Europa: Paris






Europa: Paris

No mesmo instante que vi Paris, soube que queria viver lá um dia. Na primeira noite, pensei que deveria trocar meu nome de novo, dessa vez para Le Granger.
Por que eu não poderia ser uma americana em Paris?
Voltaria à Nova York, trabalharia por mais um ano, economizaria todo o meu dinheiro – não entraria em nenhuma loja durante o ano inteiro –
e poderia voltar para a minha Paris. Viveria a pão e queijo e talvez, ocasionalmente, um hambúrguer de um fast food americano,
usaria suéteres de gola rule pretas e teria aquele ar divino de esfomeada.
Claro que minha mãe seria contra a idéia, a principio.
Iria provavelmente soluçar no aeroporto. Mas tudo seria perdoado quando ela conhecesse Pierre, o meu marido judeu-frânces e Jacques e Martine, dois amores de crianças.
Minha mãe ficaria particularmente encantada quando eu a
apresentasse à minha melhor amiga, Brigitte (ficamos amigas porque tínhamos casa em St. Tropez e usávamos o mesmo tamanho de biquíni).
Gina odiou Paris.
-Gina, como pode odiá-la? Nunca ouvi uma coisa dessas. Como se pode odiar uma cidade inteira?
-Simplesmente não me diz nada.
-Mas ela é belíssima. Tem que admitir que é bonita. O Louvre, a Torre Eiffel. Para onde quer que olhe, é bonita.
-É legalzinha.
-Legalzinha? Nunca, mas nunca mesmo, ouvi alguém dizer que Paris é legalzinha.
Bem, era óbvio porque Gina estava de mau humor. Recebera, através do escritório da American Express, uma carta de 16 páginas de Henry Sprout, onde ele se desculpava por ser republicano e como compreendia que idiota era. Gina não sentiu nenhuma compaixão por Henry, achou até que ele era bem pior por não manter suas convicções e queria atirar a carta na pira do Tumulo do Soldado Desconhecido. Não conseguimos chegar perto o bastante, por isso ela atirou na cesta de lixo lá no alto da Torre Eiffel.
Quando voltamos ao hotel na noite anterior à nossa partida, dois Frances feiosos gritaram para a gente palavrões em francês. Foi como mágica, melhorou imediatamente o estado de espírito de Gina. No nosso último dia, Gina sorriu e tirou centenas de fotos. E quando já estávamos no avião para Roma, ela me disse:
-Sabe, Mione, eu gostaria realmente de viver aqui algum dia. Talvez faça o meu mestrado em artes aqui ou coisa assim. Poderia viver com pouco dinheiro, comendo pão com queijo. Não seria ótimo?
_______________________________________________________________________________________________________________________________

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.