Aposta



CAPÍTULO 11


- APOSTA -


- O que eu quis dizer é que nunca mais vou ficar em detenção – explicou Rose.


- Acho difícil, Rose... – interveio Alvo.


- E posso saber por quê? – perguntou ela, curiosa.


- O motivo de sua detenção acaba de chegar – explicou apontando para Scorpius, que acabava de entrar no Salão Principal rodeado de colegas da Sonserina. – E conhecendo o seu pavio curto, acho bem improvável que você consiga deixá-lo sob controle total durante sete anos. Na primeira provocação do cara, você meteu a mão na cara dele!


James e Roxanne gargalharam com a constatação de Alvo.


- Quer apostar como eu nunca mais vou ficar em detenção? – falou Rose, petulante.


- E o que estamos apostando? – perguntou James, interessado.


- O que você quiser – respondeu ela, confiante.


- Cuidado, Rose – advertiu Alvo – Nunca diga a ele que aposta o que ele quiser.


- Não preciso ter medo, Al. Eu vou ganhar – disse, sem tirar os olhos de James.


- Opa, agora essa história está ficando bem interessante... – comentou Glenn, interessado.


- Quer apostar também, Glenn? – sugeriu Rose, animada.


- Rosie, por favor, cuidado com essas coisas – pediu Alvo, em tom de súplica.


- Obrigada pela preocupação, Al, mas eu sei me cuidar muito bem – respondeu a ruiva, encarando James e Glenn seriamente.


- Bem, se eu ganhar a aposta, você vai ter que dar um beijo daqueles no Malfoy – disse James – E eu ainda vou tirar uma foto e mostrar para todos os nossos primos. Mas tem que ser um beijo tipo daqueles do cinema trouxa, e eu ainda vou cronometrar o tempo: tem que ser, no mínimo, cinco minutos.


*


- James... você não vai fazer isso comigo, não é? – perguntou Rose, apreensiva, depois de se lembrar da aposta que fizera com o primo há cinco anos.


- Fazer o quê, priminha? – perguntou, despreocupado, servindo-se de ovos mexidos e suco de laranja. – Você é quem vai fazer. Você é quem vai beijar o Scorpius. Eu não vou fazer nada.


- Mas, James... ele é meu amigo! Não posso simplesmente pedir licença e tacar um beijo nele! – protestou, enquanto Alvo, Lily e Hugo escutavam a discussão bastante atentos, sem ousar interferir.


- Qual é o problema, Rosie? Você perdeu a aposta. Agora tem que cumprir sua palavra de Weasley. – disse o ruivo, simplesmente, enchendo a boca de ovos mexidos. – Se eu perdesse, sairia correndo sem roupa pelo centro de Londres. Porque eu cumpro minha palavra de Potter.


Rose olhou para o primo, chocada. Ele não parecia dar a mínima para o conflito interno que ela travava dentro de si. Ele simplesmente comia tudo o que estava ao seu alcance com uma gula impressionante.


- James, e se eu perder minha amizade com o Scorpius? – questionou Rose, apavorada com a ideia. – E se ele nunca mais quiser olhar na minha cara?


- Qual é, Rose? Por causa de um beijo? – falou James, chocado. – Na boa, o Scorpius é um cara decente. É só você explicar tudo para ele que ele vai entender. Não vai ficar com raiva de você. Ele te adora.


- Você disse que tinha que ser um beijo daqueles que durasse cinco minutos! – lembrou-lhe a ruiva, assustada. – Você acha pouco, James?


- Não precisa ser cinco minutos, falou? Não quero que você morra de falta de ar. Mas é só. Os demais termos da aposta continuam valendo – concluiu, bebendo todo o suco de laranja do copo de uma só golada.


- James... você... isso... é tudo tão ridículo e infantil! – desabafou Rose, sem saber o que dizer.


- Todos fazemos coisas ridículas e infantis aos onze anos. – constatou James, pensativo – O que não significa que devamos nos escusar de cumprir as responsabilidades que assumimos.


Rose não soube como rebater os argumentos do primo. Sem dizer mais nada, ele pegou algumas torradas de cima da mesa, levantou-se e jogou a mochila sobre um dos ombros.


- A Laura chegou; vou lá falar com ela. – mas ele parou a meio caminho de sair da mesa e acrescentou para Rose: – Não se preocupe com isso, priminha. Você tem até maio para cumprir a aposta. E, se acha que é demais, não aposte mais nada com James Sirius Potter. Ele não desiste de apostas jamais. – por fim, beijou a bochecha da prima e saiu para a mesa da Lufa-Lufa.


Desolada, Rose se voltou para Alvo, Lily e Hugo, à procura de apoio, com o olhar desesperado.


- Por favor, Rose, não me obrigue a dizer “eu te avisei”. – disse Alvo, simplesmente, começando a se servir para tomar café.


- Avisou o quê para a Rose? – perguntou Roxanne, curiosa, juntando-se a eles ainda com cara de sono. – Aliás, bom dia, família.


Rose se levantou da mesa.


- Hei, aonde você vai? – perguntou Hugo.


- À biblioteca – respondeu ao irmão, jogando a mochila sobre os ombros – Preciso me distrair.


*


Rose passava os olhos pelas lombadas dos livros, distraída. Por que fora pega? Por quê? Depois de tantos anos visitando a Torre de Astronomia à noite... Neville não podia simplesmente ter-lhe tirado pontos? Recuperaria depois, com certeza; era uma ótima aluna, estava sempre ajudando Grifinória... aí estava o xis da questão. Mesmo que Neville tirasse cinco ou duzentos pontos de Grifinória, não faria realmente muita diferença, em se tratando de Rose Weasley. Ela batalharia durante todo o ano letivo para recuperá-los, e com sucesso. Mas uma detenção seria pior para ela. Seria algo como “o castigo ideal”. Além do mais, era monitora. Tinha que ser um exemplo para os demais colegas da Casa. E ficar perambulando pelos corredores da escola em altas horas era algo expressamente proibido pelo regulamento de Hogwarts, documento que a ruiva conhecia como a palma das mãos. Se as coisas continuassem nesse rumo, Rose sabia quais eram as chances de se tornar monitora-chefe: zero.


- Bom dia, Rose – era Scorpius, aproximando-se por trás dela.


- Que susto, Scorpius! – resmungou, afastando-se o máximo que pôde dele. Não queria ficar muito perto dele, por mais que fosse agradável e reconfortante.


- Você estava tão distraída assim? – perguntou, confuso. – Aconteceu alguma coisa?


- Não aconteceu nada – respondeu rapidamente, virando-se de costas para o loiro e de frente para a estante de livros. – Só estou olhando os livros. Só isso. E você? O que faz aqui?


- Vim te entregar o seu horário de aulas. O prof. Longbottom entregou para o Alvo, mas o “cabelos rebeldes” me disse que achava que você precisava mais de mim do que dele agora – falou Scorpius, estendendo o papel para a ruiva.


- Certo – concordou ela, ainda de costas, sem realmente prestar atenção. Alvo acha que eu preciso mais do Scorpius do que dele? Nesse momento?


- Rose? Não vai pegar seus horários? – insistiu Scorpius.


- Ah, é... vou sim. – disse, virando-se para pegá-lo e ficando de costas para o rapaz novamente, colocando os horários na mochila de qualquer jeito.


- Alvo me contou que você tem detenção hoje à noite – comentou o loiro, casualmente.


- É verdade – falou Rose, simplesmente, fingindo estar muito interessada nos livros da estante.


- Vai me contar por quê?


- O sr. Filch me pegou na Torre de Astronomia, dormindo. – explicou, brevemente.


- Você estava pensando em algo, suponho.


- Hum-hum. – confirmou Rose, sem olhar para Scorpius.


Ficaram alguns minutos em um silêncio constrangido. Scorpius apenas fitava Rose, desconfiado.


- Rose? Me explica uma coisa?


- Claro que explico, Scorpius. Se eu souber – acrescentou, rapidamente.


Com cuidado, ele a puxou pelo braço, fazendo-a se virar para encará-lo. Mas Rose olhava para o chão. Sentia a pele queimando no lugar em que Scorpius a tocava, mesmo estando com o uniforme por cima. O menino a fitou por alguns segundos e, ao ver que ela não o encararia, colocou uma das mãos debaixo do queixo dela e o levantou, devagar.


- Por que o Alvo acha que você precisa mais de mim do que dele agora? – perguntou o loiro, devagar.


- Eu... não sei. – murmurou Rose, rezando para poder desviar o olhar do cinza penetrante.


- Tem certeza? – insistiu ele, ainda segurando o queixo da menina.


- Tenho. – respondeu, o olhar parando, acidentalmente, nos lábios de Scorpius. Já contava duas vezes em que quase tinham se beijado. A primeira, na festa que o Ministério da Magia fizera antes de os Malfoy irem para a Noruega. A segunda, na festa de casamento de Victoire e Dominique. Mas da última vez não tinham só se aproximado mais do que o normal. Rose sentira os lábios que agora encarava roçando os seus. E se Ron não tivesse aparecido? Teria beijado Scorpius? Teria correspondido ao beijo de que modo? Aliás, como seria beijar Scorpius? Seria bom? Os beijos dele seriam melhores que os de Glenn? Sentiria o corpo arrepiar, queimar, como sentia a cada vez que ele a tocava? E olhando assim, de perto, era difícil não querer beijá-lo. Principalmente porque os lábios do rapaz estavam bem corados. O tratamento para leucemia, ainda em curso, tinha acabado com a palidez dele. Definitivamente.


- Rose? – disse Scorpius, chamando-a de volta para a realidade. – Ainda está aí?


- Claro que sim, Scorpius! Não está me vendo? – disse em tom de brincadeira, saindo do transe.


- Sim, estou te vendo... – respondeu, desconfiado. – Acho que é melhor irmos para a aula.


- O que temos agora? – quis saber Rose, afastando-se dele e jogando a mochila por cima dos ombros.


- Runas Antigas.


- Está esperando o quê, Scorpius? Vem logo, senão vamos chegar lá atrasados! – falou, saindo às pressas da biblioteca.


Durante todo o dia, Rose teve que fazer um esforço sobre-humano para conseguir prestar atenção no que os professores falavam. Vez ou outra, pegava-se pensando nos lábios de Scorpius. E, o que era pior, assistia a todas às aulas com ele. Todas. O pior de tudo, porém, eram Aritmancia e Runas Antigas, matérias que Alvo não fazia, o que a obrigava a fazer dupla com Scorpius.


Na hora do jantar, sentou ao lado de Lily e de Hugo, derrotada.


- Não sei quanto tempo mais vou aguentar essa situação. – disse Rose.


- Rose, desencana. Não precisa se preocupar com isso agora – falou Hugo, entendendo imediatamente a que a irmã se referia.


- Eu concordo com o Hugo, Rose. Se ficar assim, suas notas vão cair. Al me disse que você pediu as anotações dele emprestadas na aula de Poções. Você não é assim. Sempre foi tão forte, tão cheia de atitude...  – finalizou Lily, preocupada.


- Rosie, deixa para se preocupar com isso depois, ok? – sugeriu Hugo – Depois que tiver feito todas as provas. Aí você terá todo o seu tempo livre. Além do mais, se ficar toda estranha agora, o Scorpius pode desconfiar e acabar descobrindo tudo. É isso que você quer?


- Claro que não, Hugo. Ele não pode saber. – respondeu a ruiva, preocupada.


- Então, agora vamos comer direito, mocinha – disse Lily, lembrando, irresistivelmente, a matriarca Molly Weasley – A senhorita mal tocou no prato de comida na hora do almoço. E agora tem lasanha com molho branco, do jeito que você gosta. – finalizou, colocando um prato cheio de lasanha na frente de Rose – Você só vai sair depois que comer tudo.


Rose sorriu e pegou um garfo e uma faca. Era sempre bom poder contar com a família.


- Temos suco de uva também. – disse Hugo, enchendo um copo enorme para a irmã.


- Obrigada, gente. Eu amo muito vocês dois – disse Rose, um tantinho mais alegre.


- Nós também te amamos, ruiva irritada. – disse Hugo.


- Falou e disse! – concordou Lily, entusiasmada.


- E cadê o James e a Rox? – quis saber Rose, já imaginando a resposta.


- Já jantaram. Estão na biblioteca com o Miguel e a Laura, estudando – explicou Lily, revirando os olhos dramaticamente – Fala sério, eles estão muito melosos.


- Se você tivesse um namorado, Lily, tenho certeza que agiria assim também. – disse Hugo, displicentemente.


- Ah, qual é? Eu não ficaria grudada nele dia e noite, Hugo. Às vezes, é preciso um tempo para sentir saudades um do outro. – disse, confiante. – Sei lá, tipo uns... dez minutos, talvez.


Rose e Hugo riram da afirmação de Lily. De fato, a ruivinha da família era uma figura.


- E a Alice e o Frank? Por que não estão com vocês? – perguntou Rose, curiosa.


- Estão com o Nevi... ops, prof. Longbottom – disse Lily, corrigindo-se automaticamente.


- Oi, pessoal. – disse Scorpius, aproximando-se. – Posso me juntar a vocês?


Hugo e Lily olharam para Rose. Ela abriu um sorriso.


- Claro que sim, Scorpius. Você não precisa de convite.


*


Nos meses que se seguiram, Rose achou por bem seguir o conselho de Hugo e Lily e não se preocupar com a aposta. Estava dando bastante certo. Até porque James não ficava falando daquilo o tempo todo, preocupado que estava em ficar o máximo de tempo possível com Laura, que passaria o Natal no Brasil. Mas Rose sabia, no íntimo, que o primo não ia se esquecer de fazê-la cumprir o prometido. Ditado de James Sirius Potter: “Apostas são apostas. Fim da história”.


Nesse meio tempo, Scorpius achou outro refúgio para eles que não a Torre de Astronomia, para evitar que fossem pegos e tivessem que cumprir detenções: a Sala Precisa.


- O que achou, Rose? – quis saber ele, na primeira vez em que a levou lá, depois de tirar as mãos da frente dos olhos da menina.


- Scorpius... é tão lindo! – disse ela, contente.


De fato, era perfeito. Era quase igual ao quarto que Rose sempre quis ter. As paredes eram pintadas de azul, do exato tom dos olhos dela. Havia um sofá-cama fofo a um canto, branco, com várias almofadas coloridas por cima. Uma escrivaninha com uma luminária lilás e duas cadeiras, uma de cada lado. Prateleiras com alguns livros – não de escola, romances. Duas cadeiras suspensas, presas no teto por um cabo de aço colorido – uma com forro rosa e outra com forro azul. Um tapete felpudo próximo ao sofá. E um quadro com fotos. Fotos de Rose com a família, fotos de Scorpius com a família, fotos dos dois no Brasil, com James, Roxanne, Laura, Miguel, Lily e Hugo, fotos tiradas em Hogwarts e uma foto maior, ao centro, dos dois dançando a valsa do Sweet Sixteen.


- Como você pensou nisso tudo? É perfeito! – exclamou Rose, depois de andar pelo local.


- Bem, se parece muito com o quarto que minha mãe tem na casa dos meus avós Greengrass. Só adaptei algumas coisas, pensando no que você gosta. – explicou o rapaz, feliz. – E olha só, Rose. – ele se afastou, caminhando em direção ao interruptor que tinha em uma das paredes, perto da porta, e diminuiu a intensidade da luz, apontando para o teto.


Centenas de estrelinhas miúdas piscavam para a ruiva lá de cima. Uma lua cheia. E uma estrela cadente. Eram muito parecidas com as que haviam no quarto que dividia com Roxanne e Lily na Toca. Mas com estrelas menores. E eram muitas mais.


- A lua vai mudando, conforme a fase em que está. Achei interessante colocar essas estrelinhas porque a gente pode olhar para o céu, igual fazíamos lá na Torre... – ia dizendo Scorpius, mas Rose não estava escutando mais. Nunca alguém fizera algo tão lindo por ela. Sem pensar, saiu correndo e se atirou nos braços de Scorpius, quase o derrubando. Mas ele conseguiu se segurar e retribuiu ao abraço dela, que tinha os olhos marejados.


- Obrigada, Scorpius. De verdade. – sussurrou, emocionada.


- Não precisa agradecer, Rose.


*


- Willy, Scorpius. Scorpius, Willy. – disse Rose, apresentando-os um ao outro, nas cozinhas de Hogwarts.


- Prazer, Willy. – disse Scorpius, estendendo a mão para ele – Rose fala muito bem de você.


Os olhinhos pretos de Willy marejaram com a atitude de Scorpius e o elfo retribuiu o aperto de mãos.


- Meu senhor, o senhor é bom como a senhorita Rose e os outros Weasley.


Scorpius trocou um olhar com Rose, que sorria, contente.


- Que nada, Willy. Somos educados, apenas. – explicou o loiro, como se não fosse nada demais. Tirou um saquinho do bolso interno das vestes e o entregou a Willy – Aqui. Rose e eu compramos. Ela disse que são seus preferidos.


Receoso, Willy pegou o saquinho das mãos de Scorpius e, com as mãos trêmulas, abriu-o, achando várias caixinhas de feijõezinhos de todos os sabores.


- Senhor Scorpius, senhorita Rose, muito obrigado. Willy tem muito que lhes agradecer. Willy nunca ganhou presente melhor na vida dele, porque tudo o que Willy come desses doces ele rouba das travessas e tem que se castigar depois, mas agora Willy não vai precisar se castigar por um bom tempo...  – dizia o elfo, emocionado com a bondade dos adolescentes. – Willy já volta, Willy vai servir um lanche para os senhores... – e, dizendo isso, ele fez uma reverência e saiu correndo por entre as mesas da cozinha.


- Ele parece ter um bom coração, Rose. – comentou Scorpius, observando o elfo de longe.


- E tem. Nunca conheci nenhum elfo que fosse como ele.


- Como vocês o conheceram? Você e seus primos?


- Bem, acho que você deve se lembrar de mim no 1º ano, meio irritante e enjoada. Super preocupada com as regras da escola. – riu Rose, lembrando – Um belo dia, quando estava no 2º ano, James insistiu que fôssemos com ele conhecer o paraíso da escola: as cozinhas! Bem, eu não estava muito a fim de vir, mas o Alvo veio e me arrastou junto com ele, e a Roxanne ajudou. Quando chegamos aqui, Willy estava se castigando porque tinha deixado uma fornada de pudins passar do ponto e o James mandou que ele parasse de se castigar na mesma hora. Como ele insistia em se castigar, eu, Al, Rox e Glenn mandamos que ele parasse imediatamente, afinal, éramos alunos de Hogwarts e, de certa forma, seus senhores. Então ele parou. E o James, esfomeado como sempre, experimentou o tal pudim que tinha passado do ponto e, acredite ou não, estava simplesmente divino. James gostou tanto que enfiou colheres de pudim nas nossas bocas à força. E a gente elogiou bastante o pudim. Willy achou que estivéssemos mentindo para agradá-lo, mas James colocou colheres de pudim na boca dos outros elfos e pediu que eles dissessem qual era a sincera opinião a respeito do pudim. Todos eles gostaram bastante do pudim. Então Willy se convenceu de que não mentíamos. Desde então, tem nos servido super bem.


- Interessante. Vocês também tratam elfos domésticos muito bem. Aposto que eles levaram o maior susto quando o James serviu pudim na boca deles – comentou Scorpius, sorrindo.


- Não se esqueça que meu tio libertou um elfo que pertencia aos Malfoy e que a minha mãe é a maior defensora dos direitos dos elfos domésticos que o Ministério da Magia já viu. – lembrou-lhe Rose, sorrindo.


Willy voltou correndo para a companhia dos adolescentes, carregando uma bandeja com sucos de laranja, sanduíches naturais e cookies.


- Willy já chegou com o lanche, senhores.


- Obrigada, Willy. – agradeceu Rose, sorrindo – Você é realmente um amor.


O elfo corou e fez uma reverência desajeitada.


- Sempre ao seu dispor, senhorita Rose.


- Obrigado, Willy. Você é muito gentil com quem mal conhece – agradeceu Scorpius.


- Amigos da senhorita Rose também são amigos de Willy, senhor Scorpius. – ele fez outra reverência estabanada e disse: – Agora preciso que deem licença a Willy, Willy tem que ajudar seus colegas a fazer o jantar...


- Pode ir, Willy. Depois vemos você no seu dia de folga, pode ser? – sugeriu Rose, comendo o sanduíche.


- Claro que sim, senhorita. Esta semana Willy terá folga no domingo, mas Willy virá para as cozinhas assim mesmo. – explicou.


- Tchau, Willy. – disse a ruiva, abaixando-se para abraçá-lo. Quando se afastou, viu que o elfo tinha corado mais uma vez.


- Tchau, Willy – falou Scorpius, cumprimentando-o com um aperto de mãos.


Os dois pegaram o lanche que Willy preparara e saíram das cozinhas.


- Willy deve te achar muito bonita, Rose.


- Você acha? – perguntou, curiosa.


- Tenho certeza. Ele olha para você de um jeito muito engraçado. É como se estivesse admirando uma pintura. – comentou Scorpius, experimentando um cookie – Mas, se quer saber minha opinião, acho que ele tem motivos de sobra para isso.


Dessa vez, foi Rose quem corou.  


*


Novembro chegou bastante rápido e, quando Rose se deu conta, o mês já estava quase acabando. E Glenn finalmente apareceu para “conversar” com ela – não que a ruiva fizesse muita questão. Até porque estava se esquecendo dele de vez.


- Oi, Rose – cumprimentou o rapaz, levantando-se da cadeira em que estava sentado, na sala da diretora Williams.


- Oi, Glenn. – respondeu, simplesmente, de forma seca. Não pôde deixar de notar que ele estava bronzeado. O sol dos latinos.


- Como você está? – perguntou Glenn, aproximando-se.


- Bem. – disse. Achando que seria mal-educada se não o fizesse, perguntou: – E você?


- Estou bem, também. Estou gostando bastante de já ter assinado contrato com um time profissional da Colômbia. Em janeiro começo a treinar lá. Vou terminar os estudos até dezembro e deixar o time júnior. Depois volto para Hogwarts para fazer os NIEMs, em maio. – contou, feliz.


- Que bom – falou Rose, desinteressada. Glenn notou o tom de voz dela.


- Rose, eu... me desculpe por ter ido sem avisar...


- Não precisa gastar saliva, Glenn, está tudo bem. É sério. – acrescentou, quando ele fez menção de abrir a boca novamente. – Fiquei chateada com você, mas passou. O problema é que... sem querer ofender, mas não me interesso nem um pouquinho por quadribol. Esse tipo de conversa me deixa com sono. E, tudo bem, nós terminamos (de um jeito estranho, mas ok), mas a vida continua, não é? E eu tenho certeza de que você vai achar uma garota que te ame como você merece ser amado. Que vai se dedicar a você e te acompanhar em todos os jogos em que você atuar. Mas a gente não tem volta, Glenn. As coisas ficaram realmente estranhas de um tempo para cá, entre a gente. Sei lá, mas não dá mais.


- Eu concordo em gênero, número e grau. – disse Glenn – Até porque acho que seu coração sempre teve outro dono. Eu nunca tive você inteira, Rose, só pela metade.


- Do que você está falando? – perguntou Rose, lembrando-se de uma conversa muito parecida que tivera com Hugo.


- Você sabe. – respondeu o rapaz, simplesmente.


– A única coisa que o Glenn dizia para a gente era que o sonho dele era te reconquistar de vez e corrigir os erros que tinha cometido. Ele queria se casar com você.


- Tanto queria que nunca me disse nada. – resmungou Rose.


- Ele não disse nada porque sabia que você já não era mais tão a fim dele quanto já fora um dia. – explicou Hugo – Mas ele tinha esperanças de ter você completa de novo, Rose, e não pela metade, como estava o relacionamento de vocês. E ele sabia que isso era por dois motivos: por ter errado com você e por você ter deixado um cara entrar totalmente na sua vida. Palavras de Glenn Oliver Wood.


Ficaram em um silêncio constrangido alguns minutos. Por fim, Glenn comentou, casualmente:


- Aliás, o James me disse que você perdeu a aposta. Você se lembra de que eu também resolvi participar? E que a gente ia combinar os termos depois que um de nós ganhasse?


- Ah, não. O que você quer que eu faça, Glenn? – perguntou a ruiva, sentindo uma tristeza tomar conta de si.


- Ei, Rose, relaxa. Não é nada demais. – riu o rapaz, surpreso. – Eu só quero que você me escreva de vez em quando. Como amigos, apenas – acrescentou, ao ver que a menina pretendia falar algo. – Só para continuarmos como eu acho que, no fundo, nós sempre fomos. Pode ser?


- Claro que sim – concordou Rose, relativamente aliviada. Não seria difícil, considerando o imenso número de inconvenientes que ele poderia exigir. – Isso me lembra de uma coisa... – disse a ruiva, tirando do pescoço o colar de rosa que Glenn lhe dera e colocando-o na mão do rapaz. – Fique com isso.


- Mas, Rose...


- Glenn, você me deu este colar duas vezes. Como namorado. Não é justo que eu fique com ele, considerando, como você mesmo disse, que, no fundo, nunca fui sua por inteiro. E não aceito objeções. – acrescentou, mandona.


- Obrigado por vir me ver, Rose. Espero que admita logo tudo o que esconde dentro de si e seja feliz. – desejou Glenn, sinceramente.


- De nada. Tchau, Glenn. – disse, saindo da sala.


- Tchau, Rose.


 *


- Você veio, Rose! – disse Scorpius, feliz, ao abrir a porta da casa para a ruiva.


- Claro que vim. Eu disse que viria. – disse, contente. – Meu pai anda menos cabeça dura.


Era 24 de dezembro, véspera de Natal. Rose tinha conseguido permissão da mãe e do pai para passar o dia com Scorpius. À noite, iria para a Toca, por Pó de Flu.


- Entra, Rose – chamou Astoria, da sala de estar. – Scorpius pode ser mal educado às vezes, mas eu ainda sei como tratar as visitas.


Sem esperar outro convite, Rose entrou e tirou um embrulho do bolso do casaco que usava. Bob logo se aproximou para pendurar o casaco da moça.


- Feliz Natal, Scorpius. – falou a ruiva, estendendo um embrulho para ele.


Curioso, o loiro o abriu. Era um suéter tricotado a mão. Verde e prata, as cores da Sonserina.


- Eu que fiz – explicou Rose, ansiosa. – Acho que a maior alegria da minha avó foi conseguir me ensinar a fazer alguma coisa que tenha a ver com afazeres domésticos, já que eu sou um completo desastre na cozinha...


- Gostei bastante, Rose, obrigado. Também tenho uma coisa para você. – falou Scorpius, pegando um embrulho de cima de uma das mesas e entregando-o à ruiva.


Ela o pegou, curiosa. Parecia um quadro. Rasgou o papel. Teve que segurar a respiração. Era o desenho que Bob lhe mostrara há tanto tempo. O desenho que Scorpius fizera do rosto dela, perfeitamente emoldurado, como um quadro. A única diferença era que os olhos do desenho não estavam mais em preto e branco. Estavam azuis. Era o único detalhe de todo o desenho que tinha alguma cor.


- Resolvi dar o desenho a você porque o Bob me disse que havia lhe mostrado da primeira vez em que veio aqui. – explicou Scorpius, vestindo o suéter.


- Obrigada, Scorpius. Amei. – disse, olhando o desenho como se estivesse hipnotizada.


- Caramba, Rose, esse seu suéter esquenta mesmo! – comentou o loiro.


- Olha só, crianças, eu não queria atrapalhar a alegria de vocês, mas estou precisando de ajuda com os enfeites de Natal...  – disse Astoria, aparecendo perto dos adolescentes de novo.


- Scorpius, Rose, preparem-se para a sessão “tortura de Natal” de Astoria Greengrass Malfoy! Ela ataca novamente! – disse Draco, descendo as escadas da casa. – Bom dia, Rose.


- Bom dia, sr. Malfoy.


- Não sejamos formais, sim? Draco é o meu nome – disse ele, aproximando-se para cumprimentá-la.


- É tão ruim assim ajudar Astoria com os enfeites, Draco? – quis saber Rose, curiosa, acompanhando-o, ainda com o desenho nas mãos.


- Você nem imagina o quanto. Sabe, Rose, amo muito minha esposa, mas essa mania que ela tem com enfeites de Natal perfeitamente organizados e não sei o que mais é um pouco irritante. – comentou o loiro, divertido.


- Mas é isso que significa vida a dois, não é? Conviver com as qualidades e os defeitos um do outro? – quis saber Rose, aproximando-se de Astoria, que já distribuía tarefas ao filho.


- Sábia menina você, Rose. É isso mesmo. Por isso dou graças a Merlin porque o Natal é só uma vez ao ano. – disse Draco, fingindo-se entediado quando a esposa pediu que ele montasse alguns enfeites com gelo enfeitiçado para não derreter.


Rose se divertiu bastante o dia inteiro. Descobriu que Draco exagerava bastante a respeito de Astoria e dos enfeites de Natal. A casa ficou linda – e a mulher não chegava nem mesmo aos pés de Victoire e Dominique e a neurose que tinham arrumado com os enfeites do casamento. A ruiva tinha ajudado Scorpius e Bob a montar uma imensa árvore de Natal à moda trouxa, e Astoria gostou imensamente do resultado. Só parou de agradecer quando chegou a hora do almoço e todos se sentaram à mesa para se empanturrarem.


Não que Rose não gostasse da comida que Mary fazia em sua casa, mas a comida feita pelos elfos dos Malfoy estava divina. Todos ficaram em silêncio por um bom tempo, enquanto comiam. Em determinado momento, a ruiva se viu prestando atenção em Draco e Astoria. Ele limpava a boca da esposa, suja de comida, delicadamente, sem dizer uma palavra. O casal apenas se fitava, como se entendessem exatamente o que se passava na cabeça um do outro.


Rose se surpreendeu desejando que, quando se casasse, as coisas fossem exatamente daquele jeito. Que fosse cúmplice do marido. Amiga. Amante. Companheira. Admirava o casamento dos próprios pais, assim como admirava o modo com que Ron e Hermione se entendiam e conseguiam fazer as pazes mesmo brigando praticamente toda semana. Mas queria, quando se casasse, que fosse um casamento mais tranquilo. Como o de Harry e Gina. Como o de Draco e Astoria.


Lembrou-se da aposta. Teria que beijar Scorpius. Será que, quando Scorpius se casasse, eles continuariam amigos? A esposa dele se importaria? Ou será que nunca mais o veria? Ou será que a aposta acabaria com a amizade deles para sempre, antes de mais nada?


- Rose? – chamou o loiro, baixinho. – Você está aí?


- Claro que sim, Scorpius. – respondeu, corando furiosamente e voltando o olhar para o prato.


Mesmo sem encará-lo, Rose sentia o olhar de Scorpius sobre si. Tinha medo de fitá-lo. Medo de que, só de olhar nos olhos cinzentos dele, ele descobrisse exatamente o que se passava na cabeça dela.


O restante do dia se passou sem maiores sobressaltos. Teddy e Victoire apareceram para uma visita, o que distraiu Rose dos pensamentos que tivera mais cedo. Conversaram e riram bastante, e a ruiva se surpreendeu pensando em como os Malfoy eram diferentes de tudo que imaginava deles quando tinha onze anos. Draco era um perfeito cavalheiro. Era óbvio que tinha ensinado ao filho – muito bem – o jeito de se tratar uma mulher. Astoria era educada, paciente, atenciosa e amorosa com todos. E Scorpius... bem, era Scorpius.


*


- O que você tanto olha, filha? – perguntou Hermione, entrando no quarto em que Rose dormia com as primas na Toca.


- O presente que Scorpius me deu. – respondeu a ruiva, sem tirar os olhos do desenho.


Hermione se sentou no colchão ao lado da filha, curiosa para ver que presente era esse.


- Quem desenhou?


- Scorpius. – respondeu Rose, simplesmente.


- Vocês gostam muito um do outro, não é? – perguntou Hermione, também admirando o desenho.


- Hum-hum – fez a moça, distraída.


- O desenho está lindo, Rose. E se pendurássemos na parede do seu quarto, lá em casa? – sugeriu Hermione, ansiosa.


- Será que o papai não vai se importar?


- Por que ele se importaria?


Rose voltou os olhos para a mãe.


- Não sei, mamãe. É só uma coisa que me passou pela cabeça.


Hermione a encarou, desconfiada.


- Certo. – disse, por fim. – Agora vem, Rosie, é hora de entregarmos os presentes.


Antes de sair do quarto atrás da mãe, Rose colocou o desenho dentro do bolso interno da jaqueta.


*


- Você não pensa em ter outro namorado, Rose? Quero dizer, desde que você e o Glenn finalmente terminaram – disse Scorpius, servindo-se de bolinhos de chuva. Estavam na Sala Precisa, estudando para as provas, e tinham feito uma pausa para o lanche.


- Por que a pergunta, Scorpius? – quis saber a ruiva, intrigada, servindo suco de abacaxi em dois copos e entregando um deles ao rapaz.


- Curiosidade. – respondeu, sem convencê-la. Rose ergueu uma sobrancelha, desconfiada.


- Tem certeza?


- É que... bem, eu me pergunto às vezes se não ocupo muito o tempo que você poderia gastar conhecendo outros caras. – comentou Scorpius, experimentando um pouco de suco.


- Por que você não gasta o tempo que passa comigo conhecendo outras garotas? – perguntou Rose, curiosa. – Dá no mesmo.


Ficaram em silêncio alguns minutos até a menina se lembrar:


- Ah, Scorpius, me desculpe. Você me disse que estava apaixonado, então... não dá no mesmo. – comentou, com um aperto no coração. – Mas você deveria tentar conquistá-la, não acha?


- Você também não está apaixonada, Rose?


- Não – respondeu, na mesma hora.


- Certo.


- Quem é a garota, Scorpius? – quis saber Rose, visivelmente curiosa.


- Lamento, Rose. Isso é o tipo de coisa que você vai ter que descobrir sozinha – respondeu Scorpius, lançando-lhe um olhar significativo.


*


Final de maio. As provas tinham acabado no dia anterior. E agora, Rose não tinha mais para onde fugir. Não havia mais desculpas. Não havia mais fugas. Teria que cumprir a aposta. Faltavam apenas três dias para voltar para casa. E ela era uma Weasley. Weasleys cumpriam com sua palavra. Mas, no fundo, estava apavorada. Como nunca antes.


Por um lado, realmente tinha vontade de beijar Scorpius. Ao longo do ano letivo, pegou-se pensando em como seria beijá-lo. Perguntava-se se seria melhor do que beijar Glenn. Nunca os lábios do loiro lhe pareceram tão convidativos.


Por outro lado, havia uma garota na vida de Scorpius. Perguntava-se se já estariam juntos ou o quê. Porque, verdade seja dita, ele era o único dentre Rose, Alvo, James, Hugo, Lily, Miguel, Laura, Frank e Alice que pertencia à Sonserina. Sabe-se lá o que acontecia quando ele estava no salão comunal da Casa, o que não era tão raro assim. Rose tinha medo de que pudesse fazer tal garota pensar que Scorpius estivesse traindo-a. No fim das contas, era um pensamento bastante idiota, afinal. 


E havia, ainda, o fato de que Scorpius poderia odiá-la por fazê-lo passar por tal situação. De repente, dizer que ela não era digna de confiança. E que, todo esse tempo, tivera se aproximado dele apenas no intuito de cumprir uma aposta infantil. “Qual é, Rose? Ele vai entender. Depois você explica tudo direitinho. Não são amigos?”, disse Lily, quando Rose confidenciou a ela e a Alvo os próprios medos.


E era acreditando nas palavras da prima que Rose caminhava pelos corredores desertos de Hogwarts à procura de Scorpius, com James atrás de si, escondido pela Capa da Invisibilidade e com uma câmera fotográfica nas mãos. Laura e Miguel não sabiam da aposta. Roxanne e James tinham decidido que era assunto familiar, e que já havia um número considerável de Weasley/Potter a par da situação.


Enquanto caminhava pelo chão de pedras, Rose escutava o barulho dos próprios passos. Não se importava com ele. De fato, não tinha cabeça para pensar em muita coisa no momento. O único consolo que tinha era saber que a maioria dos alunos estava nos jardins, aproveitando o sol e a perspectiva das férias. Mas Scorpius não estava lá. Sabe-se lá o porquê.


Depois de vinte minutos andando pelo castelo a esmo, Rose finalmente o viu. Ele estava nas masmorras. Parecia que tinha acabado de sair do salão comunal da Sonserina. E que ia aos jardins. Correu ao encontro dele.


- Scorpius!


- O que faz aqui, Rose? – perguntou o loiro, curioso, vendo-a se aproximar.


- Estava te procurando. – explicou, andando ao lado dele. – Fui à biblioteca, às cozinhas, à Sala Precisa...


- Estava guardando umas coisas que comprei para os meus pais em Hogsmeade, mais cedo. Agora vou para os jardins. Também está indo para lá?


- Na verdade, não. – falou Rose, nervosa, parando de caminhar subitamente. – Eu... preciso... falar com você. Em particular.


Scorpius parou também e se aproximou dela.


- Em particular? – repetiu, curioso.


- Hum-hum. – fez Rose, sem conseguir falar.


- Então, tá. – concordou, olhando para ela.


A ruiva não conseguia mais encará-lo senão por breves segundos. Temia que ele pudesse ver a verdade nos olhos azuis, ou ver a confusão de sentimentos que se passava dentro de si. Ao mesmo tempo, temia aquele sentimento irrefreável que estava tendo, ultimamente, de mandar toda a cautela e a amizade às favas e simplesmente beijar o loiro para ver o que aconteceria. 


- Scorpius... eu... não... EU NÃO SEI O QUE FALAR! – desabafou, contendo as lágrimas que marejavam os olhos.


- Não precisa falar agora, Rose. – disse Scorpius, suavemente.


Rose respirou fundo. Tinha que fazer isso. Não tinha escolha. Aliás, nem mesmo sabia se queria poder escolher de forma diferente.


Voltou o olhar azul para o loiro. Olhos cinzentos. Não iria chorar. Já havia conseguido conter as lágrimas. Mordeu o lábio inferior. Deu um passo à frente, aproximando-se de Scorpius. Intimamente, desejava que ele não se afastasse. Tinha o olhar fixo nos lábios dele.


O loiro não se mexeu. Rose deu mais um passo. Seus rostos estavam a poucos centímetros de distância.


Rose desviou o olhar para os olhos de Scorpius. Não havia rejeição ali. Não havia medo. Havia apenas um sentimento que ela não sabia definir.


Cuidadosamente, ela se aproximou, cerrando os olhos. Roçou os lábios nos dele, esperando uma rejeição que não veio. Só aí ela, finalmente, sentiu a coragem vencer. Finalmente.


Beijou Scorpius. Um selinho, de leve. Não afastou o rosto. Passou os braços pelo pescoço dele, devagar.


- Rose... – sussurrou ele. Mas Rose não queria ouvir nada. Não precisava ouvir nada.


Beijou-o de leve novamente, enquanto sentia os braços de Scorpius envolverem a sua cintura, puxando-a com cuidado para mais perto. Era tudo de que precisava.


Rose tomou a iniciativa. Sua língua pediu passagem pela boca de Scorpius. E ele consentiu. Rose sentia que era um beijo diferente. Em tudo.


No início, calmo. Suave. Scorpius sabia exatamente o que fazer. Sabia exatamente como mover a língua, como movimentar os lábios junto aos de Rose.


Longos segundos depois, Rose sentiu Scorpius puxando-a para mais perto. No minuto seguinte, sentiu as costas encontrarem a parede de pedra atrás de si. E o corpo de Scorpius junto ao seu. Num encaixe perfeito.


Os dois corações batiam rápido, descompassadamente, no mesmo ritmo. Em movimentos sincronizados. Cada um deles sentia o do outro. E era fascinante.


E o beijo tornou-se mais voraz. Um desejo que Rose nunca sentira antes tomou conta de si. Estava tudo indo muito bem, mas não era o suficiente. Ainda não.


Beijar Scorpius era fantástico, de um jeito que nunca imaginara antes. De um jeito como nunca fora beijada antes. E, involuntariamente, mordeu o lábio inferior de Scorpius de leve. Não sabia disso, mas, nesse momento, fez o rapaz perder a cabeça por completo.


Ele afastou os lábios dos dela, e a ruiva sentiu que um protesto formava-se em sua garganta. Protesto que logo foi esquecido porque Scorpius afastou os fios ruivos para deixar o pescoço de Rose à mostra. Para trilhar uma perigosa linha de beijos por toda a extensão do pescoço da menina, que ofegou.


Em algum lugar ali perto, uma armadura caiu no chão, e Rose sentiu como se tivesse sido puxada de volta para a realidade. Por Merlin, estava em um corredor. Na escola. E se algum professor aparecesse?


Com a sensatez que lhe restava, Rose afastou-se de Scorpius.


- Rose, eu...


- Por favor, Scorpius, não me pergunte nada. – disse ela, cortando fosse lá o que ele tivesse a dizer. Saiu correndo dali para o salão comunal da Grifinória.


Se pensava que ia ter paz lá, estava enganada. James estava sentado a uma mesa com Roxanne, Alvo, Lily e Hugo.


- E aí, priminha? Foi bom ou não foi? – disse James, sorrindo marotamente. – Se quiser ver, acho que consigo revelar as fotos para amanhã.


Sem dizer nada, virou as costas e foi para o dormitório do 6º ano. Roxanne e Lily a seguiram.


Rose jogou-se na cama em que dormia, afundando o rosto no travesseiro. As primas sentaram-se perto dela, sem dizer palavra. Faziam cafuné em Rose, e ela chorava silenciosamente. Aos poucos, começou a contar-lhes como fora tudo. A voz abafada pelo travesseiro. Mas não importava. Precisava conversar com alguém.


- Rose... você já parou para pensar que você pode ser a menina por quem o Scorpius é apaixonado? – disse Roxanne, cuidadosamente.


- E que, esse tempo todo, você também estava apaixonada por ele? – emendou Lily.


Rose fechou os olhos com força. Não podia ser. Não mesmo. Não podia perder a amizade que tinha com Scorpius. Não podia cogitar a ideia de que ele pudesse deixar a vida dela para sempre.


Se a Rose e o mini Malfoy forem amigos, ele vai continuar eternamente assombrando nossa família e a Rose, principalmente. Para sempre! Agora, se eles forem namorados, eu tenho certeza absoluta de que a doninha dois vai magoar a minha filha. Vai machucá-la para valer. E aí ela nunca mais vai querer vê-lo nem pintado de ouro. Nunca mais!   


*


Desde que conversara com Roxanne e Lily, Rose não saiu mais do dormitório. Não sabia o que pensar. Não sabia o que dizer. Não tinha cara para conversar com Scorpius. Se fosse verdade o que as primas disseram, como explicar a ele que tudo tinha sido só uma aposta e que, por iniciativa própria, ela jamais o beijaria? Quando o loiro estava apaixonado por ela?


- Talvez nós estejamos enganadas, Rose. – disse Roxanne, àquela noite, quando ela e Lily foram levar para a prima um lanchinho que tinham buscado com Willy na cozinha. – Talvez o Scorpius não seja apaixonado por você.


Rose meneou a cabeça em negativa.


- Não acredito que vocês estejam erradas – disse, tristemente, olhando para a salada de frutas que estava em um potinho.


- Por quê? – quis saber Lily, sem conseguir conter a curiosidade.


Rose jogou um pouco de leite condensado em cima da salada de frutas antes de dizer:


- Pensei bastante em tudo o que todo mundo me disse. Vocês, o Glenn, o Hugo, minha avó, as meninas, sabe? Cindy, Rachel... não acho que tantas pessoas são capazes de cometer o mesmo erro. Ver as mesmas coisas erroneamente. – comentou Rose, experimentando um pouco da salada.


- Só por isso? – perguntou Roxanne, decepcionada.


- Não, Rox. Sabe, eu me lembrei hoje de vários momentos que passei com o Scorpius – acrescentou, lentamente – E ele correspondeu ao meu beijo tão prontamente que... sei lá. Talvez eu estivesse cega, surda e muda. Finalmente, consegui encaixar todas as peças. As peças que todo mundo sempre me mostrou. E que eu sempre fui burra o suficiente para não conseguir reunir.


As três ficaram em silêncio por longos segundos até Lily perguntar:


- Mas e o beijo, Rosie? Como foi?


- Foi... – Rose parou a meio caminho de colocar a colher na boca, procurando a palavra certa. – Perfeito – disse, por fim.


- Perfeito? – repetiu Lily, os olhinhos castanhos brilhando. – Own, que fofo, teremos um novo casal!


- Sossega, Lily! – ralhou Roxanne, impedindo que a prima mais nova começasse a saltitar alegremente pelo quarto. – Quero saber mais detalhes, Rose, por favor.


Lily se sentou ao lado de Roxanne de novo, curiosa.


- Eu... eu não... ah, é difícil explicar! Eu só... não sei, Rox... não existe outra palavra melhor que “perfeito” para descrever tudo. – disse, por fim.


- Significa que você e o Scorpius têm que ficar juntos! – disse Lily, alegremente.


- Lily, você já perguntou para a Rose o que ela pretende fazer? – quis saber Roxanne, severamente.


- Ah, Rox, não seja chata, vai! Você sabe que a Rose e o Scorpius foram feitos um para o outro. Desde aquelas brigas idiotas que eles tinham. – disse Lily, em tom de quem encerra um assunto.


- As coisas não são assim tão fáceis, Lily. – disse Rose, pensativa.


- Claro que são! A maioria das coisas é fácil, Rose! Somos nós que criamos zilhões de obstáculos... – falou Lily, claramente decepcionada.


- Lily, eu não sei o que eu estou sentindo neste momento! Eu não sei o que sinto pelo Scorpius! Eu não sei o que isso vai mudar na relação que eu tenho com ele! Eu não tenho cara para olhar para ele de novo! Eu não sei o que falar quando encontrá-lo! Porque é óbvio que não posso me esconder pelo resto da vida num dormitório... e eu não quero perder o Scorpius! Por tudo o que é mais sagrado, eu não consigo mais imaginar minha vida sem ele! – desabafou Rose, sucumbindo às lágrimas novamente.


- Rosie, me desculpa! – disse Lily, arrependida do que dissera. – Eu só... ah, deixa para lá. – concluiu, abraçando Rose com força. – Rox e eu sempre estaremos com você. Lembre-se disso.


- É sério, Rose. Conta sempre com a gente, viu? – reforçou Roxanne, passando a mão por entre os fios ruivos de Rose.


- Obrigada, Rox, Lil’. Vocês não sabem o quanto isso significa para mim – comentou, sem se soltar de Lily.


Ficou um longo tempo na companhia das primas, em silêncio. Até que, embalada pelas próprias lágrimas, ela dormiu.


*


Rose passou o dia seguinte todo fazendo a rota dormitório-sala comunal. Não queria sair e correr o risco de se encontrar com Scorpius. Alvo e Lily, sem questionar, faziam questão de levar para a prima, mesmo sem que pedisse, comidas preparadas por Willy. James, Roxanne e Hugo discordavam da postura dos dois Potter. Achavam que Rose tinha que enfrentar os próprios dilemas em vez de se esconder deles.


- Ela vai enfrentar. Só não está preparada ainda e seria bom se vocês enfiassem isso dentro de suas lindas cabecinhas ruivas – falou Lily, antes de levar o lanche da tarde para a prima, que parecia comer só para não fazer desfeita a ela e a Alvo.


Rose se sentou com os primos e o irmão enquanto trocavam ideias sobre a formatura de James e Roxanne, que seria dali a dois ou três dias, a ruiva não tinha muita certeza. Principalmente quando sua mente estava bem longe daquela sala comunal.


- Aonde você vai, Scorpius? – chamou Rose, surpresa.


- Dormir. – disse simplesmente, continuando a andar.


- Por favor, não vai. – pediu Rose, correndo atrás dele. – Eu queria que ficasse comigo. Não quero ficar sozinha com meu medo pelo quinto ano seguido.


Scorpius parou de andar quando sentiu a mãozinha dela segurando seu braço.


- Eu não falo mais nada que você não queira. – disse a ruiva – Mas fica, por favor.


Scorpius se virou para encará-la. Os olhos muito azuis da menina estavam marejados, mas ela não se importou. Sentia-se novamente como a menininha que acordava à noite com medo de trolls e outras criaturas horrendas.


Sem pensar, o loiro a abraçou com força e Rose deixou que as lágrimas escorressem livremente pelo rosto. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas, de repente, parecia que estava sentindo cinco anos de medo acumulado. Apesar disso, sentir Scorpius a abraçar tão forte fazia com que sentisse protegida. O cheiro de colônia masculina que emanava do corpo dele era reconfortante. Não estava sozinha, afinal. 


- Você não é a única que tem medo, Rose. – sussurrou Scorpius, passando a mão pelos cabelos ruivos da menina – Eu fico com você hoje.


Cuidadosamente, Scorpius afastou Rose e limpou as lágrimas dela, sorrindo.


- Hei, Grifinória malvada. Vai ficar tudo bem. Nós vamos fazer ótimos NOMs.


A ruiva sorriu e fez um aceno com a cabeça, concordando.


- Vem cá – chamou o loiro, sentando-se encostado a uma parede e puxando-a para seu peito. Do lugar de onde estavam, podiam ver o céu através da vidraça. – Eu estou com você. Sempre.


- Obrigada, Scorpius. – falou Rose, aconchegando-se e mirando o céu. – Olha, Scorpius! – disse, animada, apontando para o céu – Uma estrela cadente! Faz um pedido!


- Quê?


- Faz um pedido, rápido!


- Pronto, fiz um pedido. – disse o loiro, no minuto em que a estrela sumia de vista.


- O que você pediu, hein? – quis saber a ruiva, sonolenta.


- Não posso contar, Rose. Quero que meu pedido seja atendido – disse ele, em tom de brincadeira.


- Chato. – resmungou – Também não te conto o meu.


Ficaram em silêncio. Scorpius beijou a testa de Rose, acariciando os cabelos ruivos dela.


- Dorme com Deus, Rose. 


Rose se perguntava o que Scorpius havia pedido. E se o pedido dele havia sido atendido. Não se importava, no momento, que Roxanne insistisse que James deveria usar gravata vermelha, para representar a Grifinória, ou que Lily achasse que cairia bem uma nail art de efeitos rendados para dar destaque ao vestido preto de Rose. Tampouco escutava Alvo dizer que, para não ter mais confusões, James deveria usar bermudas e chinelos para ir à festa.


Voltou o olhar para o céu. Ah, o céu. Scorpius sempre parecera tão fascinado quanto ela por estrelas. Também tinha feito um pedido para uma estrela cadente. Naquela noite, Rose só pediu que tivesse alguém que, um dia, a amasse infinitamente. De corpo e alma. Um único amor em uma única vida.


Infinito... era exatamente o que o céu representava. Fosse de dia, límpido e sem nuvens. Azul. Fosse à noite, coalhado de estrelas e enfeitado pela lua. Negro. Ou mesmo em um dia de tempestade, com raios e trovões. Cinza. Sem começo. Sem fim. Exatamente como um amor verdadeiro deveria ser.


Seria Scorpius seu amor verdadeiro?


Ou seria ele apenas um amigo?


- ... não é verdade, Rose? – disse Hugo.


- O quê? – fez ela, confusa.


- A Rose nem prestou atenção, tá vendo? O que significa que suas maluquices não merecem crédito nenhum! – disse Lily, triunfante.


- Qual é, Lily? A Rose não presta atenção em nada ultimamente! – rebateu Hugo.


- Vocês querem calar a boca, os dois? – disse Roxanne, irritada. – Por Merlin, parecem duas crianças!


- Foi ela!


- Foi ele!


Os dois falaram ao mesmo tempo, apontando um para o outro.


- Não interessa. Os dois começaram. Os dois vão parar – falou Roxanne, entredentes.


Lily lançou um olhar de despeito para Hugo e foi para o dormitório, irritada.


- Cretino, irritante, idiota, babaca... – murmurava, com as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo.


- Bem, eu também vou dormir. Seguirei o exemplo de minha adorável irmãzinha. Coitada, tão sensível... – comentou James, fingindo-se triste, arrancando gargalhadas de todos, exceto de Hugo.


- Boa noite, galera! – disse Alvo, levantando-se também.


Hugo seguiu o primo, sem dizer palavra, e, antes de subir as escadas, Roxanne voltou-se para Rose:


- Você não vem, Rosie?


- Daqui a pouco – respondeu, forçando um sorriso. – Não se preocupe comigo.


- Ok. Boa noite! – falou a prima, antes de subir as escadas correndo.


- Rose... – começou Scorpius, pensativo – O que você achou da atitude do seu primo?


- Por que a pergunta? – perguntou Rose, curiosa, encarando o loiro – Quer fazer algo do tipo para que a garota dos seus sonhos te escute? – acrescentou, em tom de brincadeira.


Ele ficou em silêncio durante alguns segundos e disse, seriamente:


- Talvez.


- Quem é, Scorpius? É a Laura? – quis saber a menina imediatamente, sentindo o coração gelar. Estranho.


- Por Merlin, Rose, você cismou mesmo com a Laura, hein?


- Da mesma forma que você era cismado comigo e com o James – rebateu – Quem é?


- Rose, você pode responder à pergunta que eu fiz primeiro? – pediu ele, educadamente – O que você achou da atitude do Fred?


Rose ficou em silêncio, medindo as palavras e pensando em Nicole e em Fred.


- Bem... eu acho que foi uma atitude muito corajosa do Fred – começou, hesitante – E acho que se não fosse assim, talvez a Nicole nunca parasse para escutá-lo... ao mesmo tempo, acho que ele meio que expôs muito a Nicole, quero dizer, tem um monte de gente aí fora que nem a conhece! Deve ser meio constrangedor... parecia, no início, que ela tinha totalmente perdido o chão!


- Mas você acha que eles vão se acertar? – continuou Scorpius, encarando-a.


- Acredito que sim – disse, confiante – Principalmente porque a Roxanne disse que acha que o problema da Nicole é o medo de se decepcionar com o Fred. A Rox ficou toda a semana com a Nicole lá na loja das meninas, então, deve saber mais do que eu. E o Fred também se expôs muito; não acho que ele faria algo assim se não amasse a Nicole tanto quanto diz. Merlin, ele disse que quer se casar com ela! Ter filhos! – ela riu ao se lembrar do primo. Nunca cogitara a ideia de que, um dia, ele falaria algo do tipo.


- Certo – disse Scorpius, voltando a ficar pensativo.


- Por que todas essas perguntas, Scorpius? A tal garota não te escuta? – perguntou Rose, curiosa.


- Não. O meu problema não é esse... é outra coisa. – respondeu, encarando o chão fixamente.


- Conversa comigo, Scorpius. – pediu a ruiva, aproximando-se dele e segurando o rosto do loiro entre as mãos, forçando-a encará-la – Me fala quem é. Talvez eu possa te ajudar. – disse, realmente com vontade de ajudá-lo. Mesmo que, para isso, tivesse de conviver com um peso no coração como o que estava sentindo.


Os olhos azul-escuro de Rose fitavam os olhos cinzentos de Scorpius atentamente, em busca de qualquer sinal, qualquer pista que porventura ele demonstrasse.


- Eu tenho medo, Rosie – murmurou ele – Eu tenho medo de que ela não me queira. Medo de que ache... não sei... que nós não podemos ficar juntos.


- Por quê, Scorpius? Você é incrível. – disse a ruiva, em um sussurro.


- São tantas coisas envolvidas... eu não sei... – sussurrou ele de volta.


- Não fique assim, Scorpius. Eu vou te ajudar. Sempre. Porque você é o meu melhor amigo. – disse ela, ainda segurando o rosto dele e o encarando. O peso no coração ainda estava lá. – Você sabe disso, não sabe?


- Sei. – disse ele, com uma expressão de dor no rosto. Rose encarou-o, confusa.


- Quem é, Scorpius? – sussurrou ela – Quem? – perguntou, a curiosidade dominando-a. Ao mesmo tempo, não queria ouvir. E se fosse uma garota da Sonserina que despedaçasse o coração de Scorpius? Ela achava que não aguentaria.


- Rose... – chamou Scorpius, aos sussurros, encarando-a fixamente com um olhar de súplica, olhar de quem queria dizer alguma coisa, mas a ruiva não estava entendendo nada. Estava completamente confusa.


Por muito tempo, eles apenas se encararam e, de repente, Rose se deu conta de como estavam próximos. Ainda tinha o rosto do rapaz nas mãos, e olhava cada detalhe de seu rosto com bastante atenção: bochechas levemente coradas, olhos cinzentos fantásticos, suplicantes, lábios rosados, pelos loiros que, em breve, seriam barba...


Scorpius se aproximou mais ainda. Não dava mais para encará-lo, para perceber os detalhes em seu rosto. Rose agora sentia o hálito fresco de Scorpius próximo, bem próximo de sua boca, e agora podia sentir o cheiro reconfortante de colônia masculina que exalava do corpo dele. Sentiu o loiro envolver sua cintura e puxá-la ainda mais para perto. Não pensava mais; simplesmente não havia espaço para raciocínios na mente brilhante da ruiva naquele exato momento. Mas lá no fundo de sua mente, sabia que aquilo era perigoso, que podia se machucar, e lá fora havia uma festa, com uma música tão animada, além do mais, tinha certeza de que estava se esquecendo de alguma coisa, mas o quê? Dane-se, dane-se tudo, eu estou aqui. Estou com o Scorpius, cada vez mais perto... agora ela sentia que os lábios de Scorpius tinham acabado de roçar os seus levemente.


Scorpius dissera “Rose...” naquele dia. Estaria chamando-a? Ou estaria respondendo à pergunta dela sobre quem era a garota por quem ele era apaixonado?


Rose começava a sentir que, a qualquer momento, enlouqueceria se continuasse sentada ali. Levantou-se e saiu da sala comunal. Direto para a Sala Precisa. Seu refúgio, agora que não podia mais ir para a Torre de Astronomia. Não depois da detenção. Se bem que a aposta já havia sido cumprida, então não havia mais o que temer. Mas ela não queria ser pega. Precisava pensar e, por mais que quisesse contemplar o céu, não poderia fazê-lo já que pretendia ficar em paz. Não na Torre de Astronomia. A Sala Precisa seria o lugar perfeito.


- Rose? – chamou o loiro, despertando-a de seus devaneios.


- O que foi, Scorpius? – disse, sem tirar o rosto de trás do livro.


- Gostando do livro?


- Sim. – respondeu brevemente, ainda escondida atrás dele.


- Jura? Porque eu não vi você passando as páginas dele. Está na primeira até agora? – havia um tom de brincadeira em sua voz.


Rose sentiu as bochechas corarem e fechou o livro com força.


- Eu não estava lendo – respondeu, encarando os olhos cinzentos de Scorpius em tom de desafio. – Estava... bem... estava pensando em algumas coisas.


Ele ergueu uma sobrancelha, pensativo.


- Sabe, Rose, você não precisa mentir para mim. Podia ter falado, desde o início, que não estava lendo.


- Não vai fazer a poção, Scorpius? – indagou, tentando esconder a vergonha que sentia e tentando, também, mudar de assunto.


- Já fiz a primeira parte – explicou – E, agora, ela está maturando para que eu possa terminar. Mas não desvie o olhar. Nem se desvie do assunto.


Rose voltou o olhar muito azul para os olhos cinzentos de Scorpius. Naquele momento, encará-lo tinha se tornado desconfortável. Só não sabia o porquê.


- Que assunto, Scorpius?


- Sobre não precisar mentir para mim.


- Tudo bem, não faço mais. – concordou a ruiva.


- Mesmo?


- Mesmo. – confirmou, sem desviar o olhar, embora fosse o que mais desejava fazer naquele instante.


Scorpius consultou o relógio de pulso, quebrando o contato visual, o que deixou Rose aliviada.


- Bem... ainda faltam cinco minutos para eu poder voltar à poção. – constatou – Enquanto isso, você podia me contar que raios de sala é esta – falou, voltando a encarar a ruiva.


- Eu já disse. É a Sala Precisa – disse, guardando “Sonho de uma noite de verão” na mochila.


- E o que faz a Sala Precisa?


- Ela se transforma no que você precisa, seja lá o que for – disse Rose, desejando que um sofá vermelho confortável aparecesse. Segundos depois, ele apareceu ao lado dos adolescentes e ela se levantou da poltrona para se deitar no sofá. – Está vendo? – perguntou para um Scorpius que a observava boquiaberto. – Agora é a sua vez.


- Minha vez? – perguntou, confuso.


- Sua vez de desejar que algo apareça aqui – explicou Rose, fechando os olhos. Estava com sono.


Eles ficaram em silêncio por alguns segundos. A ruiva abriu os olhos e viu Scorpius a encarando, frustrado.


- Esta sala está com defeito, Rose.


- Impossível! – falou, convicta.


- É possível, sim. Desejei que aparecesse um sanduíche igual aos que tinha no café da manhã e nada.


Rose gargalhou.


- Scorpius... você não sabia que comida é uma das cinco exceções da Lei de Gamp de Transfiguração Elementar? Não dá para sair conjurando comida por aí.


- O quê? – disse ele, surpreso.


- Você precisa estudar mais, Scorpius. – disse a ruiva, divertida, jogando no rosto dele uma almofada vermelha que ela tinha acabado de desejar que aparecesse.


- Ai! – disse Scorpius, fingindo irritação – É assim, é?


- É! – falou Rose, com um sorriso sapeca.


- Ótimo! – concluiu Scorpius e, no minuto seguinte, dezenas de almofadas verdes caíram em cima da menina, cobrindo-a completamente. – Veja só, Rose, não é que a Sala Precisa funciona mesmo? – comentou, inocentemente. Ela respondeu alguma coisa, mas o som saiu completamente abafado por causa das almofadas. – Desculpe, não entendi. – falou o loiro, segurando-se para não cair na gargalhada.


Passados alguns segundos, o rosto dela apareceu do meio das almofadas, furioso.


- Scorpius. Greengrass. Malfoy. ISSO NÃO É JUSTO! – e, no minuto seguinte, a ruiva começou a jogar as almofadas verdes nele a esmo.


Ela sorriu, olhando ao redor, lembrando-se da primeira vez em que levara Scorpius até lá para ajudá-lo com um trabalho sobre Soluções Revigorantes. E, há pouco tempo, ele imaginara uma versão da sala como refúgio para os dois. Para que ela não fosse pega mais nas visitas noturnas à Torre de Astronomia.


Aproximou-se do quadro de fotos que o loiro imaginara. Seus olhos correram por todas as fotos que ali estavam. Era como ver uma linha do tempo em que Scorpius fazia parte de absolutamente tudo. Uma foto do 1º ano dos dois, recebendo, juntos, o troféu de melhor aluno. Uma foto do 1º ano com todos os alunos. Foto dos dois dançando juntos, pela primeira vez, na formatura de Victoire. Fotos com os primos, o irmão, Laura e Miguel na praia. Foto do casamento de Victoire e Dominique. Fotos do último Natal. E, sobrepondo-se às outras, a foto maior. Foto dos dois dançando valsa no Sweet Sixteen de Rose.


Talvez ali fosse o primeiro momento em que ela tivesse, finalmente, enxergado Scorpius. A primeira vez em que, finalmente, deixara que se aproximassem o suficiente para que um turbilhão de emoções desconhecidas a invadisse de vez. Sentimentos percebidos por todos. Menos por ela. Ou talvez não. Talvez, lá no fundo, seu subconsciente soubesse exatamente o que se passava. E ela tentara negar tudo.


Naquele dia, todos comentavam como Rose e Scorpius, de fato, pareciam namorados. E, agora, ela se pegava pensando o que deveria parecer a todos em Hogwarts. Andavam juntos a maior parte do tempo. Dividiam momentos alegres e momentos mais difíceis. Estavam sempre prontos para ajudar um ao outro. Faziam a maior parte dos trabalhos juntos. Bem, era um pouco parecido com o que tivera com Glenn em algum momento. E ninguém questionara em momento algum se eram mesmo namorados.


Será que era isso, então? Será que não podia existir uma amizade verdadeira entre um rapaz e uma moça? Sem que houvesse laços familiares envolvidos? Alice era amiga de Hugo. E Lily, de Frank. Mas eles não andam juntos o tempo todo. Eles não agem como se o outro fosse a pessoa mais importante de suas vidas, disse uma vozinha em sua cabeça. Consciência, talvez?


Rose olhou a foto com mais cuidado. Não sabia quem a havia tirado. Ela e Scorpius dançavam. Ele segurava uma das mãos dela e a cintura. Ela tinha uma das mãos apoiada sobre o ombro dele. E se encaravam. Sem desviar o olhar. Era um olhar profundo. Olhar de quem admira. Olhar de quem gosta. Olhar intenso, cheio de significados. O cinza perfurando o azul.


Olhar de quem ama?


Rose caminhou até o sofá-cama e o puxou, fazendo-o se tornar apenas cama. Deitou-se na primeira almofada que encontrou e olhou para o teto cheio de estrelas, à medida que a intensidade das lâmpadas diminuía, por vontade dela. A almofada que escolhera ao acaso tinha um cheiro familiar. Cheiro de Scorpius.


- Rose?


Pronto, era só o que faltava. Andava pensando tanto em Scorpius que começava a ter alucinações com ele. Que ridículo.


- Rose? – chamou, novamente. E aí Rose viu que não era alucinação nenhuma. Scorpius estava a sua frente. O rosto iluminado apenas pela claridade que vinha das estrelas do teto.


- Scorpius! – disse, assustada, levantando-se, consertando a saia do uniforme. – O que você está fazendo aqui?


- O mesmo que você. Me refugiando – explicou, encolhendo os ombros.


- É, é... certo – fez a ruiva, meio aérea.


- Onde você esteve? Estive preocupado com você – desabafou, fitando-a.


- Me desculpa por ter deixado você preocupado, Scorpius, mas... – ela afundou o rosto nas mãos. – Eu não quero falar sobre isso agora.


Cuidadosamente, Scorpius afastou as mãos de Rose e segurou o queixo da menina, obrigando-a a encará-lo.


- Posso falar, então? – pediu ele.


- Pode – respondeu Rose, sentindo o coração acelerar de repente


- Rose, eu... – ele parecia estar criando coragem. Por fim, disse, depois de alguns segundos, de uma só vez: – Eu amo você. Sempre amei. E, depois daquele beijo, não tive mais nenhuma dúvida. Eu amo você, Rose. E quero passar o resto dos meus dias ao seu lado.


Sem esperar resposta, Scorpius aproximou seu rosto do de Rose e a beijou com mais um beijo perfeito. Ele era cuidadoso. Parecia ter medo de que ela o rejeitasse, no início. Mas Rose não conseguia mais pensar. Não havia mais espaço para raciocínios lógicos naquele instante, na mente brilhante que tinha. Não quando o coração em seu peito batia descompassado. Não quando ela sentia, com uma das mãos no peito de Scorpius, que ele estava do mesmo jeito. A outra mão segurava a nuca dele, passeava pelos cabelos loiros do rapaz.


Rose se aproximou mais de Scorpius e colou o corpo ao dele, ao mesmo tempo em que ele apertava a cintura dela com força e aprofundava o beijo, pedindo passagem com a língua. De novo, estavam em perfeita sincronia.


De uma forma diferente, aquilo era certo. Parecia exatamente que era onde deveriam estar. Rose se sentia como se estivesse esperando por aquilo durante toda a vida.


Rose sentiu as mãos de Scorpius entrando por baixo da camisa branca que usava. Sentiu o corpo arrepiar por inteiro quando o toque das mãos dele encontrou sua pele alva.


- Rose, eu não... – começou o loiro, afastando-se devagar.


- Sem querer ser mal educada, cala a boca, Scorpius. – disse, irritando-se de repente com o súbito afastamento dele. Não estavam a mais de dez centímetros de distância, mas parecia que eram dois quilômetros.


- Quê? – fez ele, claramente confuso.


Sem dizer mais nada, Rose se aproximou e o beijou de novo. Scorpius entendeu o recado e não interrompeu de novo.


Aquela noite seria apenas dos dois. Infinitamente. De corpo e alma.


***


N/A: Olá, leitoras queridas! (: Bem, aqui está o capítulo 11 para vocês. Quero me desculpar se porventura ficou muito forçado ou muito meloso, mas acho que ando meio sentimental esses dias. Sabem, meu namoro acabou há quase um mês – ok, realmente não era um relacionamento dos melhores ultimamente, e acho que o término foi a melhor solução, mas é impossível não ficar chateada por um tempo imaginando como seria achar o cara dos nossos sonhos, não é? Acho que eu quero o Scorpius para mim!


Enfim, assuntos chatos à parte, quero agradecer a vocês pelo seguinte: UM ANO DE FIC!!!!!!! Sim, porque a fic é feita por todas nós. Principalmente por vocês, leitoras lindas, que votam, comentam e arranjam um tempinho para vir aqui ler. *_* E, por mais que eu goste desta fic, estamos entrando na reta final. Alguém aí arrisca um palpite de quantos capítulos faltam para o fim? Quem acertar será premiada! ;)


Agora, vamos responder aos comentários de vocês – que, de novo, foi número recorde e eu estou absolutamente encantada por isso! *_*


Saki Malfoy: fico muito contente por você dizer que está maravilhada com a fic! E o beijo está aí, espero que tenha correspondido às suas expectativas. ;)


Ana CR: Ana, você voltou!!!!!!!!!! Estou tão feliz... e seu feitiço convocatório funcionou, aí está o capítulo! Só peço desculpas por não ter te adicionado no Facebook como você pediu; mas já faz um tempo que excluí a conta que eu tinha. Sério, às vezes acho que sou da idade da pedra. Eu tentei ter um – por insistência dos colegas de faculdade – mas não gostei nadinha e dei fim nele.


GabriielaMalfoy: postei outro capítulo! Não tão rápido, mas... enfim. Espero que você me conte depois o que achou!


Beatriz Facchin: por onde você andou, mulher? Senti falta de seus comentários... mas, espero que você continue aqui e espero que goste desse capítulo também. Estava tão ansiosa em escrevê-lo...


juliana vieira: juliana, é sempre tão bom ver você aqui! *_* Quanto a Rose e Scorpius, veremos o que eles vão aprontar a partir de agora. Juro que não queria dizer isso, maaaaassss... É SEGREDO!


Lana Sodré: Lana, que milagre você por aqui! //momento dona Florinda// (: Quer dizer que você acha que a sra. Granger disse a parte de namorados por querer querendo? //sério, preciso parar com isso// E não fique louca, Lana, não gosto de ver vocês assim. Quero dizer, só um pouquinho. Huahuahua


H. Granger Malfoy: acho que vou demorar um pouquinho para me acostumar com seu novo nome... agora nem sei como te chamar mais! De H.? //confusa// Aaahh, fico tão contente por você dizer que vai vir aqui sempre... //emocionada// E também por você dizer que é uma das melhores que você lê... *_* E ando me divertindo muito com seus comentários, ri muito aqui com “fiquei com vergonha alheia”! mhuahuhuahua


Dani_Ela: Dani, você voltou! Fiquei contente aqui... se o final do capítulo anterior você disse que foi perfeito, quero ver o que vai falar desse... ansiosa!


L.Oliveeira: essa troca de nomes me deixa confusa às vezes. Quando li seu comentário pela primeira vez, estava escrito Laís O., certo? E quer dizer que você veio aqui por causa da Ana e da Lana (olha, rimou!)? Elas são leitoras lindas, mesmo! E quer dizer que você amou a fic? //acho que daqui a pouco vou começar a saltitar aqui// (: Então espero te encontrar aqui em todos os capítulos!! E não, eu não me espanto com surtos, porque também surto às vezes... normal. ;)


Bem, pessoal, por hoje é só. Até o próximo capítulo com o resultado de nosso concurso cultural – QUEM ADIVINHA QUANTOS CAPÍTULOS FALTAM?


                                                                                                                   Beijos,


                                                                                                                                  Luhna

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Comentários (7)

  • L.Oliveeira

    O.M.G! JURO, MORRI/ que... perfeito! Meu Deus. Tô doida aqui, sério. Que lindo *------* mas por que tenho a sensação de que, tudo o que é bom, dura pouco? Essa... culpa dela, os pensamentos... lindo *-----* gente. Não tenho nem palavras! Perfeito... embora sempre tem aquela surpresa que faz a gente sentir a raiva.kkkkkkkkkkkkkkk Era Laís O. Mas agora eu mudei kkkkkkkkk pode deixar, eu demoro, mas apareço :) sempre vai ter o meu comentário, mesmo que demore! Sério, a Lana e a Ana viviam falando sobre essa fic, então eu perguntei: "Que fic é essa, meu Deus?" e elas falaram e eu me apaixonei *-------*PS: O James S. é meu s2

    2013-04-14
  • juliana vieira

    amei o capitulo, estou completamente apaixonada por esses dois. agora se ela não contar sobre a aposta, vai ficar feia a coisa quando ele souber bjos

    2013-03-31
  • Ana CR

    UHULLL! Um ano de fic!!!! Acho que faltam uns 7 capítulos para terminar!?!?!  Tô chutando bem abaixo do que eu acho de verdade!Ahhh, tá lindo o caps! O primeiro e o segundo beijo perfeitos! :)Não façam eles brigarem, e se brigarem, que se reconciliem no mesmo cap! Meu coração não aguentaria!Accio capítulo novo! (Torcendo os dedos pro feitiço dar certo mais uma vez)Bjs*Ana CR* 

    2013-03-10
  • Beatriz Facchin

    hahahah amei amei e amei e parabens pelo um ano de fic ! não vejo hora do proximo capitulo

    2013-03-07
  • Beatriz Facchin

    hahaha amei amei e amei,ja estava na hora deles se beijaram,mas tudo bem que tem esse enrola enrola para prender o leitor eu entendo ahhaha estou escrevendo uma que ta nisso e parabens pelo um ano de fiz !

    2013-03-07
  • Saki Malfoy

    Ñ só correspondeu mas SUPEROU todas as minhas expectativas!!! Ta mtooo linda sua fic!!!Cada cap q eu leio eu me apaixono mais pela história!!! Simplismente amo o modo como vc escreve!! Finalmente a Rose percebeu q o Scorpius está apaixonado por ela,e isso me deixou completamente curiosa para ler o próximo cap!! Além do mais quero ver a reação do Scorpius ao descobrir q era uma aposta.. Lógico q a Rose tbm ama ele,mas em todo caso,até ela convencer ele disso vai dar muita confusão!!!   Parabéns pelo um ano de fic!!! E por favorrr... faça o proximo cap o mais rapido possivelll,se ñ vou morrer de curiosidade!! xD    Bjossss!!!   

    2013-03-07
  • Lana Silva

    Primeiro queria te dar o parabéns por um ano de fic \o/  - apesar de não ter acompanhado do começo sei o quão feliz você deve estar, você merece! Nossa \o/ Finalmente a Rose notou. Serio, eu já estava maluca aqui para saber o que ia acontecer com essa aposta e quando ela  beijou ele eu não tive duvidas de que ela iria finalmente descobrir o que sentia. Todas essas lembranças dela... Esse final, foi tudo muito bom. Fiquei feliz, até achei demais a Rose mandar o Scorpius calar a boca pra beijar ele, foi realmente perfeito.  kkkkkkkkkkkkkkk sim eu acho que a Sra. Granger disse aquela parte dos namorando por querer querendo, sei lá, ela como todo mundo deveria estar vendo que os dois não eram apenas os amigos que pregavam ser. Algo de avó mesmo. Sobre quantos capitulos ainda faltam, eu espero sinceramente que não seja apenas um, porque irei ficar louca. Bem eu amei o capitulo flr, parabéns mesmo pelo um ano de fanfic.Beijoos! 

    2013-03-07
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