Velhos amores



Uma semana se passou. Eu ouvia alguns alunos dizendo pelos corredores frases como: Depois de Defesa contra Artes das Trevas, a minha matéria favorita é Trato com criaturas Mágicas! Ou E a Profª Giucci? Ela é linda! . Era um sábado à noite eu estava corrigindo trabalhos de casa... Irônico, não? Mas nem era tão ruim... Eu sempre ficava de bom-humor ao corrigir os trabalhos de Hermione Granger (a amiga de Harry) pelo fato de ela sempre tirar dez, agora, era deprimente corrigir os trabalhos de Vicente Crabbe ou do Gregório Goyle... Simplesmente porque eles são... Burros.


 Então quando comecei a corrigir os trabalhos do quinto ano, alguém bateu na porta de leve.


- Entre – Eu disse levantando o olhar do trabalho de Angelina Johnson sobre unicórnios.


  A porta se abriu e Remo apareceu na porta. Ele suspirou e disse seriamente:


- Precisamos conversar.


- Eu sei. – Respondi


- Quer dar uma volta? – Ele perguntou


- Claro – Respondi me levantando e saindo da sala com Remo ao meu lado.


 Andamos em silêncio pelos corredores até um que tinha uma sacada no final. Ele andou até ela, apoiou os braços e olhou para o céu estrelado.


- Você não era cúmplice de Sirius, não é? – Ele suspirou


- Não. – Respondi observando ele


- Mas eu vi vocês conversando algo sobre os Potters na sede... – Ele disse se virando para mim


 Eu andei até ele, fiquei ao seu lado e observei as estrelas


- Você quer saber por que eu estava falando sobre os Potters com Sirius? – Perguntei num suspiro


- Quero – Ele respondeu sem me olhar


- Remo... Eles achavam... Argh, eles acharam que você era o traidor! Eu dizia que você só se afastava por causa das mortes, mas eles pararam de confiar em você... Até que só eu, Alice e Frank ainda acreditávamos. – Eu disse o encarando – Eu insistia para eles, mas eles, ou melhor, Sirius estava determinado que você era o traidor. Naquele dia que você ouviu, ele estava dizendo que os Potters também desconfiavam de você!


 Ele me olhou magoado


- Porque não me disse isso naquele dia? Eu te tratei tão mal... Fui tão agressivo com você...


- Remo, você estava confuso! Se eu dissesse aquilo você iria achar que era uma desculpa esfarrapada! Por isso eu disse para você me mandar uma carta quando voltar a pensar, porque eu iria te explicar tudo e voltar a ficar do seu lado.


- E novamente eu fui um idiota... – Ele disse quase cuspindo as palavras – Não acredito que pensaram que eu seria capaz de fazer isso...


- Remo, eles tinham uma fidelidade a Sirius enorme... E o maldito aproveitou-se muito bem disso e você sabe. – Eu disse passando a mão por seu rosto – O fato de você ter errado não significa que você é um idiota.


- Eu estraguei tudo de novo. – Ele murmurou – Eu sempre estrago tudo, sempre!


- Para. – Eu disse severamente – O passado não se muda Lupin, você sabe.


 Ele me olhou tristemente.


- Você ficou do meu lado e eu te maltratei.


- Você estava confuso – Eu sussurrei


 Ele passou a mão por meu rosto iluminado pelo luar (lua crescente, fica tranqs), então seu olhar desceu de meus olhos para meu pescoço.


- Você ainda usa... – Ele disse baixinho


 Passei a mão por meu pescoço. Ahhh, sim... O cordão com pingente de cabeça de lobo que ele havia me dado quando eu morri no Natal do sétimo ano. Uso sim amor.


- Não o tirei um minuto, Remo. – Eu disse com um leve sorriso


 Ele sorriu. Nos encaramos por um momento. Pela primeira vez em muito tempo eu pude observar seu rosto direito.  Então ele se aproximou hesitante. Eu fui junto. Então com um leve movimento nossos lábios se selaram num beijo cheio de saudade e paixão. Um beijo que eu nunca havia recebido ou dado. Um beijo que eu só consigo imaginar vindo de Remo.


  Eu passei minhas mãos por sua nuca. Ele segurou minha cintura. Como era bom estar novamente nos braços do meu lobinho... Então eu ouvi uma risadinha abafada atrás de mim. Me separei de Remo e peguei a varinha. Remo me olhou sem entender. Eu me direi. Havia dois grandes vasos perto do muro da sacada. Com um movimento rápido da varinha, eles começaram a flutuar, mostrando os dois ruivos idênticos que nos olhavam risonhos.


- Desculpe... Não queríamos interromper vocês... – Fred Weasley disse num tom brincalhão


- Tsc tsc... Péssima hora para brincadeira – Eu disse friamente


- Eu e a Profª Giucci estávamos resolvendo um assunto de anos. E deveria ser em particular. – Remo disse severamente – E há essa hora vocês deveriam estar na cama, não?


 Os gêmeos tiraram o sorriso do rosto e morderam o lábio inferior.


- Vamos fazer um acordo? – Eu perguntei ainda no mesmo tom frio – Vocês não vão contar para ninguém do que viram aqui. Nem do que viram, nem do que ouviram. Ninguém. Nem família, nem amigos, nem professores. Ninguém – Eles assentiram assustados – Em troca eu não dou detenção por estar fora da cama há essa hora nem tiro pontos da Grifinória. – Então me virei para Remo - Está de acordo professor?


- Acho justo – Ele disse sem me olhar


Os gêmeos continuaram a nos olhar.


- Vão ficar nos olhando a noite toda? Já para o salão comunal, vocês dois! – Eu rugi.


 Eles saíram correndo pelos corredores. Eu suspirei. Porque sempre me interrompiam? Eu estava no melhor momento que já tive em anos... E dois meninos do quinto ano estragam. Olhei para Remo. Ele estava com uma expressão estranha no rosto. Então me olhou e disse:


- Me desculpe Julieta... Eu não devia... Somos professores e já faz muito tempo... Me desculpe.


- Não se preocupe. – Eu sussurrei me aproximando dele.


 Fiquei na ponta dos pés e beijei sua testa. Depois sorri e me afastei em direção a minha sala.


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Nossa... Que sonho maravilhoso... Opa! Não foi um sonho! Uhull! Lalalalalalala! Que felicidade: D


- Ta feliz por que? Ele saiu correndo! – Ô voz infernal que vou te contar, hein? – Infernal não, realista amor! – Ele ficou lá, eu que sai correndo, voz burra! – Cada um pensa o que quer!  - CALADA!


 Terminando a minha discução interna matinal, me arrumei e fui tomar café. Os dias se passavam com a mesma rotina, iria ficar muito chato de ler se eu citasse a cada capítulo, o que faço. Nossa... Aqui em Hogwarts, eu percebi como o tempo para quando estamos sozinhos. A cada aula eu me impressionava mais com o tamanho que Harry, Neville e Colin estavam... Eu tinha perdido muito tempo da vida dos filhos das minhas amigas... Também achei os filhos de alguns conhecidos dos tempos da escola: o filho de Diggory( que era, um rapaz extremamente agradável, pelo incrível que pareça) e o de Corner.


Duas semanas depois...


 Eu estava na sala de professores. Ela estava vazia além de mim e eu estava lendo um Profeta Diário sentada numa confortável cadeira. Maravilha ser professora! O caso Black é praticamente a única noticia que existe no mundo mágico desde o começo do ano, então eu estava meio entediada. Ai o meu tédio foi embora quando a porta da sala dos professores se abriu e Ranhoso entrou.


- Giucci. – Ele sibilou


- Snape. – Eu rugi


 -Sozinha aqui? – Ele perguntou com um sorriso sínico


- A não ser que todos estejam invisíveis, sim. – Eu respondi voltando a ler o Profeta diário


- Rude como sempre – Ele murmurou


- Desculpe, o que disse? – Eu perguntei agressivamente


 - Rude como sempre – Ele repetiu com os olhos faiscando


- Se veio aqui para me infernizar o juízo vá embora. – Eu disse me contendo para não apontar a varinha para aquele oleoso metido


- Fugindo da oportunidade de me azarar... Desde quando é civilizada? – Ele perguntou ironicamente


- Olha... Eu nunca suspeitei que fosse possível você ficar mais insuportável! Mas pelo jeito é possível sim. - Eu disse no mesmo tom irônico enquanto voltava a ler o jornal


- O ego desinchou sem seu exército nas costas, Giucci? – Snape sibilou – Murchou sem seus amiguinhos?


 Eu larguei o jornal, me levantei rapidamente e saquei a varinha furiosa.


- NÃO OUSE FALAR DOS MEUS AMIGOS! – Gritei


 Ele sorriu vitorioso. Eu sai andando para sair daquele lugar antes de arranjar problemas. Abri a porta. Quase tombei com alguém que entrava:


- Sai da frente! – Eu disse sem olhar a pessoa


 Então saí marchando para minha sala. Dane-se se não tenho nada para fazer, eu fico olhando para o teto! Eu entrei, bati a porta e sentei na minha mesa. Havia uma pilha de deveres de casa corrigidos, uma lista de matérias dadas e aulas escritas nela. Ou seja, vou ficar no tédio. Me sentei e comecei a desenhar. Eu já organizei tudo mesmo! Então alguém bateu na porta


- Quem é? – Perguntei desconfiada


- Sou eu – Uma voz suave respondeu lá de fora


- Ah. Entra Remo.


 Ele entrou com uma expressão de duvida no rosto. Eu me levantei.


- Tem algo errado? – Perguntei


- Eu ia perguntar isso – Ele respondeu com um leve sorriso


- Não, nada... Porque pergunta? – Eu menti


- Bem, porque você saiu furiosa da sala dos professores, quase me derrubou no chão e Snape estava sorrindo. – Ele respondeu aumentando o sorriso – Para o Snape sorrir, tem que haver algo errado.


 Eu sorri de leve e suspirei.


- Ele é um covarde que bate onde dói, é isso.


-Explique.


- Ele disse que meu ego tinha desinchado porque os meus... bem, nossos amigos... – Eu disse magoada. Remo ficou sem expressão.


- Estou começando a achar que James não azarou ele o suficiente... – Ele disse pensativo. Eu sorri – Não ligue para ele Julieta. Ele me trata quase tão mal quanto a você.


- Não sei por quê... Você nunca fez nada a ele! – Eu exclamei indignada


- Você não se lembra de quando ele descobriu o meu... Hm... Probleminha peludo? – Ele disse hesitante


- O que? Ele é idiota o suficiente para achar que você teve consciência do que fez?- Eu perguntei incrédula


- Hãã... Sim. – Ele respondeu sorrindo de leve


 Eu cheguei perto dele. Eu não estava tentando nada, só que eu estava atrás da mesa e ele perto da porta. Agora estávamos os dois no meio da sala. Ficamos em silêncio por um momento. Remo me olhava com tanta... Intensidade...


- Porque eu não te esqueço, Julieta? – Ele perguntou olhando em meus olhos intensamente


- Porque é muito difícil se livrar de mim – Eu respondi sorrindo


 Ele se aproximou hesitante. Olhos fixos em meus lábios. Então parou. Eu tomei iniciativa e me aproximei. Nossos rostos estavam a centímetros de distância...


- Nós somos professores. – Ele sussurrou


- Eu não dou a mínima. – Sussurrei de volta


 Então eu me aproximei mais. Segurei seu pescoço e o beijei. Ele retribuiu intensamente. Remo segurou minha cintura e me puxou para perto, de forma que nossos corpos ficaram colados. Então senti algo que não sinto à quase 12 anos. Um jato de adrenalina correndo por minha espinha e um frio na região do abdômen. Ele avançou um passo. Eu fui junto. Ele passou as mãos por meus braços (de forma que eu arrepiei). Deu outro passo.


 Fomos avançando até eu encostar na parede. Ainda nos beijando, ele me levantou segurando minhas pernas. Eu estava da sua altura agora. Beijos, beijos, beijos... Então entreabri os olhos por um momento...


 Péssima idéia. Acho que tive uma alucinação. Vi de leve o rosto de Lily na parede, me olhando irritada e decepcionada. Então o rosto sumiu, me deixando assustada.


 Remo percebeu meu sobressalto e me olhou com um ar de dúvida. Então a fixa caiu em nós dois: que éramos professores e estávamos a ponto de fazer algo que professores não devem fazer no trabalho. Ele me pôs no chão. Murmurou desculpas e saiu. Eu me sentei na minha mesa e olhei para o além.


- Lily... Nem morta você para de me controlar, ruiva? – Murmurei me sentando na mesa. Então deu um sorriso triste – Sinto sua falta amiga. Muito mesmo.

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