouco por causa da neve. Tocou a campainha, com o coração acelerado. Não sabia por quê, mas estava nervosa. O processo teria uma grande dimensão, pelo jeito. Talvez por isso.


- Pois não? – uma mulher vagamente familiar abriu a porta. Devia ter cerca de sessenta e cinco anos, e era baixa e gordinha.


- Hm... boa tarde. – disse a ruiva, puxando a fita adesiva para ler o nome do réu. – Preciso entregar uma intimação para... – o coração dela pareceu despencar dois metros – o sr. Scorpius Malfoy.


- Rose, não é? – disse a mulher, fitando-a astutamente. – Não se lembra de mim? Mary Hopkins, do hospital de oncologia.


Rose começou a andar pelos corredores do hospital tentando ver um indício, qualquer um, de onde estaria Scorpius. Mas o hospital era imenso, cheio de elevadores, escadas, enfermeiros, médicos, acompanhantes, pacientes... ela não sabia onde ir. Como fazer para achá-lo. Andou por uns bons dez minutos, passando por seções como “Oncologia infantil”, “Quimioterapia”, “Radioterapia”, “Sala de exames”, “Esterilização” e até “Cafeteria”, quando uma mulher mais velha e vestida com uma roupa de faxina lhe perguntou:


- Precisa de ajuda, menina? – falou, olhando-a com carinho.


- Eu... eu estou bem, obrigada – disse, sem graça. Não sabia por que dizia aquilo. Oras, ela estava oferecendo ajuda, afinal! Não era exatamente o que precisava naquele instante?


- Tem certeza? – insistiu a mulher, agora com um olhar astuto.


- Não exatamente – respondeu, sem compreender o que fazia. – Eu vim visitar uma pessoa, mas não sei onde ela está.


- E qual é o nome dessa pessoa?                                   


- Hm... – Rose hesitou. Fala sério, era uma mulher bondosa que conversava com ela. Não era Ron Weasley, que provavelmente surtaria se soubesse o que a filha estava fazendo. – Malfoy. Scorpius Malfoy. – disse, por fim, corando levemente.


- Desculpe-me a curiosidade, mas... ele é seu namorado?


Rose corou furiosamente até a raiz dos cabelos.


- Não, senhora, ele é... – ela hesitou novamente – Um amigo. Só isso.


- Como é o seu nome? – perguntou a mulher, surpreendendo a menina. – Não me leve a mal, moça, mas você lembra minha neta.


- Rose. Rose Weasley – disse, rapidamente. – E o seu? – acrescentou, achando que pareceria mal educada se não o fizesse.


- Mary Hopkins – respondeu – Mas vá visitar o seu amigo. Ele está no andar de cima, no quarto 610. Vá rápido, porque daqui a pouco ele vai passar por um transplante.


- Obrigada, sra. Hopkins – disse a ruiva, correndo para as escadas.


- Sra. Hopkins! – exclamou, sem saber se sorria ou se se preocupava. – Bem que eu achei seu rosto familiar...


- Você disse que precisa falar com o Scorpius? – perguntou a mulher, curiosa.


- Bem... é. E é muito importante, sra. Hopkins, mas... eu tenho medo de que ele não me receba. – explicou Rose, sem saber se devia falar toda a verdade. Até onde sabia, essa mulher era trouxa. Ao mesmo tempo, tinha pavor de encontrar Scorpius outra vez. Não fazia ideia de como ele reagiria ao vê-la depois de tanto tempo. Mas não o culparia por qualquer atitude que ele porventura tomasse. Não sabia nem o que ela mesma faria ao vê-lo.


- Pode subir, Rose. – disse a sra. Hopkins, abrindo a porta para a ruiva passar. – Ele está lá em cima.


- Não está ocupado? – perguntou Rose, ansiosa, cruzando a soleira da porta.


- Não, eu fui lá há pouco tempo levar um lanche. Segunda porta à esquerda. – explicou a senhora, fechando a porta e pegando o sobretudo da moça para pendurá-lo.


Rose não se demorou muito observando a decoração da casa, que, de fato, era tão aconchegante quanto parecia. Ao subir a escada devagar, conseguia pensar somente no coração batendo descompassadamente e se perguntava se era possível ouvi-lo de longe. Como estaria Scorpius depois de sete longos anos?


Segunda porta à esquerda. Havia chegado ao patamar da escada. A porta estava entreaberta. Antes de decidir o que fazer – se batia na porta ou se simplesmente a abria –, ouviu duas vozes vindas de dentro do cômodo.


- Eu gosto muito dessa história, papai. – era uma voz de criança. Uma menininha.


- Que tal tentar ler, filha? – era a voz de Scorpius. Mais grave e adulta, mas, definitivamente, era Scorpius.


O cérebro de Rose tentava processar a informação, lentamente. Filha? Lembrou-se de Molly lhe explicando o processo em linhas gerais: É sobre um bruxo que trabalha de médico em hospitais trouxas há uns dois anos, mais ou menos, sem comunicar nada ao Ministério da Magia. Como se não bastasse, está tentando adotar uma garotinha, de quem o Ministério não tem nenhuma informação. Ela pode até ser trouxa.


Curiosa, Rose deu dois passos à frente.


- Papai, mas eu não sei ler direito! – protestava a menina. Pela voz, parecia ter quatro ou cinco anos. – Se você ler pra mim, é melhor.


- Não, Luísa, você precisa tentar. – dizia Scorpius, pacientemente. – Para aprender. Lê a historinha para mim.


- É história de princesa.


- Eu sei que a Branca de Neve é uma princesa.


Rose olhou pela fresta da porta, rezando para não ser pega. Era um quarto de criança. Havia uma pequena cama a um canto, prateleiras com bonecas e bichinhos de pelúcia, um tapete emborrachado no chão, cortinas rosas e uma enorme poltrona bege, com almofadas coloridas. Scorpius estava sentado na poltrona e, em seu colo, estava uma menininha de cabelos loiros curtinhos. Ela usava um vestido preto de mangas compridas e segurava um livrinho nas mãos. Scorpius também olhava para o livro.


- Posso começar, papai?


- Pode.


- Você não vai dormir, vai? – quis saber Luísa, olhando para cima.


- Claro que não, meu anjo. – respondeu Scorpius, beijando-lhe a testa, ternamente.


- “Era uma vez, num reino muito, muito distante...”.


Um barulho vindo da cozinha fez Luísa parar de ler.


- Deve ser a Mary, na cozinha. – disse Scorpius, tentando tranquilizá-la.


Sem se importar com ele, Luísa pulos no chão, deixando o livro nas mãos de Scorpius e correu para a porta, abrindo-a de uma só vez. Assustada com a súbita atitude da menina, Rose deu um passo para trás. Ao ver a ruiva ali, a loirinha parou e a fitou, com olhos azul-claros curiosos. No minuto seguinte, pulou para o colo de Rose, abraçando-a e exclamando:


- Mamãe, você veio!


Sem saber o que fazer, Rose correspondeu ao abraço da menina. Scorpius se aproximou:


- Weasley? – disse, surpreso. Mas o tom de voz não era nem de longe terno e carinhoso como o que ele utilizara com Luísa. Era magoado, rancoroso até. E a chamara pelo sobrenome. O que, de alguma forma, parecia tornar tudo mais difícil.


Passados os segundos iniciais de atordoamento, Scorpius pegou Luísa do colo de Rose, dizendo:


- Pronto, Luísa. Já chega.


- Ela veio, papai! Minha mãe voltou! – dizia a menina, eufórica. – Eu disse a você que ela ia voltar!


- Filha, vai pedir a Mary, por favor, para começar a preparar o jantar. – pediu Scorpius, colocando-a de volta no chão. – E fique conversando com ela um pouquinho.


Luísa olhou de Rose para Scorpius e dele de volta para ela.


- Vocês não vão brigar, não é? Brigar é muito feio.


- Nós só vamos conversar. Mas não é conversa para crianças. – assegurou-lhe Scorpius.


- Tá bom. – disse Luísa, descendo as escadas lentamente, com uma das mãos grudada ao corrimão.


Depois que a menina sumiu de vista, Rose e Scorpius voltaram o olhar um para o outro. Os olhos cinzentos de Scorpius eram uma máscara de frieza. Ele estava mais velho, mais bonito, e também parecia mais sofrido. Usava barba, o que lhe dava um ar sensual. Os cabelos loiros não estavam tão curtos, tampouco longos demais. Recuperado do baque de leucemia que sofrera, já não era um garoto pálido e magricela. Era um homem alto de rosto corado e corpo musculoso.


- O que quer, Weasley? – perguntou Scorpius, ríspido. – Achei que tivesse deixado bem claro que não queria te ver mais.


- Eu vim entregar uma intimação. – disse Rose, timidamente, murchando sob o olhar severo que ele lhe dirigia. – E uma procuração. – acrescentou, entregando o papel a ele.


- Uma procuração que confere a você plenos poderes para me representar um juízo? – questionou, com ironia, erguendo uma sobrancelha. – Não quero nenhum favor seu.


- Não é favor, é meu serviço. – retrucou Rose, adquirindo na mesma hora o tom de voz inflexível que Molly lhe ensinara a usar em audiências. – Não conhece a nova lei que exige que os réus tenham um advogado? Como você não indicou nenhum, o processo foi encaminhado para a Defensoria.


- E por que você tem que ser a defensora? – continuou Scorpius, encarando-a friamente.


- A Molly está grávida e prestes a completar nove meses. Ninguém no Ministério acha que seja sensato que ela se apresente perante toda a Suprema Corte nessas condições, tendo tão pouco tempo para preparar a defesa. – explicou Rose, sustendo o olhar do loiro com firmeza.


- Não preciso que preparem defesa. Sei me defender sozinho. – disse ele, estendendo o papel para que a ruiva o pegasse de volta. Ela não se mexeu.


- Que bom que sabe se defender sozinho. Mas há certas coisas que somente um advogado ou um defensor está autorizado a fazer. Lamento, mas você não é nenhum dos dois. – falou Rose, sorrindo-lhe com um certo cinismo.


Irritado, Scorpius leu o papel de novo.


- Não quero você perto de mim. – disse ele com amargura, fazendo as cicatrizes no coração de Rose se abrirem novamente. – Vou nomear um advogado.


- O seu prazo já acabou, Scorpius...


- Malfoy. – interrompeu o loiro.


- O quê? – fez Rose, sem entender.


- Para você, sou simplesmente Malfoy. – explicou, sem esboçar reação alguma.


A ruiva respirou fundo, fechando os olhos, para recuperar o fôlego e conter as lágrimas. Não podia deixar que Scorpius a visse com os olhos marejados. Não podia deixar que ele pensasse que conseguia machucá-la. Não quando estava a serviço, pelo menos.


- Tudo bem, Malfoy. – corrigiu, reabrindo os olhos. – O seu prazo para nomear advogado já acabou. Só por isso o processo foi mandado para a Defensoria. Você não tem escolha. – acrescentou, no tom mais profissional que conseguiu.


- Não tenho escolha? – repetiu, mirando o papel com atenção.


- Não.


Ficaram em silêncio alguns instantes.


- Não vou assinar. – disse Scorpius, por fim, olhando para Rose em tom de desafio.


- Vai, sim. Se não assinar, vai ser declarado revel e tudo o que disserem contra você será verdade, por presunção. Além disso, você pode responder a um segundo processo e pode acabar em Azkaban. – disse a ruiva, tentando manter a calma.


- Não me importo. – falou o loiro, cruzando os braços, despreocupadamente. Naquele instante, Rose teve uma ideia.


- Ótimo. Então, não se importa. – comentou, em tom de conversa, pegando o papel de volta. – Mas achei que se importaria ao menos com essa garotinha que tem tanto afeto por você e o chama de pai. Como será que ela ficaria se soubesse que vai ser preso, Malfoy?


O corpo todo de Scorpius enrijeceu imediatamente, tenso.


- A Luísa é minha filha. – murmurou, em tom de quem desafiava outra pessoa a dizer o contrário.


- Não para a Justiça. – replicou Rose, no mesmo tom.


- Escuta aqui, Weasley. Ninguém vai tirar a Luísa de mim, entendeu? – falou, aproximando-se da ruiva com ar ameaçador.


Ela ficou momentaneamente perturbada com a aproximação, com o cheiro de Scorpius, com os braços fortes e os olhos cinzentos e teve que se segurar para não ceder ao impulso de beijá-lo.


- Ninguém vai tirá-la de você, Malfoy. Desde que você não dê motivos para isso. – explicou, erguendo uma sobrancelha.


Scorpius se afastou, passando as mãos pela barba e pelo cabelo. Deu as costas para Rose. Ela rezava para Scorpius ter um mínimo de bom senso. Instantes depois, ele se voltou para Rose novamente e puxou o papel das mãos dela com selvageria. Sem dizer palavra, assinou-o e o entregou à moça.


- Pronto. Você não tem mais nada para fazer aqui.


- Não, Malfoy, nós precisamos discutir as estratégias de defesa. – advertiu, em tom profissional.  


- Estratégias de defesa? – repetiu, com sarcasmo. – Me poupe, Weasley.


- É importante que...


- Com que direito você entra na minha casa, depois de sete anos, e tem a audácia de dizer que não vai embora porque precisamos “discutir estratégias de defesa”? – vociferou Scorpius. – Eu não quero você aqui, entendeu?


- Eu vim porque é o meu trabalho! – respondeu Rose, no mesmo tom, embora sentisse o coração em frangalhos. – Eu não sabia que era você até chegar aqui na porta!


- E você quer que eu acredite nessa história? Assim como eu acreditei um dia que você sentia alguma coisa por mim? – disse ele, com severidade.


- Eu gostava de você, Scorpius! Tudo o que passamos juntos não foi fingimento em momento algum! – protestou, esquecendo-se de que ele não queria que o chamasse pelo primeiro nome.


- Ah, não? Jura? – ironizou. – Como você mesma disse, Weasley, você GOSTAVA de mim! Pretérito imperfeito do indicativo!


- Você não tem o direito de me acusar assim! – disse Rose, à beira das lágrimas, sem perceber que gritavam um com o outro. – Você não sabe o que eu passei todos esses anos!


- Sei perfeitamente, Weasley. De tudo. As festas, as badalações, um cara diferente por dia, o fiasco como Inominável, a morte daquele cara, por sua culpa, além de ter assumido o papel de sombra da prima. – enumerou Scorpius, contando nos dedos, de um jeito sinistramente racional.


- EU NÃO ADMITO QUE VOCÊ DIGA NADA CONTRA O JOHN! VOCÊ NÃO O CONHECEU! VOCÊ NÃO SABE O QUE EU PASSEI QUANDO ELE MORREU! – berrou Rose, descontrolando-se, mas ainda conseguindo segurar as lágrimas.


- E VOCÊ, WEASLEY? POR ACASO VOCÊ SABE O QUE EU PASSEI TODOS ESSES ANOS? COMO VOCÊ ENTRA POR AQUELA PORTA COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO? É MUITA CARA DE PAU PARA UMA PESSOA SÓ! – berrou ele de volta, praticamente cuspindo as palavras.


Por uns instantes, eles apenas se encararam.


- Some da minha vida, Weasley. – disse Scorpius, seco, entredentes. – Não preciso de você nem preciso que se esforce como minha defensora.


- Você não pode fazer isso comigo, Scorpius. – falou Rose, baixinho, entristecida.


- Não deve ser muito difícil. – comentou, acidamente. – Você já fez isso uma vez.


- Scorpius...   


- Você quer que eu diga de novo para você sumir? – disse ele, com rispidez.


Passos na escada. Luísa os encarou quando chegou ao patamar.


- Vocês estavam brigando?


Rose e Scorpius se encararam, sem saber o que responder.


- Até semana que vem, Scorpius. Seja sensato e não falte à audiência. – disse Rose, voltando-se para dar um beijo em Luísa. – Tchau, meu anjo.


- Mamãe, você vai embora? – quis saber, desolada. – Fica com a gente, por favor.


Rose lançou um olhar rápido para Scorpius, que não esboçou reação alguma.


- Eu tenho algumas coisas para resolver, Luísa. Não posso ficar. – disse, carinhosamente, abaixando-se para ficar da mesma altura da loirinha. – Mas eu volto para te visitar. Tchau. – acrescentou rapidamente, descendo as escadas. Não entendia por que aquela garotinha que nunca vira antes a chamava de “mãe” com tanta naturalidade. Não entendia por que se sentira apegada a ela imediatamente, desde que a vira sentada no colo de Scorpius. Não entendia as reações de Scorpius. Não entendia exatamente como se sentia a respeito de Scorpius. Era um sentimento indefinível. Havia uma porção de coisas que não entendia.


Fora da casa, o céu já estava bastante escuro e Rose se lembrou, irresistivelmente, da noite em que encontrou Scorpius na Torre de Astronomia, antes dos NOMs. Abriu a porta do carro e se sentou ao volante. Mas não conseguiu nem mesmo dar a partida no carro. Cruzou os braços sobre o volante e sucumbiu às lágrimas que conseguira conter quando estava dentro da casa. Chorava sete anos de lágrimas acumuladas. Sete anos de solidão e de vazio, de uma vida incompleta. Agora sabia que a pessoa que tornaria sua vida completa a tinha mandado embora para sempre.


Rose perdeu a noção de quanto tempo ficou ali. Só se deu conta de que muito tempo havia se passado quando ouviu uma tímidas batidinhas na porta do carro. Enxugou as lágrimas rapidamente e se voltou para ver o que causava o barulho. Era Luísa. Segurava uma caneca em uma das mãos e, na outra, arrastava algo pela calçada cheia de neve. O sobretudo de Rose.


- Luísa, o que você está fazendo aqui? Está frio! – argumentou, abrindo a porta do carro.


- O papai disse para eu trazer a roupa que você tinha esquecido e um chocolate quente. – explicou a menina, erguendo a caneca.


Rose pegou o sobretudo e o vestiu, limpando a neve que o cobria com as mãos. No tempo que estivera no carro, não tinha se dado conta do frio que fazia. Pegou a caneca da mão de Luísa, que agora usava luvas e um gorro.


- A caneca é minha. E a coelhinha do desenho é a Babbitty, dos contos de Beedle. – explicou a menina.


Com cuidado, Rose experimentou o chocolate, pensando que talvez a loirinha fosse bruxa. Estava delicioso. Tinha chantilly e marshmallows por cima.


- Luísa, você disse que foi o papai que pediu para você trazer o chocolate?


- Foi. – respondeu, acenando com a cabeça. – Ele que fez também. O chocolate quente do papai é o melhor do mundo! – acrescentou, com os olhinhos brilhando.


- E você gosta muito do seu pai? – quis saber Rose, em tom de conversa.


- Muito, mamãe. – respondeu, seriamente. – Ele é o melhor pai do mundo! Ele salvou minha vida.


Cuidadosamente, Rose entrou no carro de novo e levou Luísa junto de si, colocando-a no colo e, em seguida, ligou o aquecedor, porque sabia que a conversa não seria tão rápida assim.  


- Como ele salvou sua vida, Luísa?


- Você não sabe que o papai é médico? – perguntou Luísa, com cara de confusa. – Ele cuida de crianças que têm uma doença muito triste, que chama crancer.


- Câncer? – quis saber a ruiva, interessadíssima.


- É, isso mesmo! Mas eu não sei falar esse nome... mas é uma doença muito feia. E o papai cuidou de mim e me curou, lá no hospital. – disse Luísa. – É por isso que eu não tenho cabelo grande. Meu cabelo caiu e eu fiquei feia.


Rose tirou o gorro da menina e acariciou os fios loiros curtinhos.


- Seu cabelo é lindo, Luísa. Assim como você.


- Eu vou deixar ele crescer para ficar bonito como o seu, mamãe. – disse a loirinha, passando a mão nos cabelos ruivos cacheados de Rose.


- O cabelo do seu pai é mais bonito, meu anjo. É lisinho. – apontou a ruiva. – E o meu é todo cheio de voltas.


- Mas é bonito. O papai disse que você e eu somos as mulheres mais lindas de todo o mundo. – contou Luísa, sorrindo com doçura e encantamento.  


- Sério? – perguntou Rose, curiosa, dividida entre a vontade de sorrir e a de chorar.


- Sério. O papai me disse que gosta muito, muito de você. – contou Luísa, olhando para a ruiva ternamente.


- Eu também gosto muito do seu pai. – confessou Rose, sem conseguir conter as palavras.


- Não entendo. – falou Luísa, balançando a cabeça negativamente. – Se você gosta do papai e ele gosta de você, por que não moram juntos, mamãe?


Rose ficou alguns segundos em silêncio, sem saber o que dizer. Bebeu o resto do chocolate para ganhar tempo.


- É complicado, Luísa.


- Aposto que você vai falar que é “coisa de gente grande” – apontou a loirinha – É o que o papai sempre me fala.


- Mas ele tem razão. – concordou Rose imediatamente.


- Eu queria ser gente grande logo. Para entender essas coisas. – disse a menina, parecendo inconformada.


- Não tenha pressa, Luísa. Você vai crescer. – disse a ruiva, em tom de consolo, fazendo cafuné em Luísa.


- Vocês brigaram, não é, mamãe? A Mary me disse que não, mas vocês estavam gritando. – disse Luísa, voltando os olhinhos azuis para Rose. – É por isso que você estava chorando. Eu vi você chorando antes de abrir a porta do carro.


- Não, a gente não brigou. – disse a ruiva, tentando não decepcionar Luísa.


- Não fica triste, mamãe. Nas histórias de princesas, tudo acaba bem no final. – disse a menina, abraçando Rose com força. – A sua história de princesa também vai acabar bem. E assim como eu ganhei um pai do coração, também vou ter minha mãe do coração junto com nós dois.


Rose abraçou a pequena Luísa com força, do mesmo modo. “Mãe do coração”. Era isso que representava para ela, fosse lá por que motivos. Mas não podia ficar ali por mais tempo. Não se não quisesse que a menina a visse chorando.


- Luísa, agora a mamãe vai embora. Mas depois eu volto, tá bom? – disse, afastando-se gentilmente da criança.


Luísa assentiu, e Rose colocou o gorro de volta na cabeça dela. Em seguida, saíram do carro e Rose acompanhou a menina até a porta de casa, beijando a bochecha desta em despedida.


Sem mais, a ruiva voltou para o carro. Não iria para casa. Precisava de um lar de verdade. A casa dos pais. Dirigiu até lá inconscientemente, sem prestar atenção no que fazia. Por duas ou três vezes, o carro derrapou na neve.


Ao chegar na casa dos pais, estacionou o carro ao lado do de Ron. O carro de Hugo não estava lá. No mínimo, deveria ter saído com Alice. A única luz acesa era a da sala de televisão.


Rose abriu a porta, apressada, e no minuto que a fechou ouviu a voz de Ron, desesperada:


- Não, Mione, eu não pus os pés na mesinha de centro!


Ela sorriu com um ar nostálgico ao ver o pai catar a pipoca que provavelmente tinha derrubado no chão ao tirar os pés de cima da mesinha de centro.


- Oi, papai.


- Rose! – cumprimentou ele, surpreso e aliviado ao vê-la. Deixou o problema das pipocas de lado e se adiantou para abraçar a filha, quase a esmagando. – Puxa, há quanto tempo você não vem aqui!


- Como você está, papai? – perguntou Rose, sorrindo carinhosamente para o pai depois que se afastaram.


- Estou bem, filha. E você? – quis saber o (ainda) ruivo, encarando a filha com um ar preocupado.


- Estou bem. – respondeu, dando de ombros, aproximando-se de um móvel cheio de retratos. – E a mamãe e o Hugo?


- O Hugo saiu com a Alice, a Lily e o Ben. Sua mãe está terminado de rever uns processos para a próxima semana. Aquele cara que a Molly assessorava parece que não está dando conta de cumprir os prazos, e agora os outros integrantes da Suprema Corte têm que se desdobrar para dar conta de tudo. Hermione estava furiosa. – comentou Ron, voltando a catar pipoca.


- Certo.


Desistindo de catar tudo, Ron pegou a varinha e fez um feitiço para que as pipocas voltassem para o baldezinho, colocando-o em cima da mesa em seguida e desligando a televisão.


- Rosie, não é porque sua mãe e seu irmão não estão aqui que você não tem com quem conversar. – disse ele, carinhosamente.


- Eu sei, papai. Eu não disse isso. – respondeu ela, sentando-se no sofá, cruzando e descruzando as mãos. – E, aliás, eu disse que estou bem.


- Não está. – discordou Ron, sentando ao lado da filha. – Eu conheço você, minha filha, eu sei que tem alguma coisa te perturbando.


- Papai, você acha que eu sou uma sombra da Molly? – perguntou, incapaz de se conter. – Você acha que eu fui um fiasco como Inominável? Você acha que o John morreu por minha culpa?


Ron fitou a filha, claramente surpreso com as perguntas que ela fez. E de uma vez só.


- Rosie, você apoiou a Molly quando todo mundo virou as costas para ela. – começou, devagar. – Vocês duas sempre estiveram lado a lado; nunca uma à frente da outra. E não, você não foi um fiasco como Inominável, tampouco o John morreu por sua culpa. Por algum descuido, ele foi envenenado com algo que nenhum de nós conhecia. E o veneno agiu mais rápido do que qualquer um.


Rose assentiu, abraçando as pernas.


- Filha... quem te disse essas coisas? – quis saber Ron, cautelosamente.


- Ninguém. – murmurou a ruiva, sem olhar para o pai.


- Rosie, você nunca soube mentir. – comentou Ron, encarando-a astutamente.


- Foi o Scorpius. – sussurrou Rose.


- Malfoy? – completou, chocado. – Filhote de doninha de uma figa!


- Papai... não chama ele assim. – pediu Rose, baixinho.


- Tudo bem, filha. Está tudo bem. Não falo mais. – assentiu Ron, abraçando-a como se ainda fosse uma menininha.


O que combinava com o estado de espírito de Rose, afinal. Sentia-se novamente como uma criança, que tem as mãos atadas e não sabe como fazer para se desamarrar.


Aos poucos, Rose começou a fazer algo impensável: contar tudo para o pai a respeito da relação com Scorpius. Tudo mesmo. Incluindo a parte em que tinham dormido juntos, algo que só Roxanne e Lily sabiam. Nem Hermione tinha noção disso.


E Ron escutou. Pacientemente. Não fez interrupções. Não gritou. Não disse que odiava os Malfoy, tampouco gritou impropérios contra eles. E, durante todo o tempo, tinha a filha deitada sobre suas pernas, com a cabeça apoiada em uma almofada, como faziam quando ela era criança e voltava da escolinha chateada porque tinha conseguido só 9,5 na prova em vez de 10.


Depois que Rose contou da visita que fizera à casa de Scorpius e de Luísa, os dois ficaram em um silêncio confortável até Ron dizer:


- Acho que está óbvio por que essa menininha te trata por mãe, Rose.


- Por quê? – quis saber, tristemente.


- Porque o Scorpius disse isso para ela.


Rose levantou a cabeça da almofada, olhando incrédula para o pai.


- Mas o Scorpius me odeia, papai! Como ele ia dizer para essa garotinha que eu sou a mãe “de coração” dela?


- Porque o Scorpius a ensinou assim. – disse Ron, pacientemente. – Ouça, Rose, não existe criança no mundo que chame outras pessoas de pai ou de mãe sem motivo nenhum. Muito menos chamarão de mãe alguém que nunca viram! São os adultos que as ensinam quem devem chamar de pai, de mãe, de tio, de avó... e essa menininha, a Luísa, até te identifica de “mãe de coração”. Provavelmente, alguém a ensinou assim. O Scorpius, sem dúvida.


- Mas ele me mandou embora sem nenhuma consideração, papai! – argumentou Rose.


- Você não disse que a Luísa te contou que ele gosta muito de você? Que te acha uma das mulheres mais lindas do mundo? – apontou Ron, como se fosse óbvio.


- Não faz sentido. – murmurou a ruiva.


- Faz todo o sentido. Scorpius ama você, Rose. Mas é orgulhoso demais para admitir isso agora. Porque se sente traído e humilhado. – explicou Ron.


- Mas eu não o traí. Nem o humilhei. – balbuciou a ruiva, inconformada.


- Rose, você passou todos esses anos longe do Malfoy júnior. Sofrendo calada. Afastou-se de toda a sua família para afogar a tristeza de diferentes formas. E nenhuma deu certo. – constatou Ron, como se iniciasse um raciocínio muito importante. – Nunca te ocorreu, todo esse tempo, se colocar no lugar do Scorpius, efetivamente?


- Eu não pediria o que ele me pediu.


- Considere por um momento apenas que você está no lugar dele. Por favor. – tornou a falar.


Rose fechou os olhos, voltando sete anos no tempo.


- Como você se sentiria, Rose? – quis saber Ron.


- Decepcionada. – murmurou, abrindo os olhos. – Mas você não acha que foi demais o que ele me pediu? – emendou, ansiosa em fazê-lo concordar. – Ou ser namorada dele ou desaparecer da vida dele?


- Você não vê, Rosie? – Ron sorriu com pesar – Você está tão preocupada em se eximir de toda a culpa, em dizer que o Scorpius foi injusto, que nem vê mais que os dois erraram.


- Nós dois erramos? – disse Rose, confusa.


- O Scorpius quis que você fizesse uma escolha. – começou Ron, pacientemente. – Me parece simplesmente que ele queria fazer você admitir para si mesma e aceitar que não podiam continuar sendo amigos. Mas o jeito que ele fez isso não foi o mais inteligente. Vocês podiam ter conversado melhor, esperado um pouco mais. E você ficou tão apavorada com a perspectiva de perdê-lo se um eventual namoro acabasse que nem pensou duas vezes no que ele poderia querer ao propor que você fizesse uma escolha desse tipo.


- No fim das contas, eu o perdi de qualquer jeito. – concluiu Rose, amargurada.


- Não ainda. Você pode reconquistá-lo, Rosie. Pelo que você me contou, Scorpius parece ser orgulhoso demais para voltar atrás em uma decisão. Típico de Sonserinos. Se quiserem ficar juntos, alguém tem que dar o primeiro passo. Por que não você?


Rose fitou o pai, surpresa.


- Pensei que você não gostasse dos Malfoy.


- Não gostava. Fato. Mas comecei a vê-los de um jeito diferente. Não são tão ruins assim. – disse Ron, pensativo. – Draco salvou minha vida numa missão que fizemos na Noruega, há uns quatro meses. Ele disse que, por pior que eu fosse, meus filhos não mereciam ficar órfãos. E que minha esposa não merecia ficar viúva tão jovem. E, veja bem, ele não precisava fazer isso. Colocou a própria vida em risco.


Rose não soube o que dizer frente à declaração do pai. Suspirando, ele continuou:


- Rosie, minha linda, você nunca amou o Scorpius como um amigo. Sempre o amou como homem. Mas nunca quis confessar isso nem para você mesma.


- Você acha mesmo que essa situação tem conserto, papai? – quis saber, insegura.


- Se depois de sete anos vocês se reencontram, acredito que sim. – disse, com convicção. – E peço que me desculpe, Rose, por ter dito tantas coisas horríveis sobre os Malfoy por tanto tempo. E por ter falado aquilo sobre você e o Scorpius serem amigos ou namorados. Charlie me contou, uns dias depois, que você tinha ouvido minha conversa com seus avós. – acrescentou, ao ver que a ruiva tinha feito menção de abrir a boca.


Rose assentiu, indicando que não havia problema.


- Tudo bem, papai. Não faz mal.


- Lute por você, Rosie. Pela sua felicidade. – aconselhou Ron, sorrindo. – Vou ali em cima forrar a sua cama. Hoje você vai dormir com aqui. Que é a sua verdadeira casa.


- Papai... – chamou Rose, quando o pai estava na porta da sala. – Você acha mesmo que o Scorpius vai me desculpar?


Ron sorriu, reconhecendo-se na filha de certo modo. Ela sabia ser insegura quanto à pessoa que amava.


- Com certeza. – assegurou, confiante.


Rose mordeu o lábio inferior, pensativa.


- O que você acha que eu tenho que fazer, papai?


- Não preciso dizer, Rosie. Você conhece o Scorpius muito melhor que eu. Tenho certeza de que, no fundo, você sabe exatamente o que fazer. – disse Ron.


- Tem certeza?


- Absoluta.


- Mas...


- Rosie, meu amor, confie em mim. Você está falando com o homem que demorou sete anos para perceber que a mulher que mais amava sempre esteve ao lado dele.


*


Depois de jantar com o pai (se é que sanduíches e cerveja amanteigada podiam ser chamados de refeição), Rose foi para o próprio quarto. Jogou a roupa que vestia em cima dos pufes e vestiu um pijama que sua mãe conservava no guarda-roupa. Aliás, Hermione havia deixado o quarto da filha exatamente como era desde antes de ela sair de casa. Rose havia levado poucas roupas, e a mãe deixava todas elas impecavelmente limpas e bem guardadas. Agradeceu-a mentalmente por isso, já que ainda não havia voltado para casa. Ron havia saído para saber se Hermione voltaria àquele dia ainda ou só pela madrugada.


Rose finalmente achou o que procurava. A caixinha colorida em que guardara todas as fotos que tinha com Scorpius. E os presentes que ele lhe dera ao longo do tempo: o desenho emoldurado, o globinho de Hogwarts, a rosa branca... que estava completamente murcha.


Cuidadosamente, a ruiva pegou a flor entre as mãos. Ela era, de fato, enfeitiçada. Mas a ruiva nunca descobrira a lógica daquele feitiço peculiar. As pétalas estavam amareladas. Os espinhos, outrora viçosos, não perfuravam nada mais. Seria um retrato do relacionamento com Scorpius?


Deixando-a de lado, Rose se pôs a olhar as fotos, uma a uma. Demorou-se na foto em que dançavam a valsa do Sweet Sixteen. Havia cumplicidade naquela troca de olhares.


Depois de algum tempo, ela guardou tudo de novo. Eram lembranças importantes. Das quais nunca conseguira se desfazer.


Suspirando, levantou-se do chão. Não sabia como Ron podia pensar que ela soubesse o que fazer a respeito de Scorpius!


Calçando as pantufas, pegou o sobretudo de cima de um dos pufes e o sacudiu. Depois de ter sido arrastado na neve, precisava ser lavado. Alguma coisa caiu de dentro de um dos bolsos. Um envelope azul-escuro. O coração da ruiva disparou. Era a carta de John, que o sr. Lincoln lhe entregara na última vez que fora ao cemitério. Carta da qual ela não se lembrava. Não depois de saber que a sepultura de John seria removida e depois de receber a visita de Glenn, convidando-a para o casamento dele.


Com as mãos tremendo, pegou o envelope. Seu nome estava caprichosamente escrito nele com a letra de John. Com cuidado, abriu o envelope e tirou um pedaço de pergaminho de dentro dele.


Rose,


“Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando. Porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”. (Luiz Fernando Veríssimo)


Não sei quando vai ler esta carta, Rose, mas espero que seja num momento oportuno. Considere-a com carinho. Todo aquele carinho que dedicou a mim. E não se faça de desentendida, ok? Sabe muito bem o que quero dizer.


                                                                          Amo você,


                                                                                              John.


De fato, Rose sabia exatamente o que John queria dizer. Tinha os olhos úmidos por causa das lágrimas que, mais uma vez, se formavam.


Mas agora sabia exatamente o que deveria fazer.


*


- Não acha que foi mal educado com a Rose? – perguntou Mary Hopkins a Scorpius, observando-o sentado à mesa da cozinha, bebendo uma caneca de chocolate quente.


- Não – respondeu Scorpius, secamente. – Não me importo com ela mais.


- Sabe que não é verdade, Scorpius. – comentou Mary, sentando-se defronte a ele. – Se não se importasse, não teria pedido a Luísa que lhe levasse uma caneca de chocolate quente.


- Foi por educação. – explicou o loiro, sem levantar os olhos da caneca.


- A Luísa gostou muito dela. Deve estar sonhando com o dia que a Rose vai vir morar aqui.


- Lamento, Mary, mas terei que dizer à minha filha que isso nunca acontecerá.


- Scorpius...


- Acabou. Rose e eu não temos mais nada a ver um com o outro. A não ser essa besteira de Defensoria Pública. – retrucou.


- Não é besteira, Scorpius. E você não pode destruir os sonhos da sua filha assim. Por Deus, ela tem quatro anos!


- Ela vai entender algum dia.


- Não acredito que você vá fazer isso. – disse Mary, cruzando os braços.


- E por quê? – quis saber Scorpius, em tom de desafio.


- Porque você está chateado. Porque foi você quem plantou na cabeça da Luísa que a Rose ia ser a mãe de coração dela. E disse, ainda, que algum dia a Rose iria morar aqui. – disse Mary, erguendo uma sobrancelha.


- Velhos tempos. – falou Scorpius, colocando a caneca vazia dentro da pia.


- Não acredito. Você ainda ama a Rose, não ama?


Scorpius não respondeu.


***


N/A.: Olá, pessoas! Aqui está o penúltimo capítulo para vocês! Espero que gostem muito, porque eu não consegui desgrudar do notebook enquanto não terminei de escrevê-lo. E espero que tenham gostado da surpresa que eu disse que viria – a Luísa.


Quero pedir desculpas por ficar sempre cobrando os comentários e tals, mas peço que relevem, por favor. É mania de autora insegura e paranoica, que esquece que as leitoras têm vida além da F&B.


Enfim, espero receber notícias de todas assim que possível. E me desculpem, também, por não responder aos comentários do capítulo anterior, mas meus olhos estão muito vermelhos, coçando muito e eu estou louca para deitar! A semana foi puxada.


Me avisem se algum erro de português tiver passado batido, ok?


                                                                                                                         Beijos a todas,


                                                                                                                                                       Luhna

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Comentários (6)

  • Letícia Tonks

    Que historia linda!!! Eu estou apaixonada pela luisa. Atualiza logo, por favor!

    2013-04-21
  • L.Oliveeira

    Sério, tive que conter as lágrimas... eu não ia chorar no curso de inglês, certo? Cara, eu não sei nem o que dizer, dessa fanfic tão perfeita. Não estou nem acreditando que só vai ter apenas 14 capítulos. Dói, está bom? Tadinha da Rose e do Scorpius :/ fico sem palavras. Foi surpreendente e lindo e triste. E lindo de novo. Gente, você escreve muito bem e eu sei que demorei par ler e vi que valeu a pena! Lindo demais... Eu não quero que acabe. Tenho certeza que, quando eu ler o último capítulo, eu vou chorar.Parabéns, hermosa *--* sua fanfic é linda e muuuito bem escrita! 

    2013-04-20
  • juliana vieira

    nossa que reviravolta. esperando pra ver o proximo capitulo

    2013-04-16
  • Dani_Ela

    Bem, o que posso dizer? Uau... Esse capítulo foi realmente incrível, uma reviravolta que eu não estava esperando! Esses sete anos se passando, tantas mudanças (adorei os casamentos, filhos, etc, dos netos Weasley) e tantos fatos que aconteceram! Adorei a Molly ter ganho um grande papel na fic, e não outra prima de Rose, porque por mais que eu ame todas elas, nunca li uma fic que Molly seja importante, ela sempre é uma mera "figurante". E adorei também o filhinho dela se chamar Daniel, meu novo xará, huahauaha. Preciso te dar os parabéns pelos mínimos detalhes muito importantes que apareceram ao longo do capítulo, como a carta de John exatamente no momento certo, uma "aparição especial" de Mary, uma personagem que nem me lembrava! E, apesar de me reconhecer quando vejo o Scorpius tão orgulhoso, tô com muita raiva dele! PS: o desejo de matar a Rose evaporou totalmente com esse capítulo, hahaha. Beijos e quero maaaais!  

    2013-04-13
  • Ana CR

    Tem como ficar mais perfeita!?Céus, eu amei a explicação dos sete anos, o estado que a Rose ficou depois de "abandonar" o Scorpius, todos resolvendo suas vidas enquanto ela continuou sofrendo - se é que pode-se dizer sofrer - pelo homem que ela sempre amou!John! Ah, se ele não tivesse falecido torceria pra que eles tivessem um romance - CURTO! - mas mesmo assim, um romance!Luisa! Merlin, vontade de pegar ela no colo e distribuir beijos carinhosos! Logo no primeiro encontro já chama a Rose de mãe! Ah, quero muito mais dela no próximo capítulo!!!RONY! Oh, Rony! Como o personagem dele evoluiu durante o desenrolar da fic, e ao mesmo tempo, continua o mesmo Rony de sempre! Amei os conselhos dele!!!E por fim, Scorpius... DEIXE DE SER ORGULHOSO!Accio capítulo novo, não sei se aguento mais tempo ser ler o restante, Luhna!Beijos*Ana CR* 

    2013-04-13
  • Lana Silva

    Nossaaaaa Luhna o que eu posso dizer desse capitulo ? 03:09 da manhã e o estou lendo.  Eu não consegui parar de lê-lo e a casa palavra que eu lia ficava mais estasiada e louca porque nossa, foi surpreendente. Estou com o coração na mão porque é o penultimo capitulo e como todo mundo aqui não quero que acabe, mas fico feliz de ver que a fanfic que eu tô acompanhando desabrochou e está perto do fim. É algo realmente emocionante. Tudo que eu passei lendo a fanfic realmente será inesquecivel. Quero dizer  que o capitulo me impressionou muito e que eu não posso dizer que ele foi outra coisa além de perfeito. Parabéns, porque você consegue fazer essa fanfic uma das melhores Scorose da F&B. Beijoos \o 

    2013-04-13
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