Reencontro



CAPÍTULO 5


 - REENCONTRO -


No instante seguinte, cinco pares de olhos caíram sobre Rose, intrigados. Roxanne foi a primeira a se manifestar:


- Rose, você está legal?


- ‘Tô sim... é o Malfoy, Roxanne, é ele! – disse, sem desviar o olhar das três pessoas que estavam na praia, agora conversando. No instante seguinte, Lily se postou em frente à prima, obstruindo sua visão.


- Rose, você tem certeza? – perguntou.


- Tenho – disse, incomodada – Gente, vocês acham que eu enlouqueci, é isso?


- Rose... – começou Hugo, cautelosamente – O Malfoy está morando na Noruega. Por que cargas d’água a gente iria encontrar ele aqui no Brasil?


- Eu não sei, Hugo... – respondeu, intrigada – Mas o mundo dá tantas voltas...


James e Alvo trocaram um olhar surpreso.


- Olá, pessoas! – disse uma voz feminina desconhecida. Imediatamente, todos se voltaram para ver quem era: a moça de cabelos pretos que há pouco estava lá longe, sentada na pedra, cantando. Distraídos, não tinham visto-a se aproximar. Era muito bonita. Seus cabelos pretíssimos contrastavam com a alvura de sua pele, e a cor dos olhos brincava entre o cinza e o azul. Sorria exultante para os Weasley, que a olharam sem entender nada.


- Quem é você? – perguntou Alvo, na lata.


- Laura Hohenzollern – disse, animada, cumprimentando um a um com um aperto de mãos. Ela cumprimentou Rose por último, dizendo: – Rose Weasley, certo? Meu amigo Scorpius fala muito bem de você.


Todos os olhares se voltaram para Laura, claramente chocados. Ela conhecia Malfoy? E desde quando ele falava bem de Rose?


- Falando no Scorpius, ele está ali na praia com o meu irmão, Miguel... por que vocês não vêm cantar um pouquinho com a gente? – continuou Laura, mas parou, dizendo: – Aliás, eu não sei o nome de vocês... que tal se se apresentassem antes de irmos?


Todos continuavam olhando para ela, abobados, até que Lily resolveu falar:


- Lily Potter.


- James Potter.


- Alvo Potter.


- Roxanne Weasley.


- Hugo Weasley.


- Ok – disse Laura, evidentemente satisfeita – Podemos ir, então?


Rose, sem pensar, seguiu a moça. Ainda intrigados, seu irmão e seus primos também foram. Ao se aproximarem, Scorpius e Miguel se levantaram, largando os violões sobre a areia, enquanto Laura dizia:


- Não falei que estávamos sendo observados?


- Weasley – murmurou Scorpius, ao ver Rose. Ele tinha mudado muito. Crescera, a voz engrossara, tinha uma barba rala crescendo pelo seu rosto e o rosto se alargara, além de parecer mais pálido. Agora, seu formato de rosto se parecia muito mais com o de Astoria do que com o de Draco.


- Muito bem – disse Lily – Podemos pôr os pingos nos is para todos entendermos o que está acontecendo aqui?


Laura trocou um olhar rápido com Miguel, que, embora fosse bem mais alto do que ela, tinha a mesma cor de cabelo, a mesma cor de pele e o mesmo tom de olhos. Em seguida, ela olhou para Scorpius. Pela expressão em seu rosto, era óbvio que ele não se manifestaria.


- Bem... que tal sentarmos? É uma história um pouquinho longa – disse a moça.


Os Weasley se sentaram na maior pedra que havia ali, que também era a mais plana. Scorpius, Laura e Miguel se sentaram lado a lado de frente para eles.


- Como eu já disse, sou Laura Hohenzollern e Miguel é meu irmão. Gêmeo – começou – Nosso pai é alemão, dono desta ilha, e nossa mãe é brasileira. Apesar disso, moramos na Noruega e estudamos em Durmstrang. E foi lá que conhecemos o Scorpius, quando ele se transferiu de Hogwarts.


- O Scorpius foi nosso primeiro amigo lá – esclareceu Miguel – Até ele chegar, éramos os únicos estrangeiros na escola. Nascemos em Belo Horizonte, no Brasil, e o pessoal nunca gostou muito da gente. Não sei exatamente se por xenofobia ou o quê.


- E o Scorpius sempre falou de você, Rose – comentou Laura.


Rose olhou para Scorpius, que encarava a areia da praia fixamente, dizendo:


- Não é bem assim, Laura. Só falei da Weasley uma vez.


- Scorpius, pela última vez. Quando você vai acabar com toda essa formalidade idiota de chamar as pessoas pelo sobrenome? – disse Laura, com ar cansado – O nome dela é Rose. O sobrenome é Weasley e, caso você ainda não tenha percebido, temos outra Weasley aqui também, a Roxanne.


- O que você falou de mim, Malfoy? – perguntou Rose, sem conseguir conter a curiosidade.


- Não é da sua conta, Weasley – respondeu, com maus modos.


- Scorpius! – disse Laura, em tom repreensivo – Faz anos que você não a vê e trata a Rose assim? Qual é o seu problema, hein? Nunca te vi fazendo isso com ninguém!


- Sorte a sua, Laura – disse Hugo – O Malfoy sempre foi sem educação com a Rose; não me surpreende que ele a trate assim.


- Mas a mim surpreende – insistiu Laura, sem se convencer.


- Já entendi, Laura, não precisa falar mais nada, ok? – falou Scorpius, com um pesado suspiro, levantando os olhos e olhando diretamente para Rose – Me desculpa, Weasley.


- Vocês, europeus – disse Miguel, balançando a cabeça – sempre com formalidades, chamando uns aos outros pelo sobrenome.


- Aqui no Brasil não é assim? – estranhou Roxanne.


- Nem no Brasil nem na maioria dos países latinos – disse o rapaz, sorrindo – Essa mania que vocês têm de chamar pelo sobrenome quem pouco conhecem parece criar um abismo que os impede de se conhecer melhor.


- Exato – concordou Laura, veementemente – É como se a família a que vocês pertencem importasse muito mais do quem realmente são... confesso que, mesmo depois de dez anos morando na Europa, ainda não consegui me acostumar a isso.


- Galera, não é melhor a gente ir embora, não? – chamou Hugo – Já faz bastante tempo que saímos, nossa família deve estar preocupada.


- Realmente, Hugo – disse Lily, levantando-se – Vamos?


- Ah, vocês já vão? – disse Laura, com um ar decepcionado – A gente ainda nem começou a conversar direito!


- Obrigado pela atenção, Laura – disse James – De verdade. Mas, como o Hugo falou, temos que ir.


- Certo. Quem sabe depois a gente visita vocês, não é, Miguel?


- Com certeza! – concordou, entusiasmado, lançando um olhar visivelmente interessado para Roxanne - Afinal, conhecemos muito bem o caminho.


- Você vai com a gente, Scorpius? – quis saber Laura.


- Quem sabe, Laura? – disse, lançando um olhar furtivo para Rose.


- Tchau, gente – disse Rose, levantando-se e acompanhando os primos e o irmão.


A caminhada de volta foi bem mais rápida do que a de ida. Enquanto andavam, comentavam o que tinham acabado de presenciar:


- Vocês acham que a Laura e o Miguel vêm mesmo? – quis saber Lily.


- Acho que sim... – respondeu Alvo, pensativo – Eles me pareceram bem expansivos.


- E, convenhamos, a Laura é gatíssima – disse James.


- Pois é, até me assustei quando você concordou em vir embora, James – apontou Hugo – Você estava claramente babando em cima dela! Não entendo como o Miguel não fez nada.


- Vocês são sonsos ou o quê? – disse Lily, sorrindo – O Miguel estava muito ocupado olhando para a Roxanne.  


- A minha priminha ele não pega – falou James.


- Ei! A priminha sou eu! – protestou Rose.


- Certo, priminha... – disse James, fingindo-se derrotado – Mas me conta: qual foi a sensação de reencontrar o Malfoy?


- Sei lá – respondeu – Foi meio esquisito – disse, com sinceridade.


- Deu para avaliar bem a boca dele? Para escolher direitinho o jeito que vai beijá-lo? – alfinetou James.


- James, desiste, ok? – disse, simplesmente.


Ficaram em silêncio durante todo o resto do caminho. Quando, passados poucos minutos, chegaram a casa, encontraram a sra. Weasley, aflita, acompanhada de Gina, Hermione e Angelina, em estado parecido.


- ISSO SÃO HORAS? – berrou a sra. Weasley – VOCÊS QUEREM NOS MATAR DE PREOCUPAÇÃO?


- Mamãe, por favor... – disse Ron, aparecendo na cozinha – Eles estão bem, estavam só passeando, não é?


- Isso mesmo – concordaram todos, imediatamente.


- Podia ter sido perigoso! E se eles se machucassem? – disse ela a Ron.


- Fica tranquila, sra. Weasley, nós vamos conversar com eles, certo? – falou Harry, aparecendo com George.


- Mamãe, eles são bruxos do mais alto nível – disse George – E, como se não bastasse, são Weasleys!


Um pouco mais conformada, a sra. Weasley se sentou à mesa. Seus netos, temerosos, saíram da cozinha o mais rápido que puderam, porque tiveram que escutar uma briga de suas mães antes.


Todos eles tomaram banho e, mais tarde, deliciaram-se com o jantar maravilhoso da sra. Weasley. Foram dormir tarde, e, mesmo assim, Rose acordou de madrugada, com muita sede. Afinal, o calor que fazia ali era pior do que o de qualquer verão em Londres.


Silenciosamente, saiu de sua cama a calçou os chinelos. Sem acender luz alguma (porque a claridade que vinha da lua cheia lá fora era suficiente para iluminar a casa pelas suas paredes de vidro), foi até a cozinha, abriu a geladeira, pegou uma jarra de água e, com ela, encheu o primeiro copo que encontrou. Insatisfeita, bebeu mais um copo d’água e, no momento em que ia guardar a jarra de volta na geladeira, viu um vulto na praia.


Intrigada, guardou a jarra e aproximou-se da janela, cautelosamente – a cozinha era o único cômodo sem paredes de vidro. Viu o vulto se aproximar do mar o suficiente para molhar os pés. Pelo jeito, era um homem. Que também estava de pijama.


Rose apertou os olhos em sua direção. O vulto caminhou de volta e sentou-se na areia a uma distância que as ondas do mar não o alcançavam, olhando para a casa distraidamente. Neste instante, qualquer dúvida sumiu da cabeça da ruiva. Era Scorpius. Mas o que ele fazia ali àquela hora?


Ainda mais intrigada, saiu da casa, cautelosamente, pela porta da cozinha, fechando-a atrás de si e rezando para que ela não rangesse. Sem devaneios, caminhou até o rapaz e sentou-se ao seu lado na areia.


- O que você está fazendo aqui? – perguntou Scorpius, olhando para ela, surpreso. Sua voz não tinha nenhum tom de presunção ou de incômodo. Demonstrava meramente a surpresa de vê-la ali, ao seu lado.


- Bem, eu acordei com muita sede e fui até a cozinha beber água. Então eu te vi pela janela e resolvi vir aqui para saber o que você está fazendo aqui – respondeu Rose, sem se incomodar, olhando para o mar.


- Ok – disse Scorpius – Eu simplesmente não estava conseguindo dormir, então resolvi dar uma volta e vim parar aqui.


- E por que justamente aqui? – quis saber Rose, sem entender – Quero dizer, a ilha não é tão pequena, deve ter muitos outros lugares em que você pudesse ficar.


- Você venceu, Weasley – disse ele, passando a mão pelos cabelos loiros, meio desconfortável – Eu não consegui dormir porque estava com a consciência pesada... acho que fui bastante grosso com você e seus primos mais cedo. E acho que te devo desculpas.


Rose o fitou. Ele não a encarava, olhava fixamente para a areia. De perto, realmente achou que ele estava muito mais pálido em relação à última vez que o vira.


- Você já pediu desculpas – constatou.


- Eu sei, mas não foi exatamente por iniciativa própria... foi mais por pressão da Laura, entende? Acho que eu tenho que fazer isso por mim mesmo. Me desculpa, Weasley – disse, encarando-a.


- Eu aceito suas desculpas. Você mudou muito mesmo, hein? – constatou, surpresa, sem deixar de fitá-lo.


Scorpius sorriu de forma meio amargurada, e, brincando um pouco com a areia, disse:


- Não estou querendo bancar o bom moço, Weasley, mas nunca fui realmente uma má pessoa. Meus pais me criaram de modo muito diferente do que foram criados. E aquela vez que te chamei de filha de Sangue-Ruim, eu estava cumprindo uma aposta. Os meninos que estavam na cabine comigo disseram que eu era um maricas, que não iria para a Sonserina. E disseram que, se eu fosse realmente de sangue sonserino, chamaria alguém de Sangue-Ruim. Contrariando tudo o que meus pais me ensinaram, eu aceitei o desafio... e escolhi você porque já tinha ouvido meu pai falando de sua família. Depois, ver a expressão de decepção no rosto de minha mãe doeu mais do que eu imaginava que seria possível. Desde então, prometi a mim mesmo que nunca mais me desvirtuaria de tudo de bom que meus pais me ensinaram.


Scorpius disse tudo isso sem encarar Rose. Por alguns instantes, eles ficaram em silêncio, a ruiva claramente surpresa. Por fim, ela perguntou:


- Seus pais também estão aqui?


- Estão – confirmou Scorpius – Eles e os pais do Miguel e da Laura.


- Vocês vão voltar para a Inglaterra? – perguntou Rose, sem esconder sua curiosidade.


- Vamos sim – confirmou Scorpius – Em setembro estarei em Hogwarts de novo. Como se sente com essa novidade?


- Não sei exatamente – disse ela com sinceridade, franzindo um pouco a testa, pensativa.


Ficaram em silêncio de novo, Scorpius brincando com a areia, Rose mirando a lua. Ela disse:


- Sabe, estava aqui me lembrando de uma coisa que o Miguel falou...


- O quê, Weasley? – perguntou o rapaz, curioso.


- Sobre o hábito que temos de chamar as pessoas pelo sobrenome. Que isso, de certa forma, afasta as pessoas.


- Você acha que ele tem razão? – quis saber Scorpius, curioso.


- Acho – disse Rose, convicta, encarando Scorpius firmemente – Olha só para nós dois: sempre vivemos brigando e implicando um com o outro o tempo todo por motivos banais e ridículos. E, durante todo esse tempo, sempre fomos Weasley e Malfoy. Sempre. E olha onde nós estamos agora: sentados na areia de uma praia brasileira conversando civilizadamente. Mas ainda não sinto que posso realmente contar ou perguntar certas coisas a você, porque me chama de Weasley o tempo todo. Me identifica exclusivamente pela minha família. Mas antes de sermos Weasley e Malfoy, somos Rose e Scorpius. Apenas isso. E é disso que temos que nos lembrar.


- Você acha que nós conseguiremos ser amigos um dia, Weas... quer dizer, Rose?


Ela sorriu com a mudança abrupta na pergunta do rapaz.


- Com certeza... Scorpius – ele também sorriu ao se ver chamado pelo primeiro nome – Estou vendo que você não é uma pessoa má. E que a gente pode passar por cima de rixas antigas. Construir uma história diferente do que imaginávamos.


- O que aconteceu com a gente, Rose? – disse Scorpius – Por que será que, de repente, a gente resolveu tentar ser amigo?


- Não foi de repente – afirmou Rose – Acho que, no fundo, toda aquela implicância foi o único jeito que a gente encontrou de conversar um com o outro sendo Weasley e Malfoy.


- Faz sentido – concordou Scorpius, pensativo.


Mais silêncio. Rose perguntou, sem conseguir conter a curiosidade:


- Você tem namorada, Scorpius?


- Não. Nunca tive. Só algumas ficadas vez ou outra, mas as norueguesas não pareceram realmente gostar de mim. E você, tem namorado? – perguntou, encarando-a.


- Tenho – disse Rose, com o rosto meio ruborizado – Glenn. O irmão do Matt.


- Nunca pensei que... ah, esquece – disse Scorpius.


- Nunca pensou o quê? – insistiu Rose.


- Nunca pensei que vocês um dia iam se gostar. Sempre achei que o James fosse louco por você – disse o loiro. Rose gargalhou.


- Scorpius, o James é meu primo! É como se fosse um irmão para mim!


- Eu sei que é seu primo – defendeu-se Scorpius – Mas ele era muito protetor com você... e era sempre um tal de “priminha” para cá, “priminha querida” para lá... eu achei que houvesse algo entre vocês.


- Quanta bobagem, Scorpius – disse Rose, balançando a cabeça negativamente – Todos os meus primos mais velhos puseram na cabeça que têm que cuidar de mim e da Lily... comigo o James é pior que os outros porque a gente convive mais do que eu com o Fred ou com o Louis. Mas eu gosto do James do mesmo jeito que gosto do Hugo.


- Certo – disse Scorpius – Não tá mais aqui quem falou.


- E eu achei que você tivesse algo com a Laura – disse Rose.


- Gosto muito da Laura, Rose. De verdade – disse Scorpius – Mas ela é para mim a irmã que eu não tive.


- Ok – disse Rose, dando-se por satisfeita.


- E ela é realmente uma figura. Lembra que o Miguel disse que o pessoal em Durmstrang não gosta muito deles? – Rose fez que sim com a cabeça, e Scorpius continuou: – Pois é, isso começou a mudar por causa da Laura... incomodada com a frieza europeia, ela chamou a mim e ao Miguel para tocar violão um dia no jardim da escola, e vestiu uma blusa em que estava escrito “Free hugs”. Não adiantou muita coisa. No dia seguinte, ela fez a gente repetir o feito e se passou por cantora... a gente tocava e ela cantava. E ela ainda pintou uma frase a mais na blusa, que ficou assim: “Free hugs – I REALLY AM SERIOUS!”. Aí funcionou. Todo mundo parou para cantar ou simplesmente para abraçá-la e choramingar os problemas. Foi bem legal.


- E o Miguel disse que não gostam muito de vocês? – perguntou Rose – Não estou entendendo.


- Isso foi meio que no último dia de aula, antes de voltarmos para casa – explicou Scorpius – Não sabemos como ficarão as coisas quando voltarmos.


Rose ficou em silêncio. Scorpius voltou seu olhar para a casa. Parecia que havia alguém na cozinha. No instante seguinte, a luz foi acesa.


- Rose... acho melhor você voltar para casa – sussurrou Scorpius – Tem alguém na cozinha, pode te ver aqui comigo. Acho que ninguém gostaria de ver isso.


- Tchau, Scorpius. A gente se vê por aí – murmurou, caminhando silenciosamente até à porta da cozinha. Escondendo-se, olhou com cuidado pela fresta que deixara. Com um suspiro aliviado, entrou. Era Lily.


- Rose! – disse a ruiva, surpresa – Onde você estava?


- Fala baixo, Lily, ou você vai acordar a casa inteira – murmurou Rose de volta – Amanhã eu te conto com calma, ok?


Insatisfeita, Lily lançou um olhar irritado para a prima. Rose ia passando por ela para voltar ao quarto quando se viu impedida de continuar, uma vez que a prima bloqueava a passagem pelo batente da porta com as duas mãos.


- Você pode, pelo menos, me explicar por que o short de seu pijama está todo sujo de areia? – perguntou.


- Lily, amanhã – disse Rose.


- Amanhã nada, Rose. A gente não pode fazer magia fora da escola, e se você quiser limpar isso aí vai ter que chamar outra pessoa para te ajudar. A Victoire. Ou a Dominique. Talvez a Molly. E tem a Lucy também – completou.


Rose suspirou pesadamente. Era realmente muito difícil enganar Lily, ou pelo menos tentar. No fundo, sabia que a prima estava coberta de razão, e, ao mesmo tempo, pela primeira vez tinha medo de contar a verdade a ela. Imaginou o que ela falaria quando soubesse que estava com Scorpius.


- Tudo bem, Lily. Eu conto – disse. A prima tirou os braços do batente da porta – Acordei com sede, vim beber água e resolvi me sentar um pouco lá fora na praia. Só isso.


- E com quem a senhorita estava? – Deus, Lily era mesmo impossível.


- Sozinha – afirmou, rezando para ela acreditar.


Lily apertou os olhos na direção de Rose, desconfiada.


- Sei... – falou simplesmente, mas sem insistir mais no assunto – Quem você vai chamar para te ajudar?


- A Victoire, eu acho – respondeu Rose, parcialmente aliviada. Sabia que Lily não acreditara nem um pouquinho nessa história, mas sabia que, por ora, ela não iria insistir no assunto. Teve a nítida impressão que ela sabia de quem se tratava.


Juntas, voltaram para o quarto e Rose acordou Victoire. Sem exatamente prestar muita atenção no que fazia, ela fez um feitiço que limpou o short do pijama da prima e, no instante seguinte, deitou-se de novo, adormecendo imediatamente e sem fazer pergunta alguma.


Rose olhou para a cama de Lily. Ela estava muito quieta, mas não dormia. Perguntou-se se Lily o vira e o que estava pensando neste exato instante. Pensou em Scorpius. Estaria ele lá na praia ainda ou teria voltado para a outra casa? Apesar de sua curiosidade, deixou o sono a vencer, decidindo que se preocuparia com isso apenas no dia seguinte.


*


A claridade alaranjada do sol acordou Rose no dia seguinte. Esfregando os olhos, levantou-se e constatou que estava sozinha no quarto. Todas as suas primas já haviam acordado. Ouviu barulhos vindos da cozinha; sua avó, suas tias e sua mãe pareciam estar fazendo o café ainda. Então não estava tão atrasada assim.


- Bom dia, Rose – disse Victoire, entrando no quarto, de biquíni e short jeans – Demorou a acordar... e o seu passeio noturno, como foi?


- Você se lembra? – perguntou, espantada, arrumando a cama – Pensei que fosse acordar e não ia se lembrar.


Victoire sorriu, prendendo os cabelos ruivos em um rabo de cavalo.


- Pois é, à noite eu não sou muito de conversar, mas quando eu acordo eu me lembro de tudo o que aconteceu – concluiu – E, pelo jeito, a Lily está meio emburrada, porque disse que você não contou tudo a ela... que isso não se faz com a melhor amiga!


Rose suspirou, sentando-se na cama.


- É tão difícil dobrar a Lily... que gênio forte tem aquela garota!


- Falando de mim, Rose? – disse Lily, entrando no quarto com Roxanne.


- Estava sim, Lily. Preciso conversar com você depois do café – acrescentou.


- Falando em café, ele está pronto – disse Roxanne – A vovó disse que só podemos comer depois que todos forem para lá. Tio Ron está quase enlouquecendo, dá para ouvir a barriga dele roncando de longe.


Victoire, Roxanne e Lily iam saindo, mas Rose disse:


- Lily? Você pode ficar um minuto?


Ela se sentou na cama em que dormira depois de encostar a porta do quarto.


- Lily, ontem eu estava com o Scorpius – disse Rose de uma só vez.


- Malfoy? – perguntou e a prima confirmou – Bem que eu desconfiava! Aqueles cabelos loiros não me enganam.


Ficaram alguns minutos em silêncio, enquanto Rose escolhia a roupa que vestiria.


- Por que você mentiu para mim, Rose? – quis saber Lily, um ar de decepção cobrindo seu rosto.


- Eu fiquei com medo, Lily – confessou, fitando a prima com seus olhos muito azuis – Medo de você me falar que eu era uma idiota de estar lá fora com ele e...


- Rose, saiba que eu nunca vou te julgar pelas coisas que você faz ou deixa de fazer – cortou Lily – Eu só queria saber com quem você estava por mera curiosidade. Me desculpa se fui rude com você e tudo, mas eu me preocupo com você, prima. E outra: você tem todo o direito de ter seus segredos... não é obrigada a me dar satisfação de tudo. Mas não mente para mim, Rose. Por favor.


- Ok – disse Rose, por fim – Obrigada, Lily. De verdade.


- Bem, eu vou indo... – disse Lily, levantando-se – Não quero matar meu tio de fome!


Ela saiu. Enquanto vestia outra roupa, Rose se perguntou mentalmente se ia ou não contar a Lily que tinha meio que virado amiga de Scorpius. Mas não chegou a conclusão alguma.


Terminando de trocar de roupa, foi até a mesa que Harry colocara do lado de fora da casa e todos já estavam lá, esperando por ela.


- Filha, até que enfim você chegou! – disse Ron, aliviado – Sua avó, pelo jeito, estava tentando me matar de fome.


- Ronald Bilius Weasley – disse Hermione, séria – Quer fazer o favor de parar de agir feito um louco esfomeado?


Rose apenas sorriu e se sentou ao lado de Fred para tomar seu café.


Nos dias que se seguiram, tudo ocorreu bem, e Rose não podia deixar de notar que todos estavam se divertindo enormemente na ilha. A noite de Natal, particularmente, foi bastante animada e teve uma grande surpresa.


Depois de todos terem entregado seus presentes, sentaram-se na mesa da sala de jantar. Teddy, porém, ficou em pé e esperou todos se sentarem para dizer:


- Bem, antes de começarmos a ceia, gostaria de dizer algumas coisas.


Todos o olharam em expectativa, perguntando-se internamente de que se trataria.


- Primeiramente, gostaria de agradecer a todos vocês por sempre terem me acolhido na família. Agradecer, especialmente, ao meu padrinho e à tia Gina – disse, sorrindo em direção a eles – O padrinho sempre foi como um pai para mim... a minha avó, que Deus a tenha – aqui os olhos de Teddy ficaram marejados, lembrando-se da morte da avó há cerca de três anos – sempre foi como a minha mãe, e a tia Gina sempre foi para mim como uma tia sanguínea.


Com cuidado, ele enxugou as lágrimas antes de prosseguir:


- James, Alvo e Lily são como três irmãos para mim. E, como se não bastasse tudo isso, eu ainda tenho a vocês – disse, apontando todos com um movimento das mãos – Por isso, só tenho que agradecer a Deus por tudo. Agradecer à sra. Weasley, ao sr. Weasley... enfim, a todos vocês por tudo. Mesmo. Mas meu maior objetivo aqui, hoje, não é esse. É dizer a todos que tenho muita vontade de me tornar parte da família de forma mais oficial.


- Eu vou ser a daminha de honra? – perguntou Lily, os olhos castanhos brilhando de expectativa.


- O quê? – disse Bill, surpreso.


Todos os olhares dos presentes passavam de Teddy para Victoire e dela para o rapaz de novo, ansiosos.


- Sim, Lily, você vai ser daminha de honra – disse Victoire, sorrindo para a prima mais nova.


- Victoire e eu queremos nos casar – anunciou Teddy por fim.


- Isso é o máximo! – disse Lily, muito alegre.


- Você vai realmente colocar as algemas? – perguntou George, surpreso – E por vontade própria? – Angelina deu um soco no ombro do marido depois dessa pergunta – Ai, amor! Doeu!


- Era essa a intenção – declarou, irritada.


- Gente, silêncio! – pediu a sra. Weasley – Teddy e Victoire ainda não terminaram!


- Bem... eu gostaria de pedir a bênção do senhor, Bill, e da senhora, Fleur, para esse casamento – disse Teddy, fitando-os seriamente – e a sua padrinho, assim como a da tia Gina – completou, voltando-se para eles.


- Eu os abençoo, Teddy – disse Harry, sorrindo e levantando-se para abraçar o afilhado – E espero que você faça a sua futura esposa muito feliz e que cuide bem dela. Ela merece o melhor vindo de você.


Harry adiantou-se para abraçar Victoire, enquanto Gina se voltava para Teddy.


- Você cresceu mesmo, hein, pequeno? Trabalhando agora como auror, tenho certeza que fará o melhor pela Vic – disse, abraçando-o.


Harry e Gina voltaram para seus lugares, e Fleur levantou-se para abraçar o futuro genro e a filha.


- Faço muito gosto desse casamento, Teddy. E parabéns, Victoire, você soube escolher bem o marido – ela se sentou de novo.


Apreensivos, Teddy e Victoire trocaram um olhar cúmplice antes de voltarem o olhar para Bill.


- Papai? – chamou Victoire – O que o senhor acha?


Bill suspirou profundamente antes de dizer:


- Bem, Victoire, não posso negar que isso não é surpresa para mim. Sempre imaginei que chegaríamos a este ponto, e justamente com esse rapaz. Desde que vocês eram pequenos, sua mãe já dizia que tanta implicância só podia ser amor. E, veja bem, ela estava certíssima – Victoire sorriu para a mãe e Bill bebeu um gole de vinho antes de continuar: – Tenho que admitir, contudo, que isso veio mais rápido do que eu imaginava. Mas tenho que admitir, também, que você fez uma boa escolha. Teddy é um ótimo rapaz, e agora, há pouco, começou seu trabalho como auror. Sim, ele terá condições de manter uma família, e você também, trabalhando nas secretarias do Ministro. Quero apenas pedir que vocês se lembrem que o mais importante em qualquer relacionamento é amor e respeito mútuos. Quando nossos filhos crescem, não há muito que se possa fazer, correto? Um conselho: lembrem-se sempre da época de namoro e tentem levar isso para o casamento. E sim, eu os abençoo – disse, por fim.


Contente, Victoire correu para os braços do pai, abraçando-o com força.


- Obrigada, papai. De verdade – disse.


Ele beijou os cabelos ruivos da filha, dizendo:


- Seja feliz, minha princesa – ela o soltou e Teddy se aproximou do sogro, estendendo a mão para cumprimentá-lo.  


- Obrigado pelo voto de confiança. Prometo não decepcioná-lo.


Bill afastou a mão de Teddy, dizendo:


- Deixa de besteira, garoto – e o abraçou.


Teddy e Victoire voltaram para seus lugares, e ele levou a mão ao bolso da calça, de onde tirou uma caixinha de veludo vermelho.


- Agora, a melhor parte para a noiva... – disse ele, abrindo a caixinha e tirando um anel de ouro branco lá de dentro, com uma pedrinha nele incrustrada em forma de coração.


Victoire sorriu, radiante, enquanto Teddy colocava o anel em seu dedo anular direito. Depois, ela o beijou e os Weasley prorromperam em aplausos, contentes.


Depois disso, todos começaram a se aproximar para cumprimentar os recém-noivados. Rose tinha acabado de cumprimentá-los quando sua avó pediu que fosse à cozinha buscar mais vinho e mais cerveja amanteigada.


Ela acendeu as luzes e tirou duas garrafas de dentro da geladeira, colocando-as em cima da pia. Aproveitou para beber um pouco de água e estava de costas quando ouviu uma voz vinda da janela:


- Oi, Rose!


- Scorpius! – disse ela, assustada, aproximando-se da janela – O que você está fazendo aqui? E se alguém vir você?


- Fica calma, garota, eu não vou demorar – disse ele, baixinho – Só vim te desejar Feliz Natal. E trazer uma lembrancinha para a minha mais nova amiga – disse, entregando a ela uma rosa branca – Rose. Rosa - explicou, sorrindo.


- Obrigada – disse ela, pegando a rosa – Pena que eu não tenho nada para te dar.


- Não esquenta, Rose. Agora eu tenho que ir ou meus pais vão sentir minha falta.


- Certo. Feliz Natal, Scorpius – disse, sorrindo. Ele sorriu de volta e desapareceu na escuridão da praia.


Rose espiou seus familiares na sala de jantar. Ainda estavam muito entretidos em torno de Teddy e Victoire. Assim, Rose foi ao quarto o mais rápido que pôde para guardar a rosa, voltou à cozinha, pegou as bebidas e voltou para a companhia da família.


Dormiram bastante tarde, e quando Rose acordou no dia seguinte, apenas Lily e Roxanne estavam acordadas. O resto da casa estava em silêncio profundo.


- Acho que você recebeu uma carta, Rose – disse Lily de sua cama, ainda deitada.


Rose esfregou os olhos, espreguiçando-se. Sua coruja, Angie, estava pousada sobre a mesa-de-cabeceira com uma carta no bico.


- Angie! Trouxe uma carta para mim, é? – ela puxou o pedaço de pergaminho, reconhecendo a letra de Glenn – Você quer comer algo, Angie? – perguntou à coruja, que piou baixinho.


Assim, Rose saiu do quarto com a coruja encarapitada no ombro e foi até à cozinha, onde pegou algumas bolachas de água e sal e ofereceu à coruja.


- Só temos isso por enquanto, Angie. O café é só daqui a pouco – disse ela, ao que a coruja mordiscou as bolachas, agradecida.


- Hey, Rose – disse Roxanne, entrando na cozinha seguida por Lily – Sua prima mais nova teve uma ideia completamente maluca.


- Minha prima mais nova? – Rose sorriu – O que foi, Lily?


- Bem, eu só disse à Rox que nós podíamos fazer o café – disse Lily, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.


- Eu concordo – disse Rose – Primeiro eu só vou ler a carta do Glenn, ok?


- Ah, claro – disse Roxanne, sentando-se no balcão da cozinha e pegando uma maçã da fruteira ao lado – Você e a Victoire são as únicas que tem um namorado perfeito.


- Você também pode ter se quiser, Roxanne – disse Lily, abrindo a geladeira – O Miguel estava vidrado em você!


- Faça-me o favor, Lily – respondeu, revirando os olhos – Ele mora a não sei quantos milhares de quilômetros daqui. Isso nunca iria funcionar.


Rose não escutou o que Lily respondeu porque saiu da cozinha para ler a carta de Glenn, em que ele agradecia o presente de Natal que a namorada lhe enviara (um estojo de manutenção de vassouras) e que chegara alguns dias antes. Dizia, também, que estava louco de vontade de vê-la logo, pois estava morrendo de saudades e que a amava muito. Em resposta, Rose escreveu simplesmente: Um beijo simbólico em meu namorado amado e até breve. Também te amo demais, de verdade.


Voltou para a cozinha e entregou a resposta para Angie, dizendo:


- Aqui está, Angie.


- Por Mérlin, Rose, você quer matar sua coruja? – perguntou Roxanne.


Angie, no entanto, pegou a carta com o bico e saiu voando pela janela. Rose mostrou a língua para a prima e se aproximou de Lily para ajudá-la.


- Roxanne, você vai ficar aí parada ou vai ajudar a gente? – perguntou a mais nova, colocando leite em uma jarra.


- Só vou se a Rose me contar quem deu para ela aquela rosa branca que está na mesa-de-cabeceira dela – respondeu.


- Foi o Malfoy – respondeu Rose com simplicidade – Resolvemos dar uma trégua em nossas brigas.


- Deus é pai, já não era sem tempo – disse Roxanne, descendo do balcão.


- Quer dizer que agora vocês são amigos, Rosie? – perguntou Lily, curiosa, fitando a prima com curiosidade.


- Bem... acho que estamos caminhando para isso – admitiu Rose – E eu agradeceria se não comentassem nada com ninguém... só por enquanto.


- Minha boca é um túmulo, Rose – disse Roxanne, colocando cereal em uma grande tigela.


- Talvez por isso você tenha bafo – disse Lily, colocando óleo em uma panela para fritar o bacon.


- Hoje vocês realmente acordaram atacadas – comentou Rose, sorrindo.


- Eu não, a Roxanne é quem resolveu tirar o dia para lamentar a própria solidão – disse Lily, acendendo o fogão.


Terminaram o café em meio a risos e implicâncias, e logo os Weasley acordaram com o barulho que faziam na cozinha. Todos adoraram o café que as meninas fizeram, e Hugo declarou que nunca tinha comido uma gelatina tão bem feita quanto aquela, ao que Lily disse: “É só seguir as instruções da embalagem, sem mistério”.


O almoço seria feito por Victoire e Dominique, e Rose aproveitou para dar uma volta pela ilha, marcando o caminho com um feitiço que aprendera há pouco. Tinha andado há uns dez minutos quando ouviu a voz de Scorpius, que parecia cantar uma música em outra língua.


Tentando não fazer barulho, ela seguiu o som da voz dele e, instantes depois, deparou-se com o rapaz sentado em uma pedra, com um violão na mão.


- Droga – resmungou, baixinho.


- Bom dia – disse Rose, sentando-se defronte a ele.


- Bom dia – respondeu, surpreso.


- Treinando? – perguntou Rose.


- É, eu ‘tava tentando cantar uma musica em português... mas ainda não sou muito bom nisso – disse, frustrado.


- Foi o Miguel que te ensinou a tocar violão? – perguntou Rose, curiosa.


- Foi. Ele e a Laura amam música, de verdade. E me ensinaram um pouco de português também – contou – E eu acho que o Miguel está interessado na Roxanne.


- Isso é meio óbvio... ele faltou babar em cima dela – disse Rose, sorrindo – Mas por que você não toca a música para mim? Cantando? – acrescentou.


Scorpius sorriu, meio envergonhado.


- Rose, eu vim treinar aqui porque não queria que ninguém escutasse antes de estar 100% - explicou.


- E como você vai saber se ninguém te disser? – insistiu.


O loiro ficou alguns instantes em silêncio e, por fim, disse:


- Você tem razão – disse, dedilhando o violão distraidamente – Posso começar?


- Quando quiser – respondeu a ruiva, animada.


- Hm... certo – disse Scorpius, meio sem graça, posicionando melhor o violão – Vamos lá, então – dito isso, começou a tocar e cantar:


Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito, nem que seja só pra te levar pra casa


Depois de um dia normal


Olhar seus olhos de promessas fáceis e te beijar a boca de um jeito que te faça rir, que te faça rir


Hoje eu preciso te abraçar, sentir teu cheiro de roupa limpa


Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz


Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua, qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria


Em estar vivo


Hoje eu preciso tomar um café


Ouvindo você suspirar e dizendo que eu sou o causador da tua insônia


Que eu faço tudo errado sempre, sempre


Hoje, preciso de você


Com qualquer humor


Com qualquer sorriso


Hoje só tua presença vai me deixar feliz


Só hoje


- Bem, eu não sei nada de português, mas acho que essa música é cantada quando se está apaixonado – disse Rose, sorrindo – Parabéns, Scorpius, acho que você foi muito bem.


- Mesmo? – perguntou, ansioso.


- Mesmo – confirmou Rose, sorrindo – Bom trabalho.


- Obrigado, Rose – agradeceu, aliviado.


- Você está apaixonado, Scorpius?


- Sempre – respondeu, sorrindo – Pela vida, pelo mar, pelo céu azul...


- Deixa de besteira, Scorpius – disse Rose – O que eu quis dizer é: você está apaixonado por alguém?


- Eu não – disse imediatamente – Não mesmo.


- A Victoire vai casar com o Teddy – contou – Acho que eles nasceram um para o outro, sem dúvida. Eles me parecem muito apaixonados um pelo outro.


- Victoire é a sua prima mais velha, certo? – a ruiva confirmou com um aceno de cabeça – E o Teddy é o afilhado do Potter, que fica trocando a cor dos cabelos?


- Exato – disse.


Ficaram alguns minutos em silêncio e ele disse:


- Vou embora hoje, com meus pais e a Laura e o Miguel.


- Já? – perguntou a ruiva, surpresa – Nós ainda vamos embora daqui a três dias.


- O Miguel e a Laura estavam saindo para ir se despedir de você e de seus primos. À essa hora, eles já devem estar lá – contou.


- Você não está tentando evitar que eu te peça para cantar outra música, não é?


- Não – respondeu o loiro, sorrindo – Mas eu prometi a eles que iria lá também.


- Então vamos – disse Rose, levantando-se de uma vez – Também quero me despedir deles.


Dito e feito. Os gêmeos estavam na praia, conversando com James, Roxanne, Alvo, Lily e Hugo.


- Rose! – disse Laura ao vê-la se aproximar com Scorpius – Achei que não te veria.


Ficaram alguns minutos conversando, e, por fim, Scorpius disse aos Weasley:


- Então, tchau. Vejo vocês no próximo semestre em Hogwarts.


- E nós vamos tentar a transferência também, não é, Miguel? – disse Laura.


- Com certeza – confirmou ele, lançando um breve olhar para Roxanne, que o ignorou.


- Tchau! – disseram Laura, Miguel e Scorpius, indo embora.


Lily esperou que os três se embrenhassem na floresta antes de virar para Roxanne e dizer, em uma imitação exagerada:


- Miguel! Ó, Miguel! Mal posso esperar pelo próximo semestre!


- Cala a boca, Lily – retrucou – Eu não estou a fim dele.


- Miguel... – disse Lily, fingindo suspirar, e saindo em direção ao mar, cantarolando – Miguel e Roxanne! Miguel e Roxanne! Miguel e Roxanne! Miguel e Roxanne!


- O que eu faço com você, sua pentelha? – disse Roxanne, correndo atrás da prima mais nova.


- E então, Rose? – perguntou Alvo, verificando que todos seus primos e irmãos já tinham se afastado; James e Hugo tinham ido fazer um lanchinho – Onde você estava com o Scorpius?


- Bem, eu fui dar uma volta pela ilha e achei o Scorpius treinando uma música. Então eu pedi a ele que cantasse para mim para eu poder avaliar se estava bom. Ele cantou e me disse que ia embora hoje, então viemos para cá encontrar vocês – respondeu, sem rodeios.


- Trégua declarada? – quis saber ele, curioso.


- Trégua declarada – confirmou, sorrindo.


- Até que enfim – disse Alvo, aliviado – Ele não me parece ser uma má pessoa.


- Não é – disse Rose – E acho que ele ficaria feliz em ter você como amigo.


Os últimos dias na praia foram bastante divertidos. Teddy recebeu uma coruja dos pais de seu amigo, dizendo que ele tinha conseguido o transplante de medula e que o Ministério autorizara a volta dele ao treinamento de aurores depois que terminasse de se recuperar definitivamente – e não, não era Teddy o doador compatível – era uma moça escocesa.


Mais cedo do que podiam imaginar, Rose, Alvo, James, Roxanne, Hugo e Lily voltaram para Hogwarts com Lucy e Louis. Rose voltou, finalmente, para os braços de Glenn, de quem sentira muita falta, embora pouco comentasse.


O semestre em Hogwarts foi bastante puxado, especialmente para os alunos de 5º e 7º ano. Justamente por isso, somados às responsabilidades que o namorado tinha como monitor e jogador da Grifinória, Rose pouco esteve com Glenn. E, não raro, ela se surpreendia sentindo saudades das visitas inesperadas de um certo loiro, que agora era seu mais novo amigo.

***

N.A.: Olá, pessoas! Bem, aí está o capítulo 5 e espero que gostem. Gostaria de agradecer à Ana CR por sempre comentar a fic (muito obrigada, Ana! Amo seus coments!), e agradecer também às novas leitoras que comentaram, juliana vieira (como assim? O Scorpius deixa tudo menos perfeito?) e Olivia Mirisola (fico muito feliz que esteja gostando, e aqui está o mais novo cap.!). Por fim, perguntar: cadê a slytherin rules? Senti falta dela por aqui dessa vez...
Bem, peço que continuem acompanhando a fic e que comentem sempre, gostando ou não. E votem, se forem muito tímidos para se manifestar ou se estiverem sem disposição para escrever ;), porque aí dá para eu ter uma ideia se estão gostando ou não.      
Por hoje é só! Beijos e até o próximo! Fui! 


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Comentários (7)

  • L.Oliveeira

    AIIIIIIIIII QUE LINDOOOOOOOOOOOOO!!!! Eles dois sendo amigos, tipo, é lindo *--------* espero que não dê ruim pro lado deles, porque, vocês, autoras, faz isso com a gente. Ele realmente muuito fofo!!!Amei, amei! 

    2013-03-08
  • Lana Silva

    Amei o capitulo *-* Finalmente amigos kkkk bem eu gostei da temporada do pessoal no Brasil \O e acho que a Laura e o Miguel vão pra Hogwarts, espero que sim , porque eles são bem legais, e o Scorpius está mais que perfeitooooooo *-* amei as conversas dele e da Rose, nossa eu acho que a musica que ele contou meio que foi uma indireta em português pra Rose, como ela talvez nunca saiba o que ele cantou ele fica meio tranquilo. Só quero ver o que vai acontecer agora - tô igual a Roxanne kkkkkkk reclamando de romances e afins kkkkkkkkkkkkkk bem eu amei tudo , espero que ninguém sofra e novamente vou ressaltar, Lily é muito inteligente e perceptiva \O/bjoos *-* 

    2012-10-22
  • tamires wesley

    nossa...muito boooom...amei,amei,amei...huuuuuum romanc..opash..melhor dizendo.."AMIGOS"..sei..aham.. esse gleen ta eh com paiaçada..larga ele rose..aff, menino nada ve com vc..>:/.. adorei o capitulo muito bom...\0/

    2012-08-06
  • slytherin rules

     Woah, um Scorpius abrasileirado, é isso mesmo o que eu vi?! Ok, devo dizer que fiquei absolutamente surpreendida com isso, era uma coisa que eu realmente não esperava, mas gostei, gostei. E os mineiros, oh, esses estão em todos os lugares do planeta, uh?! Haha' mas foram um ótima influencia pro Scorpius, yeah. E devo dizer que Rose me surpreendeu demais, super madura em relação ao Scorpius sem nenhum momento de infantilidade, é uma coisa realmente boa de ler, de fato. Natal no Brasil sempre é gostoso, e ainda bem que eles não pegaram uma ilha no Sudeste do Brasil, senão eles passariam o Natal com deslizamento de terra, hahahah' e com chuvas torrenciais! Mas estou louca pra ver Rose desenvolver uma relação com o Scorpius em Hogwarts e equilibrar com o namorado mais velho dela - de preferencia sem fazer merda, hahaha' mas todo mundo faz de vez em quando, é normal, fazer o que né?! E que ideia ótima deles passarem o Natal no Brasil, mas senti falta do sr Weasley aí, com a excentricidade dele e a curiosidade com os trouxas. E a Dominique correndo atrás do Matt ainda é um barato, sério, falando nele, o Gleen realmente ajudou tanto a Rose a amadurecer que  eu espero que o namoro deles termine bem, sabe? Porque eu realmente gostei do garoto e é a mais pura verdade que se não fosse por ele, Rose provavelmente seria infantil e implicante como era com o Scorpius...  Enfim, desculpa não deixar um review no capitulo anterior, mas acabei lendo os dois agora. Férias, sabe como é, dá tempo de fazer tudo, menos ler fanfics - ao menos pra mim - credo. Estou adorando e louca pra ver Scorpius e seus amigos simpáticos e amantes de musica em Hogwarts! Beijos, o capítulo está ótimo. Até mais!

    2012-07-10
  • Ana CR

    *______* Amo essa música!Ah, já disse que Rose tem que largar esse Glenn, ele mal tem tempo pra ela!Scorpius tocando violão é algo maravilhoso de se imaginar! (:Desculpa a demora pelo comentário, mas aqui estou novamente implorando por um novo capítulo!(:huahauahauahuahauBjs.Ana CR 

    2012-07-09
  • Olivia Mirisola

    AMEI!!!!!To louca pra ver o Scorp, laura e miguel em Hogwarts!!!E já deu de Glenn né?! AHAHHAHAHAPOSTA LOGO O PROXIMO!!! 

    2012-07-08
  • juliana vieira

    estava sentindo falta das postagens estou gostando da fic. espero que a rose e o scorpius sempre se comuniquem e que quando ele volte, a rose perceba que gosta dele.

    2012-07-08
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