O dementador



Capítulo 12 – O dementador


 


POV’s Harry:


 


         Joguei meu cabelo para trás enquanto olhava para Alicia. Ela sorria feliz e tranqüila, corria atrás de uma borboleta que voava tentado escapar de suas ferozes mãos. Devo dizer, que bem pequenas, mas ela só tinha cinco anos – bem, eu também.


         Ela soltou um muxoxo quando a borboleta voou para longe – aliviada, eu podia ouvir –, mas ela logo soltou um gritinho de alegria ao ver um passarinho perto da janela da frente.


         É... Algumas coisas não mudam nunca.


         Aura descansava em forma de cachorro ao meu lado. Seu brilho prateado ofuscaria a visão de quem não estava acostumado com tanta luz devo dizer.


         Claro que ficarmos no jardim da frente com Aura tão exposta é um perigo, qualquer um pode ver. E, mesmo a vila sendo bruxa, ninguém conhece meus poderes. Somente sabem que O-Menino-Que-Sobreviveu, e filho do casal dos Potter, mora ali. Agora, sobre Aura? Bem capaz...


         É meio chato, é claro. Ás vezes ir a um lugar mágico, ver bruxos realizando magia e não poder fazer como se dissesse: “Ei! Também queria fazer!”.


         Não é o meu caso. Seria suspeito.


         Um menino de cinco anos fazendo mágica, sem varinha e com absoluto controle. Mais bizarro ainda é que esse menino – eu- sobreviveu a Maldição da Morte. Mereço?


         Almofadinhas está animada. Vamos ao Ministério hoje.


         Minha mãe e a Tia Lene precisam tratar de algumas coisas com Amélia Bones, que, devo dizer, é super gente boa. Conheço sua sobrinha Susana Bones, então acho que os Bones são naturalmente legais.


         Nem Tia Lene nem minha mãe nos contaram o que vão fazer, mas deixamos para lá. Nós iríamos ficar no Quartel dos Aurores com nossos pais, pelo menos, enquanto nossas mães estiverem no Ministério.


         Eu conheço aquele lugar muito bem, dado que já fui muitas vezes lá, então, é divertido.


- Vamos, crianças! – chamou Tia Lene da porta.


         Eu e Al corremos, e já agarramos os braços de nossas mães, e , quase imediatamente, aparatamos no Átrio do Ministério. Devo dizer que agarrei o braço de minha só pra disfarçar minha aparatação.


- Vocês vão para o Quartel dos Aurores, nós passamos lá daqui a pouco, uma ou duas horas, ok? – perguntou minha mãe seriamente e olhou para mim, dando, silenciosamente o aviso de não usar magia.


         Assentimos e andamos felizes até o Departamento de Auror.


         Quando entramos, totalmente a vontade, algumas pessoas nos cumprimentaram. Olho-Tonto Moody deu um pequeno sorrisinho, já fizemos uma pequena traquinagem a sua frente, ao qual ele achou boa e disse que não ria daquele jeito a tempos. Kingsley Shaklebolt nos cumprimentou com um aceno e um sorriso enquanto saía apressado.


         Todos nos conheciam, de certa forma, exceto quando entram aurores novos.


         Como esse que, sem querer, Al esbarrou.


- Desc... – mas parou ao ver a expressão do homem. Os cabelos castanhos nem um pouco penteados. Os olhos num preto noite, sérios e, mesmo que um pouco, zombeteiros. Como se ele fosse superior. As sobrancelhas levemente erguidas como se perguntasse “o que esses pirralhos fazem aqui?”


- O que você quer aqui, menininha? – perguntou sem educação.


- Ei! Não fala assim com ela não! – desafiei. Que foi? Aprendi a ter boa educação.


 


Certo, Harry, Aura riu em minha mente.


 


- E o que um pirralho como você pode fazer? – perguntou desafiador.


- Ele pode fazer isso – falou Alicia naquela voz mortal que ela tinha quando brigava com alguém. Virou-se para uma pessoa que passava e gritou – Oi, Tio Pontas!


         Meu pai é o Chefe da Seção de Aurores. Sirius é logo o sub-chefe. Então é, de certa forma, irônico o cara ter brigado justo com os filhos deles.


         Alguns aurores que tinham parado para ver minha discussão com o novo auror, riram ao ver Alicia chamando meu pai e ele caminhar sorrindo até ela.


- Como vai, baixinha? Lílian e Lene estão aqui? – perguntou bagunçando um pouco o cabelo bronze dela.


- Estão – disse num sorriso, e, juro, olhou diabolicamente para o auror, o que algumas pessoas repararam e prenderam o riso.


- Como vai, Blake? – perguntou meu pai para o auror.


- Potter – falou num aceno de cabeça, indiferente.


         Blake murmurou um “tenho mais o que fazer” e saiu, enquanto meu pai virava-se para nós.


- Atrapalhamos? – perguntei.


- Nah! – falou jovialmente – O Quartel está meio parado hoje. Não tem tido muito problemas ultimamente.


- Vimos Kingsley sair apressado – falei levantando uma sobrancelha.


- Ah, ele tem uma coisa para fazer, nada demais. Vamos para minh... – mas parou e fez uma expressão de tédio – Ih, foi mal crianças. Lembrei, tenho que fazer umas coisas para o Fugde – careta – depois falo com vocês, certo?


- Certo – falamos em uníssono.


         Ele saiu apressado. Não vimos Tio Almofadinhas ali, provavelmente em outra Seção fazendo-se sabe lá o que.


         Eu e Al sentamos por um tempo em frente a mesa de Olho-Tonto ouvindo histórias do tempo em que ele era mais novo e “menos cicatrizado”, mas, uns trinta minutos depois, falamos que íamos dar uma voltinha por aí.


         De certa forma, conhecíamos bastante gente ali, no Ministério. Quando seus pais são aurores famosos e sucedidos, isso não é dificil...


         Caminhávamos pelo Átrio conversando animadamente e dando uns ‘ois’ a algumas pessoas, quando a atmosfera mudou drasticamente.


         Tudo ficou frio, e as poucas pessoas que passavam por ali, pararam para ver.


         Um dementador, feio e grande como todos, passava pelo Ministério.


         E, para minha surpresa e de Almofadinhas, ali estava Fugde, conversando com meu pai. Os dois pareciam estar levando o dementador para o Tribunal dos Bruxos, pois era naquela direção.


         O dementador, guarda de Azkaban, com certeza, caminhava – ou deslizava, sei lá – deixava tudo meio frio onde passava, quando ele, de repente parou.


         Meu pai e Fugde demoraram certo tempo a notar, mas quando viram que ele não estavam mais atrás deles, pararam e viraram-se para o dementador.


         E este, virou para mim.


         Olhou diretamente para mim. Não dava para ver os olhos pelo capuz, não dava para ver a cara, mas ,certamente, o capuz estava em minha direção.


         O dementador, deslizou até mim, e meu pai lançou um Patrono, muitos outros bruxos lançaram, mas nenhum parecia fazer efeito. Como se ele fosse imune a ele, um dementador modificado.


         Alicia se encolheu atrás de mim, em medo.


         Quando o dementador estava próximo, pude ouvir...


- Não, por favor, tenha piedade, deixe Harry em paz, por favor!
- Saia, saia da frente sua tola.
- Por favor, me mate no lugar de Harry, tenha piedade.


         As lembranças me perturbavam! Senti medo delas, senti medo de alguma coisa! E eu pensei não ter medo de nada, com certeza era porque eu nunca enfrentei nada, não verdadeiramente, pelo menos.


         Pensei por um segundo em lançar o feitiço Expecto Patronum, mas não sabia lançá-lo.


         Uma voz em minha cabeça sussurrou: - Expecto Aurorium!


         Não raciocinei muito, Al chorava compulsivamente atrás de mim. Os bruxos adultos corriam, meu pai parecia prestes a se jogar na frente, quando minha voz saiu:


- EXPECTO AURORIUM!


         Não tinha varinha, mas isso nunca foi necessário. E muitos animais saíram de mim.


         Consegui distinguir alguns, e todos eram numa luz forte dourada – Aura, com certeza.


         Uma fênix cantou uma música feroz, antes de avançar ao dementador. Um leão rugiu antes de atacar junto a um tigre e uma onça. Um unicórnio relinchou e um cachorrou latiu, e, juntos avançaram. Um dragão soltava labaredas de fogo. Um cervo e uma corça corriam lado a lado, dando chifradas ao dementador. Entre vários outros.


         Do dementador só ficaram trapos, mas minha visão embaçou logo em seguida, os animais dourados voltaram para dentro de mim.


         E eu desmaiei.


 


POV’s Autora:


 


         Harry caiu no chão.


         Os bruxos olhavam tudo isso assombrados, mas Tiago não estava com tempo – nem paciência – para isso.


         Correu até o filho e Alicia, que ainda chorava baixinho ao seu lado.


         Constatou com alivio que ele estava respirando. Era esgotamento mágico, com certeza.


- O-o que foi isso? – guaguejou o Minstro.


- Bom, Cornélio – disse Tiago suspirando – temos muito a conversar. Mas, antes, posso deixar meu filho e minha afilhada com as mães?


- Claro. Precisam de chocolate e descanso – falou Fugde olhando preocupado para O-Menino-Que-Sobreviveu.


         Tiago deu mais em suspiro, antes de pegar um Harry desmaiado no colo e segurar a pequenina mão da afilhada.


         Caminhou pelo Ministério sob os olhares dos outros, e cochichos. O que o fez lembrar, por alguns segundos, Hogwarts.


         Chegou a sala de Madame Bones, e bateu. Logo ouviu a voz da própria dizendo “Entre”.


         Quando entrou, Lílian já levantou exigindo: - Diga agora o que aconteceu!


         Deu Harry para Lílian segurar, pois ela parecia ansiosa para isso, e Alicia correu até a mãe, que a sentou no colo.


         Começou a contar a história do dementador, e quando terminou, Amélia Bones abriu uma caixinha e tirou um pedaço de chocolate, que Alicia comeu de bom grado. Lílian teve de dar na boca de Harry, porque este ainda se encontrava desmaiado, entretanto, logo aquela habitual luz branca que o cobria quando repunha sua energia mágica o cobriu.


         Lílian terminou de conversar com Amélia, e deu um beijo rápido em Tiago, dizendo já estar indo para casa. Lene segurou uma Alicia sonolenta no colo e deu um “Tchau!”, indo logo em seguida.


         E ele, deu um bom dia a Madame Bones, e saiu em direção a sala do Ministro.


         Afinal, tinha muitas explicações a dar.

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