Como Flocos de Neve



Como Flocos de Neve


- Então... – disse Joey baixinho jogando a mala em cima da mesa da biblioteca.

Tentei não demonstrar o susto, e logo retomei o livro que tinha caído da minha mão e comecei a folhá-lo calmamente.

- Então, o que? – tranqüilidade fingida, esperava que convencesse os olhos atentos de Josephine Collins.

- Por que você não me contou? – continuou sentando ao meu lado.

Era claro que ela estava chateada e eu entendia por que. Éramos amigas e, teoricamente, eu teria que ter contado pessoalmente, não deixa-la saber por outras pessoas.

Mas se tinha uma coisa com a qual eu não queria compartilhar com ela era isso. Sabia que ela iria torcer o nariz, assim como todos os seus amigos Joey não gostava muito dos sonserinos, porém os irmãos Lestrange estavam no topo da sua lista juntamente com Bellatrix (que apesar de tentar disfarçar ela nunca conseguiu muito bem).

- Eu... aconteceu rápido, acho que não tive tempo de... bom... conversar sobre isso...

E como que surgida das sombras das estantes da biblioteca, Mme. Pince apareceu na nossa frente com o cenho franzido, as mãos trêmulas e os lábios crispados.

- Isso é uma biblioteca, não uma rodinha de fofocas. Se querem conversar... FORA!


- Abutre carcomido... – resmungou Joey fitando-a com raiva enquanto saímos pela porta.

- Eu sei que... bem, desculpe.

- Tudo bem, eu sei que você não vai me contar a sua vida em detalhes, mas poderia ter ao menos de dado uma dica. Sabe? Para que eu não ficasse completamente sem ação quando Ted me disse.

- Foi Tonks quem lhe contou?

Ela fez que sim com a cabeça segundo antes de arregalar os olhos de maneira contrariada. Tinha dito algo que não devia.

- Na verdade foi a Daphne quem falou sobre isso primeiro, ele só complementou...

Mentira. Sabia que ela estava mentindo porque agia da mesma maneira que Narcisa quando mentia. Falava muito rápido, fazia grandes gestos com as mãos e piscava o tempo todo.

- O que ela disse? – perguntei casualmente.

- Ah, o de sempre. Sobre você ser uma princesinha aristocrática e arrogante e como o Lestrange ser seu par perfeito. Nada de novo.

- Como ela soube? – se queria saber da verdade tinha que pelo menos fazê-la acreditar que eu estava engolindo aquela baboseira.

- Hum... alguém disse, ou ela viu... Andy, eu vou indo, Amos está me esperando.

Besteira, se ela não estivesse tão nervosa teria percebido que o time da Lufa-lufa estava treinando no Campo de Quadribol.


- No que está pensando?

- Como? Ah... Transfiguração.

Rabastan arqueou as sobrancelhas cético. Ok. Então eu não era uma mentirosa tão boa assim, mas precisava arrumar uma desculpa estar mexendo com a minha comida, sem a menor intenção de saboreá-la, o olhar parado em algum canto do Salão Principal. .

- É que tem uma prova, um teste por esses dias... – conclui fisgando uma batata pequena.

- Ainda acho que você se preocupa demais com essa matéria ...
Não escutei o resto do que ele disse. Provavelmente repetia o discurso sobre a minha média ser aceitável, que a McGonagall era uma mal-amada, que uma dama como eu não deveria me preocupar com isso, que meu futuro marido cuidaria de mim ... o de sempre. Eu concordava a intervalos repetidos com a cabeça e às vezes dando um sorriso complacente, mas a verdade era que não escutava uma palavra sequer.

Ted Tonks estava jantando e, como sempre, sua amiguinha Turpin estava ao seu lado. O assunto deveria ser muito interessante, ela gesticulava o tempo todo e ele ria.

Não tinham a menor educação, os dois. Falar alto, rir, gesticular em meio a uma refeição? Deprimente.

- ... provavelmente falarei com seu pai no Natal... – e foi só quando ele mencionou meu pai que eu percebi que deveria estar prestando atenção o que ele falava, e não no casalzinho.

- O que tem o meu pai?

- Você escutou alguma coisa do que eu disse? – perguntou fechando os olhos irritado.

- Só perdi a parte que falava dele...

- Eu dizia que iria falar com seu pai durante as festas. Alias, onde vocês vão passar o Natal?

- Londres, na casa da Tia Walburga. – respondi dando de ombros.

Ele sorriu vitorioso. Sim, a festa de Natal era uma excelente ocasião. Papai não faria escândalos durante uma festa... ainda mais na casa de Tia Walburga.

E lá estava ele falando animadamente outra vez, algo sobre festas... ou Slughorn, ou sobre a festa de Natal do Clube do Slug. É, deveria ser sobre isso...

Balancei a cabeça afirmativamente quando percebi que ele perguntou alguma coisa, não deveria ser algo importante. Eu mexia o brócolis do meu prato com o garfo sem a menor vontade de comê-lo.

Agora Ted Tonks comia vorazmente carne, como se fosse o último pedaço de bife da face da Terra, um espetáculo terrível. Passando para as sobremesas ele devorava um pudim e conversava com a garota. Era um mistério o porquê de eles conversarem tanto. Estavam juntos o tempo todo e SEMPRE rindo.

- Você não está muito bem, não é? – inquiriu Rabastan impaciente.

- Só um pouco indisposta... acho que vou deitar.

§ * § * §


- Eu detesto esta cidade. – bufou Cisa quando finalmente chegamos ao Largo Grimmauld.

Era fato que Narcisa realmente odiava Londres e sua neblina. Passou todo o trajeto desde a estação reclamando da umidade relativa do ar, e o quanto isso estragava o seu visual, embora seu liso e sedoso cabelo continuasse o mesmo.

Mamãe tirou as mãos dos bolsos do casaco cor-de-pérola e com a luva de pelica branca tocou a campainha delicadamente.

Fazia algum tempo que não visitávamos a casa da Tia Walburga, no entanto nada parecia ter sofrido a ação do tempo. Da campainha eu lembrava bem, a melodia não era exatamente bonita, mas diferente. Lembrava dela porque nunca gostei, era uma melodia que costumava acompanhar meus pesadelos.

Um elfo abriu a porta, Monstro, se a memória não me falhava. Nunca gostei dele, não lembrava porque, mas algo nele me fazia querer dar razão à Tia Elladora. No geral eu suportava elfos-domésticos, gostava de alguns, mas não de Monstro, não gostava dos seus grandes olhos servis, nem da maneira como olhava suplicante para Bella.

Cumprimentei educadamente os parentes que encontrei no caminho até o “meu quarto”. Cada uma de nós tinha um quarto especial na casa, ou costumávamos ter quando crianças, mas sempre dormíamos juntas quando estávamos lá. O Largo Grimmauld número 12 ainda me dava arrepios.

2° quarto do 3° andar. Eu ainda lembrava.

Abri a porta e parecia ter voltado no tempo. Estava exatamente da mesma maneira que eu o havia deixado anos atrás. As pesadas cortinas de veludo verde na frente das brancas frustrando qualquer tentativa de invasão de claridade, a cama no centro forrada com espessos cobertores em tons de cinza e os lençóis de linho egípcio branco. Uma pequena mesa de cabeceira de um lado e uma cadeira do outro. O guarda-roupas em um canto mais escuro, perto da porta do banheiro.

O papel de parede era impecável, parecia ser pintado. Uma textura fina em tom pastel com o brasão dos Black impresso em pequenos intervalos de espaços.

Larguei minha capa na cadeira e deitei-me de bruços. Escutei a porta abrir lentamente, e pelos passos decididos e fortes percebi que era Sirius.

- Eu soube.

Ergui a cabeça e fitei os olhos azuis, irritantemente parecidos com o de Bellatrix quando ficava brava. Os cabelos negros caiam-lhe desconexos pelo rosto dando um ar de maturidade que ele não tinha.

- Não gosto dele. Não é a pessoa certa para você. – continuou cruzando os braços.

- Suponho que você saiba quem é a pessoa certa para mim. – respondi sentando-me ainda sem encara-lo.

- Não, claro que não. Mas eu sei quem não é.

- Por que não ele? Bella namora um Lestrange...

- Bellatrix e Rodolfo são perfeitos um para o outro. Os dois não prestam, vão ser felizes juntos. Você é melhor que aquele engomadinho idiota.

- Não diga isso! Bella... – levantei-me irada, mas ele não pareceu se intimidar.

- NÃO PRESTA! Quando é que você vai perceber que essa família é podre? Bellatrix é mais um deles, me arriscaria a dizer que é o mais perfeito exemplo dos Black. – gritou forçando-me a voltar a sentar na cama.

- PARE DE GRITAR!

- NÃO! EU NÃO VOU PARAR ATÉ VOCE ABRIR OS SEUS MALDITOS OLHOS PARA VER O QUE ACONTECE BEM DEBAIXO DO SEU NARIZ!

Seus olhos saltaram em órbita, arregalou os dentes como se estivesse prestes a me atacar, o que serviu para me deixar com mais raiva. Sentia o meu rosto esquentar e minhas mãos pedirem para ganhar vida própria, mas alguma coisa dentro da minha cabeça implorava para que mantivesse o autocontrole.

- Sirius, eu amo você, mas não vou te deixar falar desse jeito da minha irmã. – respondi o mais friamente possível.

- Agora você vai querer me convencer que Bellatrix é boazinha? Que quer o bem da humanidade? – perguntou com um sorriso exageradamente falso.

- Não. Bella pode não ser a pessoa mais meiga ou compreensiva do mundo, mas...

- Ela é sua irmã e você ama ela. - adiantou-se com voz de falsete.

- SIM! ELA E NARCISA SÃO MINHAS IRMÃS DE SANGUE, SUAS PRIMAS, E SE O SANGUE DELAS É SUJO, O MEU E O SEU TAMBÉM SÃO!

- E o meu. Por favor, não esqueçam de mim.

Eu berrava tão alto que não tinha percebido que Tio Alfardo entrara no quarto com sua expressão mais zangada, fazendo-se parecer ainda mais com papai.

Seus olhos anuviaram e mesmo sendo negros era possível ver a sombra que passava por eles, o nariz empinado e os lábios tão contraídos que chegavam a ficar brancos.

- Peguem seus casacos e meu acompanhem... agora Sirius.

Tio Alfardo seguia na frente, um pouco atrás ia Sirius com a cara mais amarrada do que de costume. Passamos pela sala onde alguns elfos corriam de um lado para o outro preparando a decoração para a noite seguinte. Mamãe e Tia Walburga tomavam chá acompanhadas de Narcisa, pareciam não notar o mundo ao redor.

Abrindo a porta com a varinha, Tio Alfardo nos levou até a cozinha e de lá abriu a porta que dava para o quintal.

Uma lufada de vento gelado varreu meus cabelos e fez-me tremer os dentes. Iria nevar a qualquer momento.

- Não me interessa sobre o que estavam discutindo, não Sirius, eu não quero escutar... – acrescentou ao que Sirius fazia menção de interromper. – As pessoas são como flocos de neve...

- Frias? Isolada e egoístas? – perguntou Sirius não dando atenção ao gesto impaciente de Tio Alfardo.

- Não... diferentes. – respondeu simplesmente.

- Diferentes? – cortou Sirius outra vez com um toque de incredulidade.

- Exato. Não existem dois flocos de neve iguais em todo o mundo... – disse Tio Alphardo apontado para o céu quando pequenos flocos começaram a cair timidamente.

- Não existem? – retomou Sirius e desta vez além da descrença havia um leve tom de deboche.

- Não. – repliquei impacientemente enquanto voltávamos a caminhar.

- E como você tem certeza? – continuou ele, mas dessa vez jogando todo o seu desprezo para mim.

- Li nos livros. – respondi calmamente sem olha-lo. Sirius realmente sabia como ser irritante, se o olhasse era possível que toda a minha paciência se esvaísse em questão de segundos.

- Acredita em tudo que lê? – continuou o garoto, decido a me provocar.
Alguma coisa na minha memória atiçava uma lembrança não muito boa daquela pergunta, e invariavelmente associava aquela pergunta a uma certa pessoa, a qual eu não gostaria de lembrar no momento. Deja vù.

- Se está escrito é porque alguém já se deu ao trabalho de pesquisar sobre isso, de outra maneira não estaria publicado. – disse simplesmente.

- E se... só imagine, e se esta pessoa estiver mentindo? – perguntou com um sorriso enviesado.

- Sirius, não seja burro, isso não está escrito só em um livro! – contrapus irritada arrumando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Eu acredito. É suficiente. – disse Tio Alphardo pondo-se entre nós.

- Mas... mas... são muitos! – apontava Sirius para os montes de neve que se acumulavam em todos os lugares.

- Sim, de fato são. – respondeu ele sorrindo.

Tio Alphardo tinha um sorriso como o de poucas pessoas, sabia-se que era sincero porque não era efusivo, ao contrário, era extremamente contido. Curvava levemente os lábios, muito discreto, de maneira que somente os que o conheciam bem sabiam que era ali que se encontrava mais verdadeiro.

- Eu não acredito que existam tantas pessoas assim... – replicou Sirius chutando um amontoado que estava no seu caminho.

- A quantidade não é relevante, Sirius. – suspirei cansada.

O que mais me aborrecia em Sirius era a sua mania de generalizar e de se fazer de desentendido, coisa que ele não era nem um pouco. Conhecia seu raciocínio afiado e rápido.

- O que estou querendo dizer, Cavaleiro Errante, é que não existem pessoas iguais em sua essência. Não, Sirius, os Black não são todos iguais.

- Mas Tio...

- Sirius, não queira que o mundo se iguale aos seus conceitos! – respondeu Tio Alphardo parando de chofre.

- NÃO IMPORTA! ELE NÃO É A PESSOA CERTA PARA ANDRÔMEDA! – vociferou fechando os punhos com força.

Imagino que se meus olhos tivessem o poder de fuzilar Sirius teria caído morto naquele instante, baixei a cabeça para não encarar os olhos escuros de Tio Alphardo. Uma sensação incomoda de queimação perpassou todo meu corpo.

- Pequena Ninfa, do que ele está falando?

- Na-nada Tio, você conhece Sirius...

- RABASTAN LESTRANGE! É dele que estou falando! – esbravejou fechando os olhos, suas feições se contorceram de tal maneira que parecia estar sofrendo uma terrível tortura.

- Sirius, cale sua maldita boca. – embora minha voz não tenha passado de um sussurro, tinha certeza que ele havia escutado. Quis empregar nela o tom mais letal que conhecia.

- Não, Andrômeda, eu não vou ficar quieto. Ele não presta. – disse calmamente pouco antes de sorrir e dar-nos as costas, saindo em direção a porta da cozinha.

Tio Alphardo segurou meu braço, quando percebeu que ele escorregara para dentro do bolso da capa.

- Primeiro, Pequena Ninfa, NUNCA se atinge alguém pelas costas. É um golpe vil, desleal e desonroso. Segundo, você está prestes a infringir leis rigorosas do Ministério e terceiro, sente-se e me explique.

- Sirius precisa de limites, definitivamente!

- Eu sei, mas não foi isso que eu lhe perguntei. – respondeu sentando no banco e indicando para que eu fizesse o mesmo.

- Rabastan e eu, nós dois... hun... estamos meio que... como se... hun, você sabe, namorando. – não havia palavras para descrever meu acanhamento.

Tio Alphardo já não me olhava, parecia estar perdido nos próprios pensamentos.

- O Lestrange mais novo.

Não era uma pergunta, mas uma constatação. Um silêncio incômodo se instalou enquanto eu mexia os pés nervosamente.

Olhei discretamente para ele e percebi que um pequeno fio de suor escorria de sua testa, que ele tratou de enxugar distraidamente enquanto continuava a fitar o nada.

- Você gosta dele?

- Eu... não sei, acho que sim, quer dizer, ele é um rapaz responsável, inteligente...

- ... bonito...

- É... também... – sorri desajeitada tamborilando os dedos no banco gelado.

- ... com um sobrenome conhecido, rico... exatamente como preza nossa família.

- Não é por isso. – respondi levantando-me com indignação. Era um choque que Tio Alphardo pensasse assim de mim.

- Eu perguntei se você gostava dele, você me disse que não sabia e enumerou suas qualidades, essas que, caso não tenha percebido, são as mesmas características que seus pais adorariam ver no seu futuro marido.– disse ainda sem olhar nos meus olhos.

- Isto é um... um absurdo!

- Está na hora de você começar a pensar por si mesma. – continuou como que não tivesse escutado minha exclamação.

- Eu penso por mim!

- Andrômeda...

Mas não terminou a frase, Bellatrix havia aparecido fazendo com ele se calasse quase que instantaneamente.

- Mamãe mandou você entrar. – disse simplesmente.

- Bella... – cumprimentou Tio Alphardo.

- Tio. – assentiu educadamente com a cabeça. – Vamos, eu não quero ser culpada caso você pegue uma gripe.

- Na verdade, gostaria de falar com você um instante, Bella. – disse ele calmamente.

- Vai indo, Andrômeda... – disse ela irritada.

Quando cheguei passei pela porta da cozinha não consegui conter minha curiosidade. Rapidamente corri para a janela que se encontrava do lado da porta.

Tio Alphardo pediu que ela se sentasse, mas ela negou, continuou em pé. Ele começou a falar alguma coisa com a qual ela se sentiu extremamente incomodada, mesmo de longe eu reconhecia quando ela estava impaciente. Mexia nos cabelos quase que o tempo todo e evitava olhar para ele, em pequenos intervalos soltava suspiros longos de irritação.

Conhecia-a suficientemente bem para perceber o momento que levantou a voz, embora estivesse de costas para mim e eu estivesse relativamente longe para escutar qualquer coisa. Não demorou muito para que ela deixasse-o falando sozinho e batesse em retirada e a passos largos entrar pela porta.

- Detesto esse velho. – resmungou para mim.

§ * § * §

Papai não parecia feliz quando saiu pela porta do escritório de Tio Órion, acompanhou Rabastan e estendeu-lhe a mão, em seguida fez sinal para que eu entrasse.

- Então... – começou cruzando os dedos ao fechar a mão.

Não respondi, sabia que não queria que eu respondesse, soltou um longo suspiro antes de continuar.

- Ele veio falar comigo, tardiamente pelo que sei, mas veio.

Um tremor involuntário percorreu minha espinha quando ele mencionou aquele “tardiamente pelo que sei”. Novamente, não estava querendo respostas.

Papai não gostava que o interrompessem em meio ao seu raciocínio, eu só deveria falar quando ele pedisse a minha opinião ou fizesse claramente uma pergunta.

- O que pensa dele?

- Eu gosto dele, eu acho.

- Claro que gosta, é um rapaz inteligente, de boa família, sobrenome respeitado... – interpelou impaciente levantando-se e se dirigindo à janela.
Era uma situação completamente inusitada para mim, nunca conversava com papai, e nunca o havia visto mais constrangido que no momento.

Poderia ter dito que não me importava em Rabastan ser um Lestrange, mas meu bom-senso mandou-me que ficasse quieta. Cygnus Black detestava ser contrariado.

- Entretanto você é muito jovem... e ele não é a pessoa certa. – disse friamente fixando seus olhos negros nos meus.

- Como? – perguntei antes que pudesse controlar uma tempestade cerebral.

- Disse que ele não é a pessoa certa para você. – repetiu calmamente voltando a sentar-se na minha frente.

- Por quê? – às favas com o bom-senso!

- Muitos motivos, nenhum dos quais você tem, maturidade suficiente para entender. Complexos e importantes demais para uma menina de 12 anos...

- 14!

- ... que seja.

Um pesando silêncio irrompeu a sala, nada mais existia entre eu e os olhos frios do homem à minha frente. Sentia meu peito baixar e subir cada vez mais constantemente de maneira que eu não conseguia controlar, meu coração batia na garganta enquanto ele continuava a encarar-me e, em silêncio, pedir que eu me retirasse.

Mas não o fiz, não iria sair dali.

- O que você quer? – perguntou finalmente depois de cerca de cinco incômodos minutos.

- Permissão.

Ele pareceu considerar por alguns minutos antes de tornar a falar.

- Vocês têm minha permissão, mas não minha benção. Não estou proibindo porque sou suficientemente vivido para saber que proibi-la de namorar esse rapaz é justamente o que o faria mais atraente aos seus olhos, mas este relacionamento não me soa agradável e não irei apoiar.

- Mas temos sua permissão?

- Sim. – respondeu laconicamente empinando o nariz.

A conversa tinha acabado.

Levantei-me e fui até a porta, já havia tocado a maçaneta quando ele voltou a falar.

- Andrômeda, chame sua mãe, sim?

Acenei com a cabeça concordando.

- ... e feliz Natal.

- Pro senhor também, papai.

Logo que fechei a porta às minhas costas senti uma mão macia contornar meus pulsos e me conduzir para a varando no final do corredor.

- O que ele disse?

- Deu permissão. – respondi dando de ombros.

- Só isso? Não abençoou? – perguntou ansioso. Seus olhos brilhavam quase que suplicantes.

- Não. – disse mordendo os lábios nervosamente.

- Tudo bem... com o tempo ele abençoa.

E apesar do frio, senti seus lábios ainda mais gelados pressionar os meu em um beijo fugaz.

- Tenho um presente para você, deveria esperar até meia-noite,,,

- Então espere! – respondi empurrando para suas mãos a caixinha de veludo verde que a pouco tirara do bolso.

- Não, pegue... é para você.

Sorri para ele e abri o presente. Era lindo. Um par de brincos de rubi.

- Sua pedra favorita, não?

- Não. – mas a resposta não veio de mim. Nunca iria dizer mesmo que fosse verdade.

- Sirius, FORA! – sibilei enfurecida.

- Talvez se você fosse um pouquinho mais esperto, só um pouquinho, você perceberia que essas não são as pedras favoritas de Andrômeda. Bellatrix é quem gosta de rubis, Narcisa prefere diamantes mesmo... já Andrômeda, ah... vai, você não tem a menor idéia?

- Sirius, não teste minha paciência...

- Lestrange, eu vou dar uma dica, uma ajudinha para uma coisa que você ainda não deve ter percebido... olha para o vestido dela... olha bem! – ordenou e por incrível que pareça, Rabastan olhou e pareceu não ver nada demais, nem uma pista sequer.

- Sirius, eu juro que se você não sair daqui AGORA...

- Ah, pelo amor de Deus Andrômeda... como é que você está saindo com um cara tão obtuso que não percebeu nem a cor da sua roupa! Rosa, Lestrange... ROSA! Olha bem para a minha prima, ela veste rosa, e não vermelho como Bellatrix! Safiras rosas... seu imbecil! – afirmou desdenhosos antes de lançar para mim um daqueles olhares superiores que eu detestava.

- Andrômeda, eu... eu sinto muito... – disse Rabastan encabulado olhando para baixo e mordendo os lábios.

- Absolutamente... eu adorei!

- Mas sabe, Lestrange, é bem possível que você não tenha se enganado... não é? – continuou Sirius orgulhoso pelo embaraço do outro. Tinha nos lábio um sorriso ladino de que acaba de descobrir o ponto-fraco do inimigo, seus olhos emitiam um brilho de satisfação que pareceram não perceber minhas mãos em torno do seu pulso.

Arrastei-o para fora da varanda sem a menor cerimônia, senti minhas unhas perfurarem a pele dele, mas não estava preocupada com isso, era justamente o que eu queria, que sentisse dor.

Sabia que estava doendo embora ele não soltasse nenhuma exclamação.

- Sirius, eu estou decepcionada com você... – comecei passando a mão sobre meus olhos cansados.

- Entre para o clube. – respondeu levianamente enquanto desvencilhava seu pulso do aperto cada vez mais forte.

Não o vi durante o resto da noite.


§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

N/A:. Woow, ese ficou grande... eu ia colocar maaaaais coisas nele, mas dai nao haveria Cristo que tivesse paciencia de ler...
bom... demorei sim...
mais uma vez eu vou dar a veeeelha deculpa da faculdade, mas vou fazer isso outra vez pq eh verdade
verdade verdadeira...
pre-projetos
provas
trabalhos e bla bla bla...
fora meu emprego
meu computador q resolveu estragar...
enfim... espero q entendam...
falando do cap...
agradecimentos mais q especiais à carissima Alex Black q revisou, arrumou e me ajudou pra caramba...
o/*\o
thanks Alex!

bjuuuus pra vcs e até a proxima (q espero nao demorar muito... feriadao semana q vem... \o/)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.