O Fim



O fim

Não há muita gente que consiga escrever um fim para seu bilhete suicida. Sim, sim, fizeram uma lavagem estomacal em mim. Aposto que as garotas dos filmes nunca tiveram que fazer isso.
Lembro como se fosse ontem – foi há dois dias. Finalmente eu comecei a ficar mole. Eu me deitei na cama e me lembrei de cruzar as pernas como uma dama, esperando que a morte viesse. Não sei quanto tempo passou quando as batidas nas portas começaram. Ouvia as pancadas, as batidas, o som da campainha, mas não tinha forças para me mover.
A próxima coisa de que me lembro é da porta caindo. Não caiu como nos filmes. Alguém a retirou das dobradiças ou algo parecido. Vai ser um problema colocar de volta.
Nunca o apartamento ficou tão cheio de homens. Mandaram uma enorme quantidade da Emergência. Três deles me colocaram numa maca, onde cruzei novamente as pernas.
Eu estava muito fraca, mas ainda tive força para perguntar a um dos homens:
-Como... Como é que sabiam?
-Sua mãe tentou falar com você e quando você não atendeu, ela ficou nervosa e ligou para a Emergência. Estava com um pressentimento que havia alguma coisa errada.
Minha mãe bruxa-vidente mais uma vez interferiu na minha vida e na minha morte.
Lembro de ter sido carregada para a ambulância.
Acho que desmaiei na ambulância: não lembro de ter entrado no hospital ou de qualquer outra coisa. Não tenho a menor idéia do que fizeram comigo. Seja lá o que for, rasgaram a minha bela lingerie. A primeira coisa que eu me lembro é que eu estava no céu. Se vocês abrissem os olhos e vissem Orlando Bloom e cinco de seus amigos mais gatos, onde achariam que estavam?
E pensei: “Bem, é isso ai, Hermione, você conseguiu. É o céu. O que fazem aqui, provavelmente, é conceder a gente um desejo e eles sabem muito bem qual seria o meu”.
Ouvi vozes dizendo que eu estava voltando e fiquei pensando “Voltando para onde?”. Orlando Bloom chegou mais perto, como se fosse me beijar, mas não fez isso. Não consegui entender o que estava acontecendo.
A confusão total durou alguns minutos e então:
-Hermione, querida, você está bem, filhinha?
E lá estava aquela voz, aquela mesma voz que me dizia que tinha que colocar um casaco por cima da fantasia de Halloween. Aquela voz me trouxe de volta à realidade. Orlando Bloom e seus amigos se transformaram em médicos e o céu no Hospital Bellevue.
Minha mãe se comportou de maneira completamente irracional sobre o episódio. Não conseguia entender como um vidro inteiro de pílulas para dormir foram para acidentalmente no meu estomago; meu pai, como de hábito, ficou em silencio.
Severo Snape e o Rabino Black ficaram doidos comigo. Snape ficou transtornado por que cancelei o tumulo e porque eu menti para ele. Disse que nos seus 36 anos de diretor ninguém havia cancelado um. Ficou arrasada, mas não tanto como o rabino. Ele não me ligou, mas sim a secretária. E que bronca eu levei. Como eu ousava fazer o rabino perder tempo com um falso suicídio, um homem tão ocupado!
Todo mundo fica dizendo para eu recuperar o animo e é o que eu estou tentando fazer, não porque ficavam me dizendo isso, mas porque eu estava sendo tratada pelos seis médicos mais gatos que você já conheceu.
Vou voltar para o meu apartamento (e transformar o meu caixão em um sofá) e arranjar um novo emprego, talvez ligar para a Gina. Talvez eu troque meu nome para Sra. Granger. E talvez escreva um artigo para a Seleções. - Sou o Cadáver de Hermione .
Daqui a cinco minutos, o meu médico gato favorito, o Dr. Ron Weasley, vem me ver. Ele não usa aliança e eu perguntei a uma das enfermeiras se ele tem namorada. Ele não tem namorada e parece que gosta de mim. Nunca se sabe quando ele vai entrar, chegar o monitor cardíaco e convidar você para sair e em seguida, te pedir em casamento.
Quem sabe?
Espero que alguém tenha colocado a porta do apartamento de volta no lugar.



_____________________

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.