Europa: Roma



Europa: Roma

Houve problemas em Roma. Em primeiro lugar, mandei um cartão postal para Neville. Não tivera noticias dele e resolvi mandar um cartão. Ponto final.
AHHHH! POR QUE EU FIZ ISSO, CARAMBA????????????????????? AI VAI PARECER QUE EU SINTO A FALTA DELE E NÃO É VERDADE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Caro Neville,

Bem, já estamos em Roma. Já recebi três propostas – de um lorde inglês, de um duque francês e de um conde italiano. (É brincadeira). Sério, gostaria de viver em Roma um dia.
Até breve,
Hermione

Tentei subornar o cara do correio para devolver meu postal, mas ele disse que já tinha sido enviado.
Em segundo lugar, Gina e sua última conquista desapareceram por horas. Fico nervosa só em lembrar.
Gina e eu estávamos jantando em um pequeno restaurante perto do hotel. Era lindo: até mesmo o ar em Roma era diferente. Eu me sentia tão adulta e ao mesmo tempo não acreditava que eu estivesse lá. Parecia que a minha casa ficava logo ali na esquina. Gina e eu começamos a nos lembrar de nossos empregos. Havíamos decidido, durante a viagem, que íamos arranjar novos empregos assim que voltássemos. Estávamos nos desperdiçando. Éramos boas demais para nossos empregos. Tínhamos estado na Europa!
-Precisamos voltar logo para cá.
-Podíamos voltar no próximo verão.
-Não, Hermione, não apenas nas férias. Eu tenho que morar aqui.
-Eu também. Acabei de escrever a Neville exatamente a mesma coisa. Se você não quer seu espaguete, eu como.
Dois caras que nem havíamos notado vieram até a nossa mesa perguntar se podiam sentar conosco. Já repararam que quando dois caras chegam em duas mulheres, automaticamente o mais bonito escolhe a mais bonita?
Eram americanos do Meio-Oeste. O de Gina chamava-se Rick de Tal e o meu era Joe, apenas Joe. Antes que me desse conta, Gina e Rick foram para algum lugar desconhecido e Joe e eu fomos para um bar freqüentado por universitários americanos. Reparei que eu era mais velha que Joe, o que era assustador. Sempre pensei em mim mesma como muito, muito jovem. E ali estava Joe cumprimentando adolescentes, todos falando da escola no outono. Aos 22 anos eu me sentia cheia de rugas.
-Hermione, qual é a sua escola?
-Universidade de Nova York – eu respondi, muito baixinho. E se alguém do grupo tivesse visto eu me formar? Fiquei nervosa.
Gina e Rick não apareceram e Joe não parecia nem um pouco preocupado. Eu comecei a me preocupar quando voltamos para o hotel e Gina não estava lá. Joe ficou lá esperando comigo, já que ele e Rick ainda não tinham decidido onde iam dormir (como é possível ser assim?). Ficamos sentados na sala de espera do hotel. E esperando, esperando, esperando.
Bem, eu sou a primeira a admitir que eu tenho tendência a entrar em pânico, que ficou nervosa por qualquer motivo. Mas se a melhor amiga que vocês têm no mundo saísse de moto com um estranho em um país estrangeiro (obviamente sem celular, é claro. Gina tinha deixado o dela comigo) e fossem três e meia da manhã, não ficariam em pânico? Pois eu fiquei.
-Joe, acho que devíamos fazer alguma coisa ou chamar alguém.
-Mas o que podemos fazer? Quem podemos chamar? – perguntou ele, mas permaneceu calmo.
-Que tal a embaixada americana?
-Ás três e meia da manhã?
Quando me levantei para fazer alguma coisa – não sei o que – entra o Rick sem a Gina.
-Joe, onde você estava? Ficamos te esperando no bar.
-Onde está Gina? – eu perguntei.
-Eu não sabia que íamos voltar ao bar. Você não me disse.
-Onde está Gina? – eu perguntei novamente.
-Eu disse a você. Gritei na hora que estávamos saindo do restaurante.
-Onde está Gina? – de novo.
-Eu não ouvi.
-Onde está Gina? – mais uma vez.
-Deixa disso. Procurei você por toda parte. Estou exausto e amanhã temos que ir para Madri.
-ONDE ESTÁ GINA? – dessa vez eu gritei.
-Quem?
-Gina, a garota com quem você saiu.
-Eu a deixei aqui no hotel logo depois do cinema.
-Você ta brincando comigo! Ela não está aqui. Estou nervosíssima.
O que garotos sabem sobre nervosismo?
-Eu a deixei aqui e acho que ela subiu. Vamos, Joe, vamos sair cedo, mesmo que você não acorde.
-Adeus, Hermione, foi um prazer conhecê-la.
-Foi um prazer. Obrigada pelo drinque e por tudo.
Subi e fiquei sentada na cama, olhando para as paredes. Não precisa ficar nervosa. Gina foi obviamente seqüestrada pela máfia, que queria que ela dirigisse um bordel. A embaixada americana... Telefone para a embaixada, Hermione. A pobre Gina está provavelmente caída em alguma rua escura, fraca demais para se mover por causa de uma terrível dor de barriga. Telefone para a embaixada americana. Acharam que ela era uma espiã e ela está agora sendo torturada pelos fascistas, que querem segredos de estado que a Gina não sabe. Vamos, telefone para a embaixada!
Telefonei para a embaixada e estava todo mundo dormindo. E se a Itália declarasse guerra aos Estados Unidos? A embaixada americana só saberia de manhã.
Desci para o hall. O homem da recepção viu a aflição estampada no meu rosto. Além do mais, eu tinha ligado para ele há poucos minutos para pedir o telefone da Embaixada Americana e saber como ligar para lá.

-Polizia1

-Sim, por favor, polizia
- Polizia? - ele discou para lá.
-Não falo italiano. Pode dizer a eles que minha amico...
Ele sabia o que eu estava dizendo. Tinha me visto esperar horas no hall do hotel e o que eu disse a Rick e Joe. O homem falou com a polizia e fez sinal para que eu ficasse calma. Sorri para ele e continuei sorrindo. Era a única maneira de deixa-lo ver que eu estava agradecida pelo que ele tinha feito. Vários sorrisos e grazie, grazie, grazie. .
A Polizia chegou. Falaram um longo tempo com o cara da recepção, enquanto Gina estava presa em um laboratório e toda sua força vital ia ser usada por um cientista maluco para dominar o mundo. Finalmente, fizeram sinal para os seguisse.
-Ah, não, sinto muito por toda essa confusão, mas eu não quero ir. Que tal esperar até de manhã e eu ligo para a embaixada americana?
Eles não entenderam nada (que raio de hotel é esse em que ninguém fala inglês? Ah, já sei. O hotel que tiramos de Europa por 15 dólares o dia . Guia estúpido. É isso que dá querer gastar pouco: sua melhor amiga é seqüestrada por comerciantes de escravos) e eu fui colocada no carro da policia. Por que eu fui começar tudo isso? Eu, Hermione Granger, a caminho de uma delegacia de policia. E com a minha sorte de sempre, não fui parar lá e sim num grande prédio iluminado no centro da cidade. Luzes por toda a parte e gente andando por todos os lados como se fosse de dia.
Parecia um grande hospital. Será que estavam me levando lá por acharem que Gina estava doente? Não era um hospital. Estávamos em uma sala muito fria onde algumas pessoas choravam. Havia outros policiais lá, um homem de roupa branca e pessoas dormindo em mesas. Ai meu Deus! O que é isso? Essas pessoas não estão dormindo! Elas estão MORTAS! Eu estava no necrotério de Roma.
Os policiais apontavam e faziam perguntas, enquanto eu estava enjoada e achava que isso só podia ser um pesadelo. Isso não podia estar acontecendo. Olhei para os corpos, mas a maioria eram de homens e Gina não estava lá, graças a Deus.
Levaram-me de volta ao hotel. Já estava clareando e a Srta. Weasley estava sentada no saguão.
-Hermione, onde é que você estava? Eu estava muito nervosa e já ia chamar a policia.
Nos abraçamos, chorando, exaustas e aliviadas.
-Onde eu estava? Eu estava de procurando – eu disse.
-Conheci um cara, Gary, que estava hospedado aqui mesmo nesse hotel. Conversamos durante horas e ele é democrata e adora J. K. Rowling.
-Mas até as seis da manhã, Gina?
-Não reparei que era tão tarde. Ou cedo. Desculpe.
-Tudo bem.
-Você realmente gostaria de viver aqui algum dia? – perguntou Gina.
-Não. Eu gostaria de morrer aqui. Eles têm um necrotério fantástico.

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