Casamento



CAPÍTULO 9


- CASAMENTO -


- O que a sua mãe queria, Rose?


- Quando eu te contar, você não vai nem acreditar, Glenn!


Domingo à tarde. Rose e Glenn estavam sentados debaixo da velha faieira em frente ao Lago Negro. O dia seguinte daria início a uma temporada de provas e, por isso, Glenn convencera a ruiva que seria melhor tirar o dia de folga em vez de estudar ou ela começaria a se perder em meio a tanta coisa.


Pode parecer difícil de acreditar, mas, pela primeira vez, Rose não estava apavorada com a perspectiva de fazer os NOMs. Durante todo o ano letivo, Glenn estivera ao lado dela, confortando-a e acalmando-a, algo pelo que era muito grata. Além disso, ele se fizera mais presente ao lado dela. Exceto quando tinha treino de quadribol à noite, Glenn estudava sempre perto de Rose, fosse no salão comunal da Grifinória, fosse na biblioteca. Nos dias de treino, ela estudava com Scorpius, Laura e Miguel.


Mais cedo àquele dia, Rose tinha ido à sala da diretora Williams ver a mãe, sem entender o que Hermione Weasley estaria fazendo em Hogwarts em um domingo. Para a surpresa da moça, no entanto, Hermione não fora sozinha. Helen Granger, sua avó, estava com ela.


- Certo. E quando você vai me contar? – perguntou Glenn, curioso.


- Daqui a pouco – disse Rose, sorrindo e se aproximando para beijá-lo. – Agora sim eu posso contar.


- Aaahhh... já? – disse Glenn, sorrindo marotamente.


- Já.


- Então conta tudo, com todos os detalhes – pediu o rapaz, deitando-se no colo de Rose.


- Folgado – resmungou, divertida – Mas é o seguinte: minha avó Helen quer fazer minha festa de aniversário de dezesseis anos.


- E o que tem isso? Todo ano você tem festa de aniversário, não tem? – perguntou ele, franzindo a testa.


- Sim. Mas nesta, especificamente, minha avó quer bancar tudo. É o presente que ela quer me dar de dezesseis anos. Um Sweet Sixteen. – explicou Rose, passando os dedos entre os cabelos cacheados de Glenn. – E, antes que você pergunte, isso é uma tradição trouxa. Quando a menina faz dezesseis anos, é como um rito de passagem. E o Sweet Sixteen é uma festa super especial, feita para simbolizar esse rito.


- E você aceitou? – quis saber o rapaz, curioso.


- Eu disse à minha avó que ia pensar no assunto com bastante carinho e, quando terminarem as provas, eu dou uma resposta.


- A sua tendência é aceitar ou não? – perguntou Glenn, notando a resposta evasiva da ruiva.


- Sabe, Glenn, não faço questão de ter uma festa de arromba para comemorar meu aniversário. Principalmente se for uma festa em que eu tenha que ficar sob os holofotes o tempo todo, como é o caso do Sweet Sixteen. Cheio de valsas, formalismos e não sei mais o quê.


- Mas... – disse Glenn, já prevendo a continuação do que ela falaria.


- Mas isso é o sonho da minha avó! Quando minha mãe fez dezesseis anos, a vovó Helen não pôde fazer a festa. Mamãe faz aniversário dia dezenove de setembro e alegou que seria horrível fazer o aniversário muito antes da data de verdade ou muito depois. Fora que o Voldemort tinha acabado de voltar, apesar de ainda estar na clandestinidade. Mamãe nem passou as férias em casa. O mundo bruxo estava começando a ficar de cabeça para baixo e a vovó Helen acabou desistindo. Mas continuou guardando o dinheiro que gastaria com a festa da mamãe em um banco trouxa, depositando dez ou vinte reais todo mês desde então. Para fazer o Sweet Sixteen de uma provável futura neta. – Rose suspirou antes de finalizar: – E meu aniversário é em 1º de setembro, então não ficaria muito longe da comemoração. Não posso usar a desculpa que a mamãe usou. E, graças a Deus, o mundo bruxo nunca esteve tão tranquilo.


- Conclusão... – falou Glenn, à guisa de pergunta.


- Acho que vou acabar aceitando. É o sonho da minha avó; tenho certeza de que ela ficará feliz.


- E você, Rose? Ficará feliz?


- Provavelmente – respondeu, depois de alguns segundos. – Vou fazer minha avó feliz e, por tabela, também estarei feliz.


- Isso significa que você acabou de aceitar! – constatou Glenn, sorrindo abertamente.


Rose refletiu por alguns segundos e disse:


- Você tem razão.


- CONSEGUI FAZER ROSE WEASLEY SE RENDER A MIM! – gritou o rapaz, levantando-se de um salto. Em resposta, ela arregalou os olhos e se pôs de pé também.


- Glenn. Oliver. Wood. – disse, entredentes. – Não precisa gritar.


- Hey, Rose, calminha aí. – falou ele, afastando-se da ruiva. – Toma um pouco de água gelada para ver se você se acalma. – e, no instante seguinte, o rapaz chutou água do lago em cheio no rosto dela.


- Você me paga, Wood! – disse Rose, furiosa, correndo para jogar água em Glenn.


Ficaram um bom tempo jogando água um no outro. Estavam se divertindo bastante, mas Rose logo se cansou da brincadeira. Tinha começado a sair da beira do lago na intenção de voltar à Torre da Grifinória quando Glenn correu atrás dela e a jogou sobre os ombros, arrastando-a para dentro do lago.


- Glenn, para com isso! Não é justo! – dizia a ruiva, balançando as pernas.


- Tudo bem, você que pediu. – disse o rapaz, soltando-a no meio do lago.


Rose, pega de surpresa, afundou completamente na água e, num impulso por se vingar do “cachinhos marrons”, mergulhou até emparelhar-se com Glenn, empurrando-o com força para derrubá-lo. Ela sorriu, vitoriosa, mas o sorriso morreu em seu rosto quando o rapaz demorou a aparecer.


- Glenn? – chamou, com cautela – Cadê você? – perguntou, preocupada, olhando em volta. Nem sinal dele.


No minuto seguinte, Glenn emergiu da água, pegando Rose no colo.


- Surpresa – sussurrou em seu ouvido.


- Não vale, Glenn – respondeu, no mesmo tom de voz – Você me deixou preocupada.


Ele roçou os lábios nos da ruiva e comentou, displicentemente:


- Acho que é hora de jantar. Vamos?


- Vamos – concordou ela, sendo carregada no colo por Glenn até chegarem ao gramado.


Rose olhou para si mesma e para o rapaz e comentou, tirando a varinha do bolso:


- Não dá para entrarmos no Salão Principal pingando água para todo lado. – no minuto seguinte, ela fez um feitiço para secar a si mesma e a Glenn. – Pronto. Agora podemos ir. – concluiu, guardando a varinha no bolso e puxando o rapaz pela mão.


Ao chegarem à mesa da Grifinória, sentaram-se com James, Roxanne, Lily e Hugo. Os mais velhos pareciam ter colocado quase toda a comida da mesa nos pratos.


- Sabe, James, Rox, não acho que comer muito seja a alternativa ideal para afogar mágoas sentimentais – comentou Rose, sentando-se defronte a eles, entre Glenn e Hugo.


- Finalmente alguém corajoso nessa família! – disse Lily, sentada ao lado do irmão.


- Lily, você me prometeu que não faria mais comentários a respeito da vida amorosa das pessoas – disse Hugo, encarando-a com ar severo.


- Bom, tecnicamente, o James e a Rox nem têm uma vida amorosa propriamente dita, então, ainda estou cumprindo minha palavra – respondeu imediatamente. – E convenhamos, Hugo: eu diminuí bastante a quantidade de comentários que eu faço a esse respeito. E já basta. Falsidade não dá, né?


- Ok. Já chega – disse Roxanne, encarando com firmeza os primos mais novos. – James e eu podemos muito bem cuidar de nossas vidas, inclusive da parte amorosa, sozinhos. E se não estamos com ninguém, é por opção própria.


- Então você e o James estão com os olhos vendados. São os únicos que não veem um palmo a frente do nariz. A Laura tem medo de ficar com você, James, porque você é um galinha. Fica com tudo quanto é menina que passa na sua frente. Quanto a você, Roxanne, devia dar mais atenção ao Miguel, para que ele se sentisse bem o suficiente para se declarar. É obvio que é essa a intenção dele. Devia ver como ele te olha. – retrucou Lily – Vocês deviam era seguir o exemplo da Dominique e do Fred. Lutar por quem amam. A Domi já conseguiu. E não duvido nada que, daqui a algum tempo, o Fred esteja com a Nicole.


- Por Merlin, a Nicole nem olha duas vezes para a cara dele – comentou James.


- Mas vai olhar. Você vai ver. – disse Lily, confiante.


- Ah, a pirralhinha agora é a sabe-tudo do amor? – perguntou James, bagunçando o cabelo da irmã. 


- Eu. Não. Sou. Pirralha. – disse a pequena, emburrada.


- Alguém sabe me dizer cadê o Al? – quis saber Rose.


- Ele disse que ia pegar um lanche na cozinha e voltar para a biblioteca para estudar com a Laura, o Miguel e o Scorpius – informou Hugo.


- Merlin, o Al podia dar um tempo. Ele já estudou muito! Precisa dormir! – disse Rose, assustada.


- Vai lá convencê-lo. Te dou um prêmio se conseguir. – falou James, terminando de comer.


- Fica tranquila, Rose. Conversei com o Willy mais cedo – disse Lily, referindo-se ao elfo que sempre os atendia quando iam à cozinha. Isso significava uma coisa: a ruivinha tinha cumprido sua parte no acordo que fizera com a prima.


Rose se sentia um pouco mal em ter feito uma Poção do Sono para Willy colocar no suco dos amigos, mas se era o único jeito para eles dormirem... era um bom motivo, afinal.


- Priminha? – chamou James, tirando-a de seus devaneios. – Deixei uma mensagem de força em seu dormitório. Para você se sentir mais confiante amanhã. Não vá jogar fora achando que é armadilha de alguém das outras Casas, viu?


- Obrigada, James. – agradeceu, vendo o primo sair com Roxanne e desejando internamente que não precisasse usar a mensagem de força.


Todos os anos, Rose acordava à meia-noite anterior ao início das provas, completamente sem sono, e ia para a Torre de astronomia, olhar as estrelas. De certa forma, isso a acalmava. E ela terminava de dormir por lá mesmo. Sempre com a Capa da Invisibilidade de James, desde que quase fora pega por Filch no 2º ano. A partir daí, o primo sempre embrulhava a Capa em um papel de presente e, com um Feitiço de Levitação, fazia o embrulho ir até o dormitório feminino.


Quando voltou com Glenn, Lily e Hugo para a Torre da Grifinória, Rose foi, primeiro, ao dormitório masculino do 5º ano e ficou aliviada ao ver que Alvo já dormia. Com as vestes da escola. A poção tinha sido eficiente, afinal. Suspirou aliviada. Laura, Miguel e Scorpius já deviam estar no mesmo estado. Despediu-se de Glenn e foi para o próprio dormitório.


Depois de escovar os dentes e vestir o pijama, Rose deu uma olhada no céu. Estava lindo. Mas ela esperava não acordar aquela noite. Precisava acabar com o mau hábito de tantos anos.


*


Meia-noite em ponto. Rose tinha acabado de acordar. Não vou me levantar. Virou-se de lado. Não vou me levantar.


Os minutos vieram e se foram, e ela não conseguiu dormir.


Meia-noite e meia.


Vencida, Rose vestiu um robe e abriu o embrulho de James para pegar a Capa. Cobriu-se com ela e saiu da Torre da Grifinória o mais silenciosamente que conseguiu.


Os corredores do castelo estavam desertos. Não havia nem mesmo sombra de Filch ou de Madame Nora. Pois é, Rose, todo mundo é mais inteligente que você. Estão dormindo, descansando, para fazer as provas daqui a pouco.


Ao chegar à Torre de Astronomia, Rose retirou a Capa de cima de si com cuidado e guardou-a no bolso do robe. Foi só quando caminhou para perto da enorme vidraça que viu que não era a única acordada àquela hora que tivera a ideia de ver estrelas.


- Scorpius? – chamou a menina, surpresa. Achou que ele estivesse dormindo.


- O que você está fazendo aqui, Rose? – disse ele, igualmente surpreso, levantando-se.


- Eu que te pergunto! Eu sempre venho aqui todos os anos e, além disso, era para você estar dormindo...


- Você também deveria estar dormindo – disse Scorpius, levantando uma sobrancelha. – Temos prova amanhã, esqueceu?


- Claro que não! – respondeu, indignada. – Mas é que você, o Al...


- Ah, então foi você? – quis saber Scorpius, interrompendo-a.


- Eu o quê? – falou Rose, corando ao perceber o que falara.


- Sabe, Rose, depois que eles tomaram o suco de laranja do Willy, todos pareceram ficar com sono, muito sono... e foram dormir. Joguei o meu fora, sem beber. Pensei que fosse sabotagem, mas não sabia que tinha sido ordem sua.


- Não foi sabotagem, ok? – disse Rose, em tom defensivo. – Eu só queria que vocês dormissem! Para não dormir amanhã em cima das provas! Daí eu pedi para a Lily levar a poção que eu tinha feito para o Willy dar a vocês... aliás, você conhece o Willy?


- Não, não conheço o Willy, porque certa ruiva prometeu que me levaria para conhecer as cozinhas de Hogwarts e até hoje nada... e se a sua poção for tão forte que eles vão acordar só daqui a umas duas semanas? – disse o loiro, para provocá-la.


- Sem essa, Scorpius. Eu fiz um antídoto, para qualquer emergência, ok? – disse ela, confiante.


Scorpius a encarou surpreso. Definitivamente, Rose não era mais aquela menininha que ficava assustada com a simples hipótese de algo que fazia dar errado.


- Certo. Eu já respondi todas as suas perguntas. Agora é a sua vez de responder a minha: o que você está fazendo aqui? – perguntou a ruiva, erguendo uma sobrancelha.


- Sem essa, Rose. Eu não vou responder. É ridículo eu contar isso a você.


- Não confia em mim? – quis saber, estreitando os olhos.


- Confio. Mas eu não quero te falar isso.


- Então não fala! – disse ela, emburrada, sentando perto da vidraça para olhar o céu.


Scorpius se sentou ao seu lado, sem dizer palavra, também olhando para o céu, salpicado de estrelas de todos os tamanhos. Ficaram longos minutos em silêncio até que Rose falou, baixinho, como se contasse um segredo:


- Sei que talvez isso não te interesse nem um pouco, mas, desde o 1º ano, todos os anos eu acordo e venho para cá na noite anterior ao início das provas. Sabe, para olhar o céu. Acho que isso me acalma. E tira o medo que eu tenho de ficar com notas baixas.


- Mas você não dorme – observou Scorpius.


- Engano seu. Durmo, sim. Acabo dormindo aqui mesmo. Acordo bem cedo com o sol nascendo. – disse Rose, encarando-o com firmeza.


- Alguém sabe que você faz isso?


- Tirando você, só o James.


- Nem o Glenn?


- Nem o Glenn. – comentou Rose, sem se alterar.


- Bem, se você quisesse saber por que eu estou aqui, Rose, era só perguntar – disse Scorpius, casualmente.


- Você não ia me contar. Você disse isso, não se lembra? Mas não precisa falar, Scorpius. Eu sei que você também tem medo. – disse a ruiva, sem tirar os olhos dele.


- Não tenho medo coisa nenhuma. – respondeu, desviando o olhar.


- Tem, sim. Mas tem vergonha de falar. Por isso, precisa ficar sozinho com seu medo. Aposto que fazia a mesma coisa em Durmstrang. – continuou Rose. – Mas você não precisa ter vergonha de mim, Scorpius. Eu também tenho medo.


- Rose, eu cansei desse assunto, tá bom? – disse Scorpius, tentando não se irritar com o momento “Lily” de Rose. – Acho melhor a gente dormir.


Ele se levantou e começou a andar em direção à saída da Torre.


- Aonde você vai, Scorpius? – chamou Rose, surpresa.


- Dormir. – disse simplesmente, continuando a andar.


- Por favor, não vai. – pediu Rose, correndo atrás dele. – Eu queria que ficasse comigo. Não quero ficar sozinha com meu medo pelo quinto ano seguido.


Scorpius parou de andar quando sentiu a mãozinha dela segurando seu braço.


- Eu não falo mais nada que você não queira. – disse a ruiva – Mas fica, por favor.


Scorpius se virou para encará-la. Os olhos muito azuis da menina estavam marejados, mas ela não se importou. Sentia-se novamente como a menininha que acordava à noite com medo de trolls e outras criaturas horrendas.


Sem pensar, o loiro a abraçou com força e Rose deixou que as lágrimas escorressem livremente pelo rosto. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas, de repente, parecia que estava sentindo cinco anos de medo acumulado. Apesar disso, sentir Scorpius a abraçar tão forte fazia com que sentisse protegida. O cheiro de colônia masculina que emanava do corpo dele era reconfortante. Não estava sozinha, afinal.  


- Você não é a única que tem medo, Rose. – sussurrou Scorpius, passando a mão pelos cabelos ruivos da menina – Eu fico com você hoje.


Cuidadosamente, Scorpius afastou Rose e limpou as lágrimas dela, sorrindo.


- Hei, Grifinória malvada. Vai ficar tudo bem. Nós vamos fazer ótimos NOMs.


A ruiva sorriu e fez um aceno com a cabeça, concordando.


- Vem cá – chamou o loiro, sentando-se encostado a uma parede e puxando-a para seu peito. Do lugar de onde estavam, podiam ver o céu através da vidraça. – Eu estou com você. Sempre.


- Obrigada, Scorpius. – falou Rose, aconchegando-se e mirando o céu. – Olha, Scorpius! – disse, animada, apontando para o céu – Uma estrela cadente! Faz um pedido!


- Quê?


- Faz um pedido, rápido!


- Pronto, fiz um pedido. – disse o loiro, no minuto em que a estrela sumia de vista.


- O que você pediu, hein? – quis saber a ruiva, sonolenta.


- Não posso contar, Rose. Quero que meu pedido seja atendido – disse ele, em tom de brincadeira.


- Chato. – resmungou – Também não te conto o meu.


Ficaram em silêncio. Scorpius beijou a testa de Rose, acariciando os cabelos ruivos dela.


- Dorme com Deus, Rose.


*


Fazer os NOMs não foi nada fácil para os quintanistas. Foram uma semana e meia de provas práticas, provas escritas, estudos e mais estudos de última hora. Por isso, quando tudo acabou, Rose não pôde deixar de sentir um imenso alívio, como nunca antes. Parecia que um peso tinha sido tirado de seus ombros. E sabia que Alvo, Laura, Miguel e Scorpius se sentiam do mesmo jeito.


No último dia em Hogwarts, os gêmeos chamaram os amigos para passarem a tarde no jardim, cantando músicas. Todos se divertiram à beça, mas com certeza teriam se divertido mais se não houvesse um clima estranho ainda pairando sobre Roxanne/Miguel e James/Laura, principalmente porque James saiu no meio de uma música que Laura cantava para ir atrás de Lana Grover, uma sextanista irritante da Corvinal.


No dia seguinte, foi com tristeza que Rose recebeu a notícia de que Laura e Miguel passariam todo o verão no Brasil, e que só voltariam exatamente no dia 1º de setembro.


- Não vão à minha festa? – perguntou, triste. Tinha aceitado a oferta da avó, que já começara a cuidar de tudo com a ajuda de Victoire, Dominique e Fleur.


- Infelizmente, não, Rose – disse Laura.


- Laura, só porque meu irmão é um completo idiota não significa que você tem que se esconder dele – disse Lily, seriamente.


- Isso não tem nada a ver com o James – disse ela em um tom que não convencia a ninguém.


- Ah, qual é, Laura? Tem, sim! Não precisa mentir para a gente. – falou Roxanne, surpreendendo a todas.


- Por favor, Laura – pediu Rose, fazendo cara de cachorrinho sem dono – Eu quero muito que você e o Miguel estejam na minha festa.


Laura mordeu o lábio inferior e lançou um olhar discreto para o corredor do trem, onde James conversava animadamente com Scorpius, Alvo, Miguel, Hugo e Frank sobre os atributos de Lana Grover.


- Não sei se é uma boa ideia... – comentou.


Irritada, Lily levantou-se e disse severamente:


- Quer saber? Estou cansada dessa palhaçada toda! Você pode dar seu jeito de ir à festa, sim, Laura, nem que eu tenha que ir para o Brasil só para te buscar! Eu sei que meu irmão é um idiota na maior parte do tempo, mas eu não vou deixar você ficar mal por aí por causa dele, porque simplesmente NÃO VALE A PENA! – ela se virou para Roxanne – E quanto a você, Rox, pode tirar essa cara de enterro do rosto porque o Miguel não faz o tipo do James e, sinceramente, eu não entendo qual é a sua dificuldade com ele. Então, aproveita a festa da Rose para ver se faz alguma coisa! Ou você prefere passar o resto da vida lamentando em vez de ser feliz?


As meninas ficaram em silêncio por um bom tempo, até Alice dizer, timidamente:


- Eu acho que a Lily tem razão, Laura.


- Tudo bem, eu vou à festa. – disse Laura, dando-se por vencida.


- Ótimo. Eu vou expulsar o Hugo da própria casa para a gente poder se arrumar junto com a Rose no dia da festa, ok? Aí a gente não precisa encontrar os garotos. – disse Lily, lançando um olhar de profunda irritação para o primogênito dos Potter.


O restante da viagem foi tranquila. James sumiu com Lana em uma cabine qualquer, enquanto os demais se entupiam de doces e jogavam Snap Explosivo com Glenn, que tinha acabado de conversar com Neville sobre alguns assuntos pendentes da monitoria.


Quando chegaram a King’s Cross, todos saíram apressadamente da cabine, com exceção de Scorpius, que se demorou juntando suas coisas.


- Vai ficar aqui, Scorpius? – perguntou Rose ao voltar para procurá-lo.


- Não, é só que... não acho que seja uma boa ideia eu sair junto com vocês.


- Por quê?


- E a sua família, Rose?


- Você quer dizer “e seu pai, Rose”? – perguntou, curiosa, sentando-se. – Não se importe, Scorpius. Ele vai acabar se acostumando. Você vai ao casamento do Teddy, não vai? E eu vou te convidar para a minha festa. E nem pense em arranjar desculpas.


Scorpius sorriu.


- Anda, vem logo. – chamou Rose, de novo, saindo da cabine.


Juntos, eles caminharam até o local onde a família Weasley/Potter estava; os Malfoy conversavam com Harry e Gina, ao passo que Ron estava emburrado a um canto olhando-os de um jeito nada agradável.


- Oi, papai. – cumprimentou Rose, abraçando-o com força.


- Boa tarde, sr. Weasley. – cumprimentou Scorpius, indo em direção aos pais.


- Quem esse garoto pensa que é para falar assim comigo? – disse Ron, carrancudo. – Não gosto dos Malfoy e não vou ser amiguinho deles. – Rose suspirou, cansada, e afastou-se para cumprimentar a mãe, os tios e os pais de Glenn.


Juntos, formavam um grupo bastante barulhento (com exceção de Ron) e caloroso, mas os Malfoy, desculpando-se por terem prometido jantar com os pais de Astoria, foram embora rápido. Os demais seguiriam para A Toca, onde a sra. Weasley prometera um jantar divino para reunir toda a família, para que todos ficassem a par dos preparativos do casamento duplo que aconteceria no próximo sábado.


- Você e a Lily se preparem, Rose – disse Hermione assim que entraram no carro de Ron – A Victoire e a Dominique estão uma pilha de nervos e não querem que nada saia um milímetro fora do que planejaram. No mínimo, vão fazer vocês duas passarem a semana toda ensaiando a entrada.


- Mulheres são todas malucas – resmungou Hugo.


- Cuidado com o que fala, viu, mocinho? – disse Rose, lançando um olhar intimidador para o irmão.


- Mas elas têm motivo, Hugo. A Nicole terminou o curso de Curandeira que estava fazendo e, com o dinheiro que juntou trabalhando na loja, vai abrir um consultório em Londres, então só vai trabalhar mais esta semana com as meninas. – contou Hermione – Por causa disso, elas têm que arrumar alguém que fique tomando conta das coisas da loja na semana que vão viajar para a lua-de-mel, mas parece que está difícil arrumar funcionárias.


- Quanto tempo elas vão ficar fora? – perguntou a ruiva, interessada.


- Uma semana.


- Se as meninas toparem, Rox, Lily e eu podemos trabalhar lá. – sugeriu Rose.


- Ótima ideia, filha! – disse Hermione, entusiasmada.


- Mas a Nicole é esperta, hein? Só esse tempo que ficou lá já conseguiu dinheiro para abrir um consultório! – disse Hugo, surpreso.


- Você precisa ver, Hugo. A DomiVic é um sucesso. – disse Hermione, visivelmente orgulhosa das sobrinhas. – As meninas vão até abrir uma filial na Londres trouxa! O dinheiro que a Nicole juntou é todo da comissão das vendas que fez.


- Muito bem. Todos estão muuuuuuuito felizes, não é? – disse Ron, um tom de ironia na voz. – Mas alguém pode me explicar por que o Ted foi convidar os Malfoy para o casamento?


- São parte da família dele, Ronald, ele tem o direito de convidar quem quiser para o casamento. – disse Hermione, ácida. – Fora que o Ted doou medula para o Scorpius se curar da leucemia.


- E nós, Mione? Somos o quê, hein? Vizinhos queridos?


- Ronald, não começa, pode ser? Eu não vou discutir isso com você de novo! Que coisa mais chata! Dá pra parar?


- O Ted tá trocando a gente por aquele bando de loiros aguados! Será que nem meu pai consegue ver isso? E o Harry, hein? É como se fosse pai do Ted! Não pode deixar uma barbárie dessas acontecer! – continuava Ron, claramente inconformado.


- Presta atenção, Ronald, pela última vez: Teddy não está nos trocando por ninguém, e os Malfoy não são mais como antes. Eles mudaram, ok? E, quer você queira, quer você NÃO queira, eles vão ao casamento das suas sobrinhas e é para você tratá-los com educação! – ele ia abrir a boca para falar algo, mas Hermione logo acrescentou, o mais ameaçadoramente que conseguiu: – Esta conversa acaba de ser encerrada e eu não quero ouvir mais uma palavra sua a esse respeito.


Ron fechou a cara, e Rose e Hugo trocaram um olhar significativo, segurando-se para não cair na gargalhada.


O jantar na Toca foi bastante barulhento – como sempre – e, tal como Hermione previra, Victoire e Dominique não deram descanso para Rose e Lily. As duas ficaram o jantar inteiro atrás das primas mais novas para dar dicas a respeito de como andar até o altar e marcaram para o dia seguinte a primeira prova do vestido que as meninas usariam no casamento, desenhados pelas próprias noivas.


- Na boa, Rose, espero que a Vic não consiga me enlouquecer durante esta semana – comentou Lily na hora de ir embora, cansada dos discursos da prima.


De fato, a semana foi bastante puxada. Rose nem teve tempo de se encontrar com sua avó Helen para conversarem sobre o aniversário. Passava as tardes com Lily na Toca, ensaiando e ajudando as primas a preparem os vestidos da família, pensar na melhor disposição das cadeiras, onde cada convidado sentaria, o que constaria do cardápio...


- Acho que eu mereço um lugar no céu depois desta – resmungou Lily, irritada, quando Victoire a fez repetir todo o trajeto até o altar porque pisara um dedo fora da linha desenhada no chão.


Mas, de tudo, o que Rose achava pior era aturar Roxanne, que aparecia vez ou outra na Toca para zoar ela e Lily por estarem sofrendo com as noivas histéricas. Para as duas meninas mais novas da família, a sexta-feira foi um alívio: Victoire e Dominique sofreram um duplo ataque histérico porque não sabiam mais se queriam casar depois que Fred apareceu no meio do ensaio e carregou Ted e Matthew com ele para uma despedida de solteiro. Enquanto a sra. Weasley preparava água com açúcar para as netas mais velhas, Rose e Lily saíram sorrateiramente e foram para o Beco Diagonal, onde se encontraram na DomiVic com Nicole, para ensiná-las o serviço na loja. Roxanne já havia chegado e abriu um sorriso quando as viu abrirem a porta:


- Conseguiram fugir do ataque das noivas malucas?


- Nem me fala. Vocês duas nem sabem o que aconteceu. – disse Lily, sombriamente.


- Vic e Domi estão derramando rios de lágrimas porque Ted e Matthew saíram com o Fred para uma despedida de solteiro – contou Rose. – Até estavam falando em não se casar mais!


- Mas, convenhamos, o Fred foi bem inconveniente, não? – comentou Nicole.


- Qual é, Nicole, ele só quer deixar os amigos respirar um pouquinho. Sério, você não sabe disso porque ficou a semana inteira sem ver as futuras noivas, mas elas estão insuportáveis. – disse Roxanne.


- Despedidas de solteiros têm strippers, bebidas e muita confusão. Se fosse meu noivo, eu ficaria brava. – disse Nicole sem se convencer – E esse tipo de coisa é a cara do Fred.


- É tão difícil dar um crédito para o Fred? – perguntou Rose, surpresa – Ele pediu minha mãe para levar os noivos lá pra casa. Eles iam se juntar ao James, ao Al e ao Hugo para beber cerveja amanteigada e conversar bobagens sobre casamento e outras coisas mais. Tipo um reduto do “como fazer para conquistar a garota dos seus sonhos”.


- Não importa o que estão fazendo, vocês três têm muito o que aprender. Eu já volto. – disse Nicole, indo para os fundos da loja.


- Merlin, que bicho mordeu a Nicole? – quis saber Lily, olhando para o lugar em que ela havia entrado, surpresa.


- Fred Weasley II. – respondeu Roxanne – É só falar o nome dele que a Nicole fica toda cismada.


- Meninas, vem cá! – chamou Nicole. As três se entreolharam e, com um pesado suspiro, foram atrás da amiga.


À noite, Lily e Rose foram para a casa desta e, ao chegarem lá, encontraram os meninos sentados na mesa do quintal bebendo cerveja amanteigada e falando sobre problemas amorosos, escutando conselhos de Ted e de Matthew.


- Parece até mentira. Se fosse em outra época, o Fred provavelmente teria contratado dez  strippers para cada um. – comentou Lily, antes de ir para a própria casa dormir.


No dia seguinte, Rose foi acordada por uma sorridente Dominique.


- Rosie! Rosie, ACOOOOOOORDA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


- Ah, Domi, está muito cedo... – disse, virando-se para o outro lado.


- Rosie, eu vou me casar hoje! – dizia a loira, contente, com uma expressão sonhadora no rosto. – Anda, Rosie, eu vim te buscar para irmos até A Toca terminar os preparativos!


- Mas eu nem tomei café! – reclamou Rose, jogando o lençol de lado. Sabia que não adiantaria discutir com a prima naquele momento. Ao mesmo tempo, estava curiosa para saber como ela tinha superado a crise do dia anterior.


- Para, Rose, você está parecendo a Lily. – resmungou Dominique, sentando-se no pufe da penteadeira para arrumar os cabelos em um rabo de cavalo – Você só precisa vestir uma roupa velha e nós vamos para lá. A vovó já fez um café maravilhoso. Nem precisa levar toalha, nem maquiagem, petrechos para banho, nada. Vic e eu já deixamos tudo isso arrumado por lá. Você precisa ver, seu vestido e o da Lily ficaram per-fei-tos!


Sem dar trela ao momento “noiva feliz” da prima, Rose foi até o banheiro jogar um pouco de água no rosto, pentear os cabelos e pegar escova de dente e creme dental. Quando voltou, Dominique olhava o quarto de Lily pela janela, animada.


- Vamos, Rose, até a Lily acordou antes de você hoje!


Sem discutir, a ruiva vestiu uma blusa branca de alcinhas e o primeiro short jeans que achou, calçou os chinelos e pôs a escova de qualquer jeito dentro de uma bolsinha, seguindo Dominique para fora do quarto. Despediu-se dos pais e do irmão rapidamente, sentados à mesa da cozinha tomando café e aproveitou para pegar vários dos cookies de aveia e mel que Hermione tinha feito. Eram os preferidos da menina.


Quando chegou à Toca com Dominique, Lily estava tomando café com os avós, que estavam envolvidos em uma longa conversa a respeito da infância dos netos e de como o tempo passava rápido. Rose cumprimentou-os e se sentou ao lado da prima, que parecia disposta a devorar tudo o que estivesse ao seu alcance.


- Meu Deus, Lily, o que é isso? – perguntou, olhando para o prato dela com os olhos arregalados.


- Acredite em mim, as meninas só vão nos dar paz na hora do almoço. Se derem. Estou garantindo que não vou morrer de fome até lá, porque, definitivamente, elas vão nos dar muito trabalho hoje. Posso pegar alguns? – acrescentou, olhando para os cookies que Rose levara.


- Pode, mas só dois! – exigiu a ruiva mais velha. Amava aqueles cookies e não estava muito a fim de deixar que fossem alvo da repentina gula de Lily.


- Lily, não coma tanto se quiser caber no vestido! – ralhou Victoire, seguindo Ted para fora da casa.


- Oi, Lil’, oi, Rosie – disse o rapaz, animado.


- Oi, Teddy – responderam.


- Como foi que eles fizeram as pazes? – perguntou Rose, curiosa.


- Fred voltou aqui ontem à noite e levou as meninas para a sua casa. Para elas verem que não tinha nada de mais na despedida de solteiro – disse Lily, terminando de comer as cinco panquecas de que se servira – Até interrogaram os dois depois de obrigá-los a beber Veritaserum.


- E eles beberam?


- Pois é, são dois apaixonadíssimos pelas irmãs Delacour-Weasley. Sabiam que era só ataque de noiva histérica e levaram numa boa.


Rose e Lily não conversaram mais: gastaram o tempo disponível se empanturrando. Bem antes do que esperavam, Victoire e Dominique foram buscá-las para que ajudassem Ted, Matthew e Fred a arrumar os arranjos exatamente do jeito que haviam planejado. Nicole estava cuidando da loja e chegaria mais tarde para o ensaio final, para a ansiedade de Fred: os dois seriam os padrinhos de casamento de Vic e Teddy. Dominique e Matthew, por sua vez, preferiram não ter padrinhos.


O horário de almoço foi um pouco curto demais, na opinião de Rose. Não estava acostumada a comer rápido, mas tinham que terminar de colocar todos os arranjos logo ou não daria tempo de ensaiar. Mas tinha que concordar com Fred em um ponto: se as noivas não fossem tão perfeccionistas, já teriam terminado tudo há bastante tempo.


Nicole chegou apenas quando os arranjos já estavam devidamente arrumados, e Rose teve a impressão de que Fred a avisara sobre isso: viu quando a moça murmurou um “obrigada” para o rapaz quando caminhavam juntos para o altar, no ensaio.


Depois disso, todos fizeram um lanche preparado pela sra. Weasley que envolvia muito suco, sanduíches naturais e cookies de chocolate para sobremesa, que Victoire e Dominique se recusaram a comer. Sem esperar convite, Fred e Lily comeram os que haviam sobrado e que era destinado às duas.


Quando foram tomar banho, Rose e Lily descobriram que as primas haviam escolhido inclusive o xampu, o condicionador e o sabonete que deveriam usar. Eram todos franceses. “Bem, pelo menos elas souberam escolher bem o cheiro”, comentou Lily, abrindo a tampa de cada um dos frascos para cheirá-los.


Estavam as duas no antigo quarto de Bill junto com Nicole, esperando a chegada de Fleur e Gina, que tinham ficado responsáveis por cuidar do cabelo e da maquiagem, respectivamente, quando receberam a visita de Charlie, que há muito não viam.


- Tio Charlie! – disseram Rose e Lily antes de correrem para abraçá-lo com força.


- Oi, meus amores! – disse ele, animado, beijando o rosto das duas e se afastando para olhá-las direito. – Merlin, como vocês cresceram! E como estão lindas!


- Também, né, tio? Você estava sem ver a gente há cinco anos! – disse Rose em tom repreensivo.


- Mas eu acho que o tio Charlie só apareceu para o casamento das meninas para se inspirar e arrumar o dele, não é, tio? – alfinetou Lily. Todos sabiam que Charlie achava maluca a ideia de se casar.


- É, Lily, acho que você agora é parceira da sra. Molly Weasley – comentou Charlie, casualmente – Foi isso que ela disse quando me viu chegando acompanhado.


- De quem? – perguntaram as ruivas em uníssono, curiosas. O tio nunca levava mulher alguma para casa.


- Da Charlotte, minha namorada. Namorada, ouviram bem, mocinhas? Na-mo-ra-da. Ela também tem pavor de se casar. Então, nada de gracinhas para o meu lado ou para o lado dela. – disse Charlie, teatralmente.


- Ah... – lamentou Lily – Eu queria tanto ter mais primos!


- Bem, tio Charlie, acho que, quanto à parte das gracinhas você tem que avisar é para o Fred e para o James, não para nós duas. – comentou Rose.


- Bem, Rosie, para o James pode até ser... mas para o Fred não, definitivamente. Ele estava planejando o próprio casamento quando cheguei. Com uma moça chamada Nicole, dá para acreditar? Meu sobrinho preferido está traindo a causa... – lamentou Charlie – A propósito, como é o seu nome? – acrescentou, dirigindo-se a Nicole.


- Nicole Green, senhor – disse, corando – Sou madrinha da Victoire.


- Prazer, Nicole – disse Charlie, aproximando-se para cumprimentá-la – E não me chame de senhor, não combina comigo. É você a noiva do Fred? – perguntou, curioso.


- Não é nem namorada dele. Ainda – disse Lily.


- Certo... – falou ele, encarando Nicole, confuso – Vejo vocês mais tarde! – disse, saindo do quarto quando Fleur e Gina apareceram.


- Vocês demoraram – comentou Rose, olhando pela janela – Já tem um montão de gente lá embaixo.


- Bem, Victoire e Dominique nos deram um pouquinho de trabalho... estavam muito nervosas – falou Gina, sentando-se para começar a maquiar a filha.


Com meia hora e um pouco de ajuda da magia, Nicole, Rose e Lily ficaram prontas. Nicole usava um vestido vermelho que contrastava com os cabelos muito negros, enquanto Rose e Lily usavam longos vestidos tomara-que-caia dourados (“porque rosa ficaria horrível com os cabelos delas”, dissera Fleur, o que fez Gina revirar os olhos) bem marcados na cintura e cheio de anáguas para dar bastante volume. As duas tinham os cabelos presos em um coque caprichoso, com fios charmosamente soltos e a franja jogada de lado. Cada uma iria carregar um par de alianças em uma almofadinha de veludo vermelho.


- Pensei que fôssemos damas de honra e não porta-alianças – comentou Lily depois que Fleur e Gina foram se juntar aos convidados na tenda.


- Pois é, Lily, temos uma dupla função hoje. Só espero que essas alianças não caiam quando estivermos entrando. – desejou Rose.


- Digo o mesmo, Rosie.


- Fiquem tranquilas, vai dar tudo certo. – disse Nicole, confiante.


- Venham, meninas, está na hora – disse a sra. Weasley, abrindo a porta do quarto.


Quando as três desceram as escadas, encontraram Bill já na sala com as filhas e Fred. Victoire usava um vestido branco tomara-que-caia todo bordado com pedrinhas que imitavam brilhantes, ao passo que o vestido de Dominique tinha vários detalhes em rendas e alças bastante finas. Apesar de os vestidos serem diferentes, o buquê que ambas carregavam eram iguais.


- Vou me sentar no meu lugar e, quando ouvirem a marcha nupcial, as noivas e as daminhas podem começar a entrar – disse a sra. Weasley, saindo da sala.


Fred olhava para Nicole, claramente boquiaberto, os olhinhos castanhos brilhando de encanto.


- Você está linda, Nicole – comentou quando ela se aproximou dele.


- Obrigada – disse simplesmente.


Juntos, eles se deram os braços e saíram da sala. Victoire, Dominique, Rose e Lily não conseguiram conter uma risadinha abafada. Não tiveram tempo para se alongar em comentários porque a marcha nupcial logo começou a tocar e Bill saiu de braços dados com Victoire; Lily à frente deles. Instantes depois, ele voltou para buscar Dominique e saiu de braços dados com ela, Rose à frente deles.


Enquanto andava lentamente pelo tapete vermelho, Rose não pôde deixar de notar na quantidade de parentes de cabelos ruivos que estavam ali, assim como parentes franceses da família Delacour, fora os vários parentes de Matt. Sentiu um pouco de tristeza por Ted quando identificou os Malfoy – Draco, Astoria e Scorpius – sentados ao lado de Ron e Hermione – aquele com uma expressão nada feliz – por serem os únicos parentes consanguíneos dele presentes à cerimônia. Sorriu ao ver Scorpius, uma alegria enorme tomando conta de seu coração – ele viera, afinal. Por lá também estava Charlie, ao lado de uma mulher de mais ou menos trinta e cinco anos, de longos cabelos castanhos cacheados – Charlotte?


Rose voltou sua atenção para o altar enquanto se aproximava: Gina e Harry estavam lá, no lugar que caberia aos pais de Ted se estivessem vivos. Fleur esperava o marido radiante, claramente orgulhosa das filhas, que, com o ar veela que lhes era característico, estavam deixando todos os homens presentes babando – exceto por Fred, que, em pé ao lado de Nicole, parecia ter olhos apenas para ela. A moça, no entanto, esforçava-se para ignorá-lo completamente, prendendo a atenção à entrada de Dominique. Oliver e Tina também estavam lá, felizes, perto do filho Matt, que olhava a noiva entrar, atentamente. Parecia nem piscar. Lily estava sentada na primeira fila de cadeiras, junto com Louis e os srs. Weasley, segurando a almofadinha com as alianças. Quando se aproximaram do altar, Rose se dirigiu para a primeira fila, sentando-se ao lado da prima mais nova, enquanto Bill “entregava” a filha a Matt.


O bruxo que celebrava o casamento falou bastante sobre amor, união, vida a dois, até finalmente perguntar aos noivos se aceitavam se casar um com o outro. Como todos disseram “sim”, Rose e Lily se aproximaram novamente para entregar as alianças. Depois das alianças, o tradicional beijo. O bruxo, enfim, pediu que todos se levantassem, e as cadeiras, o altar e o tapete vermelho sumiram, dando lugar a várias mesinhas de seis e oito lugares, assim como a uma pista de dança, a uma bancada com aperitivos e a vários garçons.


A maioria dos convidados se aproximou dos noivos para lhes felicitar, mas Rose e Lily – que achavam já ter convivido o suficiente com duas noivas histéricas para uma vida inteira – juntaram-se aos primos e aos irmãos e se sentaram em uma mesa.


- E aí, Rose, cadê o Glenn? – quis saber James, servindo-se de cerveja amanteigada.


- Ele não veio? – perguntou, surpresa.


- Não que eu tenha visto – disse ele – E olha que é o irmão dele que está se casando!


- Estranho... – murmurou Rose, sem prestar atenção na conversa que Roxanne, Lily, Hugo e Alvo iniciavam.


Minutos depois, Scorpius apareceu e perguntou:


- Posso me sentar com vocês?


- Claro que pode! – respondeu Rose imediatamente, puxando uma cadeira para ele se sentar ao lado dela.


James começou uma conversa sobre quadribol em que todos começaram a participar prontamente, exceto por Rose – talvez por isso ela tenha sido a única a perceber o olhar mortífero que Ron lançou na direção da mesa dos meninos e Hermione o puxando para longe, sussurrando algo do tipo “é o casamento das suas sobrinhas, por Merlin, não dê vexame” e a cara de ainda menos amigos que o ruivo fez quando a esposa o empurrou para uma cadeira na mesma mesa em que Harry, Gina, Draco e Astoria haviam se sentado.


Os noivos começaram a percorrer todas as mesas depois de um certo tempo, cumprimentando os convidados e agradecendo a presença de cada um, e Lily ficou particularmente satisfeita quando Victoire e Dominique agradeceram a ela e a Rose pela paciência. Charlie também foi conversar animado com os sobrinhos e com Scorpius, apresentando a mulher de cabelos cacheados como sua namorada Charlotte.  


A festa estava bastante divertida, e Rose já tinha dançado com metade dos homens da família quando Scorpius a convidou para dançar. Ela aceitou na mesma hora, e caminhou para a pista de dança com ele, ignorando o olhar nem um pouco satisfeito do pai.


- Acho que seu pai não gosta mesmo de mim – comentou o loiro, envolvendo a cintura de Rose.


- Por favor, Scorpius, esquece ele. Meu pai às vezes parece criança. – disse ela.


- Mas, sabe, Rose, não é legal ficar em um lugar onde as pessoas ficam te lançando um olhar de quem é capaz de matar você. – comentou, casualmente.


- Então vem comigo – chamou Rose, puxando-o para uma clareira um pouco afastada. – Prontinho.


Scorpius se aproximou e envolveu a cintura dela novamente, desta vez puxando-a para mais perto, o que fez a ruiva estremecer com a aproximação. Ficaram uma música lenta inteira em silêncio até o rapaz comentar:


- Sabe o que isso me lembra? Aquela vez em que fomos sorteados para dançar juntos.


- Com a diferença de que, aquele dia, eu mal via a hora de ficar bem longe de você – comentou Rose, sorrindo.


- E agora, Rose? Você espera a primeira oportunidade para fugir para longe de mim? – perguntou Scorpius em tom de riso, mas a menina sabia que havia um tom de curiosidade sincera nas palavras dele. Até tinha se afastado um pouco para observar a expressão dela ao responder.


- Não, Scorpius. Eu... estou bem – disse, constrangida. Ele a encarava profundamente.


- E o seu namorado?


- Eu não tenho namorado. – respondeu, com cuidado – Eu já te disse isso.


- Tudo bem. Cadê o Glenn?


- Não sei – respondeu – Ele não me disse nada sobre não vir hoje. – disse, magoada. Sentia-se traída, de certa forma. Como Glenn não aparecia no casamento do irmão e nem mesmo explicava por quê? Era inimaginável algo assim. Os olhos de Rose marejaram.


- Ei, ruiva, não fica assim. – pediu Scorpius, abraçando-a com força.


- Sabia que isso é o que eu mais detesto? – disse ela, entre as lágrimas que escorriam pelo rosto silenciosamente.


- Isso o quê? – perguntou Scorpius, confuso.


- As pessoas falarem para eu não me sentir assim, para não chorar, que vai ficar tudo bem... eu quero me sentir assim, eu estou com vontade de chorar e eu sei que vai ficar tudo bem... só acho que os outros têm que perceber isso. E respeitar. Mamãe sempre disse que chorar lava a alma, e que depois de uma forte chuva sempre vem um arco-íris... – murmurou.


O loiro ficou um longo tempo em silêncio até se afastar de Rose, levantar o rosto dela delicadamente e limpar suas lágrimas, dizendo:


- Eu estou com você, Rose, não importa o que aconteça.


- Obrigada – agradeceu, comovida. Sabia que ele havia entendido o recado.


- Aliás, só a nível de curiosidade: você ainda vai chorar muito? – perguntou, divertido.


- Scorpius! – falou a ruiva, em tom de censura. 


- Porque eu estou pensando em roubar guardanapos das mesas para possíveis emergências, sabe como é. Mas, se você resolver parar, não preciso me tornar um criminoso. – explicou, sorrindo.


- Chato – resmungou Rose, batendo nele de brincadeira – Não quero mais chorar! – acrescentou, em um tom de voz de criança mimada – Perdeu a graça, agora que você está me alugando – explicou, embora não fosse bem verdade. Não queria mais chorar porque estava com Scorpius, e as brincadeiras dele, por mais bobas que fossem, deixavam-na alegre.


Antes que o rapaz pudesse falar qualquer coisa, a banda parou de tocar e eles escutaram alguém pegando o microfone do vocalista.


- Não é possível! Será que as meninas já vão jogar o buquê? – quis saber Rose, afinal, ela que havia dado a ideia.


- Bem, não parece uma voz muito feminina... – comentou Scorpius, tentando escutar o que diziam.


- Merlin, é o Fred! – disse a ruiva, correndo para fora da clareira, Scorpius no seu encalço – O que ele está aprontando agora?


Pararam de correr quando chegaram perto da mesa em que estavam sentados mais cedo. Lily e Roxanne olhavam para Fred com um certo ar de orgulho, ao passo que Alvo e Hugo olhavam para o primo tão abismados quanto os demais. James tinha acabado de aparecer Deus sabe de onde, seguido por uma das primas veelas de Victoire e Dominique.


- Vocês já sabem o que o Fred pretende, não sabem? – perguntou Rose, olhando as primas astutamente.


- A-ham! – fizeram elas, os olhos grudados em Fred.


- Pessoal, agora que eu consegui um minuto de sua atenção, eu gostaria de dizer algumas palavras – dizia ele, olhando para o mar de convidados à sua frente, todos calados. – Primeiro, me desculpem por interromper a diversão de vocês, mas garanto que é por um motivo nobre. E, segundo, acho que não é necessário mais parabenizar os noivos de hoje, pois todos sabemos como formam belos casais que realmente se amam. – ele levantou a taça que segurava como se os brindasse – E gostaria, também, de pedir desculpas aos noivos por interromper a comemoração e agradecer por me inspirarem a resolver falar.


Rose cochichou para Roxanne:


- Foram vocês que planejaram isso?


- Claro que não, Rosie, foi ideia do meu irmãozinho... a gente só incentivou! – respondeu, sinceramente.


Rose voltou a atenção para o primo:


- Então, vamos lá. Por favor, Nicole, não vá embora, tudo isso tem a ver com você. – Nicole parou a meio caminho de sair debaixo das tendas ao ouvir as palavras de Fred, e todos os olhares se voltaram para ela. Um sorriso de compreensão se espalhou pelo rosto de Angelina – Esse é o único meio que encontrei de fazer você me escutar. – continuou Fred – E é por isso que eu te peço de novo: por favor, não vá embora ainda. Me escute. Por educação, pelo menos.


Nicole estava de costas para o palco, os olhos fechados. Lentamente, como se as palavras de Fred a atingissem, ela se virou de frente para o palco, atendendo aos pedidos dele. O olhar dos convidados se voltou para o rapaz, que disse:


- Obrigado, Nicole. Tudo isso é por você. Já que você nunca quer me escutar, ou simplesmente me ignora, esse foi o único jeito que achei de falar com você. Para te dizer como eu te amo. – os olhos dele estavam voltados apenas para Nicole – Sei que, quando nos conhecemos, você me achava um idiota galinha. Sei que você nunca teve o mínimo de paciência comigo. Conheço sua história. Sei que já passou muitas provações na vida e te admiro sinceramente por tudo que conquistou. De vendedora de loja, você chegou a Curandeira. Não são muitas as mulheres que têm a força que você tem e conseguem ser, ao mesmo tempo, tão femininas e sedutoras. Peço desculpas se já fui grosso com você, se já errei muito com você. O fato é que, hoje, eu estou completamente apaixonado por você, Nicole. Não te vejo como um desafio, como o troféu de uma suposta coleção de mulheres a que você certa vez se referiu. Jamais. Você merece ser amada. E é isso que eu quero. Quero amar você, apenas. Mas eu preciso que permita que a ame. Não só por uma noite, por um final de semana ou por um mês. Quero amar você pelo resto de meus dias. Quero que seja minha esposa. A mãe dos meus filhos. Que seja minha mulher, minha melhor amiga, minha amante, minha companheira de todas as dificuldades e de todas as alegrias. Nunca amei ninguém como te amo. E, se você não quiser entender isso, se depois de tudo o que eu fiz você ainda não acreditar em mim, que pena. Não vai mudar nada. Mesmo sem que você não queira, vou continuar te amando, não importa o que aconteça. Sem licença. Sem autorização.  Quero ser para você como o Teddy é para a Vic, como o Matt é para a Domi, como o meu avô é para minha avó, o meu pai, para a minha mãe... eu te amo, Nicole. Será que é tão difícil de entender?


Os convidados ficaram em silêncio. Silêncio impressionante. Assustador. Engolfante. Fred devolveu o microfone para o vocalista da banda, enquanto todos os olhares se voltaram para Nicole, parada como uma estátua, sem se mover um milímetro que fosse. Victoire e Dominique trocaram um olhar significativo e correram para o palco, pegando o microfone das mãos do vocalista.


- Bem, pessoal... um minuto de sua atenção, por favor – pediu Dominique – E nos desculpem por atrapalhar a música, mas é a última vez.


- Por sugestão da nossa prima Rose, resolvemos fazer no casamento uma tradição trouxa – disse Victoire, quando os olhares dos convidados se voltaram para o palco novamente – Vamos jogar nossos buquês para as convidadas que são solteiras e divorciadas. Segundo a tradição, quem pega o buquê é a próxima a se casar. Aproximem-se do palco, por favor, aquelas que foram solteiras ou divorciadas.


Houve um barulho de arrastar de cadeiras e várias moças e mulheres se aproximaram do palco, inclusive Rose, instigada por uma saltitante Lily. As outras meninas da família Weasley, com exceção de Molly, que declarou achar tudo aquilo uma “palhaçada”, foram também. Nicole continuou onde estava. Parecia em transe. Charlote, ao lado de Charlie, também não se mexeu.


Depois que Ted e Matthew entregaram os buquês às noivas, elas se viraram de costas para a multidão de “solteiras desesperadas”, como George comentara com James. Primeiro, Victoire jogou o buquê que lhe pertencia, que foi cair em cima da mesa a que Molly estava sentada com Louis. Relutante, sob o olhar invejoso das veelas francesas, ela pegou o buquê como se não acreditasse no que via. Os demais convidados bateram palmas.


- Minha vez! – gritou Dominique, atraindo as atenções para si e se virando de costas. Buquê jogado, bateu justamente no rosto de Nicole e caiu no chão. Todos a encararam, apreensivos. Sem dizer palavra, ela se abaixou e o pegou com cuidado, indo em direção à Toca em seguida.


- Agora a banda pode voltar a tocar! – gritou Victoire, devolvendo o microfone ao vocalista e descendo do palco com a irmã.


A próxima música foi bastante animada. Rose, aliviada, e Lily, decepcionada, voltaram para a mesa em que James, Alvo, Hugo e Scorpius estavam, já na companhia de Roxanne.


- Quem diria, hein? As próximas a se casar são as noivas mais improváveis da festa! – disse James quando as meninas se aproximaram.


- Pois é, eu achei que quem fosse pegar o buquê fosse aquela loira aguada que estava com você há pouco, maninho – falou Lily, alfinetando-o – Talvez ela conseguisse pôr uma coleira em você. – em resposta, o ruivo arregalou os olhos e não disse mais nada.


- Cadê o Fred, Rox? – perguntou Rose, olhando para todos os lados à procura do primo mais velho.


- Depois de todo aquele discurso, foi para a Toca. – respondeu, servindo-se de mais cerveja amanteigada – Talvez isso explique porque a Nicole foi para lá.


- Vocês acham que agora o Fred consegue ficar com ela? – perguntou Alvo, curioso.


- Definitivamente – respondeu Roxanne, confiante – Fiquei toda a semana na loja com a Nicole e, para mim, ela não aceitou o Fred até hoje por medo. Convenhamos, o passado dele não ajuda em nada, né?


- Preste bastante atenção, James, talvez assim você consiga ter ideias para conquistar de vez a loira aguada –        continuou Lily, irônica.


- Droga, Lily, quer me deixar em paz? – disse ele, bravo, saindo da mesa e indo em direção a uma das primas de Matt.


- Merlin, Lily, achei que você tivesse falado que ia parar com isso – comentou Hugo, olhando a prima, abismado.


- Hugo, não falo mais, tá bom? Cansei de ver você me cobrando por causa de bobagens. – disse ela, sem se alterar – E digo uma última coisa: se o James ficou mexido com o que eu falei, é porque aí tem coisa. É como dizem, né? “Onde há fumaça, há fogo”.


 - Quer dançar, Rox? – chamou Alvo, pressentindo a discussão que viria entre Lily e Hugo.


- Opa, demorou! – disse ela, levantando-se na mesma hora.


Scorpius não prestava muita atenção no que diziam. Olhava para todos os lados, como se procurasse algo.


- O que foi, Scorpius? – perguntou Rose, ignorando a discussão entre o irmão e a prima.


- Rose, você sabe onde tem água?


- Na cozinha. Quer que eu vá lá com você?


- Vamos. – concordou ele, levantando-se e a seguindo até a Toca.


- Puxa, vocês têm geladeira aqui! – exclamou Scorpius ao entrar na cozinha – E ela funciona! – exclamou ao ver Rose abri-la e tirar uma jarra de água de dentro dela.


- O vovô convenceu a vovó de que precisavam de uma. Ele adora trouxas. – comentou, pegando um copo para servir água para o amigo – Você precisa ir lá em casa. Ou na casa do Al. Temos geladeira, micro-ondas, televisão, notebooks... toda a tralha trouxa, por causa da mamãe e do tio Harry, que foram criados por trouxas.


- Uau. – dizia Scorpius, pegando o copo que Rose estendia em sua direção – Isso é absolutamente incrível.


Ficaram em silêncio enquanto Scorpius bebia a água.


- Obrigado, Rose. – agradeceu, devolvendo o copo a ela.


- De nada – respondeu, lavando-o e colocando-o no escorredor.


- Rose... – começou Scorpius, pensativo – O que você achou da atitude do seu primo?


- Por que a pergunta? – perguntou Rose, curiosa, encarando o loiro – Quer fazer algo do tipo para que a garota dos seus sonhos te escute? – acrescentou, em tom de brincadeira.


Ele ficou em silêncio durante alguns segundos e disse, seriamente:


- Talvez.


- Quem é, Scorpius? É a Laura? – quis saber a menina imediatamente, sentindo o coração gelar. Estranho.


- Por Merlin, Rose, você cismou mesmo com a Laura, hein?


- Da mesma forma que você era cismado comigo e com o James – rebateu – Quem é?


- Rose, você pode responder à pergunta que eu fiz primeiro? – pediu ele, educadamente – O que você achou da atitude do Fred?


Rose ficou em silêncio, medindo as palavras e pensando em Nicole e em Fred.


- Bem... eu acho que foi uma atitude muito corajosa do Fred – começou, hesitante – E acho que se não fosse assim, talvez a Nicole nunca parasse para escutá-lo... ao mesmo tempo, acho que ele meio que expôs muito a Nicole, quero dizer, tem um monte de gente aí fora que nem a conhece! Deve ser meio constrangedor... parecia, no início, que ela tinha totalmente perdido o chão!


- Mas você acha que eles vão se acertar? – continuou Scorpius, encarando-a.


- Acredito que sim – disse, confiante – Principalmente porque a Roxanne disse que acha que o problema da Nicole é o medo de se decepcionar com o Fred. A Rox ficou toda a semana com a Nicole lá na loja das meninas, então, deve saber mais do que eu. E o Fred também se expôs muito; não acho que ele faria algo assim se não amasse a Nicole tanto quanto diz. Merlin, ele disse que quer se casar com ela! Ter filhos! – ela riu ao se lembrar do primo. Nunca cogitara a ideia de que, um dia, ele falaria algo do tipo.


- Certo – disse Scorpius, voltando a ficar pensativo.


- Por que todas essas perguntas, Scorpius? A tal garota não te escuta? – perguntou Rose, curiosa.


- Não. O meu problema não é esse... é outra coisa. – respondeu, encarando o chão fixamente.


- Conversa comigo, Scorpius. – pediu a ruiva, aproximando-se dele e segurando o rosto do loiro entre as mãos, forçando-a encará-la – Me fala quem é. Talvez eu possa te ajudar. – disse, realmente com vontade de ajudá-lo. Mesmo que, para isso, tivesse de conviver com um peso no coração como o que estava sentindo.


Os olhos azul-escuro de Rose fitavam os olhos cinzentos de Scorpius atentamente, em busca de qualquer sinal, qualquer pista que porventura ele demonstrasse.


- Eu tenho medo, Rosie – murmurou ele – Eu tenho medo de que ela não me queira. Medo de que ache... não sei... que nós não podemos ficar juntos.


- Por quê, Scorpius? Você é incrível. – disse a ruiva, em um sussurro.


- São tantas coisas envolvidas... eu não sei... – sussurrou ele de volta.


- Não fique assim, Scorpius. Eu vou te ajudar. Sempre. Porque você é o meu melhor amigo. – disse ela, ainda segurando o rosto dele e o encarando. O peso no coração ainda estava lá. – Você sabe disso, não sabe?


- Sei. – disse ele, com uma expressão de dor no rosto. Rose encarou-o, confusa.


- Quem é, Scorpius? – sussurrou ela – Quem? – perguntou, a curiosidade dominando-a. Ao mesmo tempo, não queria ouvir. E se fosse uma garota da Sonserina que despedaçasse o coração de Scorpius? Ela achava que não aguentaria.


- Rose... – chamou Scorpius, aos sussurros, encarando-a fixamente com um olhar de súplica, olhar de quem queria dizer alguma coisa, mas a ruiva não estava entendendo nada. Estava completamente confusa.


Por muito tempo, eles apenas se encararam e, de repente, Rose se deu conta de como estavam próximos. Ainda tinha o rosto do rapaz nas mãos, e olhava cada detalhe de seu rosto com bastante atenção: bochechas levemente coradas, olhos cinzentos fantásticos, suplicantes, lábios rosados, pelos loiros que, em breve, seriam barba...


Scorpius se aproximou mais ainda. Não dava mais para encará-lo, para perceber os detalhes em seu rosto. Rose agora sentia o hálito fresco de Scorpius próximo, bem próximo de sua boca, e agora podia sentir o cheiro reconfortante de colônia masculina que exalava do corpo dele. Sentiu o loiro envolver sua cintura e puxá-la ainda mais para perto. Não pensava mais; simplesmente não havia espaço para raciocínios na mente brilhante da ruiva naquele exato momento. Mas lá no fundo de sua mente, sabia que aquilo era perigoso, que podia se machucar, e lá fora havia uma festa, com uma música tão animada, além do mais, tinha certeza de que estava se esquecendo de alguma coisa, mas o quê? Dane-se, dane-se tudo, eu estou aqui. Estou com o Scorpius, cada vez mais perto... agora ela sentia que os lábios de Scorpius tinham acabado de roçar os seus levemente.


- ROSE GRANGER WEASLEY! – a voz de Ron ecoou com força por toda a cozinha, fazendo Rose e Scorpius saltarem para bem longe um do outro – QUE POUCA VERGONHA É ESSA?


Ela apenas encarou o pai, assustada. As orelhas dele estavam muito vermelhas. Mau sinal. No minuto seguinte, Hermione apareceu na porta, seguida por Harry, Gina, Draco e Astoria.


- Ronald Weasley – disse Hermione, com um tom de voz ameaçador – Que escândalo é esse? Quase dá para escutar lá da te...


- Foi a sua filha, Hermione. A sua filha. – disse ele, interrompendo-a, tentando controlar o tom de voz. Estava furioso. Rose sentiu o sangue esvair do rosto.


- “Minha filha”? – repetiu ela, sem entender nada – O que aconteceu, Rose? – perguntou para a ruiva.


- Eu... eu... estava... bem... – gaguejou ela, sem conseguir articulas as palavras. Não sabia por onde começar. Estava muito consciente de que era o centro das atenções naquele momento.


- Conta logo, Rose! Anda, conta para a sua mãe o que você estava fazendo! – disse Ron, furioso.


- Scorpius? Vamos embora? – chamou Astoria – Acho melhor a gente ficar de fora disso.


- POR QUÊ? POR QUÊ, HEIN, ASTORIA? – disse Ron, gritando outra vez – ISSO TAMBÉM ENVOLVE SUA QUERIDA MINIATURA DE DONINHA!


Scorpius, ao ouvir a fala do homem, continuou exatamente onde estava. Não moveu um músculo.


- Por que isso também envolve o Scorpius? – perguntou Astoria, sem se intimidar. Harry e Gina se entreolharam e saíram de fininho, de volta para a festa.


- SABE O QU...


- PARA DE GRITAR, RONALD BILIUS WEASLEY! DÁ PARA CONVERSAR COMO UMA PESSOA CIVILIZADA? – gritou Hermione, ainda mais alto, interrompendo-o.


Ron respirou fundo várias vezes para se acalmar e disse, com a voz trêmula:


- O seu loiro aguado, Astoria, estava aqui na cozinha, sozinho – aqui ele deu ênfase à palavra – com a minha filha. E sabe o que eles iam fazer se eu não tivesse chegado a tempo? Eles iam se beijar! – finalizou, como se isso fosse a pior coisa do mundo. A mais maluca. A mais irracional.


- E? – perguntou Astoria, sem se alterar.


- E daí que a minha filha tem namorado, ok?


- O Glenn não é meu namorado! – protestou Rose, o sangue agora voltando para o rosto – Quantas vezes eu vou ter que te falar isso, papai?


- Ele é o quê, então? Vizinho? Amigo de estudos? – perguntou Ron ferozmente, dirigindo-se à filha.


- NÃO! A gente tá tentando voltar, mas sem compromissos!


Ron deu uma risada irônica.


- E qual é a diferença, garota? Dá no mesmo!


- Não dá no mesmo, não! Sabe por quê? O Glenn não veio ao casamento do irmão e nem se dignou a me falar por quê! Ele não se importa mais comigo tanto quanto se importava! – disse Rose, brava com as atitudes do pai. – Eu não quero mais que ele volte a ser meu namorado! E, pelo jeito, ele também não quer mais!


- TANTO FAZ, ROSE! De qualquer forma, você ia trair a sua família! Você ia beijar esse garoto repugnante! – continuou Ron, sem se convencer.


- Não ia beijar, não! O Scorpius é meu amigo e eu não arriscaria a amizade dele POR NADA, papai. NADA! – disse ela, usando com o pai o mesmo tom com que ele se dirigia a ela.


- Amigo? – repetiu Ron, abismado – Amigo? Tenha dó, Rose!


- E vamos ser amigos até o fim de nossos dias! E não há nada que você possa fazer para impedir! Não é, Scorpius? – perguntou a ruiva, querendo ajuda.


- Com certeza – concordou o loiro.


Ron olhava para a filha, claramente chocado.


- E você quer que eu engula essa história, Rose? Depois de quase flagrar você aos beijos com o filhote de doninha?


Rose não soube rebater. Desta vez, não tinha argumentos.


- Tá vendo, Hermione? Tá vendo? A Rose agora é uma mentirosa! Está mentindo para os pais dela! Se fosse verdade, ela teria o que falar!


Hermione encarou a filha. Lágrimas silenciosas escorriam do rosto da ruiva.


- E vocês? – quis saber Ron, dirigindo-se a Draco e a Astoria – Não vão falar nada? São a favor de um absurdo desses? Uma Weasley com um Malfoy, francamente! Ela vai sujar a pureza do sangue de vocês, será que não veem? Ela é mestiça!


Rose olhou chocada para o pai. Era simplesmente inimaginável o que ele acabara de dizer. Não pôde evitar que mais lágrimas escorressem de seus olhos.


- Escuta só, Ronald, se você tivesse dado espaço para nos conhecer melhor agora, saberia que sangue já não nos faz a menor diferença – disse Draco, calmamente – Além disso, não interferimos na vida amorosa ou nas amizades de nosso filho. Ele foi bem criado; confiamos no julgamento que ele faz das pessoas. Ele sabe quem merece a amizade dele. E também sabe quem merece amor. Agora, quanto aos seus filhos... eu tenho dó deles, sinceramente. Não sei o que será dessas crianças com o pai ignorante que têm. Vamos embora, Scorpius?


- E a Rose? – perguntou o loiro, voltando o olhar para a ruiva.


- A Rose tem muito o que conversar com o pai dela.


Scorpius se aproximou de Rose e limpou as lágrimas dela, sem se importar com o olhar mortífero de Ron.


- Você vai ficar bem? – ela assentiu silenciosamente e disse:


- Pode ir, Scorpius. Eu me resolvo aqui.


- Rose...


- Vai logo, Scorpius. Seus pais não têm a noite toda.


Scorpius beijou a bochecha de Rose e se juntou aos pais, saindo da cozinha. Agora eram só Rose, Ron e Hermione.


- Bela cena com seu amigo, Rose. Vocês dois estão realmente de parabéns. – disse Ron, sarcástico.


Rose o olhou com o maior desprezo que conseguiu e caminhou em direção à porta da cozinha, mas foi barrada no caminho pelo pai, que segurou o braço dela com força.


- Aonde você pensa que vai?


- Para a festa.


- Não, não vai. Você está de castigo.


- Castigo? Mas o que foi que eu fiz?


- Você me desobedeceu, Rose. Não se lembra da primeira vez que foi para Hogwarts? Eu te proibi de ser amiga da doninha saltitante dois. E você ainda mentiu para mim. Você vai é para casa. Para o seu quarto.


Rose encarou o pai, chocada:


- Você não pode estar falando sério!


- Estou. Você está de castigo.


- Não, Ronald, você não está falando sério. – disse Hermione, finalmente – Rose, você não está de castigo. Pode ficar.


- O que é isso, Hermione? Você está tirando a autoridade que eu tenho sobre a minha filha!


- Ah, agora ela é sua filha! Pensei ter ouvido você falar quando entrei aqui que era minha filha! Isso tudo é ridículo, Ron, não existe motivo para deixar a Rose de castigo!


- Claro que existe! Ela está se tornando uma mentirosa e isso eu não admito! Como se não fosse o bastante, está se misturando com Malfoys! – disse Ron, indignado, apertando o braço de Rose com mais força.


- Ronald, voc...


- ME SOLTA, PAPAI, VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO! – gritou Rose, desvencilhando-se do pai – E eu ainda estou aqui, tá bom? Talvez vocês tenham se esquecido disso. – concluiu ela, indo em direção às escadas.


- Rose, volta aqui, esta conversa não acabou! – disse Ron, autoritário.


- Pois para mim já acabou há muito tempo. – respondeu Rose, mal-educada – Isso tudo é ignorância pura; é simplesmente RIDÍCULO! Eu estou cansada dessa discussão, cansada! Não aguento mais, papai, toda essa sua implicância! E, quanto a você, mamãe, me admira que tenha deixado ele falar tanta baboseira por tanto tempo, para deixar as coisas chegarem a este ponto. E mais uma coisa: não volto para casa hoje. Vou dormir aqui. E nem pensem em me convencer do contrário. A mestiça aqui não vai contaminar vocês hoje. - finalizou, indo em direção ao antigo quarto de Gina. No caminho, passou pelo antigo quarto de Percy e pegou uma garrafa de uísque de fogo.


***


N/A.: Oi, gente! Demorou, mas eu passei de período tranquilamente – graças a Deus – e já estou de férias! Quanto ao capítulo, espero que gostem muito, porque eu, particularmente, amei escrevê-lo. É o meu preferido até agora. E acho que já deu para ver que a fic vai começar a sair daquele marasmo, não é? Falando nisso, eu me empolguei tanto com ele que agora a fic ganhou um capítulo a mais! Isso porque minha intenção era que tivesse nele o casamento e o aniversário da Rose, mas, quando a gente começa a escrever, parece que os personagens ganham vida própria... agora, vamos responder aos comentários do capítulo anterior:


juliana vieira:  é sempre bom te ver por aqui! Agora é só esperar para ver o que Rose/Scorpius vão resolver depois dessa... e você tem algum palpite sobre o sumiço do Glenn?


tamires wesley: obrigada por sempre comentar a fic! Desculpe a demora, estava meio enrolada com a faculdade, mas espero ter sanado sua curiosidade.


Lana Sodré: oba, leitora nova! *_* Obrigada, Lana, por cada um dos oito comentários que você deixou ao fim de cada capítulo. Gostei muito de todos e os li com muito carinho. E, respondendo a sua pergunta, o nome da fic não tem nada a ver com a música da Ana Carolina, apesar de eu adorar as músicas que ela faz. Quando escolhi o nome, pensei em um que mostrasse algo apenas entre Rose/Scorpius, uma relação bem próxima e particular, e daí me veio “Entre nós dois”! Só mais tarde, quando estava escrevendo lá pelo 5º capítulo, que notei a semelhança quando um certo ser especial cantou a música “Quem de nós dois” para mim. Enfim, espero que goste desse capítulo também.


Gente, encontro vocês no próximo capítulo e, por favor, não deixem de votar e comentar, sim? Espero estar de novo aqui em breve, muito breve!


                                                                                     Beijos,


                                                                                                                        Luhna


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Comentários (7)

  • L.Oliveeira

    ok, ok. sei que demorei. mas com certeza me atualizarei!Bem... essa família Weasley... Fred se declarando em público! Que lindo! A, o James é meu tá? Nada disse dele ficar saindo com veelas e essas coisas u.u nem com a Laura Coitados! O Ron está tao traumatizado com os Malfoy, que fica magoando a filha. E o Scorpius... o Ron é tao insensível às vezes...Amei o capítulo 

    2013-04-14
  • Ana CR

    Ahhhhhhhhhhhhhh como assim não teve beijo!?Como assim o Rony é chato?Como assim Fred fez a melhor declaração do universo da FEB?Não sem nem mais o que comentar! Preciso ler o próximo capítulo AGORA!jahauahauahauhaua 

    2013-02-05
  • H. Granger Malfoy

    Meu Deeeeus, essa fic esta cada dia melhor!! O scops ia se declarar pra la, eu tinha certeza, mas o ron tinha queestragar TUDO ne? Por isso que sou a favor de draco e de qualquer malfoy antes de qualquerpessoa, eles sim tem classe! Kkkkk viu o tapa de luva que o draco deu no rony, dizendo que havi criado bem seu filho? Adorei, simplesmente perfeito, e demosntra claramente a mudança do ponto de vista do draco em relacao ao sangue... Quanto a rose, nao acredito ate agr que ela fez o scops prometer que iriam ser amigos para sempre.. tipo assim, SO amigos... Eu achei tao lindo tambem ela dizendo a elel que elel era o melhor amigo dela! Tao fofos!  E onde sera que o glenn se meteu? nao queeu esteja reclamando do sumiço dele, longe dissso, por mim ele continuava bem desaparecido msm... Mas faltar no cadamento do irmaoo? Mta falta de consideracao! Por favooooor. Deixa o scops juntinho da rose logo ta? N aguento mais ve-los separados... Me deixA triste! SAbe? Acho que o scops é apaixonado por ela desde sempre, ainda me lembro do capitulo do reencontro deles onde a amiga dos scops comenta que ela falava mt da rose! Gostaria mt de saber o que ele falava dela... tao fofo como sempre.. Enfim, espero realmente que o proximo capitulo nao demoro, pq estou mt mtmt curiosa sobre o que vai acontecer daqui pra frente. Sei que meu comentRio foi gigantesco mas juro que n consegui parar de escrever ate agr, tou com mta adrenalina no sangue dps dessa briga imensa! Hahah bj 

    2013-01-29
  • Saki Malfoy

    Eu simplismente amo a sua fic!! Por favor poste logo o proximo cap! Estou aguardando ansiosamente!! XD

    2013-01-20
  • Dark Moon

    q mestiça aqui nao vai contaminar vcs ficou meio sem sentido, mas o capitulo ta bem legal.

    2012-12-14
  • juliana vieira

    adoro essa fic.que bom que gosta dos meus comentarios, é sempre bom poder contribuir e retribuir. agora quanto ao sumiço de glenn, não me traz nenhuma ideia, só a estrela cadente de scorpius,kkkk. agora o ron esta cada vez mais desequilibrado com essa historia da rose se evonlver com o malfoy. o proximo capitulo deve ter uma boa historia sobre o desenrolar dessa briga e que ele de uma vez pare com essas implicancias, e que a rose faça ele enxergar as asneiras que ele faz e diz. e que a hermione tb se meta já que indiretamente, falou dela também, mestiça.

    2012-12-08
  • Lana Silva

    kkkkkkkk gostei sim muito do capitulo. Foi tenso...Realmente também fiquei um pouco admirada por Hermione não ter dito nada quando Ron dizia todas aquelas merdas, aposto que ela agora vai se sentir culpada por isso. Ronald foi tão idiota, confesso que fiquei mega irritada com ele, amei Draco e Astoria, eles são ótimos \O/ bem se vê a quem o Scorpius puxou... Bem sobre os comentario fico feliz que tenha gostado, quando leio uma fanfic sempre quero comentar em tudo porque o tempo que o autor passou para esdcrever tudo aquilo foi grande, então é bom deixar minha impressão no capitulo. E bem "Quem de nós dois" de um certo modo reflete sobre eles, e eu é claro sempre vou lembrar da fanfic com essa musica, pode ter certeza. É muito linda como a fanfic. Obrigada flr, eu tô amando a fanfic e bem espero que  ela se estenda um pouco mais mesmo. Bjoos *-* 

    2012-12-07
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