Sweet Sixteen



CAPÍTULO 10
- SWEET SIXTEEN -


Rose acordou no dia seguinte com uma forte dor de cabeça. Apesar disso, mesmo com a porta do antigo quarto de Gina fechada, conseguia ouvir vozes que vinham da cozinha, embora não conseguisse distingui-las. Jogou o lençol para o lado e se arrastou até o espelho. Mesmo bagunçados e despenteados, seus cabelos ruivos ainda conservavam parte do penteado que Fleur fizera. Mas não estava maquiada, mesmo sem se lembrar de não ter tirado a maquiagem do rosto.


Voltou-se para a cama em que dormira e a arrumou. O quarto tinha três camas, em que dormiam ela, Lily e Roxanne sempre que iam passar uns dias com os avós. Ficar na Toca era realmente divertido. Mas não dessa vez. Não por ter discutido com duas das pessoas que mais amava no mundo: Ron e Hermione.


Rose aproximou-se do guarda-roupa e tirou o pijama com que dormira – deu graças a Deus por sua avó sempre guardar roupas para os netos em casa, “para qualquer emergência”, como dizia a senhora – e vestiu o primeiro vestido que encontrou – branco, de algodão.


Sem se importar com o estado de seu cabelo ou qualquer outra coisa, Rose abriu a porta do quarto, mas ficou parada ao ouvir a voz do pai. Teria ido buscá-la?


- Mas, sinceramente, papai? – dizia Ron – Acho que, pensando melhor, não tem motivos para eu ficar bravo com a Rose por ela ter quase beijado aquele filhote de doninha. Acho que tenho que me preocupar, mesmo, se eles resolverem continuar com essa história de amigos.


- Não estou entendendo o seu raciocínio, Ron – disse o sr. Weasley, parecendo estar com a boca cheia de mingau. Nem eu, pensou a ruiva.


- Ah, Arthur, não pergunte. Acho que o Ron não anda batendo bem da cabeça – disse a sra. Weasley. Meu Deus. O que foi agora?


- De jeito nenhum, Molly. – disse o sr. Weasley, com veemência – Isso envolve uma de minhas netas. Eu tenho o direito de saber disso pelo meu próprio filho. E, se não for boa coisa, aí sim eu tenho não só que saber, mas também interferir se for necessário.


- O senhor não vê, papai? Se a Rose e o mini Malfoy forem amigos, ele vai continuar eternamente assombrando nossa família e a Rose, principalmente. Para sempre! – repetiu Ron – Agora, se eles forem namorados, eu tenho certeza absoluta de que a doninha dois vai magoar a minha filha. Vai machucá-la para valer. E aí ela nunca mais vai querer vê-lo nem pintado de ouro. Nunca mais! A gente fica livre dele. Para sempre! É ou não é algo bom? – Rose sentiu como se uma faca tivesse transpassado o coração.


- A que custo, Ronald? Você vai ficar assistindo a sua filha sofrer! Isso é algo terrível, terrível, você não acha? Isso não pode ser um bom negócio! – disse o sr. Weasley, indignado.


- E quem falou em negócio aqui? São fatos!


- Pois é isso que você está fazendo, Ronald. Francamente! Negociando os sentimentos da sua filha! Vendo o que é melhor para você mesmo, apenas! – quem falou dessa vez foi a sra. Weasley. 


- Concordo com você, Molly. É exatamente isso que o Ron está fazendo. Jogando com os sentimentos da Rose sem nem saber o que está se passando pelo coração da menina. Pelas barbas de Merlin, Ron, você já perguntou para a sua filha o que ela quer? O que ela acha que é melhor para si mesma? – disse o sr. Weasley, claramente irritado com as atitudes do filho.


- Não, não perguntei... mas ficar na companhia constante de um Malfoy não pode ser bom para ela! - respondeu, usando um tom defensivo.


- Ron, eu nunca gostei dos Malfoy. Nunca. Detestava o Lúcio e toda a mania que ele tinha de pureza de sangue, de seguir o Voldemort... mas o que você deve se lembrar é que era o Lúcio. Não o Draco ou a Astoria. E foram eles que vieram ao casamento ontem. E o que Scorpius tem a ver com isso? Nada. Absolutamente nada. Não é justo que o menino seja responsabilizado pelos erros do avô ou do pai. Ele não tem culpa. De nada. – repetiu o sr. Weasley, seriamente. É isso aí, vovô. O Scorpius não tem culpa. Ele é diferente do avô ignorante que tem.


- O Draco Malfoy era um Comensal da Morte! – protestou Ron.


- Não é mais – rebateu o sr. Weasley.


- Claro que não, o Voldemort está MORTO! – disse Ron na mesma hora.


- Isso não quer dizer que Draco não tenha mudado. – disse a sra. Weasley – E eu acredito que sim. Achei que ele estava tão diferente de quando era menino... e você tem que reconhecer, Ronald, que, quando uma pessoa é criada em um mundo cheio de luxo, futilidade e busca insana por poder e influência, é muito mais difícil mudar e se tornar alguém bom. Temos que reconhecer o esforço do Draco.


- Além disso, meu filho, você deve se lembrar de que os filhos não são uma extensão dos pais. São pessoas diferentes, que pensam diferente, agem diferente, têm sentimentos diferentes... Scorpius não é uma cópia de Draco ou de Astoria, por mais que possa se parecer com um ou outro em determinados aspectos. Da mesma forma, Rose não é uma extensão de você ou da Hermione. Ela tem sentimentos próprios. Nunca se deve julgar alguém pelo que os pais dessa pessoa são ou acham. – completou o sr. Weasley.


Houve vários segundos de silêncio. Rose ouviu Ron suspirar pesadamente:


- Ninguém me entende.


- Acho melhor você ir embora, Ronald. – disse a sra. Weasley – Daqui a pouco a Rose acorda e não será agradável ela te encontrar por aqui a essa hora.


- Isso não é certo, mamãe. A Rose não mora aqui. Ela tem que voltar para casa – disse Ron – E eu vim para buscá-la.


- A Rose dormiu aqui porque está chateada com você e com a Hermione. E ela vai ficar aqui o tempo que quiser, Ronald, porque a casa é minha, a neta é minha, e essa casa também é dela! – disse a sra. Weasley, severamente.


- Ron, vai embora. – pediu o sr. Weasley – Quando a Rose quiser ir para a sua casa, ela vai. Mas nós não vamos deixar que ninguém a leve daqui à força.


- Mas...


- Sem “mas”, Ronald Weasley! – disse a sra. Weasley, interrompendo-o – Vai embora, por favor, AGORA! E eu não aceito objeções! Criei sete filhos, posso muito bem cuidar de uma neta! Pelo tempo que precisar!


- Escutando a conversa dos outros, Rose? Que coisa feia... – disse Charlie, baixinho, descendo as escadas e se aproximando da sobrinha ao mesmo tempo em que a porta da cozinha era fechada com estrondo.


- Bom dia para você também, tio Charlie. Bom dia, Charlotte – acrescentou ao ver a mulher descendo atrás do tio.


- Bom dia, Rose. Tudo bem com você? – respondeu ela, educadamente.


- Na medida do possível... – disse a ruiva, dando de ombros.


- Se não se importam, eu vou descer para tomar café. Vejo vocês daqui a pouco – disse Charlotte, saindo da presença dos dois.


- Não tive muito tempo de conhecê-la, tio Charlie, mas sua namorada parece ser uma pessoa legal – falou Rose, tentando parecer despreocupada.


- Rosie, você sabe que não precisa esconder nada de mim, não sabe? – falou Charlie, encarando a sobrinha astutamente.


Sem se conter, Rose abraçou o tio com força e deixou que todas as lágrimas que estavam guardadas desde a noite anterior fossem derramadas. Ele correspondeu ao abraço da mesma forma, sem fazer perguntas, afagando com cuidado os cabelos ruivos da sobrinha.


- Pronto, Rose. Eu estou aqui com você.


- Tio... quanto tempo você vai ficar aqui? – perguntou, contendo um soluço, depois de longos minutos.


- Três meses.


- Três meses?! – repetiu a ruiva, surpresa, afastando-se do tio para encará-lo, ainda com o rosto coberto por lágrimas.


- Férias prolongadas, sabe como é. Isso é o que dá ficar muito tempo sem tirar férias.


- A Charlotte vai ficar também? – perguntou Rose, esperançosa – Porque aí vocês podem ir ao meu aniversário.


- Vai, sim, Rose. E, se quiser conversar mais tarde, é só falar. Dona Molly vem aí. – acrescentou, ao ouvir os passos da mãe subindo as escadas.


Rose enxugou as lágrimas rapidamente, bem a tempo de a sra. Weasley aparecer e dizer, severamente, colocando as mãos na cintura:


- Posso saber o que os dois estão maquinando aqui?


- Nada, mamãe. O dia está lindo, a senhora está linda e minha namorada também! – disse Charlie, dando um beijo estalado na bochecha da mãe e descendo as escadas rapidamente.


- E você, Rose, está bem? – perguntou a senhora.


- Estou, vovó. – respondeu, abraçando a avó com força – E ficarei melhor ainda se a senhora não me mandar embora.


- Querida, esta casa também é sua – respondeu a sra. Weasley, ternamente – Agora, vamos. É hora do café!


Rose, definitivamente, não se arrependeu de ter ficado na casa dos avós. Queria ver Hugo e conversar com ele, afinal, era seu irmão e não merecia ficar no meio do fogo cruzado. Apesar disso, sentia-se bem ali. Ninguém fez perguntas incômodas, e a ruiva se divertiu bastante conversando com Charlotte. Achava que, enfim, seu tio havia arrumado uma mulher com que realmente devesse ficar.


Mais tarde, Rose e Charlotte se ofereceram para ajudar a sra. Weasley a preparar o almoço. Charlotte recebeu o aval da matriarca para ficar ali, enquanto Rose foi imediatamente dispensada por ser tão boa quanto a mãe na cozinha. Por conta disso, a ruiva voltou para o quarto e se jogou na cama, exausta, arrependendo-se imediatamente de ter bebido uma garrafa de uísque de fogo. A dor de cabeça agora não estava forte, mas lancinante.


- Cabeça doendo, Rose? – perguntou Charlie, entrando no quarto e sentando-se ao lado da sobrinha.


- Hum-hum – fez ela, com os olhos fechados.


- Pois é, a primeira vez que a gente bebe demais é assim – disse ele, em tom de conversa.


- Como você sabe que eu bebi, tio? – perguntou, mantendo os olhos fechados com força. Estava gostando da companhia do tio, mas conversar parecia que fazia a cabeça latejar cada vez mais.


- Acho que só isso explica o fato de você ainda não ter pedido uma poção para a mamãe. Além do mais, tem uma garrafa vazia de uísque de fogo no seu quarto – explicou.


Rose nada disse. Queria que Charlie se calasse, mas sabia que seria uma bruta falta de educação com ele, que se mostrava sempre tão solícito. Fora que, desde que se entendia por gente, sempre tivera uma ligação muito grande com o tio e sabia que, da parte dele, o sentimento era o mesmo. Era a sobrinha preferida de Charlie.


- Mas, para a sua sorte, eu trouxe uma poção para você. – anunciou ele, tirando um frasquinho do bolso que continha um líquido verde.


A menina abriu os olhos na mesma hora e se sentou, pegando o frasco nas mãos e bebendo todo o conteúdo de um só gole.


- Tio, onde você pegou isso? Não foi no estoque da vovó? – perguntou, curiosa, enquanto Charlie pegava o frasquinho e o guardava no bolso novamente.


- Claro que não, Rose. Não tenho coragem de me meter com Molly Weasley – respondeu, fingindo um medo imenso – Peguei nas coisas da Charlotte. Foi ela quem me deu o toque de que você tinha bebido e devia estar com dor de cabeça.


Silêncio.


- Eu gostei muito da Charlotte, sabia, tio Charlie? Ela é realmente muito legal – comentou Rose, novamente.


- Sim, eu sei que ela é muito legal. Agora, nada de falar de casamento, ok? Você precisa descansar um pouco até a poção começar a fazer efeito – disse Charlie, empurrando a sobrinha para ela se deitar de novo e beijando a testa dela. – Até mais tarde, florzinha. – completou, saindo do quarto.


Rose se aconchegou direito na cama. Sentiu as pálpebras começarem a pesar e se rendeu ao sono. Tinha que descansar, afinal, tinha que acordar cedo no dia seguinte para trabalhar na DomiVic. A impressão que teve foi que acabara de dormir quando a sra. Weasley sussurrou próximo a ela:


- Rose, querida? Você tem visita.


- Visita? – repetiu, espreguiçando-se – Quem é? – esperava que não fosse Ron. Ainda não queria falar com ele.


- Sou eu, Rose – disse Hermione, entrando no quarto.


- Eu vou ver se a Charlotte já terminou de montar a lasanha – disse a sra. Weasley, saindo do quarto e fechando a porta ao passar.


- Como você está, filha? – perguntou Hermione, carinhosamente, sentando-se na cama de Rose.


- Eu estou bem, mamãe. A vovó e o vovô são incríveis, e a Charlotte e o tio Charlie também. – disse, o rosto inexpressivo – E você, como está?


- Não estou bem. Estou preocupada com você, Rose.


- Sério? – disse ela, surpresa – Ontem não parecia que você estava preocupada comigo – acrescentou, sem conseguir conter as palavras. Hermione tinha um olhar magoado. – Mamãe, eu... não foi minha intenção...


- Você está coberta de razão, filha. Eu vim pedir desculpas. Eu nunca devia ter deixado seu pai falar aquelas coisas horrendas com você, te chamar de mestiça... mas eu estava tão chocada quanto você devia estar. Por mais que o Ron não goste dos Malfoy, por mais que guarde rancor, por mais que quisesse, com todas as forças, que você ficasse longe do Scorpius... eu nunca, nunca imaginei que ele pudesse dizer aquelas barbaridades para você daquela forma. – disse Hermione, com sinceridade.


- Está tudo bem, mamãe. Eu te desculpo. Acho que vou ter que aprender a conviver com os chiliques do papai – disse Rose, com um suspiro resignado – E o Hugo?


- Não para de perguntar por você. Ele veio comigo, está lá embaixo com o Charlie. Quer falar com você também. Vou chamá-lo – disse Hermione, beijando o rosto da filha ternamente e saindo do quarto.


Rose olhou em volta do quarto, chateada. Não queria ficar pensando no que acontecera no dia anterior entre ela e Scorpius, mas sabia que não podia se esconder eternamente e que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentar o amigo e conversar direito com ele. Mas, por uma estranha razão, achava que não conseguiria.


- Rose! – disse Hugo, correndo quarto adentro para abraçar a irmã – Tá tudo bem com você?


- Calma, Hugo, ou você vai me sufocar – disse ela, divertida, ao notar a força com que o ruivo a abraçava.


- Eu fiquei preocupado com você, Rose – justificou, afastando-se dela para avaliar a expressão em seu rosto com os olhos castanhos que possuía e que tanto lembravam os de Hermione – Não estava entendendo nada ontem. O papai irritado, a mamãe magoada e você trancada aqui, sem voltar para casa com a gente...


- Mas você sabe o que aconteceu?


- A mamãe me contou hoje de manhã, no café, quando o papai não estava em casa. Ele disse que viria aqui.


- E veio. Mas não chegou a falar comigo. A vovó não deixou – explicou Rose, encarando o irmão seriamente – Eu ouvi quando ela disse para o papai ir embora e me deixar aqui, que eu ficaria aqui tanto quanto eu precisasse.


- Você não vai embora com a gente hoje? – perguntou Hugo, um fio de esperança na voz.


- Ainda não. Acho que ainda não quero ver o papai. – respondeu, encarando os lençóis da cama – Sabe, ele me chamou de mestiça.


- Não fica assim, Rosie. Eu sei que não justifica o que ele fez, mas o papai te ama muito. Lembra que a vovó sempre disse que quem ama muito às vezes age irracionalmente? – falou Hugo, com seriedade.


- É claro que eu lembro – sorriu Rose, pensando na sra. Weasley – Lembra também que ela fala que as feridas expostas sempre precisam de um tempinho para cicatrizar? Enquanto isso, fico por aqui mesmo.


Os dois ficaram algum tempo em silêncio, perdidos nos próprios pensamentos.


- Rose... – começou Hugo, lentamente – É verdade que você e o Scorpius iam se beijar? – perguntou, sem conseguir conter a curiosidade.


- Acho... acho que sim. – respondeu a ruiva, lentamente. O irmão não a questionou – A gente estava muito próximo, Hugo. Mas... seria errado eu beijar o Scorpius; ele é meu amigo!


- Pode deixar de ser. A mamãe e o papai também eram amigos – comentou ele, displicentemente.


Rose nada disse. Encarava os lençóis novamente.


- Rose, você gosta do Scorpius?


- Claro que gosto, dãh. – fez Rose, ainda sem encarar o irmão – Se não gostasse, não me daria ao trabalho de ficar perto dele.


- Mas você não gostava dele. Viviam brigando, cheio de implicâncias bestas um com o outro – apontou Hugo – Aí ele vai embora, volta e, de repente, vocês se tornam amigos. Engraçado, né? Parecem a mamãe e o papai. O tio Harry fala que eles brigavam tanto... e olha onde estão hoje: casados e com dois filhos!


- Por Merlin, Hugo, não é como se eu fosse me casar com o Scorpius e ter um exército de filhos loiros e ruivos! – esbravejou Rose, levantando-se da cama repentinamente.


Hugo se levantou também e seguiu a irmã.


- Rose, olha para mim? – pediu ele, educadamente – Por favor.


Rose se virou lentamente para o irmão mais novo – e mais alto – e só então ele pôde ver que a menina tinha lágrimas nos olhos. Sem dizer mais nada, ele a abraçou de novo, sem tanta força.


- Ah, Hugo...  – fungou Rose – Eu nem sei mais o que pensar! Tá tudo muito confuso na minha cabeça, sabe? As coisas que o papai falou, que o Scorpius conversou comigo ontem, que eu senti, que eu pensei... eu tô me sentindo perdida!


- Por que você não conversa com o Scorpius? – perguntou ele, ainda abraçando a irmã.


- Eu ainda não consigo, Hugo! Como eu vou falar com ele se nem sei direito como falar ou o que falar? Eu preciso pôr a cabeça em ordem. – explicou – E tem o Glenn ainda...


- Rose, o Glenn foi embora. – disse o ruivo, de uma vez.


- Quê? – fez ela, surpresa, afastando-se de Hugo.


- Ele recebeu uma proposta para fazer parte de um time de quadribol júnior na Colômbia. Lá os meninos treinam bastante e estudam na escola do time. Ele não veio ao casamento ontem porque era o último dia para fazer a matrícula. Ele não vai voltar para Hogwarts no próximo ano letivo.


- Como você sabe? – perguntou, ainda sem acreditar.


- O Matt me disse. Depois de toda aquela declaração do Fred para a Nicole, ele lembrou e pediu para eu te dar o recado, já que você tinha desaparecido da festa. O Glenn vai voltar para se despedir de você. E, pelo que o Matt falou, também vai escrever para você assim que tiver um tempinho. Mas não pense mal do Glenn, Rose, ele te ama demais. – acrescentou Hugo, ao ver a tristeza estampada no rosto da irmã.


- Ama nada. – disse, abruptamente – Se me amasse de verdade, ao menos se lembraria de me falar que estava indo embora.


- Rose, não fala isso. Ele olha para você com um olhar de adoração, você nunca viu? De um bobo apaixonado, é o que a Lily, a mamãe e a tia Gina falam. Sabe, eu nunca reparei, mas se elas falam, é verdade.


- Não serve de nada neste caso – retrucou Rose, mal-educada.


- Ah, é, bonita? Ontem você estava quase aos beijos com outro cara! – resmungou Hugo.


- É diferente – disse a ruiva.


- Realmente, é diferente – concordou Hugo, um tom de ironia na voz – Consigo até ver a galhada crescendo na cabeça do coitado do Glenn.


- Cala a boca, Hugo! Eu NÃO traí o Glenn, ok? Eu não beijei o Scorpius! – rebateu Rose, irritando-se com o que o irmão dissera.


- Já passou pela sua linda e brilhante cabecinha ruiva que traição sentimental pode ser pior que traição física? Pelo menos, é isso que eu já escutei a vovó Molly e a mamãe falando – disse ele na mesma hora, deixando uma Rose completamente sem palavras. Ao ver que ela não iria contra argumentar, prosseguiu: – A única coisa que o Glenn dizia para a gente era que o sonho dele era te reconquistar de vez e corrigir os erros que tinha cometido. Ele queria se casar com você.


- Tanto queria que nunca me disse nada. – resmungou Rose.


- Ele não disse nada porque sabia que você já não era mais tão a fim dele quanto já fora um dia. – explicou Hugo – Mas ele tinha esperanças de ter você completa de novo, Rose, e não pela metade, como estava o relacionamento de vocês. E ele sabia que isso era por dois motivos: por ter errado com você e por você ter deixado um cara entrar totalmente na sua vida. Palavras de Glenn Oliver Wood.


Os dois ficaram em silêncio.


- Não tem nenhum outro cara na minha vida – disse a ruiva, lentamente.


- Será? – disse Hugo, andando em direção à porta do quarto.


- Quer saber, Hugo? Você está falando igualzinho à Lily. 


Ele se virou e sorriu para a irmã.


- A Lily, no fundo, é uma ótima influência. Ela tem uma sensibilidade única em relação às outras pessoas e um coração muito bom. Ela não fala esse tipo de coisa por maldade. – Hugo fez menção de abrir a porta e sair, mas se voltou para a irmã com um sorriso no rosto: – Mas, por favor, não diga para ela o que eu falei. E pense direitinho na nossa conversa, ok?


Rose assentiu com a cabeça e ficou observando o irmão ir embora, deixando-a sozinha com os próprios pensamentos.


*


No dia seguinte, Rose acordou cedo para ir trabalhar na loja das primas mais velhas. Quando desceu para tomar café, deparou-se com Lily e Roxanne fazendo companhia para os avós, Charlie e Charlotte na mesa.


- Bom dia, família! – disse animada – O que estão fazendo aqui, Lily, Rox?


- Bom dia para você também, Rose – disse Lily, sorrindo.


- Viemos para ir à loja com você. O vovô conseguiu autorização no Ministério para interligar a lareira daqui direto com a das meninas, então, vamos passar a semana na Toca! – disse Roxanne, feliz.


- Vou só tomar café e escovar os dentes e estaremos prontas para abrir a loja – falou Rose, sentando-se ao lado de Charlie.


Mais tarde, uma a uma, as meninas entraram na lareira e foram para a loja. Lily ficaria no caixa, por determinação de Victoire, que a julgava ainda muito novinha para trabalhar como vendedora, função que seria exercida por Rose e Roxanne. Vestiram os uniformes que as primas tinham feito – um vestidinho polo azul com a inscrição DomiVic bordada no bolsinho esquerdo, com um cinto nude marcando a cintura e sapatos de salto médio, na cor preta – e se puseram a terminar de arrumar manequins para abrir a loja.


- Definitivamente, nossas primas não perdem a mania de serem fashionistas nem quando desenham um uniforme para trabalhar – constatou Roxanne, colocando um vestido preto no manequim.


- Modéstia à parte, estamos lindas – falou Lily, vestindo um short no manequim que era sua responsabilidade. – E o vestido realça a cor de seus olhos, Rose.


- Você acha? Tenho a impressão de que o azul deles fica mais apagado – comentou Rose, colocando um manequim próximo à vitrine.


- Concordo – disse Roxanne, colocando algumas roupas em gavetas – Mas é porque o azul do vestido é clarinho, igual aos olhos da Vic e da Domi, e o azul dos olhos da Rose é mais escuro. Aí fica parecendo, realmente, que os olhos dela estão apagados.


Depois disso, não tiveram tanto tempo para conversar, porque, assim que abriram a loja, o movimento começou. Assim que saía uma cliente, chegava outra. Por vezes, Lily teve que deixar o caixa e ajudar as primas a atender a clientes mais indecisas.


A única chateação do primeiro dia foi que, perto do horário de a loja fechar, Lana Grover apareceu e, como Roxanne estava ocupada atendendo a uma senhora que queria comprar um presente para a neta, Rose se apresentou, solícita, para atendê-la, enquanto Lily pegava as chaves para fechar a loja, para que ninguém entrasse mais.


- Boa tarde. Em que posso te ajudar, srta. Grover? – perguntou Rose, lutando contra a vontade de mandá-la pastar.


Lana a olhou de cima a baixo com um olhar de desaprovação, balançando, impaciente, os longos cabelos castanhos cuidadosamente alisados.


- Em nada, Weasley. Quero que a sua priminha me atenda. Não quero ser atendida por uma nerd feito você – resmungou, olhando as unhas postiças.


- Não posso te atender, srta. Grover – disse Lily, passando por elas para trancar as portas da loja – Não sou vendedora.


- Lamento te informar, Potter, mas o único com este sobrenome que me interessa é o James e não você, sua pirralha irritante. – disse, mal-educada.


- Srta. Grover, a minha prima Roxanne está ocupada. Posso te atender tão bem quanto ela. E você não precisa esperar; o que acha? – interferiu Rose, sem deixar Lily responder à provocação. A ruiva mais nova voltou para o caixa, irritadíssima.


- Eu vou esperar. – disse Lana, com um sorriso irritante nos lábios cheios de gloss com glitter. Sentou-se num pufe próximo à porta e tirou uma lixa da bolsa.


- Eu odeio essa garota – resmungou Lily quando Rose se aproximou dela perto do caixa.


- A Rox que se prepare. A Lana está fazendo tanta questão que a Rox a atenda que coisa boa não deve ser – murmurou Rose, tentando ver a prima mais velha atrás de uma pilha de roupas que mostrava à senhora que atendia. 


- Não mesmo. Fala sério, por que o James ficou com essa menina? Ela é repugnante! – disse Lily, lançando um olhar irritado para a menina, que lixava as unhas postiças.


- Mas ela é bonita, Lily – disse Rose – E você sabe como o James é.


- Não sei por que ele é assim. Na boa, Rose, o vovô Weasley não é assim. Nossos tios não são assim. Meu pai não é assim. O Alvo não é assim. Por que o James tem que ser tão galinha? – disse Lily, revoltada.


- O Fred era assim – respondeu Rose, sem se convencer pelo raciocínio da prima – E, se não me engano, já ouvi o tio Harry falando que o pai e o padrinho dele eram assim. E é o nome deles que o James Sirius tem.


A conversa delas foi imediatamente encerrada quando Roxanne se aproximou com a senhora, carregando um vestido verde, que entregou para Lily, dizendo:


- É para presente, Lily.


- Ok – disse a mais nova, pegando o material necessário para embrulhar o vestido.


Roxanne ia voltar para a pilha de roupas jogadas sobre o balcão quando Lana gritou, levantando-se do pufe:


- Weasley, finalmente você pode me atender!


- Lana Grover? – repetiu, chocada demais para sair do lugar.


- Sim, eu fiz questão de ser atendida por você. Quero comprar um vestido bem... hm... um vestido que valorize meu corpo – disse, com um sorriso insolente no rosto.


- Certo, srta. Grover. Tenho certeza de que vamos achar algo perfeito para você – disse Roxanne, forçando um sorriso. – Por aqui, por favor. – chamou, dirigindo-se à seção de vestidos.


Enquanto Lily embrulhava o vestido e cobrava o preço da senhora, Rose se aproximou para dobrar e guardar a pilha de roupas que Roxanne havia tirado para mostrar à senhora. Eram umas trinta peças de roupa, mas, mesmo assim, deu tempo de a ruiva guardá-las e Lana ainda não tinha ido embora.


- Por Merlin, a Rox já deve ter tirado uns quarenta vestidos dali e nenhum está bom para a Grover – disse Lily, baixinho, quando Rose se aproximou – E, como se já não fosse o suficiente, ela ainda está jogando indiretas para a Rox a respeito do Miguel. Chamando a Rox de papa-anjo, pedófila, esse tipo de coisa. Acho que ela só sai daqui amanhã.


- Credo – comentou Rose – Mas a gente tem que esperar a Roxanne, né? Não podemos deixar ela sozinha aqui com essa monstra.


- Não mesmo – comentou Lily, com o olhar voltado para as duas. Ouviram Roxanne dizer, com um tom de impaciência na voz:


- Srta. Grover, eu já te mostrei todos os modelos de vestido da nossa coleção primavera/verão. Se não achou nada que te agrade, lamento, mas tem que ficar para a próxima.


- Eu já imaginava. Suas primas francesas não têm bom gosto.


- Elas não são francesas, a mãe delas é francesa... e se já sabia que não ia gostar de nada, por que se deu ao trabalho de nos incomodar? – perguntou Roxanne, lutando contra os instintos para não voar no pescoço de Lana.


- Quero dois novos uniformes de Hogwarts. Perfeitamente ajustados ao meu corpo perfeito – disse Lana, completamente consciente de que estava irritando Roxanne – E anda logo, Weasley, eu não tenho o dia inteiro! Vá fazer alguma coisa em vez de ficar me olhando com essa cara de tacho!


Elas ouviram Roxanne se afastar, batendo os saltos com força no chão da loja.


- Pobre Roxanne – disse Rose, vendo Lana seguir a prima para a seção de uniformes de Hogwarts, com um ar contente no rosto.


- Rose...


- Sim, Lily? – quis saber, voltando-se para a prima mais nova, cujo olhar estava na direção da porta da loja.


- Acho que tem alguém aí fora querendo falar com você. – disse, apontando para a porta.


Ao ver quem era, Rose sentiu o coração pular até a boca e voltar para o lugar.


- Ah, não. – resmungou. – Eu não vou abrir a porta.


- Rose, você vai deixar o Scorpius plantado na porta? Que tipo de amiga você é?


- Lily, eu não quero falar com ele ainda! – disse Rose, cruzando os braços.


- Escuta só, Rose, eu não sei ainda o que aconteceu no sábado, porque o Hugo não quis me contar de jeito nenhum, mas, seja lá o que for, se isso envolve o Scorpius, o mínimo que se espera é que vocês dois se ajudem a resolver tudo, não é?


Rose suspirou. Odiava ter que admitir, mas Lily estava certa. Ergueu a mão, esperando que ela lhe entregasse as chaves, e disse:


- Você e a Rox vão me esperar?


- Claro que sim, Rose. É mais provável que você chegue aqui e a Grover ainda não tenha ido embora. – disse Lily, sorrindo.


Sem mais, Rose caminhou até as portas e as destrancou, saindo e trancando-as em seguida.


- Oi, Rose – cumprimentou Scorpius.


- Oi, Scorpius – disse ela, sorrindo, sem-graça.


O loiro correu os olhos por ela da cabeça aos pés, o que deixou a ruiva meio incomodada.


- Quero falar com você, Rose. Vamos à sorveteria?


- Pode ser – disse ela, caminhando ao lado dele pelo Beco Diagonal até à sorveteria de Florean Fortescue, atraindo olhares curiosos.


Ao chegarem à sorveteria, sentaram-se de frente um para o outro em uma mesinha na calçada e pediram dois sundaes. Ficaram em um silêncio envergonhado um tempão. Rose evitava, deliberadamente, encarar Scorpius. Brincava com as chaves da loja, fazendo um barulho irritante. Mas sua brincadeira foi interrompida quando o loiro segurou o seu pulso delicadamente, dizendo:


- Rose, você pode parar, por favor?


Ela ergueu os olhos e corou ao encarar o olhar cinzento à sua frente.


- Me desculpe – murmurou, guardando as chaves no bolsinho do vestido.


- Eu disse que queria falar com você, Rose, mas você não parece estar fazendo muito esforço.


- Sem querer ser mal-educada, Scorpius, foi você quem disse que queria falar comigo, e não o contrário. Eu estou esperando. – disse ela, fazendo um enorme esforço para não deixar de encará-lo – Aliás, como você soube que eu estava aqui?


- Fui até a casa de sua avó, porque não sei onde você mora. O seu tio me disse que eu podia vir aqui, que você não estava em casa – disse Scorpius.


- Tio Charlie? – perguntou, só para confirmar.


- Ele mesmo. E me avisou para te tratar direito. Caso contrário, eu estaria ferrado. – comentou Scorpius, sorrindo. Rose sorriu também. Os homens da família Weasley não perdiam uma oportunidade sequer de tentar intimidar qualquer um que se aproximasse de suas filhas/sobrinhas/primas/irmãs/namoradas/esposas.


Para alegria da ruiva, os sorvetes chegaram. Agora ela teria algo com que ocupar as mãos.


- E então, Scorpius, sobre o que você quer conversar? – perguntou, colocando uma colherada de sorvete de flocos na boca.


- Sobre o que aconteceu no dia do casamento. Com o seu pai. – explicou ele, voltando a encará-la. Estava experimentando o sorvete – Rose...


- Eu acho que a gente deve esquecer tudo aquilo – sugeriu Rose, imediatamente, sem dar espaço para ele falar – Meu pai agiu como um perfeito idiota. Não vale a pena ficarmos lembrando.


- Rose, eu...


- É sério, Scorpius – disse, rapidamente – Peço que você me desculpe pelo escândalo do papai. Prometo fazer o possível para não acontecer de novo. Pretendo conversar com ele sobre isso, porque estou na casa da vovó desde sábado, e não o vi. Só a minha mãe e o Hugo, que foram me visitar. Nós vamos continuar sendo amigos, não vamos? – acrescentou, olhando para Scorpius com os olhinhos azuis brilhando em expectativa. Não queria deixar de conviver com ele. Jamais. Era uma das melhores companhias que tinha. Era impossível imaginar qualquer coisa em sua vida em que Scorpius não se fizesse presente dali em diante.


Em resposta, Scorpius ficou em silêncio e desviou o olhar, pensativo. Brincava com o sorvete, sem realmente tomá-lo. Rose apenas o encarava, em expectativa. Aquele silêncio a corroía por dentro. Tinha medo do que ele responderia. Estava demorando muito.


- Sim, Rose – respondeu, por fim, com um suspiro cansado – Nós vamos continuar sendo amigos.


- Ah, Scorpius, que bom! – disse Rose, levantando-se de um salto e fazendo Scorpius se levantar também, para abraçá-lo bem forte. – Você não sabe o quanto isso me deixa feliz. – comentou, ainda abraçada a ele, sentindo o reconfortante cheiro da colônia que o loiro usava.


- Que bom, Rose – disse, simplesmente, retribuindo o abraço na mesma intensidade.


Daí em diante, até terminarem o sorvete, Rose não parou de falar um minuto. Estava muito, muito feliz. Já sabia o que faria em relação ao pai. E era ótimo, perfeito, saber que Scorpius continuaria com ela.


- Você vai ao meu aniversário, não vai, Scorpius?


- E o seu pai? – perguntou, apreensivo.


- Isso é problema meu; eu resolvo, ok? – disse, rapidamente.


- O que você quiser, Rose – disse, distraído, deixando a ruiva ainda mais contente.


Depois que terminaram os sorvetes, Scorpius pagou por eles e acompanhou uma Rose saltitante até a loja das primas. Quando chegaram à porta, o loiro disse:


- Te vejo depois, Rose. Fica com Deus. – disse, começando a se afastar.


- Scorpius? – chamou Rose, o que o fez se voltar para ela novamente – Eu te adoro! – disse, beijando a bochecha dele.


Ele sorriu e a fitou, cuidadosamente. Estava com um olhar estranhamente infeliz. Tocou o rosto de Rose, com a maior delicadeza possível.


- Eu também te adoro, sua linda.


- Obrigada pelo elogio – disse Rose, corando. Scorpius afastou a mão. – Tchau, Scorpius – falou, tirando as chaves do bolso.


- Tchau, Rose – respondeu, indo em direção ao Caldeirão Furado.


Quando abriu a porta, Rose descobriu que Lana tinha acabado de pagar pelos uniformes e estava indo embora com um embrulho na mão.


- Tchau, nerd horrorosa – falou ela, maldosamente, quando passou perto de Rose, que nada respondeu.


A ruiva trancou a porta novamente e foi ajudar as primas a guardar as roupas que Lana fizera Roxanne tirar das prateleiras, escutando as reclamações dela e de Lily, inconformadas com as atitudes da “bruxa, em todos os sentidos”, conforme classificação de Roxanne. Depois disso, voltaram para a Toca por meio da Rede de Flu, encontrando a sra. Weasley já preocupada com a demora das netas.


- Precisavam ter demorado tanto? – disse, indignada, ao ver as três saírem uma a uma de dentro da lareira.


- Calma, vovó, não demoramos porque quisemos, e sim porque apareceu uma cliente irritante quase na hora de a loja fechar – disse Roxanne, jogando-se no sofá, cansada.


- Pois bem, é hora de tomar banho para jantar. Agora! – disse a sra. Weasley ameaçadoramente. Ninguém pensou duas vezes antes de seguir a ordem da senhora.


O jantar foi divertido. As meninas conversaram pouco, mas riram bastante com Charlie, Charlotte e o sr. Weasley, sempre alfinetando o filho para saber “quando seria o casamento”. Depois de se empanturrarem bastante, a sra. Weasley e Charlotte expulsaram veementemente as primas ruivas da cozinha, dizendo que, depois de um longo dia de trabalho, deviam descansar e não lavar louça.


Cansadas demais para questionar, as três escovaram os dentes e foram dormir. Lily apagou as luzes e cada uma se deitou em uma cama. Rose não estava exatamente com sono. Por isso, contentou-se em ficar calada para não atrapalhar o sono das primas, enquanto observava as centenas de estrelinhas que brilhavam no teto do quarto, presente do sr. Weasley do dia em que visitara lojas trouxas com os srs. Granger.


- Lily? – chamou Roxanne.


- Pois não? – respondeu a mais nova.


- Rosie, você está dormindo? – disse Roxanne, baixinho.


- Sim, Rox. E tenha cuidado comigo, sou sonâmbula. – disse Rose, sem tirar os olhos do teto.


- Haha. Muito engraçadinha, você – disse Roxanne, deitando-se de lado.


- Rox, por que você me chamou, mesmo? – interrompeu Lily.


- Só para ver se você já estava dormindo.


- Surpresa: não estou com sono – disse Lily.


- Então podemos conversar! – disse Roxanne – Rosie, o que o Scorpius queria com você?


- Que milagre! A pergunta veio de você, Rox, e não da Lily – comentou Rose, sorrindo.


- Ei! Eu estou ouvindo, ok? – disse Lily, fingindo-se indignada.


- Bem, o Scorpius queria conversar sobre os acontecimentos de sábado. – falou Rose, ignorando o que Lily dissera.


- E você pode fazer o favor de nos explicar o que aconteceu? – pediu Roxanne.


Rose suspirou. Sabia que, hora ou outra, teria que voltar nesse assunto. Mas as coisas podiam ser mais fáceis com o seu pai. Talvez não fosse tão difícil ter que falar sobre isso. Então, sem mais delongas – sabia que Roxanne e Lily deviam estar se corroendo de curiosidade, já que estavam tão caladas – começou a contar tudo, desde o momento em que Ron entrara na cozinha aos berros. Depois, contou a conversa que tivera com Scorpius – não que tenha sido propriamente uma conversa, já que só ela falou quase o tempo todo.


- ... e foi isso. – finalizou Rose, depois de longos quinze minutos em que não havia sido interrompida uma única vez. Silêncio. – E então, não vão falar nada? – perguntou, surpresa.


Mais silêncio. Rose teve certeza de que, se as luzes estivessem acesas, conseguiria ver Roxanne e Lily trocando um olhar significativo.


- Bem, Rosie, acho que o Scorpius é apaixonado por você. – disse Roxanne, simplesmente, fazendo Rose sentir o coração afundar.


- Eu não acho. – disse Lily, na mesma hora, fazendo o coração de Rose ficar um pouco mais leve. – Eu tenho certeza absoluta. – acrescentou, o que fez o coração da prima afundar mais uma vez.


*


Nos dias que se seguiram, Rose não conseguiu tirar as palavras das primas da cabeça. Passou alguns dias sem falar com Scorpius, apenas refletindo sobre tudo o que haviam passado juntos. De alguma forma, não conseguia seguir a linha de raciocínio de Roxanne e Lily, que, desde então, não haviam falado mais nada. Pensava, também, nas coisas que Hugo dissera quando a visitara na Toca, mas simplesmente não conseguia ligar os pontos que todos haviam ligado.


Nesse meio tempo, Victoire e Dominique voltaram da lua de mel mais felizes do que nunca, liberando as primas mais novas do trabalho na loja, e Ron pediu desculpas – meio desastradamente – à filha, mas ressaltando que não gostava dos Malfoy, e talvez nunca conseguisse fazê-lo, e também não entendia a amizade da princesinha dele com a doninha dois, mas os aturaria se era aquilo que Rose queria. Desculpou-se, ainda, por tê-la chamado de mestiça. Sem pensar duas vezes, Rose aceitou o pedido de desculpas do pai e voltou para a casa em um subúrbio trouxa de Londres, sendo recebida com festa pela mãe, pelo irmão e pelo próprio pai, além dos vizinhos queridos – seus tios Potter e os primos.


Helen Granger agora visitava a neta diariamente, para planejar a festa de aniversário em todos os detalhes possíveis, desde a decoração do salão de festas até que tipo de guardanapo seria mais interessante colocar nas mesas, o que deixou Rose claramente assustada – não sabia que existiam tantos tipos de guardanapos diferentes. Lily, obviamente, sabia, e estava ajudando a sra. Granger com bastante entusiasmo, assim como Roxanne, que vez ou outra visitava Rose para saber como estavam indo todos os preparativos. Victoire e Dominique tinham se oferecido para fazer o vestido de aniversário da prima e a visitavam semanalmente para tirar medidas e fazer as provas necessárias. Pelo jeito, iam se lançar na linha de vestidos de noivas, daminhas, debutantes, festas e afins sob encomenda, já que seus vestidos de casamento tinham feito bastante sucesso entre as leitoras do Semanário das Bruxas.


Como se já não fosse o bastante, Rose recebeu as notas dos NOMs – todas eram “ótimo”, exceto em DCAT , o que fez com que ela ficasse desolada – e ainda tinha que treinar a valsa com os avôs, o pai, o padrinho (Charlie), o irmão e o namorado.


- Onde está o Glenn, Rose? – quis saber a sra. Granger no dia do primeiro ensaio, no quintal da casa da neta.


- Foi embora, vovó. Para a Colômbia – disse, surpreendendo a si mesma ao ver que já não fazia muita diferença saber se ele voltaria ou não.


- Mas... com quem vai dançar, então? – perguntou, desolada, a sra. Granger – Não vai ser a mesma coisa sem a valsa do namorado.


- Não olhe para mim! – disse James, saindo correndo de volta para a própria casa.


- Eu posso dançar com a Rose – sugeriu Alvo, aproximando-se.


- Alvo, obrigada, mas seria mais interessante se a Rose dançasse com alguém que não fosse da família, sabe? Um amigo, talvez – respondeu a sra. Granger, visivelmente chateada.


- Não podemos pular a parte da valsa? – sugeriu Rose, esperançosa – Sabe, vovó, não gostei dessa parte.


- Tenho a solução, sra. Granger! – disse Lily, animada.


- Sim, Lily?


- A Rose pode dançar com o Scorpius! A senhora se lembra dele? Estava no casamento de Teddy. Um rapaz bem loiro... – ia dizendo Lily, ao mesmo tempo em que Rose sentia o estômago afundar, sem saber o porquê.


- Boa ideia, Lily! – disse a senhora, animada. As orelhas de Ron ficaram levemente vermelhas, mas ele nada disse. Hugo arregalou os olhos. – Rose, você vai dançar a valsa do namorado com Scorpius. Se ele aceitar, é claro.


- Mas... – balbuciou Rose – Não somos namorados.


- Não iremos falar que são namorados! – respondeu a avó.


- Vou conversar com Scorpius agora mesmo pela Rede de Flu para ver se ele aceita. – disse Alvo, indo em direção à casa em que morava.


- Alvo, não! – gritou Rose, mas o primo não lhe deu ouvidos.


- Pede para ele vir daqui a uma hora, mais ou menos, se não estiver ocupado – disse a sra. Granger para Lily, que ia correndo atrás do irmão. 


- Problema resolvido, Rosie – disse a sra. Granger, feliz – Vamos continuar o ensaio, Ron?


A ruiva continuou ensaiando com o pai por vários minutos, sem fazer grandes progressos. Sua mente estava longe dali e, obviamente, a de seu pai também, tal era a irritação que ele aparentava estar segurando. Lily e Alvo só voltaram bem depois, já acompanhados de Scorpius.


- Boa noite, sra. Granger, sr. Weasley – cumprimentou o loiro, educadamente, ao se aproximar – Oi, Rose, Hugo.


- Boa noite, Scorpius – cumprimentou a sra. Granger, animada.


- Boa noite – disse Ron, entrando em casa.


- Oi, Scorpius – disse Hugo, simplesmente, seguindo o pai.


Rose não conseguiu responder. Sua boca estava estranhamente seca. Apenas fitava Scorpius, de longe, observando-o conversar animado com sua avó, que o agradecia pela gentileza a cada minuto. Foi por isso que se assustou ao vê-lo de frente para ela, tão perto, dali a poucos segundos.


- Rose? – chamou ele, sacudindo a mão na frente do rosto da ruiva – Você está aí? – perguntou, divertido.


- Claro que estou! – respondeu, nervosa, piscando várias vezes seguidas.


- Vamos começar, Rose. A coreografia com ele é mais complicada. Vocês vão começar dançando valsa, a música vai mudar de repente para uma mais animada e aí vocês finalizam a apresentação. – explicou a sra. Granger, animada. – Vamos fazer hoje só a valsa; parece que você ainda não aprendeu direito como é.


Alvo e Lily sentaram-se em cima da mesinha de madeira que havia a um canto e olharam para Rose e Scorpius em expectativa. De dentro da casa, Ron, Hugo e Hermione se aproximaram da porta dos fundos para assistir à dança. A sra. Granger se afastou um pouco para observá-los de todos os ângulos e avisou que podiam começar com o básico, apenas.


Delicadamente, Scorpius envolveu a cintura de Rose com um dos braços, puxando-a para bem perto de si, ao mesmo tempo em que segurava uma das mãos da ruiva com a mão livre. Ela sentiu uma corrente elétrica passar por todo o corpo enquanto pousava a mão livre sobre um dos ombros do rapaz. Tinha receio de não conseguir fazer o que a avó esperava. Mas, antes que pudesse raciocinar direito, Scorpius começou a mover-se lentamente, levando-a junto de si. Rose sentia como se flutuasse sobre o gramado, tal era a destreza com que ele a conduzia. Dançar com ele era fácil, confortável, certo. Ele a fitava com intensidade e ela lhe devolvia o olhar da mesma forma, o cinza no azul. Sem que a ruiva percebesse, sua avó colocou uma música de valsa. Em determinado momento, Scorpius começou a fazer passos mais ousados, que ela desconhecia, mas executava com perfeição porque ele a conduzia, pacientemente, sem pressa. Mas Rose não percebia exatamente o que fazia. Queria apenas sentir seu corpo junto ao de Scorpius no ritmo em que dançavam, porque, verdade seja dita, aquilo era simplesmente perfeito. Não havia outra palavra para descrever o que representava. Bom parecia pouco demais. Normal também não se encaixava. Perfeito, sim. Talvez fosse uma palavra um pouco pesada. Mas não nesse caso. Não quando havia tanta coisa acontecendo a partir de simples gestos.


Foi quando Rose começou a ouvir aplausos entusiasmados de Alvo, Lily e da sra. Granger que se deu conta de que Scorpius e ela haviam parado de dançar e a realidade os chamava de volta. Sua avó parecia satisfeitíssima com o que vira. Ron não moveu um músculo; seu rosto estava inexpressivo. Hermione parecia levemente preocupada. Rose corou e se afastou de Scorpius lentamente.


- Bravo, Rose, bravo! – dizia a sra. Granger, alegre. – Pena que não posso ficar mais, tenho que ir embora porque combinei que sairia com seu avô...


Rose não estava mais escutando a avó tagarelando ao seu lado. Seu olhar azul encontrou os olhos do pai, que, sem dizer palavra, entrou em casa. Olhou para a mãe, que sorriu, encorajando-a, e em seguida foi atrás de Ron. Hugo se aproximou da irmã e a abraçou. Alvo e Lily conversavam com Scorpius, querendo dicas de dança. E ela não sabia o que fazer, pela primeira vez na vida. Já ficara sem palavras, é verdade, mas nunca antes ficara em dúvida a respeito do que fazer. Ainda bem que Hugo a abraçava. Caso contrário, sentia que poderia cair a qualquer instante.


- Tudo bem, Rose? – perguntou a sra. Granger.


- Me desculpe, vovó, não entendi. – respondeu, soltando-se de Hugo e voltando as atenções para a avó.


- Amanhã só haverá ensaio com você e o Scorpius, está bem? A coreógrafa virá amanhã para marcar direitinho os passos da valsa e da outra coreografia que vocês farão.


- Tá certo. – respondeu a ruiva, sentindo um nó na garganta.


- Até amanhã, então, Rosie – disse a senhora, beijando a testa da neta ternamente. Ela se virou para se despedir de Hugo, e Rose se afastou para avisar a Scorpius sobre os próximos ensaios.


Depois de dez minutos – que para a ruiva pareceram dez horas – Scorpius, Alvo e Lily foram embora e o elfo da casa, Mary, chamou-os para jantar. Foi um jantar silencioso. Rose estava perdida nos próprios pensamentos, e Ron parecia que estava do mesmo jeito. Hermione e Hugo pareciam não saber se deveriam falar algo. Após jantar, Rose tomou um demorado banho e se jogou na cama. Nem bem tinha deitado quando Angie apareceu, trazendo uma pesada carta no bico – um rolo inteiro de pergaminho!


Ao abri-la, viu que era de Glenn e começou a lê-la. Ele explicava tudo a respeito da escola e do time de quadribol, mais ou menos da mesma forma que Hugo a contara dias antes, com mais detalhes. Glenn havia sido o último convocado da lista de espera e teve um dia só para viajar até a Colômbia e efetuar a matrícula, tendo as aulas e treinos começados no dia seguinte e, por essa razão, não conseguira comparecer ao casamento, com o aval de Matt. Ele se desculpava também por ter ido com tanta pressa que não conseguira entrar em contato com Rose a tempo, já que ela estava ocupada com os ataques histéricos de duas noivas em crise. Dizia, também, que assim que tivesse folga iria visitá-la – fosse em casa ou em Hogwarts. E se desculpava, enfim, pela situação em que deixara o namoro e por não poder ir ao Sweet Sixteen de Rose, e dizia que, pela distância, não daria para continuarem o namoro – apesar de amá-la demais – e que ela não deveria se sentir presa a ela de forma alguma, apesar de ainda terem muito que conversar.


Cansada, Rose simplesmente jogou a carta no chão de qualquer jeito e acariciou as penas de Angie em agradecimento pela longa viagem que a coruja fizera. Se antes estava com a cabeça cheia, agora não conseguia pensar em nada mais. Optou por tentar não se preocupar tanto quanto antes e adotar a filosofia de “o que tiver de ser, será”. Adormeceu vencida pelo cansaço mental que sentia.


*


O mês de agosto foi bastante movimentado para Rose, cheio de ensaios de valsas, provas de vestidos, visitas a buffets, provas de doces, salgados, sucos, coquetéis e bolos. A ruiva se sentiu aliviada quando sua avó pediu que fizesse a lista de convidados, porque significava uma coisa: estavam acabando os preparativos das festas. Fez duas listas: uma, com os nomes dos convidados bruxos; e a outra, com os convidados trouxas – principalmente amigos dos avós Granger, familiares distantes e os colegas que tinha na escola trouxa primária.


Quanto a Scorpius, toda a tensão que acontecera no primeiro ensaio não aconteceu nos seguintes, porque Rose evitava, deliberadamente, encará-lo. Tinha medo do que pudesse acontecer entre eles. Tentava – e estava conseguindo – não se preocupar tanto, e sua relação com Scorpius estava melhor do que nunca, como a de dois melhores amigos.


No dia da festa, Laura e Miguel chegaram à casa de Rose por volta de meio-dia, o que a deixou extremamente alegre. Durante todo o tempo, Rose, Laura, Roxanne e Lily ficaram confabulando a respeito do que aconteceria na festa, principalmente com o reencontro com os antigos colegas de escola, que haviam, todos, confirmado presença.


Depois de várias horas se arrumando, Rose ficou, finalmente, pronta. Seus cabelos ruivos estavam presos em um coque charmoso e feminino, com fios ruivos soltos em lugares estratégicos, a franja de lado. Usava um vestido azul feito pelas primas, da exata cor de seus olhos, longo e rodado, com poucas anáguas e bem marcado na cintura. Nos pés, embora cobertos pela saia do vestido, sapatos pretos de salto alto, com tiras fininhas. A maquiagem, impecável, apenas valorizava os traços delicados do rosto da moça e dava destaque aos olhos muito azuis.


Junto com os pais e os avós Granger e Weasley, Rose recebeu os convidados à entrada do salão de festas com um sorriso no rosto. De fato, não quisera aceitar a festa em um primeiro momento, mas estava gostando bastante de ver a família toda ali com seus novos integrantes – Ted e Matthew –, além de ver seu pai sendo educado com os Malfoy, ver Neville com Hannah, Frank e Alice fora da escola (nada de prof. Longbottom), ver vários colegas de Hogwarts e, principalmente, ver os antigos colegas de escola – Brad, Gemma, Rachel, Joe, Liz, Greg, Mark, Nicholas, Maggie, Alan, Stephanie, Edward, Ramon, Cindy, Melissa, Clark, Monica, Daniel, Landon, Michael, Jessica, Isabel, Junior, Linda...


Rapidamente, chegou a hora da valsa. Rose viu a avó subir no palco em que, mais tarde, uma banda tocaria, e avisar o que aconteceria a seguir.


- Boa noite, senhoras e senhores – começou a sra. Granger.


- E senhoritas! – gritou Cindy, de longe, arrancando risadas dos presentes.


- Boa noite, senhoras, senhores e senhoritas – começou a sra. Granger novamente, corrigindo-se. – Peço a atenção de todos por alguns momentos. Apresentaremos, agora, a valsa do Sweet Sixteen de nossa Rose.


A música de valsa começou a tocar e Rose entrou na pista de dança segurando a mão do sr. Weasley de forma graciosa; o senhor sorria. Começaram a dançar.


- A valsa do avô paterno, Arthur Weasley. – explicou a sra. Granger.


Instantes depois, o sr. Weasley se retirou e o sr. Granger se aproximou.


- A valsa do avô materno, Robert Granger. – e assim se seguiu, com a sra. Granger anunciando:


- A valsa do pai, Ronald Weasley.


- A valsa do padrinho, Charlie Weasley.


- A valsa do irmão, Hugo Weasley.


- A valsa de Scorpius Malfoy, namorado. – neste momento, o salão se encheu de burburinhos. Rose ficou estática, esperando Scorpius entrar. Não podia acreditar no que a avó acabara de falar. A um canto, Ron fechou o semblante. – Perdão... Scorpius Malfoy, amigo. – corrigiu-se a sra. Granger, mas já era tarde. O burburinho já havia tomado conta de todo o salão, em nível maior. Só foi silenciado quando Scorpius e Rose começaram a dançar.


Ela evitava encará-lo, com todas as forças. Mas não conseguiu por muito tempo. A voz de sua avó ressoou em sua mente, do mesmo modo que ela dizia nos ensaios: “Encare o Scorpius, Rose. Assim a valsa fica mais bonita”. E Rose ergueu a cabeça, altivamente, fitando os olhos cinzentos do rapaz. E não se arrependeu. Se havia uma palavra que descrevesse aquele momento, Rose diria: magia. Pura e simplesmente. Deixou-se levar por Scorpius, do mesmo modo que no primeiro ensaio. E desejou internamente que aquele instante nunca acabasse.


Mas a música eletrônica começou a tocar em poucos minutos, e Scorpius puxou a saia de anáguas de Rose, tal como combinado nos ensaios, fazendo o longo vestido azul transformar-se em um vestido azul mais curto, deixando as pernas da ruiva à mostra. Ela sentiu um arrepio em todo o corpo quando começou a mover-se junto do rapaz. Quando fizeram a pose final no término da música, o salão prorrompeu-se em aplausos entusiasmados. A dança dos dois jovens fora linda.


Antes que pudesse dar dois passos, porém, Rose deu de cara com a avó, que a puxava para o lado, dizendo:


- Ah, querida, me perdoe! Esqueci completamente que você e o Scorpius não são namorados. Mas vocês tem uma ligação tão bonita, se entendem tão bem, que...


- Não tem problema, vovó. Não faz mal. – mentiu Rose, ainda incomodada. – Vou ver como estão meus colegas, sim?


Quando se afastou da avó, ela foi engolfada pela multidão de colegas da escola trouxa, e a primeira a se manifestar foi Cindy:


- Rose! Será possível? Como você escondeu um gato desses da gente?


- Na boa, amiga, ele é bem mais interessante que aquele tal de Glenn – disse Gemma, com uma careta engraçada.


- Pessoal! A Lily disse que a Rose não é namorada dele! – interveio Stephanie – Que a avó da Rose apenas se confundiu, e só.


- Ah, Steph, conta outra, né? Qualquer um que visse os dois juntos diria que são namorados! – protestou Cindy.


- Sinceramente, eu nunca vi nada assim. – comentou Rachel.


- O que seria “nada assim”, Rach? – perguntou Isabel, curiosa.


- Confundir o amigo da neta com um namorado, e duas pessoas parecendo tão ligadas uma na outra como a Rose e o Scorpius. – respondeu Rachel.


- PESSOAL! POSSO FALAR, POR FAVOR? – gritou Rose, já que a banda começara a tocar – Minha avó mandou um DJ vir para tocar para a gente numa pequena boate ao lado do salão de festas principal, vamos para lá?


As colegas aderiram à ideia, entusiasmadas, o que fez Rose sentir um imenso alívio. No caminho, percorreu o salão com os olhos, à procura de Scorpius. Ele conversava com Alvo e Hugo a um canto, parecendo muito absorto na tal conversa.


Depois de muito tempo alternando danças com as amigas e conversas breves com os convidados, Rose foi até o balcão de bebidas e pediu uma taça de hidromel. Em seguida, saiu para o jardim do salão e se sentou em um dos banquinhos que havia lá.


- Pensando na vida, Rose? – perguntou Alvo, sentando-se ao lado da prima.


- É. Pensando na vida – respondeu, olhando para o céu estrelado. Ele não fez mais perguntas. – Alvo... – começou, devagar. Sabia que poderia perguntar ao primo o que quisesse, sem ser julgada. E aquela pergunta martelava em sua mente há um bom tempo. – Você acha que a vovó errou de propósito ao dizer que o Scorpius era meu namorado?


- Não sei, Rose. Não faço a menor ideia. – disse, sinceramente – Não conheço a sra. Granger o suficiente para saber de que jeito ela pensa. Você pode perguntar à tia Mione. Acho que ninguém melhor que ela para responder.


Rose assentiu, silenciosamente.


- Al... a Cindy e a Rachel disseram que Scorpius e eu parecíamos um casal de namorados dançando. – disse, cuidadosamente, sem saber como prosseguir.


- E você concorda com elas, Ro? – quis saber Alvo, curioso.


- Não sei... – respondeu, mordendo o lábio inferior. – Quero dizer, eu não estava olhando de fora, sabe? Fica meio difícil de saber!


- E a opinião delas tem importância para você? – depois disso, Rose encarou o primo pela primeira vez desde que ele se sentara ao lado dela. Os olhos verdes dele eram apenas curiosos.


- Bem, elas sempre foram muito perspicazes, mesmo quando a gente era criança. E, além disso, a Lily e a Roxanne disseram que o Scorpius está apaixonado por mim.


- E você acha que Lily e Roxanne tem razão?


- Al, eu não sei de mais nada, eu estou tão confusa! – desabafou, abraçando o primo com força. – Para mim, essa é só mais uma ideia maluca delas, mas quando todo mundo começa a falar a mesma coisa, há um fundo de verdade!


- Hei, Rose, cuidado aí ou você me esmaga – disse Alvo, em tom brincalhão, mas sem deixar que a prima o soltasse.


Depois de longos instantes, Rose se afastou do primo.


- Desculpe, Al. Eu não deveria ficar te incomodando com bobagens. – disse, enxugando as lágrimas que teimavam em cair, vagarosamente.


- Rosie, você sabe que não me incomoda. E que isso não é bobagens. Por que você não me diz, exatamente, o que está te incomodando? – falou o rapaz, olhando a prima, preocupado.


A ruiva respirou fundo várias vezes antes de dizer:


- O Scorpius me disse uma vez que estava apaixonado por uma menina.


- Ele não disse quem era?


- Não. O papai chegou e fez aquele escândalo. Desde então, ele não voltou ao assunto.


- E você não quis saber quem era? – perguntou Alvo, curioso.


- Bem... – começou Rose, torcendo as mãos no colo, nervosamente. – Eu fiquei com medo da resposta dele, e resolvi não perguntar mais. E se for uma menina malvada da Sonserina que quebre o coração dele? E se for a Laura? Pior de tudo: e se for Lana Grover? Eu não iria suportar.


- Por que seria tão ruim o Scorpius ser apaixonado pela Laura?


- Porque o James é apaixonado por ela! – respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.


- Já passou pela sua cabeça que essa menina pode ser você? – disse Alvo, despretensiosamente, mudando um pouco o rumo da conversa.


- Al, mas... isso seria tão errado! Quero dizer, Scorpius e eu somos amigos. Eu não quero perdê-lo! - respondeu, desesperada.


- Você não iria perdê-lo, Rosie. Seriam namorados. – corrigiu o moreno, displicentemente. – Nunca imaginou essa situação?


- Nunca. – respondeu a ruiva, baixinho, sem conseguir visualizar um cenário em que ela e Scorpius fossem namorados.


- Você é apaixonada pelo Scorpius, Rose? – quis saber Alvo, curioso para ver a reação da prima.


- Que ideia, Al! – respondeu ela, sobressaltada. O coração parecia pular no peito. – Já te falei que somos amigos; e só.


Silêncio.


- Por que você não conversa com ele, Rosie? Com o Scorpius? A respeito de tudo isso? – sugeriu Alvo.


- Porque... é ridículo, mas... eu tenho medo do que ele pode dizer. E não sei por quê. – sussurrou, envergonhada.


Mais silêncio.


- Por que você não volta para a sua festa, Rose? – sugeriu ele, sorrindo – Hoje o dia é seu.


- Você vem comigo? – pediu Rose.


- É claro que sim, priminha – respondeu, lembrando-a, irresistivelmente, de James.


Juntos, levantaram-se e voltaram para a boate do salão de festas. No caminho, encontraram James e Laura se beijando e, mais à frente, Roxanne e Miguel.


- Parece que algumas pessoas resolveram tomar algumas atitudes – comentou a ruiva com Alvo, sorrindo.


O restante da festa transcorreu sem grandes novidades ou acontecimentos. Rose pouco se aproximou de Scorpius, tal era a quantidade de pessoas que a procuravam de minuto em minuto. Por causa disso, a companhia do rapaz durante a noite foi de Alvo e de alguns colegas dele e de Rose da escola trouxa.


Depois que os convidados foram todos embora, Rose voltou para casa com os pais, Hugo, Laura e Miguel – os pais dos gêmeos estavam no Brasil, cuidando de alguns problemas nas empresas da família. Laura dormiria no quarto de Rose, no sofá-cama, ao passo que Miguel faria o mesmo no quarto de Hugo.


Animadíssima com os acontecimentos do Sweet Sixteen de Rose, Laura não parou de tagarelar um minuto sequer sobre James. Só foi obrigada a parar quando Hermione levantou-se e disse, muito severamente, que já tinha passado – e muito – da hora de dormir, afinal, todos teriam que acordar cedo na manhã seguinte para voltar para Hogwarts e não podiam, em hipótese alguma, perder o trem. Ela disse o mesmo para os meninos, o que fez Rose supor – corretamente – que Miguel também estava tagarelando sem parar sobre Roxanne. Depois da bronca de Hermione, contudo, não se ouviu mais nenhum pio na casa. Ninguém era maluco o suficiente para contrariar Hermione Granger-Weasley.


No dia seguinte, Ron os acordou com uma música country ligada no volume máximo no aparelho de som que havia na sala.


- Por Deus, papai, você quer matar a gente de susto? – resmungou Rose, escondendo-se debaixo dos lençóis, sem a mínima vontade de se levantar.


- Levante-se, florzinha, ou sua mãe vai acabar explodindo de preocupação. – disse Ron, entrando no quarto da filha com estrondo. – Aliás, preciso parabenizar o Harry pela ideia da música. É simplesmente GENIAL! – acrescentou, com os olhos brilhando. – Anda logo, filha, já são nove e meia.


 - Nove e meia? – repetiu, chocada, levantando-se de um salto.


Depois de muita correria para um lado e para o outro, depois de muitos cookies voando pela casa afora e de muitos pios indignados de corujas que não estavam nem um pouco felizes em estarem dentro de gaiolas apertadas que, várias vezes, caíram no chão, Rose, Hugo, Laura e Miguel conseguiram, finalmente, acomodar-se no banco traseiro do carro de Ron, já devidamente ampliado por magia. Chegaram à plataforma faltando cinco minutos para as onze horas, sob os protestos de Hermione de que “todo ano era a mesma coisa”, resmungos que só foram silenciados quando os Potter apareceram por ali faltando apenas um minuto para as onze horas. “Está vendo, Hermione? O James sempre é o mais dorminhoco de todos”, comentou Ron, visivelmente feliz.


Ainda correndo, os Weasley, os Potter e os Hohenzollern levaram seus malões para a cabine em que Scorpius e Roxanne já estavam devidamente instalados, enquanto Draco zoava Harry por quase ter deixado que os filhos perdessem o trem – os adolescentes mal tiveram tempo de se despedir dos adultos, pois, uma vez guardados os malões, o Expresso de Hogwarts partiu. Mas conforme Scorpius disse a Rose e Alvo, não entendia exatamente por que o pai estava se gabando, uma vez que ele chegara a King’s Cross faltando dez minutos para as onze horas.


Depois de se cumprimentarem, James sumiu com Laura, e Miguel, com Roxanne, deixando Rose, Scorpius, Alvo, Lily e Hugo na cabine. Minutos depois, porém, Rose e Alvo deixaram a cabine, para participar da reunião dos monitores de início de ano letivo e quando voltaram, juntaram-se a Scorpius, Lily e Hugo em um jogo de Snap Explosivo com um baralho da Gemialidades Weasley.


Quando chegaram a Hogwarts, finalmente se encontraram novamente com James, Laura, Roxanne e Miguel, ao que Lily resmungou algo parecido como “eu sabia que isso ia acontecer” e cada um se sentou à mesa da Casa a que pertencia. Findo o banquete, todos tomaram o caminho para o seu respectivo dormitório, incluindo Rose e Alvo, que tinham sido liberados de levar os alunos do 1º ano até a Torre da Grifinória, tarefa que seria cumprida pelos novos monitores do 5º ano.


- Ei, Rose! ROSE! – chamou Scorpius, tentando abrir espaço no meio da multidão para chegar até ela.


A ruiva se virou, curiosa, para ver o que o rapaz queria:


- O que foi, Scorpius? – perguntou quando ele, finalmente, conseguiu se aproximar dela o suficiente para ouvi-la.


- Vim desejar um feliz aniversário – explicou, sorrindo, e, no instante seguinte, Rose se viu envolvida pelos braços fortes de Scorpius e pelo cheiro delicioso da colônia que ele usava. – E entregar o seu presente, afinal, essa é a melhor parte de ficar mais velho, não acha? – acrescentou, soltando-a, ainda sorrindo.


- Obrigada, Scorpius, mas não precisava se incomodar em me trazer um presente – disse, encabulada, enquanto os corredores ao redor deles se esvaziavam cada vez mais. – Já me deu um ontem.


- Não, senhorita. Aquele era dos meus pais. Porque eles não teriam a oportunidade de ver você no dia do seu aniversário de verdade, que é hoje. Mas como eu tenho esse privilégio... aqui está. – falou, tirando uma caixa pequena de dentro do bolso interno da capa. – Só não entreguei antes porque não queria uma plateia me observando, principalmente a Lily. Você a conhece, ela não para de falar um minuto e provavelmente teria uma ideia maluca qualquer a respeito do presente...


Rose não estava mais escutando. Tinha aberto o presente. Era um globo daqueles que tem a miniatura de um lugar dentro deles, e com água. Era a miniatura de Hogwarts. A ruiva balançou o globinho, curiosa. Não era mais apenas Hogwarts. Era Hogwarts em uma noite de céu estrelado. Tinha até uma estrela cadente.


- Scorpius, eu... – murmurou Rose. Não sabia o que dizer. Era, de longe, o melhor presente que tinha ganhado de dezesseis anos, e ainda nem abrira todos. Era perfeito. – Obrigada. – disse, abraçando-o com uma força que nunca imaginara ter.


- Você merece, Rose. Merece tudo de bom. Principalmente porque está ficando mais velha; precisa de um consolo.


- Ei! – protestou ela, batendo nas costas dele.


- Ai, garota! Ficou doida, é? – disse Scorpius, em tom de brincadeira, afastando-se dela.


- Scorpius, eu... queria agradecer também por você ter aceitado o convite de minha avó para dançar comigo, e também pedir desculpas por ela ter falado que éramos namorados. – falou Rose, recuperando a seriedade.


- Não tem problema, Rose. Me diverti bastante, tanto dançando quanto escutando sua avó falar que éramos namorados. Além do mais, sua festa foi divertida. Agora, precisamos dormir. Temos aula amanhã, correto? Boa noite – finalizou o loiro, dando um beijo na testa de Rose.


- Boa noite, Scorpius – respondeu, vendo ele se afastar. Os corredores estavam completamente desertos.


Rose olhou o globinho de novo, pensativa. Os presentes de Scorpius que sempre pareciam tão simples eram tão carregados de significados. Primeiro, uma rosa branca. Depois, um globinho de Hogwarts com um céu estrelado. Depois, pensou nele dizendo que tinha se divertido ouvindo a sra. Granger dizer que eram namorados. Roxanne e Lily dizendo que ele era apaixonado por ela. Suas colegas de escola trouxa, principalmente Cindy e Rachel, tidas como mais perceptivas, dizendo que ela e Scorpius pareciam um casal de namorados. A ruiva suspirou. Não conseguiria dormir àquela noite. Então, não tinha por que voltar ao dormitório. Resolveu ir para o seu refúgio: a Torre de Astronomia.


Lá, olhando o céu, acabou pegando no sono, depois de muito tempo perdida em pensamentos desconexos. E foi acordada não com os primeiros raios de sol batendo no rosto, mas com Filch dizendo, com uma alegria sinistra:


- Não disse, professor? Logo no primeiro dia, já temos uma aluna fora da cama!


Rose abriu os olhos de uma vez e se sentou, assustada. Filch estava acompanhado de Neville, que parecia estranhamente decepcionado.


- Obrigado, sr. Filch. Daqui para a frente, cuido eu. – disse Neville, com um olhar severo.


Insatisfeito, Filch saiu porta afora, resmungando.


- Prof. Longbottom, eu posso explicar – disse Rose, levantando-se e guardando o presente no bolso.


- Eu não quero explicações, Rose.


- Mas...


- Eu já disse que não quero explicações – repetiu ele, severamente. – O seu comportamento foi claramente inadequado. Principalmente vindo de você, que é monitora e uma das melhores alunas da Grifinória, se não a melhor. Devia dar o exemplo.


Houve uns instantes de silêncio.


- Vá para o seu dormitório, Rose. – ordenou Neville. – Não queira ser pega nos corredores depois do horário de dormir. Amanhã conversaremos sobre sua detenção. E Grifinória acabou de perder vinte pontos.


Sem dizer mais nada, Rose foi para o dormitório, conforme as ordens do professor. Não queria pensar em nada naquele momento. Deitou-se e dormiu, mas não tranquilamente. Foi a primeira a acordar e descer para o café. Estava quase terminando de comer quando James, Alvo, Lily e Hugo apareceram.


- Bom dia, Rosie! – disse James, animado.


- Bom dia, pessoal – respondeu ela, dirigindo-se a todos.


- Rose, você viu que absurdo? – começou Lily, claramente indignada – Grifinória já começou o ano com pontos negativos. Quem será que foi o tonto que fez isso?


- Eu – respondeu Rose, tristemente. Todos voltaram o olhar para ela.


- Você? – repetiu Hugo, abismado. – Rose Weasley?


- Sim, Hugo, eu. – confirmou ela.


- Minha priminha? – falou James, claramente chocado.


- Rose? – chamou Neville, aproximando-se. – Hoje à noite te espero na minha sala, para a detenção, sim? Você vai organizar uns arquivos da diretora que estão comigo. Não se atrase. Começaremos oito e meia.


Sem mais, Neville se afastou, deixando James, Alvo, Lily e Hugo claramente abismados, olhando para Rose, abobados.


- O que foi? – perguntou a ruiva, incomodada com os olhares de todos em cima de si. – Peguei uma detenção, não é o fim do mundo.


- Bem, talvez não seja o fim do mundo, priminha – disse James, com um sorriso maquiavélico formando-se no rosto – Mas é o fim da nossa aposta.


- Aposta? Que aposta? – repetiu Rose, sem entender, inicialmente, as palavras do primo.


- Você agora vai ter que dar um beijo daqueles no Scorpius – concluiu James, visivelmente feliz.


E então Rose se lembrou.


***


N/A.: finalmente, o capítulo 10! Gente, obrigada pela paciência e pelos comentários, de coração – foi meu recorde até agora, graças a vocês. Amei todos, todos! É hora de responder:


Lana Sodré: é sempre bom te ver por aqui! J E, ok, a Hermione pegou mal por não ter interrompido o Ron, mas eu achei meio que divertido inverter os papéis dele e do Draco. Amo os dois! Espero que goste deste capítulo também.


juliana vieira: pelo jeito, o Ron não está mais TÃO desequilibrado assim. Só Deus sabe o que aconteceu para ele pedir desculpas a Rose. Mas até onde será que o pobre coraçãozinho de pai preocupado aguenta? Tô louca para testar. Hauhauahauahua


Dark Moon: estou muito feliz em ter uma leitora de olhar crítico! *_* Ok, confesso que li o capítulo depois e achei que a parte mestiça/contaminar não faz muito sentido mesmo, mas, quando os ânimos se exaltam, bobagens aparecem em todos os cantos...


katiniss: adoro leitoras novas! *_* Me diverti bastante escrevendo a parte em que Rose e Scorpius eram pequenos; fico feliz em saber que gostou. Espero que também goste de ler a parte em que eles estão crescidos.


Dani_Ela: seja bem-vinda, Dani! Espero ver você por aqui sempre, e não se preocupe quanto à fic. Vou escrevê-la até o fim. Infelizmente, tive um lapso de tempo sem conseguir escrever e espero, do fundo do coração, que isso não se repita, porque gosto de postar todo mês.


Saki Malfoy: obrigada pelo carinho! É bom ver que as pessoas gostam da minha fic. Espero contar com suas opiniões sempre, viu?


nataaalia: bom te ver por aqui de novo! *_* E não se importe com o tamanho do comentário; amo quando vejo que uma leitora postou um comentário gigante e entusiasmado feito o seu; fico sorrindo de orelha a orelha! :D Vê se não some mais, tá? Me diverti muito com a história do “tapa de luva” do Draco no Ron. Huashuashuas


Ana CR: estou esperando você ler de novo, viu? Me avise quando ler este recadinho, viu?


Gente, obrigada por tudo! Vejo vocês no próximo capítulo!


                                                                                                             Beijos,


                                                                                                                           Luhna




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Comentários (10)

  • L.Oliveeira

    Primeiro: o James é meu! Laura que se cuide!!!Segundo: Ainda bem que o Ron parou com a gracinha... Eu hein.Geente! Que lindos! Para de negar, Rose. Voccê ama o Scorpius desde que ele ficara doente! Fica com ele tadinho *------*James não tem jeito, né? Realmente ele carrega o nomes dos dois maiores pegadores de Hogwarts AGGDSAUGDS Mas ele é meu, repetindo.Essa aposta... espero que ela não magoe o Scorpius...Amando! 

    2013-04-14
  • Dani_Ela

    Preciso dizer: Existe final melhor? Nem vou responder! Amei o capítulo inteiro, mas com certeza, tô " in love" com esse fim maravilhoso!! Não demora pra postar o próximo capítulo, se não vou enlouquecer!!

    2013-02-24
  • H. Granger Malfoy

    Kkkkkkkk, pode deixar que eu nao vou mais deixar de comentar!! Enfim, estou abismada com o fim da aposta, nao esperava que ela fosse pegar uma detencao por algo tao banal, me pegou desprevenida kkkk bom... E estou rezando pra q a rose nao seja burra de beijaro scorpius e n contar da aposta, porque é pbvio que ele é apaixonadopela rose, e iria ficar extasiado com um beijo dela, mas com certeza iria descobrir a aposta e ficar super magoado, e eu odeio ve-lo triste! Fico depressiva. Bom, voltandopara as partes alegres da fic, estou mtmtmmtt feliz com a ida do glenn para a colombia, menos um problema pra rose! Se bem q eu tenho impressao q essa conversa que ele quer ter com ela dps pode trazer problemas!  outra noticia feliz: os dois casais fofissimos formados nesse capitulo! finalmente se acertaram. Enfimmm... Confesso q fiquei com vergonha alheia na hr q a avo da rose disse q o scorps era namorado dela, nao q eu me incomodasse de te-lo como namorado! Mas n teriacara de  olhar pra ele. Que vergonha! Amoooo essa amizade entre eles dois, eles sao tao lindosq eu queria me mudar pra fic so pra roubar o lugar da rose! Kkkkkkk, comentario gigantesco novamente, ainda bem q vc gosta! Kkkkk  traga o novo capitulo logo pelo amor de Deus, soumuito ansiosa se tratando dessa fic, com certeza uma das melhores que eu leio! bjjs  

    2013-02-07
  • Lana Silva

    AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH nem acredito nisso. Rose perdeu a aposta. Tipo, tô altamente louca aqui kkkkk . Amei o capitulo, eu já ia falar que tava chateada com o Neville por isso, mas quando ele falou da aposto, eu fiquei radiante aqui, finalmente eles vão se beijar e tudo porque ela foi pega... Bem, eu amei mesmo o capitulo, fiquei maluquinha aqui com os acontecimentos, acho que a avó dela fez de proposito - depois das insinuações das meninas nem seria tão dificil assim falar que eles são namorados de proposito - e bem, aposto que assim que a Rose beijar o Scorpius vai descobrir que realmente gosta dele *-*Bjoos flr 

    2013-02-05
  • juliana vieira

    amei o capitulo. pensei no baile e neles dançando, deve ter sido lindo. espero que depois do beijo comece a rolar algo entre eles. estou torcendo por isso  e pelos dois. bjos pra vs e espero que não demore muito pra nos dar um proximo capitulo

    2013-02-05
  • Beatriz Facchin

    ahhhhhhhhhhh meu merlin posta o proximo capitulo logo pelo amor kk ta muuuito bom !

    2013-02-05
  • GabriielaMalfoy

    Quee dmss *-* Posta outro capítulo rápido *-* posta, posta (:

    2013-02-05
  • Ana CR

    Já li seu recado, Luhna! Accio capítulo 11!Me add no face para conversarmos!!!! 

    2013-02-05
  • Ana CR

    O CAPÍTULO ESTÁ LINDO, MAS EU QUERO MAIIIIISAMEI o globinho de Hogwarts!!!!!!!!!FINALMENTE, MEU POVO, SERÁ QUE NO PRÓXIMO CAPÍTULO SEREI ABENÇOADA COM UM BEIJO DE RW E SM????????Luhna, não queria ter que voltar as ameaças, mas eu quero o capítulo AGORAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! 

    2013-02-05
  • Saki Malfoy

    Ta simplismente maravilhosa a sua fic!!! A cada cap eu amo mais o modo como vc escreve!!! Ñ demore tanto para postar o proximo cap!! To doida pra ver a Rose dando um beijo daqueles no Scorpius!! kkk'

    2013-02-05
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