Sangue Nas Paredes

Sangue Nas Paredes



Capitulo 20 – Sangue Nas Paredes

-O que? – perguntou se sentando e olhando para aquele homem ao seu lado, ainda deitado e com um sorriso estranho na face.
-Esquece... – disse se virando para o outro lado e se cobrindo até o pescoço – Boa Noite.
-Boa noite?! Me fala uma coisa dessas e depois se vira para dormir? – ralhou ela puxando a coberta dele, o descobrindo até a cintura.
-Foi besteira pensar nisso, você não está com cabeça para essas coisas... – disse ainda de costas para ela e tentando puxar a coberta outra vez, mas ela a segurava com força.
-Quer mesmo? – perguntou em um tom mais baixo e bem perto da orelha dele.
-Sabe que sim. – e tentou puxar a coberta outra vez, sentia o rosto queimar de vergonha, mas não queria que ela visse.
-Me olhe quando falo com você. – estourou ela com certa raiva da criancice dele. Severus se sentou na frente dela e a olhou ainda com certa vergonha de ter agido com tanta infantilidade sobre o assunto, afinal casamento era um assunto sério.
-Meu amor, durma. Teremos tempo suficiente para conversar sobre isso amanhã. – disse ele empurrando ela pelos ombros até que ela estivesse deitada, ainda lhe olhando com certo nervosismo – Por favor, podemos terminar essa conversa amanhã? Você precisa dormir.
-Tá. – resmungou ela e se virou de costas para ele puxando a coberta se cobrindo. Sentiu a mão de Snape lhe fazer um carinho nos cabelos e depois ele se deitou também de costas para ela.
Já fazia pelo menos uma hora que ela estava deitada ali e não conseguia dormir, lentamente se virou e se levantou um pouco para se assegurar que ele dormia, se levantou por completo da cama e andou até sua bolsa, pegou uma pequena carteira e seu casaco e saiu do quarto nas pontas do pé, fechando a porta silenciosamente. Do lado de fora do quarto colocou o casaco que ia até seus joelhos e desceu as escadas escuras em silêncio, atravessou o hall e saiu pela porta da rua a fechando bem devagar, já que viu Remus dormindo no sofá da sala da lareira, provavelmente ele tinha voltado e não os quis perturbar.
Já do lado de fora encarou outra vez as cruzes ainda presas no chão da praça muito mal iluminada, seguiu até a praça e se sentou em um banco de frente para aquelas horríveis cruzes que lhe faziam lembrar da assassina que iria matar não importasse o tempo que iria demorar. Tirou a carteira do bolso e puxou um cigarro e um isqueiro, acendeu e tragou com força, iria voltar com aquele vicio, precisava dele para se acalmar, tinha ficado algum tempo sem fumar, mas não importasse quem pedisse dessa vez, não iria mais parar. Olhou para o céu cheio de estrelas fracas e percebeu que o dia não iria demorar muito a chegar, trazendo seus amigos vivos para seus braços outra vez.
Viu uma luz de uma das casas se ascender e se lembrou que tinha que sumir com aqueles objetos macabros na praça, mas estava sem sua varinha. “Burra, o perigo na cara e saio sem minha varinha? Pedindo pra morrer, Granger.” ela se reprovou mas se lembrou das palavras de Severus, será que realmente estaria ficando mais poderosa? Decidiu tentar, o máximo que poderia acontecer é que não desse certo, com um aceno da mão fez uma das cruzes sumirem, se espantou e quase deixou o cigarro cair. Sorriu e fez outro aceno fazendo a outra cruz sumir, outro aceno e a praça estava normal outra vez, excluindo três buracos no cimento, mas isso os trouxas não iriam repara muito.
Já estava no terceiro cigarro quando ouviu passos vindo de sua direita, virou um pouco a cabeça para ver quem era e viu um rapaz, provavelmente um pouco mais novo que ela, parado a olhando, ele se aproximou mais alguns passos e finalmente disse:
-Hermione Granger?
-Quem quer saber? – perguntou ela séria e dando um trago bem longo no cigarro que já estava quase no fim.
-Tenho um recado pra você. – e se sentou ao lado dela sorrindo pelo canto da boca, viu a mulher ao seu lado se afastar um pouco e a olhou ainda sorrindo.
-Quem é você? Ai. – Hermione desviou o olhar do rapaz e soltou o cigarro que acabara de queimar seus dedos, quando ia olhando novamente para ele sentiu um golpe lhe acertar a nuca e antes que perdesse os sentidos e caísse no chão viu o rapaz lhe sorrir abertamente.
-Remus, cadê Hermione? – perguntou Severus ainda de calças de pijamas, balançando o lobisomem no sofá.
-O que? – perguntou se afastando das mãos dele e se sentando no sofá esfregando os olhos – Ela não está no quarto dela?
-Não. Já a procurei pela casa toda. – disse bufando e se jogando no sofá ao lado de Lupin que lhe olhava estranho.
-Onde ela pode estar?
-Se soubesse não estaria aqui lhe perguntando. – e bufou mais uma vez, mas percebeu que não precisava falar daquele jeito com o homem ao seu lado – Me desculpe, mas odeio quando ela faz isso.
-Deve ter ido para o serviço, ela disse que ir trabalhar hoje, lembra? – disse Remus se levantando ainda não acreditando que Severus Snape lhe pedira desculpas.
-Mas ainda é muito cedo, e ela não iria sair sem ver os outros voltando do St. Mungus. Tem alguma coisa errada. – Severus de súbito se levantou e abriu a cortina da janela olhando para a praça, viu que as cruzes já não estavam mais lá. “Ela as tirou.” foi a única coisa que conseguiu pensar antes que três vozes conhecidas ecoassem pela sala em grande festa chegando da lareira.
Se virou e encontrou Ron, Gina e Draco conversando com Remus e se dirigiu até o grupo, Gina foi a primeira a lhe cumprimentar, e foi um cumprimento fora do comum para ele, ela se jogou em seus braços e o abraçou com força agradecendo por ter levando eles até St. Mungus antes que algo pior acontecesse, já Ron e Draco apenas concordaram. Depois que Gina se soltou dos braços de Snape esse voltou sua atenção ao pequeno detalhe de Hermione ainda estar sumida.
-Cadê a Mione? – pergunto Gina sorridente, mas o sério rosto de Severus a fez fechar o sorriso na hora – O que aconteceu?
-Não sei onde ela está. Saiu sem deixar um bilhete ou dizer aonde ia. – ele respondeu se jogando outra vez no sofá e passando a mão pelos longos cabelos.
-Ela deve ter ido trabalhar. – disse Draco olhando preocupado para o ex-Mestre de Poções, um pensamento sombrio passou por sua cabeça e ele endureceu o rosto ficando pálido.
-Cara, você está bem? – perguntou Ron quando percebeu que Draco estava mais branco do que de costume. Os outros também olharam para o garoto e esse continuava com a mesma expressão – Draco? – chamou Ron balançando de leve o homem pelo ombro, esse pareceu sair de seus devaneios ainda pior e disse quase gritando:
-Temos que achar ela.
-O que foi? – perguntou Remus olhando preocupado para o garoto que a cada segundo ficava mais branco.
-Minha mãe. – Severus pulou do sofá na frente do garoto e o segurava pelos ombros – Quando ainda estava com ela ouvia parte de seus planos.
-O que isso tem a ver com Mione? – perguntou Gina se postando ao lado de Severus também muito preocupada.
-Posso estar errado...
-Fala logo. – explodiu Severus agora sacudindo o garoto pelos ombros, mas Remus os separou e pediu que o rapaz continuasse.
-Ela conhece Nightwalker. – a sala caiu em total silêncio, mas ele continuou – Não escutei quem era para ele atacar, mas a ouvi pedindo isso para ele alguns dias antes de fugir para cá.
Remus andava de um lado para o outro no longo carpete da sala, falando bem baixo e sozinho. Somente ele e Snape sabiam quem era Nightwalker, a idéia de Hermione ter dopado com ele não era boa, sabia que Nightwalker era um assassino impiedoso, o próprio clã de Grayback o temia. Nisso a porta se abriu e Harry entrou sorrindo alheio de tudo que acontecerá na noite anterior depois que ele foi embora, quando viu a cara séria de todos perguntou o porque e Gina se pôs a explicar como foram capturados quando estavam voltando do Caldeirão Furado, onde deixaram uma velha bruxa que estava um pouco bêbada, e agora o desaparecimento de Hermione.
-Mas quem é Nightwalker? – finalmente conseguindo falar e viu Remus olhar para Severus.
-Nightwalker é o mestre do clã Behind. – respondeu Remus ainda dando voltas no tapete. Ron se jogou em uma poltrona e soltou um breve suspiro de irritação, ninguém além dos dois bruxos mais velhos sabiam do que estavam falando.
-Não entendi nada. – disse Gina se levantando e cruzando os braços na frente do corpo de uma maneira ameaçadora. Remus parou de andar e olhou para a ruiva nervosa em sua frente.
-O clã Behind é o maior clã de vampiros que existe em Londres. Nightwalker é o mestre. – respirou com dificuldade – Se Narcisa o colocou atrás de Mione...
-Não ouse dizer isso. – ralhou Snape nervoso interrompendo Lupin, antes que ele dissesse o inevitável.
-Dizer o que? – perguntou Ron se inclinando para frente passando a mão nos cabelos e demonstrando grande preocupação.
-Morta. – terminou Draco sentindo os olhos queimaram, só a idéia de que Hermione poderia estar morta já lhe faziam querer chorar.
Um grande barulho na porta fez com que todos olhassem para lá, mas o cômodo se tornou silencioso outra vez, Harry se levantou indo até a porta, com a varinha na mão. Abriu a porta de uma só vez e viu o corpo de Mione deitado no chão, desacordada. Puxou ela para dentro chamando os outros, Snape veio correndo e colocou a cabeça de Hermione em seu colo, lhe fazendo um carinho nos cabelos e descendo a outra mão tremula para sentir a pulsação em seu pescoço. Para seu alivio ela ainda tinha um batimento mesmo que muito fraco, mas viu algo que lhe deixou arrepiado da cabeça aos pés, uma marca em seu colo perto do seio esquerdo, marcas de dente.
Levantou seu olhar para Remus e esse suspirou e balançou a cabeça afirmando seus piores temores, sim ela estava morrendo, mas sabia que ela continuaria viva, andando e sorrindo, mas “sua” amada estava morrendo, e nada do que ele fizesse iria contornar a situação. Pela primeira vez em sua vida sentiu o sangue subir até seus olhos e os sentiu queimar, pela primeira vez na vida deixou lágrimas caírem de seus olhos na frente de outras pessoas, pela primeira vez sentiu a dor da perda lhe invadindo sem permissão e lhe destruindo o coração recém acordado.
-O que é isso? – perguntou Gina pegando algo preso nos dedos finos e frios de Mione. Ela abriu o pergaminho e o leu soltando um gemido de dor e medo, lágrimas desceram por seu rosto e ela entregou o pergaminho na mão de Severus e depois afundou a cabeça no peito de Harry chorando compulsivamente. Severus olhou a letra no pergaminho e a reconheceu de imediato, depois de ler o pergaminho o solto no chão e puxou o corpo de Hermione para mais perto do seu, agora chorando em seus cabelos, tacando de leve sua pele que se tornava cada vez mais gelada. Sabia o que tinha que fazer, mas não queria, aquilo parecia o fim do mundo.
Com grande esforço Remus se aproximou de Severus e lhe entregou um canivete prata, depois pegou o papel no chão e o leu. Snape sem hesitar um momento abriu o canivete e afastou o corpo de Hermione um pouco para que pudesse se mexer com mais facilidade, esticou seu braço esquerdo e com um rápido movimento cortou o braço fazendo um ferimento não muito profundo, de onde agora vertia uma considerável quantidade de sangue. Jogou o canivete longe e puxou Hermione novamente para perto de si, levantou o braço para não mancha-la de sangue e com a outra mão inclinou a cabeça dela para trás fazendo sua boca se abrir um pouco, voltou com o braço ferido para perto e colocou o ferimento logo acima da boca dela fazendo seu sangue cair direto em sua garganta.
-O que está fazendo? – perguntou Harry avançando sobre eles, mas Remus o impediu e entregou o pergaminho para que pudesse entender. Harry pegou o pergaminho ainda olhando para Severus derramar sangue na boca de Mione desacordada e abaixou seus olhos para o pergaminho, leu em uma letra fina um pequeno recado para Severus.
“Esse é um presente para você, Severus. Espero que goste da pele fria. Se me recordo bem, era sua favorita. N.M.”
Nisso Harry ouviu Severus soltar um gemido de dor, olhou e viu Mione segurando com as duas mãos o braço dele na boca e sugando o sangue que de lá saia.

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