Feliz Natal, boboca!



Capítulo 18 – Feliz Natal, boboca!


(24 de Dezembro, Natal de 1987, com sete anos)


 


POV’s Harry:


 


-Jingle bells! Jingle bells! Jingle all the way! Oh, what fun is to ride! In a one horse open sleigh! – cantava Almofadinhas animada.


         Empolgação, não?


- Calma, Al, a gente só vai abrir os presentes amanhã, hoje é só a ceia – comentei alegremente.


- É, mas toooooodo mundo vai tá aqui! – eu esquecia que, mesmo com Universo dando maturidade a ela, Al ainda tinha sete anos – tal como eu.


         Bom, esse “tooooodo mundo”, não foi muito expecífico.


         Os Bones viriam aqui – Sheryl, Michael e Susana  –, os Weasleys – inclusive Carlinhos, Gui e Percy, que estavam de férias em Hogwarts –, os Black, apesar de já estarem aqui, Remo, Augusta Longbottom e Neville, e Amélia Bones, seu marido Leonard, e seu filho, um ano mais velho que eu, Jake.


         Revirei os olhos quando Al começou a cantar novamente Jingle Bells.


- Hoje a noite é bela, juntos eu e ela, vamos a capela, felizes a orar... – cantava uma voz, desafinada e mínima.


         Olhei em volta, e vi um passarinho atrás do vidro embaçado. Piava – cantava – alegremente a canção de Natal.


         É, dizem que Natal é uma noite de milagres. Não duvido, não mesmo.


         A campainha tocou no andar de baixo.


         Eu e Alicia estávamos no terceiro andar, na sala de jogos. Minha mãe entrou apressada. Estava bonita.


         Usava um vestido branco que ia até os joelhos, com um laço dourado e tinha um decote enorme. Além de um salto alto branco que eu nem sei como ela andava!


         Me puxou pela mão e arrumou minha calça jeans e minha blusa. Capaz que ia usar terno!


- Não se amassem! – ela reclamava – Os convidados já estão chegando. Seu pai foi atender a porta!


         E passou para a Alicia. Que usava um vestido azul de alcinhas, um sapato tipo boneca e o colar que eu tinha dado a ela, faz algumas semanas. O coraçãozinho azul com um A verde esmeralda.


- Estou bem, Tia Lílian! Você também está linda, ‘tá se preocupando demais – brincou Al.


- Certo, não demorem a descer! – e saiu pelo quarto.


         Como tínhamos auras “super-hiper-mega-desenvolvidas”, nossos sentidos também pareciam mais aguçados. Ainda podemos ouvir meu pai dizer:


- Feliz natal, Molly, Arthur!


         Vi Al fechar a cara ao meu lado. Ela virou-se para mim, fazendo aquela cara autoritária que nem minha mãe sabia fazer.


- Não quero você perto de Gina – chiou.


- Ãhn... Quê? Por quê? – por essa eu não esperava.


         Sabia que Al não gostava de Gina, mas não por minha culpa.


         Vendo que eu estava confuso, ou sei lá, Almofadinhas assumiu um olhar mais doce antes de me dar um beijo na bochecha e dizer:


- Só faz isso, ta? – e saiu saltitando pela porta.


         Eu não sei bem o que foi isso, mas acenei com a cabeça, até perceber que estava sozinho no quarto de jogos.


 


 


POV’s Alicia:


 


         Saí, deixando Harry com cara de tacho.


         Eu, simplesmente, não queria que ele ficasse com Ginevra. Irc!


         Antes de entrar na sala, uma luz dourada fez uma espiral em volta de mim. Meu vestido azul pareceu ganhar mais brilho e vida, tal como meu sapato. Meu cabelo, antes em trancinhas, ficou solto com uma coroinha cheia se strass.


 


Obrigada, Uni, agradeci.


Tudo para ser a mais bonita da festa, milady, respondeu rindo.


 


         Sorri, enquanto sentia Universo sair de minha cabeça e deslocar-se para meus pés, deixando meu andar mais delicado.


         Esta noite seria minha, pensei, enquanto via Gina entre os Weasleys.


         A vaca, digo, Ginevra, usava um vestido rosa claro e sem graça, não tinha decote, não tinha brilho. Era reto, e só tinha uns lacinhos. Rá!


         Rony, Fred, Jorge e Percy usavam ternos – e os gêmeos pareciam incomodados com isso. Carlinhos e Gui já estavam bem maiores e mais velhos do que eu os vira pela última vez. Gui já tinha dezesseis, e Carlinhos quatorze. Também usava terno.


         A campainha logo tocou novamente e minha mãe já ia atender, quando eu disse – Universo deslocando-se rapidamente as minhas cordas vocais:


- Eu atendo – e andei até a por com passos leves e flutuantes.


         Abrindo uma das portas duplas da casa do Tio Pontas, vi os Bones ali. Todos os seis. Tia Sheryl, Tio Michael, Tia Amélia, Tio Leonard, e Susana e Jake.


         Todos estavam bonitos e elegantes.


- Feliz natal! – desejei.


- Obrigada, querida – disse Tia Sheryl, sorrindo, enquanto me dava um abraço. Tia Amélia, Tio Leonard e Tio Michael fizeram a mesma coisa e eu os convidei a entrar.


- Oi, Su – falei, enquanto lhe dava um abraço – Oi, Jake.


         Acenei feliz para eles entrarem.


- A decoração está incrível! – comentou Susana, quando chegamos a grande sala de estar dos Potter. Dividida somente por uma grande parede ornamentada, estava a sala de jantar, onde eu via Tia Lily e mamãe arrumando tudo, e Tia Molly  se oferecendo a ajudar.


- Como vai, Sheryl, querida? – cumprimentou mamãe quando viram as Bones entrando.


- Tudo bom,  Michael? – perguntou Tio Tiago, cumprimentando o Titio Mich com um sorriso.


         Êta, quanto “tio” e “tia”!


- Harry! – gritou Su, me virei a tempo de ver ela dando um abraço apertado em meu amigo.


         Inesperadamente, sentia raiva de Susana, tanto quanto Gina, mas ela pareceu passar quando Su o soltou e deu um sorriso amigável. Só isso, amigável.


         Qual era meu problema?


 


Que mistério, não? Perguntou Universo, passeando em minha cabeça, cheio de ironia.


 


         Meu nariz tremilicou, mostrando minha raiva. Por que auras eram tãããão misteriosas?


         Mas, voltando meu olhar para meus amigos, senti uma onda de raiva vindo quando Gina acenou um oi para Harry.


         “Um instantinho, deixa eu ir vomitar”. Argh! Vaca! Saí pisando duro, para ajudar minha mãe.


 


 


POV’s Harry:


 


         Vi Al sair, indo ajudar Tia Lene. Aquilo era uma cara mau-humorada? Bom...


         Suspirei, enquanto ouvia a campainha tocar. Atendendo, vi Neville e sua avó, Augusta Longbottom.


         Mas meu Deus do céu, aquilo é um urubu no chapéu, ou o quê? Chamem o S.O.S. Mata Atlântica! Opa! Isso, é um programa brasileiro, esquece...


         Mas, bom, estava feio, acho que isso resumia tudo.


- Oi, Nev. Oi, Sra. Longbottom – cumprimentei.


- Precisa cortar os cabelos – isso era equivalente a um “oi”.


         Augusta passou por mim, indo a sala de jantar cumprimentar todos os adultos.


- Me desculpe por vovó, Harry, ela está um pouco estressada, sabe... – disse tristemente, Neville.


- Tudo bem, Nev, entrá aí – chamei.


         Ele entrou, finalmente sorrindo, mas a cena que eu vi, bom, eu não esperava!


         Olha, se você nunca viu alguém de cabeça para baixo pendurado numa árvore de natal, não vai entender. Mas, se for o seu caso, poxa, também deve ter ficado chocado.


         Fred, Jorge, Gui, Carlinhos, Percy e Rony tentavam passar por um barreira invisível, aparentemente, feita por Al que, também aparentemente, tinha voltado a sala.


         Agora, a pessoa que estava pendurada de cabeça para baixo era GINA!


         Susana estava encolhida a um canto, e Neville foi falar com ela. Jake olhava tudo abobado, entre diversão e preocupação, "tipo, faço ou não algo", entende?


         O som não passava da barreira criada por Al, de forma que os gritos de Gina eram abafados, e os Weasleys não pareciam ter tido a decencia de ir chamar Tia Molly e Tio Arthur.


         Aura cobriu minha pele com uma camada dourada, e isso me ajudou a passar pela barreira de Al.


- Al? – chamei.


         Mas ela tinha um sorriso um tanto satisfeito, enquanto mexia a mão e fazia Gina chacoalhar, ainda virada errado.


- Feliz natal, Gin-Gin – desejou, rindo de se acabar.


- Alicia Melanie! – gritei em seu ouvido e ela pareceu despertar.


         Lançou-me um olhar culpado, e seus olhos encheram de lágrimas.


- Oh, Harry – e agarrou-se a mim.


         O que foi isso?!


         Bom, a barreira já estava desfeita, mas Gina ainda estava virada, e tinha gritado, e isso tinha feito todos os adultos aparecerem.


         Resultado?


         Tia Lene e minha mãe dando uma bronca em mim e na Almofadinhas. Meu pai, Tio Almofadinhas e Tio Remo entre riso e estresse conosco. Tia Molly e Tio Arthur checando Gina, que chorava aos prantos.


         Fred e Jorge tentando animá-la com piadas toscas. Gui, Carlinhos e Rony levantando novamente a árvore. A Sra. Longbottom reclamando em vozes altas que “crianças pequenas são grandes problemas”.


         Neville, Susana e Jake se olhando sem saber o que fazer. Tia Amélia e Tia Sheryl consertando magicamente as luzinhas de natal que tinham se espatifado. E Tio Michael e Tio Leonard ajudando meu pai, meu padrinho e meu tio postiço, terminar de botar todos os presentes embaixo da árvore – quando ela fora finalmente ajeitada.


- Nunca mais façam isso! – terminava Tia Lene e minha mãe em coro.


         Os rostos da cor dos cabelos, ruivos fogo e ruivo um tanto cobre, saindo pisando duro da sala.


         O resto da noite foi bom, na medida dos possíveis.


         Como eu disse, Natal é uma noite de milagres. E, repetindo, eu não duvido.


         Mas, o meu foi estranhamente boboca, idiota e doido, e... Bom, eu adorei!


         Confusões tem minha marca.


         Mas, torcendo realmente, espero que não fique assim para sempre, pensei, quando, finalmente, me aconchegava a minha cama.


 


Feliz natal, Harry, sussurrou uma voz familiar em minha cabeça. E soube que era Aura.


        


         Mas eu já me sentia sonolento demais há esse ponto.


 


Boa noite, essa voz não era Aura, e era totalmente familiar, mas meu cansaço me dominou.


         E eu dormi, num sonho “estelar”.


- Foi um bom natal – resmunguei em meu sono.


         Se foi.

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