A verdade sobre trouxas



As verdades sobre trouxas


- Bella, ela ainda deve estar dormindo, é muito cedo... vamos embora! – eu estava em estado de semi-inconsciência, amparada pelos meus aconchegantes cobertores e travesseiros, mas ainda assim escutei claramente a vozinha de Cisa através do véu da minha cama. Era muito cedo, o sol estava saindo tímido, era inverno, e não demoraria muito para ele se esconder pelo resto do dia.

- Fala baixo Cisa, não sei por que eu trouxe você junto. – repreendeu Bellatrix chegando mais perto da minha cama.

- Você prometeu que me levaria junto quando saíssem outra vez. – sussurrou Narcisa chorosamente.

- E vou, agora fale baixo, se mamãe souber...

- Aonde vamos? Você não mencionou nada sobre desobedecer mamãe. – rebateu Cisa parando subitamente, já estava começando a se arrepender.

- Você não perguntou nada sobre ela... aonde vamos é surpresa! Agora temos que acordar Andy, não podemos nos demorar. – acrescentou Bella rapidamente antes de retomar o caminho até minha cama, compreendi pelo silêncio que Cisa pareceu contrariada, mas sua curiosidade era maior e voltou a acompanhar Bella até minha cama.

Percebi Bella abrir lentamente as cortinas do dossel seguida por Cisa, as duas me olhavam pensado que eu estava dormindo. Sorri ao pensar aonde Bella nos levaria, com 10 anos ela já havia explorado todo o território em torno da nossa casa. E se Cisa iria junto, provavelmente era algum lugar novo e importante. Não havia muito tempo que ela andava com a gente, não o tempo todo, além de ser muito pequena detestava infringir as ordens de mamãe.

- Andy... Andy acorda! – disse Bella me cutucando de leve e, vendo que eu não respondia pulou em cima da cama e se jogou contra mim. Abri os olhos rindo ao ver a expressão ansiosa da minha irmã mais velha. – Rápido, vista uma roupa qualquer, precisamos ir agora se quisermos voltar antes de mamãe dar por nossa falta!

Saltei rápido da cama e me coloquei a procurar um vestido qualquer, Bella me olhava com os olhos brilhando, inquieta como sempre, Cisa ainda estava sentada na cama pensando se valia a pena sair conosco.

- Vestido não, ponha uma calça e sapatos confortáveis. Vamos ter que caminhar um pouco, e se mamãe ver que estragou um vestido vai fazer você passar o escovão na casa inteira! – repreendeu-me risonha – Por que você acha que Cisa esta desse jeito?!

Pela primeira vez notei as roupas que as duas estavam usando. Calças, blusões e os cabelos presos no alto da cabeça, Narcisa não estava muito acostumada a usar calças, estava muito estranha vestida daquela maneira, era comum vê-la sempre com vestidos de seda e os cabelos delicadamente penteados. Olhei para fora e vi que o tempo estava fechando.

- E se chover? – perguntei prendendo algumas mechas do meu cabelo

- Não vai chover, nevar talvez... mas não agora. Portanto... – apressou-me Bella.

- Pronto! – disse terminando de calçar os sapatos. – Vamos precisar das capas...

- Pegamos lá em baixo. Agora vamos, e silêncio! Cisa, se quiser desistir...

- Não! – exclamou determinada. Eu e Bella nos olhamos e sorrimos.

Abri vagarosamente a porta, Bella olhou pelos corredores e fez sinal para que a seguíssemos. Morávamos em um castelo, e este era repleto de quadros dos nossos antigos antepassado, todos cochilavam enquanto passávamos. Descemos as escadas até o andar térreo, sempre atrás de Bella. Peguei os casacos no armário enquanto ela abria a porta. Entreguei a cada uma sua respectiva capa e descemos, sempre cautelosamente, as escadas para o jardim.

Ao chegarmos, Bella nos informou que era melhor que cada uma atravessasse o jardim separadamente, para o caso de um dos inúmeros elfos-domésticos estarem olhando.

- Primeiro vai você Cisa, que é menor. Corra até a orla da floresta e nos espere atrás da árvore. Andy vai depois e só então eu. Quero ter certeza que ninguém esta vendo.

- Aonde vamos Bella?! – perguntou Narcisa com medo. Nossos rostos estavam vermelhos pelo frio.

- É Bella, aonde vamos? – acrescentei batendo os dentes.

- Já disse que é surpresa... não tenha medo Cisa, nada de mal poderá acontecer a quem estiver comigo – repetiu Bella decidida. Algo na sua voz nos fazia acreditar que tudo era possível quando estávamos com ela, nos dava força para continuar o que quer que estivéssemos fazendo. Mesmo que fosse uma imprudência, como de costume.

Cisa correu como se sua vida dependesse disso, e chegou ao outro lado antes que pudéssemos imaginar.
- Agora você...

E repetindo os passos de minha irmã mais nova cheguei até a árvore. Cisa ainda estava recuperando o fôlego, os olhos vermelhos, mas sorridente. Ela nunca tinha saído comigo e com Bella, era visível sua satisfação por ter passado pela primeira “prova”.

- Venham... é por aqui... – disse Bella abrindo caminho pela floresta.

A cada passo que dávamos os olhos de Bella brilhavam mais, ansiedade e adrenalina. Eu pensei que, se fosse possível, as duas escutariam os meus batimentos cardíacos cada vez mais acelerados.

Caminhamos cerca de meia hora, Narcisa, que tinha apenas 6 anos, começou a reclamar. Mas Bella não perdeu o vigor em momento nenhum, só começou a diminuir o passo quando eu também reclamei da demora.
- Já estamos quase chegando, não desanimem.

- Bella... vamos voltar, já nos afastamos demais. Daqui a pouco mamãe vai perceber... – reclamou Cisa dela décima vez.

- Shh, é aqui... Silêncio! – exclamou irritada

A princípio não notei nada de diferente do que a atual paisagem, e só chegando mais perto de Bella pude ver do que se tratava. Estávamos a poucos metros de uma vila e algumas crianças brincavam no meio da rua.

- Minha nossa, eles não são...

-Trouxas – interrompeu-me Bella.

Narcisa estremeceu ao meu lado, arregalou os olhos e mirou-os em nela.

- Você enlouqueceu? – cochichou Cisa – Mamãe já falou sobre eles... são imundos e fétidos, a escória. Uma vez escutei Rabastan dizendo que eles comem bruxos desavisados. Vamos embora... POR FAVOR!

- Rabastan é um idiota. Eles não comem bruxos... é impossível. – repliquei eu. Eu nunca tinha visto um trouxa na vida, mas eram tão parecidos conosco que era muito improvável que comessem bruxos, na verdade não via nada que os fizessem tão diferentes. – Olhe bem... eles são como...

- Não Andy não se engane, pois eles não são como nós, da até pra sentir o cheiro podre. Nós somos naturalmente superiores, e ainda assim temos que fingir que não existimos, por causa disto. É deplorável. – cortou-me Bella novamente sem nem desviar o olhar. Sua voz exprimia todo o asco e raiva que nossa família tinha ao falar de trouxas, olhei-a assustada, fiquei com medo do que ela pudesse fazer com aquelas 2 crianças que eram mais novas que Cisa. – Não tenha pena deles Andy, pois eles não terão de você. São maus, emporcalham a condição humana com sua insolência, se algum dia você cruzar com algum não tenha piedade, pois eles a apunhalarão no momento que der as costas.

- Como? Por quê? Quem lhe disse isso?– perguntei chocada.

- Papai, eles fazem isso porque é da sua natureza. Não valem o chão que pisam. – respondeu-me Bella.

Isso foi demais para a pequena Cisa, pequenas pérolas brotaram dos seus olhos, ela estava mais apavorada do que jamais a vira. Engoli em seco quando começou a chorar.

- Vamos voltar, por favor Bella, eu estou com medo! – murmurava entre soluços baixinhos.

- Se eles ousassem olhar para vocês duas... não saberiam nem o que os atingiu. Eu já disse, e espero que você acredite dessa vez, nada no mundo poderá acontecer-lhes de ruim enquanto eu estiver por perto. Vocês são minhas irmãs, meu sangue, eu não deixaria que eles se quer chegassem perto de vocês. – disse ela abraçando-nos.

- Bella, eu acho que já é hora de irmos. Podem perceber que não estamos em casa... – adiantei-me antes que eles pudessem nos notar, não queria demonstrar, mas fiquei apavorada com que ela acabara de contar.

- Está certo... vamos então... – concordou embora não parecesse muito inclinada a fazê-lo.

A volta foi bem mais rápida, pois corremos por causa da hora... mamãe com certeza já tinha acordado, restava-nos a esperança de que ela ainda não tivesse percebido nossa súbita ausência. Quando a visão do castelo ficou mais aparente Bella parou-nos.

- Já da pra ver que perceberam... temos que combinar o seguinte: nem uma palavra a quem quer que seja sobre o que vimos. Ciça, enxugue essas lágrimas, mamãe vai me matar se a ver assim. Vocês duas prometem?

Eu confirmei com a cabeça, olhei para Narcisa que continuava com a cabeça baixa. Bella levantou seu rosto com delicadeza embora houvesse rigidez em sua voz ao repetir a pergunta.

- Narcisa, você promete? Caso contrário nunca mais a levarei quando Andy e eu sairmos.

- Se todas as aventuras de vocês forem como essa não tenho certeza de que quero ir. – respondeu chorosa

- Não são. Elas costumam ser divertidas... não sei porque Bella nos levou lá! – exclamei irritada, se ela resolvesse falar pra alguém estaríamos com sérios problemas.

- Precisava ver se podia confiar em vocês duas. Vou perguntar uma última vez e espero não me decepcionar Cisa... Você promete?

Ela pareceu indecisa por algum tempo, mas assentiu sob o olhar inquisidor de Bella. Esta abriu um largo sorriso e continuou.

- Teremos que dar a volta, entraremos pela cozinha. Quando encontrarmos mamãe vamos dizer que estivemos na estufa de flores, se ela não acreditar diremos que estávamos na floresta como sempre... se ela ainda assim duvidar Cisa vai dizer que não nos afastamos mais do que o permitido. Se eu ou Andy falarmos isso ela não acreditará. Prontas? Recuperem o fôlego e me sigam!

E assim fizemos, andamos sempre pela orla da floresta, pudemos ver os inúmeros elfos vasculhando a propriedade sob o olhar de papai, algo finalmente abalara sua habitual frieza, parecia preocupado e aflito. Bella nem prestou atenção, estava mais preocupada em como distrair os elfos que se encontravam perto da porta da cozinha. Pegou uma pedra a atirou numa árvore longe de nós, todos saíram correndo para ver se estávamos lá, enquanto isso corremos para dentro. Entramos e finalmente pudemos respirar aliviadas.

- Onde é que vocês estavam? – gritou mamãe do outro lado da cozinha, tinha acabado de entrar pela outra porta.

- Na estufa de flores. – respondeu Bella prontamente. Lógico que mamãe não acreditou nela.

- Bellatrix Black não minta pra mim, os elfos revistaram toda a casa e vocês não estavam lá – continuou mamãe lívida de raiva – Vá avisar Cygnus que elas estão aqui – disse para um elfo que acabara de entrar.

- Ok mamãe estávamos na floresta. – respondeu Bella com falso constrangimento.

- Os elfos procuraram lá também Bellatrix.

- Nós os vimos, mas nos escondemos. Não tem graça brincar com eles olhando! – defendeu-se enquanto eu e Cisa prendíamos a respiração.
- Brincar? Vocês têm idéia do quanto nos preocuparam? – continuou ela ainda muito alterada, não era muito comum ver mamãe assim, geralmente se mantinha com uma considerável calma diante das situações. – Narcisa, vocês estavam mesmo na floresta?

- Sim mamãe, estávamos, mas não nos afastamos além do permitido! – respondeu Cisa rapidamente. Bella sorriu triunfante.

- Você não esta mentindo para mim não é? Ficaria extremamente decepcionada se o fizesse. – acrescentou encarando Narcisa mais de perto. Estávamos perdidas, Cisa não sabia mentir tão bem quanto Bella.

- Onde estão? Ahh... finalmente! – disse papai nos abraçando. Isso sim era raro, papai nunca dava demonstrações de afeto, ele pareceu perceber e nos soltou bruscamente recuperando sua atitude habitual. Estávamos salvas. – Onde estavam?

- Na floresta! – respondemos nós três em coro

- Como os elfos não viram?

- Nos escondemos deles... – disse eu numa voz que eu pretendia que fosse calma, embora tenha saído um tanto tremida. Papai buscou confirmação nos olhos de Bella e Cisa e no final deu-se por vencido.

- Estou atrasado, preciso ir a Londres tratar de negócios com Órion. Volto antes de entardecer. – e dando um beijo rápido na testa de mamãe desaparatou.

- Nunca mais façam isso! Não sei nem o que seria de mim se algo acontecesse a vocês. Cisa estou desapontada que você tenha seguido suas irmãs. Esperava que você tivesse mais juízo e colocasse um pouco de bom senso na cabeça delas. Que isso não se repita nunca mais, se quiserem sair AVISEM-NOS – e dizendo isso fez sinal para que subíssemos, era hora da aula de piano.

Mas antes de segui-la nos olhamos e sorrimos. Era muito mais que apenas desobedecer e mentir para os pais, estávamos mais unidas do que antes. Nada poderia abalar o que tínhamos, transcendia a amizade e os laços fraternos. A partir daquele dia, se ainda tínhamos algum segredo para com as outras, com certeza não existia mais.


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N/A:. O.O
tive comentarios??? tive mesmo ou foi uma mera alucinação??
hehehehehe
aff, muito obrigada pessoas...
não sei nem como agrader...
Mas falando da fic, bom... vai demorar alguns capitulos ainda pra ela ficar mais agitadinha...
prometo que ela melhora..
e soh pra nao perder o costuma.. comentem!!!
**percebi que os autores soh atualizaum quanto são motivados**
bjuus

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