Interrogatório



Capítulo 12 – Interrogatório


Hermione ainda olhava para a amiga e deu dois passos em direção a ela, mas essa fechou a porta e a morena parou no meio do caminho. Respirou com força e olhou para a porta outra vez. “Ahh que vá... Que conte para todos... Não ligo... O único problema vai ser Draco, ele não merece... Merlin ele foi tão bom comigo... Ahh que se dane... Dane-se todos.” pensou sorrindo um pouco pelo canto da boca.
Se virou e o olhou nos olhos, ele a olhava sério, parecia que iria atrás de Gina a qualquer instante, mas ele não se mexeu.
-Que se danem todos, não é? – perguntou ele sorrindo pelo canto da boca também.
-Leu meus pensamentos. – e foi em direção a ele – Que se danem.
Ele a enlaçou pela cintura e ela o abraçou, se beijaram, um outro beijo calmo, um beijo apaixonado. Ela se soltou depois de algum tempo e foi até a porta.
-Onde vai? – Snape perguntou confuso, viu ela virar somente a cabeça para trás.
-Fumar no meu quarto, sei que você não gosta do cheiro, mas o vicio é forte. – e ia saindo quando ele falou outra vez.
-Conversa com Sirius?
-Sabe que sim. Se não já teria saído daquele quarto. – e fechou a porta.

Estava sentada na pia da cozinha fumando, pensando no dia de hoje. “Cadê ele? Já deveria ter chego.” pensou ela, mas ouviu um barulho na porta, era o próprio dono de seus pensamentos parado na porta da cozinha a olhando.
Draco a olhou, ela estava linda, um vestido azul escuro agarrava-se em seu corpo, saltos em seus pés, maquiagem quase sem peso em seu rosto, os cabelos presos em um coque relaxado, estava divina. Ele sorriu para ela quando viu um sorriso e um brilho diferente em seus olhos.
-Vai sair? – perguntou se apoiando no batente da porta colocando as mãos nos bolso e deixando o cabelo cair no rosto.
-Sim. – e tragou – Vou jantar fora.
-Está feliz?
-Muito.
-Então também estou. – se aproximou dela e sorriu ao ver que seus lábios estavam intactos – Quando?
-Como sabe? – ela perguntou descendo da pia e o encarando.
-Você. Você me contou sem palavras. – e olhou para o chão, respirou fundo – Posso saber o que ele disse pra te fazer voltar atrás na sua decisão?
-Que me ama.
-Você o ama? – Draco perguntou ainda olhando o chão.
-Sim. – Hermione se afastou dele e deu a volta na mesa, ficando perto da porta.
-Se você está feliz, fico feliz. – e se virou para encara-la – Onde vão? – se forçou a sorrir.
-Harry vai me levar para jantar no Mística.
-Harry?
-Sim, ele me pediu para jantar com ele, quer conversar comigo. Sabe, colocar o papo em dia. – e tragou outra vez sorrindo para o loiro.
-Se divirta. – e se virou. Não conseguia mais olha-la, estava querendo dizer para não se afastar, mas queria vê-la feliz.
Mione viu quando ele se virou triste, balançou a cabeça se forçando a sair da cozinha, mas não conseguiu, pela segunda vez suas pernas não lhe obedeceram. Respirou fundo, olhou para a porta, desviou o olhar para ele, sem pensar duas vezes foi em sua direção, o virou, quase o queimando com o cigarro, o abraçou passando os braços em seu pescoço e o olhou fundo nos olhos. Ele a olhava com tristeza, mas queria ficar feliz por ela, a viu sorriu triste, sorriu igualmente para ela. Viu uma lágrima escorrer de um dos olhos dela e a limpou com a mão
-Não... Não fala nada. – e sorriu para ela. Ela o puxou e o beijou, mas não se permitiram abrir os lábios. Ela foi se afastando daquele beijo de despedida, abaixou a cabeça e se soltou, virou e saiu da cozinha sem olhar para trás.
Draco sorriu ao vê-la sair pela porta da cozinha, mas uma lágrima escorreu de seus olhos.
-Você era a certa... mas não pra mim.

Hermione chegou ao restaurante e avistou Harry em uma mesa ao fundo, foi até ele e se sentou, seu olhos ainda estava vermelhos de chorar por Draco, mas disfarçou colocando um imenso sorriso no rosto.
-Oi. O que houve? – perguntou Harry quando a olhou nos olhos. Ela deu de ombros e tirou o casaco – Bom, como andas?
-Bem, e você?
-Também. Bom já deve saber o motivo de te chamar pra jantar né? – perguntou ele segurando uma das mãos dela que estava na mesa.
-Não. – respondeu mentindo sem o olhar nos olhos. “Gina já contou? Que garota rápida.” pensou e sorriu forçado para ele.
-Porque ele? – perguntou calmo, Mione sorriu ao ver um Harry diferente em sua frente, se fosse o antigo Harry ele teria indo até a sede e feito um escândalo.
-Porque o amo. – e viu Harry esboçar um sorriso estranho.
-Ele te ama também? – a olhava analisando cada expressão que ela fazia.
-Sim. Harry vá logo ao ponto, o que quer saber?
-Como isso começou? – Harry viu a amiga respirar fundo e abaixar a cabeça, talvez não devesse perguntar isso, mas não podia ficar sem saber como ela poderia amar aquele homem frio que alguns anos antes odiavam.
-Não sei explicar... Ele simplesmente é ele... Sei lá, Harry... – tentou explicar, mas perdeu a coragem de dizer como aquilo havia começado.
-Mas... Ele sempre te tratou mal...
“No começo de tudo isso ainda tratava...” pensou ela.
-Ele mudou. – e pegou o cardápio querendo fugir do olhar do amigo que a analisava.
-Como Malfoy pode ter mudado tanto? – perguntou Harry abaixando o cardápio para ver o rosto dela.
-Malfoy? Achei que falava de... – e se calou, mas percebeu que já havia falado muito. “Gina não contou para ele... Hermione Jane Granger, você é muito burra...” Tentou disfarçar olhando para o cardápio novamente, mas Harry o abaixou outra vez, dessa vez com força fazendo barulho quando o bateu na mesa, muitas pessoas que estavam nas mesas do lado olharam.
-De quem falava? – perguntou Harry muito sério.
-Malfoy. – mentiu, mas não deu certo já havia se entregado.
-Não minta pra mim. – falou alto, chamando a atenção das pessoas outra vez.
-O que desejam? – perguntou um garçom chegando para anotar o pedido. Hermione aproveitou e se escondeu outra vez atrás do cardápio.
-Ainda nada. – o garçom saiu e o moreno puxou o cardápio das mãos dela e o colocou em seu colo – De quem falava? – perguntou entre os dentes.
Hermione olhava para as mãos que estavam na mesa, não conseguia mentir para Harry, não o olhando diretamente nos olhos, e mesmo assim sabia que estava vermelha feito um pimentão, sentia seu rosto quente, estava prestes a se levantar e ir embora. “Não... Não seja covarde, cedo ou tarde ele vai saber...” pensou ela e levantou os olhos e encarou aqueles olhos verdes que esperavam a resposta verdadeira.
-Severus. – Hermione viu Harry ficar pálido e mudo, achou que o amigo iria cair da cadeira a qualquer momento, mas ele fez algo totalmente inesperado.
-O QUE? – berrou para ela, dessa vez fazendo todo o restaurante os olharem, até a banda que tocava parou de tocar, todos aqueles olhos pesaram nela e no garoto que estava vermelho.
Hermione se levantou, pegou o casaco e saiu do restaurante o mais rápido que pode, Harry a seguiu e a alcançou na rua na frente do restaurante, a puxou e a virou para que se olhassem.
-Então?
-Sim, estou com ele, pronto. Era isso que queria escutar? – disse ela o encarando com certa raiva pelo grito no restaurante.
-COMO? – Harry gritava com ela em plena rua, até parecia um namorado ciumento. As pessoas que passavam na rua ficaram olhando.
-DO MESMO JEITO QUE VOCÊ E GINA. ELE ME AMA. – berrou ela em resposta.
-QUANDO ISSO COMEÇOU?
-NÃO INTERESSA. – Hermione viu Harry a passar e começar a andar, ela o seguiu em silêncio, ele andava rápido e ela teve que tirar o salto para segui-lo.

Harry entrou na sede da Ordem bufando com a varinha na mão, encontrou muitas pessoas na sala onde a reunião acontecia, todas se viraram quando ele chegou nervoso e com a varinha na mão. Logo depois Hermione chegou descalça e respirando com dificuldade pela corrida que teve que dar para acompanha-lo.
O moreno varreu a sala com os olhos até achar seu alvo, sem pensar duas vezes jogou a varinha longe e correu para cima de Snape. O derrubou da cadeira com um soco, não sabia bem o porque de toda aquela raiva, mas foi o que seu corpo fez.
Hermione berrou para que ele saísse de cima do ex-professor, mas ele não a ouviu. As pessoas se assustaram e se levantaram, Moody e Lupin puxaram Harry para que saísse de cima de Snape que estava com um pequeno corte no supercílio.
Severus se levantou e encarou Potter com raiva. Hermione soltou as sandálias e correu para ver como Snape estava, se aproximou dele e colocou a mão direita sobre seu rosto e a outra quase que tocando seu ferimento. Se olharam nos olhos, pareciam que tinham esquecido que outras pessoas estavam ali e os olhavam nos olhos.
-Se afasta dela. – berrou Harry tentando se soltar das mãos dos aurores.
Os dois olharam para Harry, mas os olhos de Hermione logo se voltaram para os de Severus, novamente se concentrando no ferimento. Os olhos de todos os outros voltaram para o casal quando Hermione falou.
-Vai precisar de um curativo Severus. – ele limpou a garganta e ela o olhou nos olhos. Ia falar, mas se lembrou das outras pessoas, fechou os olhos e a boca, se reprovando internamente. Mione as afastou de Snape e respirou fundo antes de olhar para todos os que a olhavam. Harry ainda era segurado pelos braços de Moody e de Remus, mas já não demonstrava que iria atacar outra vez.
-Alguém poderia me explicar o que está acontecendo aqui? – pediu Minerva olhando para Severus, Hermione e Harry.
-Pergunta para ele. – falou Harry com raiva. Todos os olhos se voltaram para Snape e este olhou para Hermione que estava de costas para ele. A garota se virou e encarou os olhos negros, sorriu pelo canto da boca, como se o incentivasse a contar.
Severus olhou para Minerva, respirou profundamente e então disse:
-O ataque do Sr. Potter eu não sei explicar, mas... – e olhou para a amada, o sorriso dela o incentivou a continuar – Mas provavelmente ele está nesse estado por causa de meu relacionamento com a Srta. Granger.
Tonks que estava de pé se sentou com a noticia, Ron fez o mesmo, Gina parecia que teria um ataque e olhou séria para Remus, que estava espumando de raiva. Minerva ficou sem palavras.
A morena se aproximou novamente dele e o olhou sorrindo, enlaçou seu braço no dele e se postou ao seu lado. Harry viu aquilo e tentou avançar sobre eles, mas Hermione se colocou na frente.
-Chega Harry – gritou olhando nervosa para o amigo – O que quer?
-Você longe dele. – gritou tentando se soltar.
-Porque? Ele me faz feliz. – Harry riu falsamente do comentário dela. Severus porem esboçou um sorriso que foi percebido por muitos.
-Feliz? Pelo que soube alguém trincava seus lábios a ponto de faze-los sangrar, te fazia chorar e te magoou muito... Nunca achei que fosse ele, mas quando me contou juntei as peças... Ele não te merece. – Harry disse um pouco mais calmo.
Hermione procurou Gina com os olhos e viu a amiga sentada com o olhar triste, sabia que ela é quem tinha contado para ele essas coisas.
-Ele mudou Harry. E se fosse meu amigo, como achei que era, iria querer me ver feliz. – disse o olhando com lágrimas nos olhos e saiu para a cozinha. Snape a seguiu sem que ninguém falasse mais nada.
-Está bem? – perguntou Severus a abraçando pelas costas. “Burro, claro que ela não está bem... Tapado...” Ela se virou e apoiou a testa em seu peito.
-Agora todos eles já sabem.
-E? Que se danem, não foi assim que disse hoje à tarde? – perguntou ele fazendo carinho nos cabelos dela.
-Sim... mas Harry é importante pra mim. Queria que ele entendesse. – e o abraçou no pescoço. Ele se aproximou e a beijou ternamente. Suas testas se encostaram, ele respirava fundo e disse:
-Eu te amo, espero que saiba. – ela sorriu.
-Também te amo. – percebendo que para ele a frase já saia com mais facilidade – Queria que ele entendesse.
-Agora entendo. – disse Harry da porta da cozinha, estava ouvindo eles já fazia algum tempo – Snape me desculpe. Você também Hermione.
Mione o olhou e andou até ele de cabeça baixa, se postou na frente dele e o abraçou com força.
-Por favor, não faça mais isso. – pediu baixo em seu ouvido – Ele me faz feliz.
-Então estou feliz por você. – e a apertou ainda mais – Agora vai, vai cuidar do rosto dele. – sorriu para ela e saiu.
Ela sorriu por algum tempo olhando para a porta já fechada, depois se virou e percebeu que Snape estava encostado na pia a olhando com os braços cruzados. Foi até ele, pegou a varinha e fez um curativo em seu supercílio. O abraçou e sorriu falando em seu ouvido:
-Acho que agora é oficial. Não da mais para fugir. – ele colou o corpo dela ao seu e se aproximou do ouvido dela, primeiro o beijou devagar e o mordiscou, depois falou bem baixo em uma voz rouca e suave ao mesmo tempo:
-Quem disse que eu quero fugir? – e a beijou como um adolescente apaixonado.

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