Hogwarts



CAPÍTULO 1


-HOGWARTS-


Quando já não conseguiam mais ver os pais e os irmãos, Rose e Alvo entraram na cabine em que haviam deixado suas coisas. Apesar de todos os outros primos também estarem indo para a escola, sabiam que iriam enfrentar o dia de viagem sozinhos: Victoire, no 7º ano, provavelmente estaria fofocando com as amigas sobre Teddy;  Fred, também no 7º ano, ou estaria dando em cima das amigas de Victoire ou estaria reunindo o time de quadribol da Grifinória, já que fora nomeado capitão; Dominique, no 6º ano, também estava com as amigas; Molly, no 5º ano, fora nomeada monitora e estava em uma cabine separada junto com os demais monitores; Louis e Lucy, ambos no 4º ano, tinham a mesma turma de amigos e agora estavam se atualizando sobre os últimos acontecimentos das férias; e James, no 2º ano, provavelmente já teria encontrado Roxanne, da mesma idade, e estavam com os amigos planejando a próxima “aventura” na escola.


Já prevendo isso, Rose havia levado seu jogo Monopoly, presente do vovô e da vovó Granger mais cedo, já que 1º de setembro era o aniversário de onze anos da garota.


Depois de algum tempo explicando ao primo as regras, ela e Alvo começaram a jogar. Estavam jogando há cerca de uma hora quando um garoto de rosto fino e pálido e de cabelos loiros entrou na cabine.


- Ora, vejam só... Potter e Weasley – disse, à guisa de cumprimento, demonstrando desdém.


Imediatamente, ambos reconheceram Scorpius Malfoy


- Ignora ele, Rose. Não vale a pena brigar – disse Alvo.


Os olhos cinzentos de Malfoy se estreitaram.


- Não sabia que acatava ordens de seu primo, Weasley.


- E não acato – respondeu ela, sem tirar os olhos do tabuleiro e prosseguindo a jogada – Estou ocupada, não vê?


- Ah, claro. Os filhos de uma Sangue-Ruim precisam manter vivas as tradições dos trouxas na família.


- Como é? – disse Rose, levantando-se com tanta pressa que o tabuleiro foi parar no chão.


Scorpius riu, visivelmente satisfeito com o efeito que provocara.


- Você ouviu muito bem. Já ouvi falar que é burra, mas surda definitivamente não é – provocou ele.


- Cala a boca, Malfoy! Sai daqui! – disse ela, cerrando os punhos ao lado do corpo.


- E Potter...  mande lembranças à sua avó Sangue-Ruim. Ah é, me esqueci, ela morreu – disse ele com tanta displicência que Rose não se conteve: meteu-lhe um soco no olho.


- Rose! – disse Alvo, correndo para a prima e tentando segurá-la.


- Some daqui, Malfoy! E lave a sua boca para falar da minha família! – gritou ela, tentando se desvencilhar de Alvo.


Furioso, o loiro disse:


- É, não se podia esperar outra coisa de quem é gentinha – concluiu, entredentes, com a mão sobre o olho que Rose tinha socado.


- O que está acontecendo? – Molly tinha chegado, seguida por James e Roxanne, cujos narizes estavam sujos de fuligem.


Scorpius olhou para o distintivo de monitora dela de esguelha e disse, baixinho, para Rose:


- Você vai se ferrar pelo que me fez, Weasley.


- Jura? Você também – sibilou ela, o que o fez sair de fininho. Ao passar por James, tropeçou na perna que este havia esticado.


Molly fuzilou o primo mais novo com o olhar, ao que ele fez cara de inocente e disse:


- Quê? Não fiz nada! – Roxanne sorriu.


Dando as costas para eles, Molly virou-se para Alvo, que agora soltava Rose. A monitora avaliou o tabuleiro do Monopoly no chão e perguntou:


- O que aconteceu aqui?


- Eu dei um soco no olho do Malfoy – bufou Rose, recolhendo o tabuleiro e as peças do jogo.


- Mandou bem, Rose! – disse James, visivelmente satisfeito com a atitude da prima.


- E por quê? – continuou Molly, ignorando James.


- Porque ele ofendeu a minha família – respondeu Rose, sentando-se no banco e guardando o jogo na caixa.


- Não há justificativa para esse comportamento, mocinha – disse Molly – A diretora de Hogwarts será informada de seu comportamento inadequado.


- Mas, Molly... isso não é justo! A culpa é toda da miniatura oxigenada! – disse Rose, tentando se defender.


- É mesmo, Molly – completou Alvo – A gente ‘tava quietinho aqui e o Malfoy apareceu só para provocar a nossa família.


- Lamento, Alvo, mas brigar é contra o regulamento da escola. Não interessa o que motivou a briga. E é meu dever como monitora informar à diretora esse tipo de coisa – completou Molly, com o olhar severo – E eu já ia mesmo mandar uma coruja para informá-la da bagunça que o James e a Roxanne organizaram. Receio que tenha que incluir a briga também.


- Por acaso seu nome é Molly “Dedo-Duro” Weasley? – perguntou Roxanne, petulante.


- Ou Molly “Ovelha-Negra” da família Weasley? – sugeriu James.


- Parem com gracinhas ou eu as incluo na carta também! – disse ela, autoritária, saindo da cabine.


Roxanne esperou a prima desaparecer para de vista para se jogar no banco ao lado de Alvo e dizer, limpando a fuligem do nariz com a mão:


- Fala sério. Por que ela tinha que parecer tanto o tio Percy?


- Ela acaba totalmente com a parte emocionante de estudar em Hogwarts – concordou James, sentando-se ao lado de Rose.


- Afinal, o que vocês fizeram? – perguntou Alvo, olhando de um para o outro, desconfiado.


James e Roxanne se entreolharam e ela disse:


- Nada demais. Trocamos o Snap Explosivo do Zabini por um mais forte.


- E ele não soube jogar, então duas cabines explodiram.


- Uma delas era o banheiro.


- Molly nos culpou por isso, mas o Zabini é que é péssimo jogador – concluiu James.


- Mas o que vocês estavam fazendo antes de brigar com o Malfoy? – quis saber Roxanne.


- Estávamos jogando Monopoly – explicou Alvo, apontando a caixa ao lado de Rose.


- Vocês deixam a gente jogar? – perguntou James – Se sairmos daqui, ou a Molly ou o Zabini vai querer comer nossos fígados.


Rose assentiu, afinal, a viagem ainda iria demorar um pouco. No entanto, tinha uma preocupação:


- Será que vou ser expulsa no primeiro dia de aula? – perguntou aos primos.


- Rose, pelo amor de Deus – falou Roxanne, revirando os olhos – James e eu já fizemos coisas muito piores e vamos começar o 2º ano. Você só socou o olho do Malfoy. Quero dizer, fala sério: você ainda é um anjo. O máximo que podem fazer é te dar uma detenção.


Ela não gostava da ideia de ficar em detenção no primeiro dia de aula, mas ainda era melhor do que ser expulsa antes mesmo de começar a estudar.


Rose, Alvo, James e Roxanne jogaram Monopoly o dia inteiro, parando ocasionalmente apenas para comer ou ir ao banheiro, que já havia sido restaurado pelos monitores-chefe do 7º ano. Ao fazerem a contagem dos bens e do dinheiro, observaram que Alvo fora o vencedor, tendo acumulado várias casas e hotéis em sua propriedades, enquanto Roxanne tinha ido à falência total, com todos os bens em hipoteca.


Os quatro tinham acabado de se trocar pelas vestes de Hogwarts quando o trem parou na estação de Hogsmeade. James e Roxanne seguiram para as carruagens, enquanto Rose e Alvo foram se juntar aos outros alunos do 1º ano para a travessia do lago com Hagrid.


Ele os cumprimentou com entusiasmo enquanto os calouros se acomodavam nos barcos. Rose não pôde deixar de conter um sorriso ao ver um Scorpius com o rosto furioso e um olho bastante roxo. A sensação superava completamente o temor da detenção que enfrentaria.


Hagrid os conduziu até a porta do Salão Principal e daí em diante foram conduzidos por Neville, que, além de ser professor de Herbologia, era vice-diretor da escola e diretor da Grifinória.


Ao contrário de Hagrid, Neville evitou cumprimentar Rose e Alvo separadamente e enquanto ele colocava o Chapéu Seletor sobre o banquinho de três pernas, Rose cochichou para Alvo:


- Credo! Parece que o Neville nem nos conhece mais.


- Aqui dentro ele é o prof. Longbottom, Rose, não o Neville – justificou o primo.


- Ah é, o James falou algo assim na plataforma.


Depois de o Chapéu Seletor cantar a música de boas-vindas aos calouros e apresentar as características que os alunos de cada Casa possuíam, deu-se início à Seleção.


Cada calouro que Neville chamava à frente parecia mais apavorado que o anterior e essa impressão só foi quebrada quando chegou a vez de Scorpius Malfoy ser selecionado.


Ele se dirigiu para o banquinho sem tremer, com pose altiva e nariz empinado, o que fazia sua postura contrastar claramente com o olho roxo.


O Chapéu Seletor demorou-se um pouco até se decidir pela Sonserina, mesa na qual o loiro foi recebido com certa ressalva por causa do estado de seu olho.


A Seleção prosseguiu, e o nome de Alvo foi chamado. Com as pernas meio bambas, ele caminhou para o banco e, mal o Chapéu tocou sua cabeça, anunciou:


- Grifinória!


A esse anúncio, seguiu-se uma balbúrdia na mesa da Grifinória provocada especialmente pelos Weasley. Rose poderia jurar que vira um sorrisinho de satisfação no rosto de Neville, além de um entusiasmo diferente nos aplausos da diretora McGonagall. Hagrid, por sua vez, não se importou de demonstrar a própria alegria e por pouco não derrubou sua imensa taça de vinho no afã de aplaudir.


Quando os aplausos finalmente cessaram, deu-se sequência à Seleção. Rose foi a penúltima a ser chamada e também foi para a Grifinória. Sua recepção foi um pouco menos barulhenta que a de Alvo, mas ainda assim foi acalorada.


Ao se dirigir para a mesa da Casa, Rose sentiu um solavanco no estômago ao ver que o único lugar vazio era ao lado de Molly. Rezando para a prima não passar todo o banquete falando do regulamento da escola, ela se sentou. Depois de a última aluna ser selecionada para a Corvinal, iniciou-se o banquete.


Para grande surpresa de Rose, Molly foi bastante simpática durante todo o banquete: conversou com todos os calouros, contou um pouco das aulas e dos professores(até deu dicas de como lidar com cada um), falou sobre a honra de ser um grifinório, contou histórias sobre Hogwarts e sua fundação e até mesmo fez algumas piadas. Cabe ressaltar que, aqui, Alvo e Rose trocaram olhares bastante surpresos, ao mesmo tempo em que consideravam seriamente se a prima não batera a cabeça durante a viagem no trem.


Terminado o banquete, Molly ensinou aos calouros o caminho até o retrato da Mulher Gorda, que ocultava a entrada do Salão Comunal da Grifinória. Dita a senha(chifre de unicórnio), ensinou o caminho dos dormitórios dos alunos do 1º ano. 


Rose e suas outras cinco colegas subiram as escadas e, agradecidas, entraram no dormitório, onde seus respectivos malões já as esperavam, cada um ao lado de uma cama. Cansada, a ruiva escovou os dentes, vestiu seu pijama e deitou-se, enquanto suas colegas conversavam.


No dia seguinte, a ruiva foi a primeira a se levantar. Ansiosíssima pelas primeiras aulas, queria também saber se, afinal, ficaria ou não em detenção, já que não ouvira nada a esse respeito desde que pusera os pés na escola.


Depois de vestir o uniforme e arrumar a mochila, desceu rapidamente para o Salão Principal, onde encontrou Alvo já tomando café com James e um menino de cabelos castanhos cacheados que ela não conhecia, mas que já vira algumas vezes na casa dos primos.


- Bom dia, rapazes – cumprimentou, sentando-se ao lado de Alvo.


- Bom dia – responderam em uníssono.


- Conhece o Glenn, Rose? – perguntou James, apontando para o amigo.


- Já o vi algumas vezes na sua casa – respondeu, sorrindo – Então ele é seu amigo?


- Desde o primeiro dia em Hogwarts – explicou Glenn – Mas ontem o James preferiu envolver a Roxanne na bagunça em vez de mim.


- Não preferi nada – defendeu-se James, servindo-se de bacon – Foi ela que planejou tudo para testar a força do novo baralho de Snap Explosivo da Gemialidades Weasley. E combinamos que seria só nós dois. Assuntos familiares, sabe como é.


- E por falar em Roxanne, cadê ela? – questionou Rose.


- Deve estar dormindo ainda. Mas não esquenta, Rosie, ela sempre aparece pras aulas – disse James.


- Mesmo que às vezes ela tenha que comer torradas no caminho para a sala – completou Glenn, visivelmente divertido.   


- A Roxanne faz isso? – perguntou Rose, parecendo meio preocupada.


- Às vezes, priminha, às vezes – disse James – Mas não há motivos para preocupação, ok? Nós cuidamos muito bem dela.


- Acho bom – comentou Fred, aproximando-se e se sentando do outro lado de Rose – E sem gracinhas para o lado da minha irmã, viu, Wood? – acrescentou, dirigindo-se a Glenn.


- Fred! – exclamou a ruiva, abraçando-o.


Ele beijou o rosto da prima ternamente e disse:


- Tudo bem, Rose? Desculpa não ter te procurado ontem, mas eu estive ocupado planejando táticas para o time...


- Agarrando aquela menina loira da Corvinal? – perguntou James, erguendo uma sobrancelha.


- Preciso de inspiração, James. E conhecer o time adversário também é muito importante – respondeu ele, servindo-se de suco de abóbora.


- Fred, eu também existo, certo? – protestou Alvo.


- Foi mal, Al – desculpou-se Fred, passando geleia em uma pilha de torradas – Você sabe que eu prefiro conversar com as garotas, certo?


- E pelo visto, gostar de torradas com geleia é mal de família... – comentou Glenn, observando Fred e lembrando-se de Roxanne.


Juntos, terminaram de tomar café, e Rose e Alvo dirigiram-se para as estufas, onde teriam aula de Herbologia com a Corvinal, enquanto James e Glenn iam para a turma de Feitiços, e Fred, para as masmorras estudar Poções.


Rose simplesmente amou a aula de Neville, e ali ficou bem claro que ela estava à frente de toda a turma em termos de já saber a matéria. Sozinha, ganhou cinquenta pontos para a Grifinória por ter respondido de forma correta cinco perguntas e por ter sido a única a podar as plantas de forma correta.


Ao fim da aula, Neville chamou-a para lhe parabenizar e disse que, dentro da escola, não poderia tratar a ela e a Alvo com a afeição que lhes dispensava do lado de fora.


Rose e Alvo almoçaram com Victoire e Dominique, que contavam entusiasmadas tudo o que podiam sobre os professores. Victoire ainda confirmou para Alvo que estava, sim, namorando Teddy, mas que não queria falar mais do que isso no momento. “Ainda vou conversar com meus pais”, justificou.


À tarde, Rose e Alvo tiveram aula de Poções com a Sonserina e ali Rose não foi a única a responder às perguntas da profª Gibson: Scorpius disputava com ela a hegemonia na turma.


A professora e os colegas divertiram-se bastante vendo-os tentar superar um ao outro a cada pergunta ou ingrediente adicionado à poção.


Ao fim da aula, Alvo comentou com Rose, sorrindo:


- Achei que fosse sair fagulhas das brigas de vocês – Rose não respondeu. Estava furiosa por Scorpius ter conseguido cinco pontos a mais para a Sonserina do que ela havia conseguido para a Grifinória. E não cansava de repetir que levantara a mão antes dele, além de dizer que a profª Gibson fora muito injusta.


Alvo não respondeu. Tinha visto, como todos os outros colegas, Scorpius levantar a mão primeiro, mas não queria atiçar mais ainda a fúria da prima.


Eles jantaram com Louis e Lucy, que não deram muita trela às reclamações de Rose sobre o professora, o que a obrigou a dar o assunto por encerrado, prometendo que na próxima aula tiraria a diferença com Scorpius.


Terminado o jantar, os quatro rumaram para o Salão Comunal, onde começaram a fzer seus primeiros deveres do ano. Antes mesmo de conseguirem reunir todo o material necessário para tal, Molly apareceu dizendo que Rose precisava comparecer à sala da diretora.


- Mas eu nem comecei a fazer os deveres! – protestou ela – E nem mesmo sei onde fica a sala dela!


- Não tem problema, eu te acompanho – disse a monitora.


Com um suspiro pesado, Rose reuniu o seu material e o colocou de volta na mochila. A lembrança da detenção voltou à sua mente. Ao sair com Molly, ainda deu tempo de ver Louis e Lucy trocarem olhares significativos.


Ao chegarem à gárgula que ocultava a porta, Molly disse a senha e indicou a Rose que entrasse.


- Você não vem? – questionou a ruiva.


Molly balançou a cabeça negativamente e disse:


- Boa sorte, Rose.


Assustada, ela subiu a escada em caracol.


Ao chegar à porta, bateu e escutou a voz da profª McGonagall dizer:


- Pode entar.


Sem delongas, a menina abriu a porta e a fechou atrás de si depois de entar. Foi só quando se virou de frente para a diretora que percebeu que não estavam sozinhas ali: Scorpius estava a um canto com os pais, enquanto no outro lado da sala estavam Ron e Hermione.   


- Papai? Mamãe? O que vocês estão fazendo aqui? – as palavras saíram da boca de Rose antes mesmo que ela se desse conta.


- É exatamente isso que viemos descobrir – respondeu Hermione, trocando um olhar rápido com o marido, Draco e Astoria, que também fitavam Scorpius, seriamente.


A ruiva e o loiro engoliram em seco.

-E então, Rose? Vai nos explicar porque a profª. Minerva se deu ao trabalho de nos chamar até aqui? – quis saber Hermione, olhando para a filha com o olhar severo – À toa não foi, com certeza.


Rose abaixou os olhos e disse, muito consciente de que era o centro das atenções naquele instante:


- A Molly enviou uma carta para a diretora ontem, enquanto estávamos no Expresso de Hogwarts. Ela disse que a diretora precisava ser informada de tudo que tinha acontecido.


- Filha, você precisa especificar o que foi o “tudo” que aconteceu – disse Ron, carinhosamente – Sua mãe e eu não temos noção do que foi. Mas te conhecendo, ruivinha, eu diria que não há motivos para preocupação.


Rose suspirou, fitando os olhos azuis do pai. Por fim, respondeu:


- Eu bati no filhote de Malfoy. É por isso que ele está com um olho roxo.


- VOCÊ O QUÊ? – disse Hermione, surpresa.


- Eu não disse, mãe? – falou Scorpius – Essa garota é um perigo! Ela nunca devia ter recebido a correspondência da escola!


- Scorpius, ninguém pediu que você falasse nada, certo? – disse Astoria, com o olhar severo – A Rose deve ter tido um motivo muito bom para ter feito isso. Motivo que, pelo jeito, você “acidentalmente” se esqueceu de mencionar.


- Eu tive motivo, sim! – continuou Rose, aliviada por Astoria ter repreendido o filho em vez de jurar que ele fosse inocente – Eu estava quietinha no meu canto com o meu primo Alvo, jogando Monopoly, quando o Malfoy entrou e disse que eu era filha de uma Sangue-Ruim.


- A DONINHA JÚNIOR DISSE O QUÊ? – exclamou Ron, levantando-se.


- Olha lá como fala do meu filho, Weasley – disse Draco – Não o insulte, certo?


- Mas ele insultou a minha esposa, caso você não tenha escutado o que a minha filha disse. E eu não admito esse tipo de atitude! – concluiu, com as orelhas em brasa.


- Ron, por favor, se acalma – pediu Hermione, puxando o marido pela manga da blusa e fazendo-o se sentar de novo.


- E não é só isso – prosseguiu Rose – Malfoy disse para o Alvo mandar lembranças à avó Sangue-Ruim dele. E depois acrescentou, ironicamente, que ele tinha esquecido que Alvo não conheceu a avó Potter por ela já ter morrido.


Astoria fitou o filho com o olhar decepcionado. Lá de sua mesa, a profª. Minerva resolveu intervir:


- Bem, eu imaginei que o motivo da briga fora familiar. É claro que ambos receberão uma detenção, visto que agiram erroneamente. Mas srs. Malfoy e srs. Weasley, eu os chamei aqui para que resolvêssemos esse assunto de uma vez por todas. Fui professora de vocês quatro em Hogwarts e sei que tinham lá suas diferenças. Mas os tempos agora são outros. Voldemort foi derrotado e vocês se ajudaram em algum momento da guerra. Não estou pedindo que se gostem, mas que façam um esforço mínimo para agir como adultos, deixando de lado implicações infantis. Eu gostaria, nesse momento, apenas que conversassem com seus filhos e os fizessem entender isso.


- Já dissemos isso ao Scorpius milhões de vezes, diretora – disse Astoria – Dissemos a ele que devemos ser gratos ao Ronald e à Hermione por terem salvado a vida de Draco. Se não fosse por eles, Scorpius nem teria nascido.


- E já dissemos, também, que classificar as pessoas pelo status sanguíneo quase levou nossa família à ruína tempos atrás – acrescentou Draco – Não é, rapazinho?


Scorpius abaixou a cabeça e disse:


- Sim, papai, eu me lembro disso. Lembro também que o senhor disse que o status sanguíneo não faz ninguém superior às outras pessoas.


- E você pode me explicar por que foi provocar a Weasley e o primo dela, sendo que não tinham feito absolutamente nada com você? – quis saber Draco.


Scorpius não respondeu. Contentou-se em fitar os pés.


- Você nos decepcionou hoje, filho. Agiu como sempre pedimos que não fizesse – concluiu Astoria, com os olhos marejados – Nunca pensei que isso fosse acontecer.


- Mamãe, por favor, me perdoa! – pediu o garoto, abraçando-a com força.


Astoria suspirou e disse:


- Só se você também pedir perdão para a Rose.


- O quê? – disse o loiro, soltando a mãe.


- Você ouviu muito bem, Scorpius.


- E eu faço das palavras de sua mãe as minhas – completou Draco, olhando para o filho severamente.


Scorpius encarou-os, visivelmente surpreso. A expressão de ambos mantinha-se irredutível.


- E então? – quis saber Astoria, erguendo uma sobrancelha.


Com um pesado suspiro, Scorpius virou-se de frente para Rose e caminhou até que ficasse a uma distância razoável dela. Fitando os olhos azuis da menina, disse, com algum esforço:


- Gostaria de te pedir perdão, Weasley, por ter ofendido a sua mãe. E a avó do Potter. Prometo que não farei mais, ok?


Rose o avaliou. Olhou fundo nos olhos cinzentos dele. Sabia que ele não fazia isso por ela, e sim pelos pais. Mesmo assim, ela fora surpreendida por constatar a afeição enorme que o loiro tinha por eles. E mais ainda pela atitude tomada por Draco e Astoria. Não via em nenhum deles presunção, desdém ou arrogância. Enxergava apenas uma família que sofria por todos os erros do passado, adquirira alguma humildade e que tentava uma forma de se redimir frente a todos.


- Tudo bem... eu te perdoo, Malfoy – respondeu, com toda a sinceridade que conseguiu expressar.


- Rose...! – começou Ron, indignado, mas parou quando Hermione lhe deu uma cotovelada nas costelas.


- E você, filha, não tem nada de que se desculpar? – perguntou ela.


- Eu gostaria de te pedir desculpas, Malfoy, por ter te batido – disse Rose.


- Nah, você não tem de que se desculpar, Weasley! – disse ele – Pelo visto, eu mereci. Mas se isto te consola, eu te desculpo, sim.


Astoria suspirou, aliviada.


- Isso não quer dizer que vocês serão amigos, certo? – perguntou Ron, ansioso – Quero dizer, esse garoto ainda é um Malfoy! E é da Sonserina!


- Sr. Weasley, pelo visto ninguém lhe informou que a conduta dos sonserinos mudou bastante desde que o senhor saiu da escola. – disse a profª Minerva severamente. Ron calou-se. – Bem, fico satisfeita de constatar que ambos reconheceram que agiram errado. Fico ainda mais satisfeita por desculparem um ao outro.


- Não, senhora, a Weasley me perdoou – interveio Scorpius.


- Que seja... – continuou ela – Mas isso não os impedirá de ficar em detenção. Vocês desobedeceram ao regulamento e devem, sim, ser castigados. Amanhã de manhã receberão um aviso dizendo o que terão que fazer. Bem, boa noite a todos!


Entendendo a fala da diretora como uma deixa para se retirarem, cada um dos garotos seguiu os pais para fora da sala. Enquanto saíam, Weasleys e Malfoys não conversaram uns com os outros.


Ron e Hermione resolveram acompanhar Rose até o retrato da Mulher Gorda no sétimo andar, enquanto Draco e Astoria acompanhavam Scorpius até as masmorras.


- Você me deixou orgulhosa, hoje, filha – disse Hermione, abraçando-a.


- É, mas não me deixou orgulhoso – disse Ron – Perdoar a um Malfoy? Fala sério, que decadência! Onde nossa família irá parar com atitudes como essa?


- Ron, você sabe que a Rose agiu de forma correta, você queira ou não – censurou Hermione.


- Mione, você não acha que isso foi um pouquinho demais, não? Se ela o desculpasse, vá lá, mas perdoar? E outra, ele ofendeu você! Você deveria ficar feliz que sua filha o bateu para te defender!


- Ron, eles são crianças ainda. É perfeitamente aceitável que errem. Eles ainda têm muito a aprender – respondeu ela, pacientemente.


- Papai, o Scorpius só me pediu perdão por causa dos pais dele. E independente do motivo, achei que ele foi sincero. O senhor não ficou surpreso de ver que ele, pelo menos, respeita a alguém? – disse Rose.


 - Tá bom, já vi que sou minoria aqui – concluiu Ron, meio inconformado – Mas aquela história de batê-lo em todos os testes continua valendo, hein, Rosie?  


Ela revirou os olhos, entediada.


- Fica tranquilo, papai. Isso é bem fácil.


Haviam chegado ao retrato da Mulher Gorda.


- Boa noite, então, filha. – disse Hermione, abraçando-a.


- Boa noite, mamãe.


Ron também abraçou Rose, demoradamente.


- Boa noite, ruivinha. Bons estudos, tá?


- Obrigada, papai. Pode ficar tranquilo que eu vou mandar notícias sempre, certo?


Ele sorriu.


- Eu sei, meu amor. Você é a minha princesinha linda. Lembra disso, tá?


Ela sorriu de volta para o pai e com um último aceno, entrou de novo no Salão Comunal.


Alvo, Louis e Lucy ainda estavam fazendo os deveres, e Alvo parecia o mais perdido dos três.


- Prima, ainda bem que você chegou. Estou precisando muito de sua ajuda. – disse ele, aliviado por ver Rose de novo.


- E então, Rose? Como foi com a diretora? – quis saber Lucy, deixando os cadernos de lado por um instante.


- Tudo bem – respondeu – Ela conversou com o Malfoy e comigo e chamou nossos pais também, pra ver se eles ajudavam a resolver os problemas familiares de uma vez por todas. Mas ainda tenho que cumprir uma detenção.


- A diretora tirou pontos da Grifinória? – quis saber Louis.


- Não. Nem da Sonserina – respondeu, pegando os deveres de Alvo para dar uma lida.


- E como o tio Ron e a tia Mione reagiram? – perguntou Alvo.


- Bem, o papai não gostou muito da ideia de ser razoável com um Malfoy, mas a mamãe acha que já passou da hora de dar uma trégua.


- Acho que a tia tem razão. Não faz mais sentido continuar com essas rixas antigas – opinou Lucy.


- A mãe do Malfoy também acha. Ela o fez me pedir perdão por ter xingado a minha mãe e a avó do Alvo – continuou Rose.


- Pedir perdão? – repetiu Alvo, perplexo.


- Exatamente, perdão. Nada de desculpas.


- Uau. Sinceramente, por essa eu não esperava. – continuou.


- Bem, mas vamos fazer os deveres? – sugeriu Rose.


Com ela ajudando Alvo, não demoraram muito a terminar e, quando foram dormir, Louis e Lucy ainda não haviam terminado, uma vez que a carga deles era muito maior.


No dia seguinte, Rose acordou um pouco mais tarde em relação a Alvo e quando ela chegou ao Salão Principal, ele já estava tomando café com James, Glenn e Roxanne.


- Priminha dorminhoca! – disse James quando ela se sentou ao lado dele – Hoje até a Roxanne  acordou antes de você.


- Bom dia pra você também, James – respondeu – E não fui eu quem dormiu muito, vocês que acordaram muito cedo hoje.


- Já soube da novidade, Rose? – perguntou Glenn.


- Que novidade?


- A partir desse ano letivo, Hogwarts vai premiar no último banquete do ano o melhor aluno da cada série.


- Sério? – perguntou Rose, visivelmente interessada. – E qual é o prêmio?


- Um troféu e cem pontos extras para a Casa a que o aluno pertencer.


- Além de trinta galeões de crédito na Floreios e Borrões – completou Roxanne.


- E é claro que nossa torcida no 1º ano vai para a ruiva mais inteligente da família – disse James, sorrindo.


- É, mas a Rose tem que tomar cuidado. Ela tem um forte concorrente na área – contou Alvo.


- Forte concorrente? A Rose? – disse Roxanne, perplexa – Até parece, Alvo.


- Tem sim! E é o Malfoy! – disse ele.


- O Malfoy? – perguntou Glenn, surpreso.


- Não interessa, Alvo. Eu estou concorrendo com todos do 1º ano, não é só com o Malfoy – disse a ruiva, visivelmente se irritando um pouco – E eu me esforçarei ao máximo para ganhar.


Naquele instante, Hagrid se aproximou deles.


- Bom dia, crianças!


- Bom dia, Hagrid! – responderam em uníssono.


- Rose, te espero hoje às oito na minha cabana para a detenção, certo? Acabei de avisar ao Malfoy e espero que vocês sejam pontuais.


- Certo – concordou ela.


- Até mais tarde então, Rosie.


- Até, Hagrid. Não vou me atrasar – acrescentou, sorrindo.


Ele sorriu carinhosamente para a garota e se afastou, caminhando em direção à mesa dos professores.


- Vixe, detenção com o Hagrid... que será, hein? – perguntou Glenn.


- Como assim? Eu confio nele – disse Rose, surpresa.


- Olha, priminha, todos confiamos nele... – disse James – Não confiamos é nos bichos que ele cria. Depois você pergunta aos seus pais sobre os bichinhos de estimação do Hagrid e eles te darão o serviço completo.


- Não são bichinhos de estimação, são monstros assustadores. – explicou Roxanne.


- Parem com isso, vocês estão me assustando! – disse Rose, visivelmente incomodada.


- Fica calma, Rose – disse Glenn, abraçando-a.


James jogou um pote de geleia no amigo.


- Tira as mãos da ruivinha! – ordenou.


Assustado, Glenn largou Rose, limpando a geleia do rosto.


- James, cara, eu sou seu amigo... não precisa disso, né?


- Precisa, sim! Você ouviu o Fred ontem, né? – rebateu, voltando a comer bacon calmamente – Antes eu do que ele brigando com você...


- Eu pensei ter escutado o Fred falando da Roxanne, e não da Rose – defendeu-se Glenn.


- Realmente... mas a Rosie também conta, ok? – disse James – Ela precisa de alguém que cuide dela pro tio Ron.


- Aff,  James, a Rose sabe se cuidar sozinha – disse Roxanne, revirando os olhos – Aposto que ela conhece mais feitiços do que nós três juntos.


- Dá pra parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? – disse Rose, irritando-se – Eu não tenho cinco anos e consigo muito bem entender as coisas.


- Rose, não é melhor a gente ir, não? – interveio Alvo, tentando apaziguar a situação – Não vai querer chegar atrasada na aula de Feitiços, certo?


Sem se despedir de Glenn e dos primos, Rose pegou a mochila e seguiu Alvo em direção à sala.


Durante o resto do dia, ela não pareceu se irritar de novo. Como esperado, respondeu todas as perguntas dos professores corretamente e teve o melhor desempenho em sala. Quando faltavam dez minutos para as oito horas, despediu-se de Alvo no Salão Comunal e foi em direção à cabana de Hagrid, lendo um pergaminho com as regras para premiar o melhor aluno de cada ano.


Ao chegar lá, Hagrid a esperava perto da horta, acompanhado de Scorpius.


- Atrasada, Weasley – disse o loiro, consultando o relógio – Dois minutos.


Ela mordeu a língua para não lhe dar uma resposta mal-educada e contentou-se em sacudir os ombros.


- Bem, vamos começar a detenção, então? – sugeriu Hagrid.


- E o que nós temos que fazer, Hagrid? – quis saber Rose, ansiosa para sair dali de uma vez.


- Primeiro, me entreguem suas varinhas – disse o gigante. Ao ver que os garotos não haviam se mexido, ele acrescentou – Podem confiar em mim. Só estou seguindo regras da diretora. Garanto que não correrão perigo durante a detenção.


Relutantes, Rose e Scorpius entregaram suas varinhas para Hagrid.


- Bem, não doeu, certo? – disse ele, tentando fazê-los sorrir.


- Por enquanto não – respondeu Scorpius.


- Então, vocês têm que colher todas as abóboras da minha horta sem usar magia – explicou.


Rose olhou para a horta. Devia ter pelo menos trinta abóboras ali, e cada uma tinha o tamanho de um barril.


- Todas, Hagrid? – perguntou, desanimada – Mas elas são enormes!


- Nesse ponto eu sou obrigado a concordar com a Weasley – disse Scorpius.


- Olha, a diretora disse que se vocês não quisessem colher as abóboras, tudo bem, mas que cada Casa perderia quatrocentos pontos – explicou Hagrid – Então, o que vocês preferem?


- Eu fico – disse Rose imediatamente. Não queria ser a responsável por deixar Grifinória fora do Campeonato das Casas.


- Eu também – disse Scorpius.


- Ótimo – disse Hagrid – Só pra ficar claro, vocês só podem ir embora depois que terminarem, ok?


Eles consentiram silenciosamente, considerando suas opções.


- Bem, vou ali dentro preparar um chá e fazer alguns quadradinhos de chocolate. Imagino que ficarão com fome quando terminarem – disse Hagrid, sorrindo bondosamente e entrando em sua cabana pela porta dos fundos.


Rose e Scorpius se entreolharam. Sem querer discutir, a menina deu as costas para ele e se aproximou de uma das abóboras. Com um suspiro pesado, arregaçou as mangas das vestes e quando ia tentar pegá-la, o loiro disse:


- Você não vai conseguir.


Rose o ignorou e iniciou as tentativas de arrancar a abóbora da terra.


- Eu já disse, Weasley, você não vai conseguir - ela continuou ignorando-o, dando prosseguimento às tentativas.


Cerca de cinco minutos depois, suada e sem fazer nenhum progresso, ela se jogou no chão, cansada. Scorpius se aproximou.


- O que eu te disse, Weasley?


- Nada. Você não me disse absolutamente nada - respondeu, irritada.


- Quer fazer o favor de deixar de ser teimosa? – disse Scorpius, sentando-se ao lado dela – Será que a srta. “sou a mais inteligente da família” não percebeu que, se a gente não trabalhar junto, nunca vai sair daqui?


- Eu não preciso de sua ajuda – sibilou a ruiva.


- Ah, precisa sim senhora. Você não sabe o quanto eu estou ansioso para sair daqui. E, pra isso, nós dois precisamos que você deixe de ser cabeça-dura.


Rose suspirou. Odiava ter que admitir, mas Scorpius tinha razão. Pegou um hashi polido no bolso de sua capa e fez um coque com os cabelos, usando-o para prendê-los.


- Pronto – disse ela, dando-se por vencida – Vamos começar, então?


Sem mais delongas, ambos se levantaram e caminharam até a abóbora que, há pouco, Rose tentara colher sozinha. Juntos, pegaram-na e, com algum esforço, levaram-na para perto da porta dos fundos da cabana de Hagrid.


Continuaram assim, sem trocar palavra, até pegarem a quinta abóbora, quando Scorpius perguntou:


- Viu as regras da competição para o prêmio de melhor aluno, Weasley?


- Vi – respondeu, esforçando-se para carregar a abóbora – E vou me esforçar bastante para tentar ganhar.


- Olha Weasley, não sei o que você tá pretendendo, mas eu vou ganhar esse prêmio no 1º ano – largaram a abóbora perto das outras – Pode anotar aí. Palavra de Malfoy.


- E precisa ser tão arrogante? – disse ela, dando as costas para ele e indo escolher a próxima abóbora.


- São métodos de um vencedor, minha cara – disse ele, seguindo-a – É preciso fazer pressão psicológica nos concorrentes.


- Prefiro ganhar por meios honestos – rebateu a ruiva.


- E eu estou sendo desonesto, por acaso?


- Não exatamente... – disse Rose, afastando uma mecha de cabelo do rosto e prendendo-o no coque novamente – Mas eu não preciso desse tipo de joguinho para ganhar nada. Tenho méritos próprios suficientes para isso.


- E eu não tenho? – quis saber Scorpius, intrigado.


- É óbvio que não. Se tivesse, não precisaria ficar fazendo pressão psicológica nos concorrentes – concluiu.


O loiro pareceu considerar as palavras dela por um instante.


- Isso é besteira – disse, por fim – Cada um joga do jeito que melhor lhe convém.


- Tanto faz se você pensa assim – respondeu Rose – Vai me ajudar ou não? – ele se aproximou para continuarem o serviço.


Mais silêncio. Já tinham colhido quinze abóboras quando Scorpius perguntou:


- Weasley, aquele dia na sala da diretora você me perdoou de verdade?  


- E isso faz diferença? – respondeu, ao largarem a abóbora junto às outras.


- Faz – respondeu o menino imediatamente.


Rose ergueu os olhos e o fitou. Ele mantinha o contato visual sem objeções, mas sua expressão não era desafiadora: era simplesmente curiosa.


- E por que faz diferença? – continuou ela.


- Simplesmente porque faz.


- Não me convenceu – desafiou a ruiva.


Scorpius suspirou profundamente.


- Olha só, garota, eu sempre achei que você tivesse um mínimo de inteligência, mas pelo visto eu estava enganado.


- Você vai me explicar ou vai ficar enrolando?


- Será que você não vê, Weasley, que eu também sou uma pessoa? Feita de carne, osso, sangue, cérebro e coração? Eu também tenho sentimentos, sabia? Também sou capaz de sentir alegria, tristeza, remorso... e se você respondesse a minha pergunta o mais sinceramente possível, faria bem a mim. Independente da resposta. Satisfeita?


Rose o avaliou. Ele parecia sincero, mas ela não dar o braço a torcer tão facilmente:


- Belo teatro – disse – Vamos continuar nossa tarefa?


Meio contrariado, Scorpius continuou. Não trocaram mais nenhuma palavra durante a detenção. Mesmo assim, Rose o observava cuidadosamente. A recusa dela em responder parecia estar causando algo parecido a dor no garoto. Era estranho observar isso.


Quando, enfim, terminaram, já eram quase onze horas.


- Eu te perdoei, Malfoy. De verdade – disse Rose, sem pensar.


- Sério? – perguntou ele, anuviando a expressão no rosto.


- Sério – confirmou ela – Mas agora chega desse assunto, certo?


- Certo – concordou ele - Já viu que seu nariz está sujo de terra?


- Onde? – quis saber a ruiva.


- Bem aqui, ó – respondeu o loiro, passando o dedo na ponta do nariz dela, sujando-o.


- Cretino – resmungou Rose. Scorpius sorriu.


- Hagrid, terminamos! – chamou o loiro.


Rose estava limpando o nariz quando Hagrid saiu de dentro da cabana, dizendo:


- Bom trabalho, crianças! Agora é hora de ir dormir, hein?


- E o chá? – perguntou Rose.


- E os quadradinhos de chocolate? – acrescentou Scorpius.


- Bem, lamento, mas vai ter que ficar para a próxima. Já passou da hora de voltarem para o castelo. Não posso deixá-los ficar até tão tarde fora da escola. A diretora briga comigo se souber. E o chocolate acabou ficando ruim – esclareceu o gigante, agora devolvendo a Rose e Scorpius suas respectivas varinhas – Vou acompanhá-los até a entrada do castelo.


Juntos, os três atravessaram os gramados de Hogwarts até o castelo.


- Boa noite, meninos – disse Hagrid, voltando para a cabana.


- Boa noite, Hagrid – responderam.


Ao entrarem, Rose disse:


- Você não ia querer comer os quadradinhos de chocolate do Hagrid, Malfoy.


- Por quê?


- Eles grudam os maxilares da gente, mesmo quando ficam “bons”, segundo o Hagrid. Mas o chá que ele faz é gostoso – acrescentou.


- Certo – respondeu, visivelmente divertido – Boa noite, então, Rose. Até amanhã.


Rose? Eu ouvi direito?, pensou ela.


- Boa noite – respondeu. Mas não soube se ele ouviu. Já estava longe.  


 


 


 


 



***


N.A.:Olá pessoas! Se gostarem, comentem e eu volto a postar a fic, se não, digam também e eu sumo com ela, certo? Sugestões e eventuais erros podem ser apontados, assim como críticas educadas! Erros de português que tenham passado também podem (DEVEM) ser mostrados, ok?

Beijo pra vcs!       


   

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Comentários (8)

  • LelecrisMalfoy

    Estou Adorando a fic e ansiosa para ler o proximo capitulo... :D

    2014-05-06
  • L.Oliveeira

    Minhas queridas amigas, Lana e Ana CR, estavam falando tanto dessa fic, que tive que vir aqui e...Awwwwwwwwwwwwwn, amei, amei, aemi!. Não pensei que ia gostar tanto assim! Vou com certeza absoluta ler *---* Então não se espante com os meus gritos e surto e/ou xingamentos IAHSIASH Até o próximo capítulo!

    2013-02-05
  • Dark Moon

    oii =D Como prometido estou aqui. rs =D Primeiramente devo fazer uma resalva, vc escreve maravilhosamente bem. O primeiro capitulo é bem gostoso de ler, bem tranquilo, ver o Draco malfoy certinho e sem o ar superior foi bem divertido hauhauhauhauha, se bem que gosto dele malvadao rsrs =D! Sao crianças bem espertas pra suas idades o ALvo, a rose e o scorpion. Confesso que tirando eels eu ainda sofro um pouco pra saber quem é filho de quem rssrs, mais eu sou lerdinha é normal. Bom, eu nao mudaria nada nesse capitulo, talvez se ele tivesse um introduçao de quem era a rose, como ela era fisicamente e psicologicamente e tudo mais ficasse ainda melhor, mas esta muito bom.

    2012-12-14
  • Lana Silva

    Nossa, eu confesso que deveria ter começado a ler ela antes kkk é que eu já tinha lido o comecinho e tal, mas fiquei com raiva da Molly e parei kkkkkk, mas amei o capitulo me diverti bastante com ele, a Rose e o Scorpius são demais. Amei a atitude dos pais - menos a do Ron é claro kkkk - Draco e Astoria são ótimos pais, Ron e Mione também, apesar do Ron ser muito apegado as coisas do passado e tal...Amei os primos "protegendo" a Rose e a Roxi, serio eu ri muito aqui de tudo, a fanfic está ótima *-*bjoos! 

    2012-10-21
  • tamires wesley

    ahhhh muito bom..nossa qnt implicancia em..sei naum..kkkk. parabens..;)..\0/

    2012-08-06
  • Ana CR

    Admirada, tenho que admitir!  Pensando como será o campeonato das casas, quem irá ganhar?!  Imagino até como a Rose ficaria se o Scorpius ganhasse dela... o que o Rony não falaria pra ela, hein!? Hauahauahauahau  “Seu nariz está sujo”... hauahauahauahua Adorei o “Cretino”!   To indo pro trabalho, quando der leio o cap. 2!   (;  

    2012-05-08
  • Nikki W. Malfoy

    adorei o primeiro cap.

    2012-03-26
  • Ana Potter Weasley Malfoy

    Coninua! continua, continua, continua continuaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!! essa história tem cara de ser ótima, não para não!!!!!!!! Não sei como ninguém comentou até agora, além de mim! sua fic é mto boa!!!!

    2012-03-15
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