Ao som de Danúbio Azul



Ao som de Danúbio Azul


- Senhorita Andrômeda, senhorita... acorde por favor! – um ganido desesperado tirou-me da aconchegante áurea de sonhos que me encontrava. Devido aos últimos acontecimentos, levantei-me num sobressalto imaginando que Sirius pudesse ter estrangulado Régulo enquanto esse dormia.

- O que? Aconteceu alguma coisa? – pus-me em pé tão rápido que precisei sentar-me novamente para não cair de tontura.

- A vossa mãe... – disse Squarke, o elfo-doméstico particular de mamãe. Ela nunca deixou que entrássemos diretamente em contato com eles, tendo isso em vista, minha mente disparou com inúmeras possibilidades de tragédias.

Peguei meu chambre que estava recostado na cadeira ao lado da minha cama e sai correndo do meu quarto. Não deveria ter passado ainda das sete horas da manhã, o dia havia amanhecido cinzento...

- O que houve mamãe? – perguntei entrando sem nem bater na saleta onde costumávamos estudar.

- Andrômeda, que trajes são esses?! – ao entrar, pude perceber que ela não estava sozinha. Evan, nosso primo, estava ao fundo examinando cuidadosamente a estante de livros. Os olhos dela perfuravam os meus, pude entender o porquê quando me dei conta que estava de camisola.

Mamãe nunca havia permitido que saíssemos de pijama dos quartos, e muito menos descalças. Com certeza não era essa a imagem que ela gostaria de passar ao esnobe filho do seu irmão.

- Eu pensei que... que... – tentei me justificar enquanto fechava o chambre rapidamente com vários nós. Evan, que continuava parado em frente a estante analisando um livro, deu um sorrisinho de reprovação. Dado o parentesco com mamãe não pude duvidar que ele pensasse algo como ”Tinha que ser inglesa... falta modos à essa gente”

- Troque-se, você vai mostrar o castelo ao seu primo, creio que nem se viram ontem devido ao incidente. – dizia enquanto ia chegando cada vez mais perto de mim para poupar a situação constrangedora que se passava, imagino que não planejava expor-me de roupas de dormir na frente de um rapaz que mal conhecia.

- Por que a Narcisa ou a Bellatrix não podem fazer isso? – perguntei baixinho para que ele não percebesse que não me agradaria passar a manhã inteira a sua disposição.

- Porque estou pedindo para você. Bellatrix tem que se aprontar para a festa, e Narcisa, bem... ela é muito novinha. Não quero que ela se empolgue, como geralmente o faz, e entedie Evan. – respondeu ela enquanto levava-me para fora da saleta. Apesar de apresentar a justificativa, coisa que geralmente ela não costumava fazer, notei que sua voz continha um tom de impaciência e reprovação.

Voltei decidida a estrangular aquele pequeno elfo se o visse em minha frente.


Na verdade eu realizei um monólogo enquanto mostrava todos os cômodos do castelo ao Evan, meu discurso só era interrompido por pequenas interjeições, que eu só consegui avaliar como reprovadoras.

- E por último a piscina, espero que goste. – suspirei em tom cansado. Não via a hora de desfazer-me da companhia dele, que a cada minuto que passava parecia cada vez mais certo de sua superioridade.

- É... parece-me boa. – respondeu ele examinando toda a sua extensão.

- E deve, papai mandou construída especialmente para sua estada. – continuei friamente. Não estava acostumada que fizessem pouco caso das atitudes de meus pais.

- Sinto-me lisonjeado. Por favor senhorita, não pense que faço pouco de sua residência. – disse ele voltando-se para mim e embora pedisse desculpa seus olhos exprimiam deboche.

- Foi o que me pareceu. – acrescentei, mesmo sabendo que mamãe provavelmente me passaria um sermão se soubesse que eu o respondera dessa maneira.

- Não foi minha intenção.

- Com sua licença, vou retirar-me – despedi-me sem responder aos seus pedidos de desculpas.

Já não bastava ter de acordar cedo, passar pelo constrangimento de aparecer de roupas de dormir na saleta e ter sido obrigada a passar a manhã inteira com uma pessoa desagradável, ainda teria o resto do dia que provavelmente seria muito mais estressante para todos os residentes da casa que para Bella.

Mamãe andava de um lado com Narcisa em seu encalço, sempre resolvendo algum problema de última hora. Como estavam todos muito atarefados, mamãe dispensou o almoço para a maioria das pessoas. Pediu apenas para que eu fizesse companhia ao meu indigesto primo enquanto ele se alimentava.

- Então esse é o mais novo integrante da família? – sussurrou Sirius ao meu ouvido enquanto estávamos juntos à mesa.

Balancei a cabeça em sinal de concordância. Ele parecia avaliar todos os nossos modos, Narcisa comportava-se com perfeição como sempre, mas percebi que estava nervosa em virtude do julgamento de Evan, deveria estar com medo de pensar o que mamãe faria se soubesse de qualquer deslize de sua parte.

- Por que todo mundo trata ele como se fosse um rei ou algo do tipo? – continuou Sirius no mesmo tom de antes.

Eu estava pronta para despejar alguns impropérios ao visitante, mas ao perceber que ele escutou a pergunta de Sirius apenas respondi o mais baixo que pude:

- Conversamos depois.


- Eu não gostei dele... – disse Sirius quando entramos na saleta de estudos.

- Entre para o clube. – respondi dirigindo-me para o piano.

- Ele parece ser um...

- Sujeitinho esnobe, irritante e desagradável. – continuei, macetando as teclas do piano.

- Não se difere do resto da família. – acrescentou Sirius baixinho.

Ficamos a tarde inteira lá... optamos por nos “esconder” do caminho de todos. A situação por si já era um tanto caótica... Sirius continuava com um olhar perdido que me parecia cansado.

- Você não está bem não é? – perguntei quando o relógio apontou às três horas da tarde. Ele havia passado a tarde inteira monossilábico e com a melancolia impressa em todos os seus menores gestos.

Ele não respondeu. Continuou olhando pela janela, mas eu tinha certeza que ele tinha me escutado.

- Talvez você se sinta melhor se falar comigo. – insisti sentando ao seu lado para também olhar pela paisagem do vale escurecendo rapidamente.

Ele continuou em silêncio, eu já estava desistindo de falar sobre esse assunto quando o olhei e percebi que de seus olhos vertiam grossas lágrimas, mas ele continuava impassível... sem emitir um único som.

- Você não sabe como é não ter esperança. – respondeu ele com a voz embargada.

- Não fale assim Sirius! – disse puxando-o para perto de mim e o envolvendo em um abraço apertado, mas ele nem reagiu, como se nada pudesse trazer-lhe força.

Ele deu uma risada triste e voltou a ficar em silêncio, ainda olhando pela janela que dava para o vale. O tempo estava nublado, pequenos flocos de neve começavam a cair, as copas das árvores pareciam cobertas com chantilly, e como na noite passada nós dois ficamos quietos... só olhando.

- Senhorita... Senhorita Andrômeda! – e aquele insuportável do elfo de mamãe “acordou-me” novamente. – Sua mãe mandou que fosse ao seu encontro no salão.

- Vai lá Andrômeda... – respondeu Sirius desanimado ao perceber que eu receava deixá-lo sozinho.

- E você?

- Vou me aprontar para “a grande noite”! – falou com desdém – Não é assim que todos estão chamando? Imagina só... o ego de Bellatrix deve estar explodindo de tão grande. Vai lá... não deixe que sua mãe pense que é por culpa minha que você não segue as ordens dela... acho que não teria Tio Alfardo suficiente para livrar-me da ira dela... – terminou com um olhar de esguelha para mim e um enorme sorriso.

Sorri também, não gostava de ver Sirius triste... aquela tristeza simplesmente não combinava com ele.

- Ok. Mas prometa que não vai matar ninguém enquanto eu não voltar! – alertei-o divertida enquanto dirigia-me para a porta.

- Vou tentar...

Depois de duas horas com mamãe explicando os complicados diagramas da festa e a ordem em que tudo iria acontecer, finalmente fui liberada para começar a me aprontar. Narcisa fora designada para me ajudar, essa decisão de mamãe me deixou extremamente irritada... era como se eu não soubesse fazer nada sozinha.

- É que você não costuma usar maquiagem... mamãe ficou com medo de que não fizesse direito. – explicou ela calmamente enquanto terminava de passar sombra nos meus olhos. – Você deveria usar mais maquiagem... sabe... ajudaria a esconder um pouco suas bochec...

Ela parou no instante em que percebeu meu olhar assassino, mais uma vez o velho problema das minhas bochechas...

- Minhas bochechas estão ótimas Narcisa, muito obrigada! – e tomei o estojo de maquiagem da sua mão. Ela pareceu um tanto amedrontada antes de rapidamente pedir desculpas e sair do meu quarto.

- Elas não são tão ruins assim... são? – perguntei em voz alta para a imagem refletida no espelho.

- Não. – era de se esperar que eu me assustasse ao escutar uma resposta, afinal eu havia perguntado para meu espelho, no entanto a voz masculina que me respondeu pertencia ao meu primo. Evan estava parado na porta do meu quarto com uma expressão divertidíssima.

- Para Narcisa são... – continuei mal-humorada.

- Narcisa é criança... – replicou ele ainda sorrindo aquele sorriso desagradável. Eu não conseguia encontrar graça no fato da minha irmã mais nova achar que minhas bochechas eram enormes. – Em todo caso, as bochechas são suas... cabe a você decidir o que fazer delas... – e saiu sem se despedir.


Quando o relógio anunciou oito horas os convidados começaram a chegar, tanto pessoas conhecidas quanto outras que nunca tinha visto na vida. Narcisa, que estava ao meu lado recebendo os convidados, explicava quem eram os membros mais distantes da família.

- Aqueles são Callidora e Harfang Longbottom, ela é prima do vovô. Atrás deles esta o casal Potter, Dorea e Charlus, e o moleque do lado é o filho deles, ela é a irmã mais nova do vovô.

- Como eu nunca escutei vovô falar deles?

- Bom, o que eu sei é que os Potter são uma família... hun... digamos que papai relutou em convidá-los. Existem boatos de que eles apóiam sangues-ruins. – completou ela num sussurro baixinho seguido por um olhar malicioso.

Bellatrix entrou por volta das dez horas, estava com um vestido de seda branco que caia como um pano sem costura, extremamente simples para os padrões Black. Depois de servido o buffet, ela retirou-se juntamente com mamãe para trocar de roupas.

- Você não parece muito alegre. – disse a Sirius quando ele pegava uma garrafa de cerveja amanteigada, dispensando o copo para bebê-la.

- Desculpe... mas não estou no clima para aproveitar a festa. – respondeu friamente enquanto bebia no gargalo.

- Sirius, isso é falta de educação! – e tirei a garrafa de suas mãos. – Tia Walburga vai te matar se o vir fazendo isso, ainda mais com tantos fotógrafos...

Ele fez um gesto de impaciência com as mãos e pôs-se a olhar para os convidados.

- Ah... é quase como estar num teatro ver toda essa gente sorrindo e se cumprimentando. Hipócritas... – suspirou cansado.

- Você deveria encontrar meninos da sua idade para conversar.

- Por exemplo? – perguntou num fingido interesse.

- Está vendo ali? Aquele garoto deve ser mais ou menos da sua idade, e parece igualmente entediado... – continuei, apontando para um garoto que tamborilava os dedos em cima da mesa e apoiava a cabeça com a outra mão. Tinha os cabelos castanhos e um tanto desarrumados para a ocasião, usava óculos que escondiam seus olhos castanhos, e por trás uma cara extremamente insatisfeita.

- Dispenso sua ajuda... aposto que é um menininho mimado, exatamente como Régulo, é melhor que eu não tente matar mais ninguém até o fim do ano.

- Você tem o mesmo costume de Bella... julgar os outros. Deveria se envergonhar Sirius... – não era a toa que eu os achava parecidos, visto de um certo ângulo ele era tão arrogante quanto dizia ser o resto da família.

- São todos iguais Andrômeda... você é a única que não percebeu! – e saiu enraivecido, pegando mais uma garrafa de cerveja amanteigada e entornando-a pelo gargalo.

Ao soar das doze badaladas Bellatrix entrou novamente no salão, mas desta vez estava com um vestido deslumbrante. Branco com detalhes bordados em vermelho-sangue, a cor preferida dela. Aquele andar imponente que mamãe fazia, e que eventualmente tentávamos imitar (a única que realmente conseguia era Cisa), ela fez igualzinho.

Encaminhou-se para o meio do salão onde papai estava e cumprimentaram-se, estendeu seus braços cor-de-giz, que contrastavam absurdamente com as vestes negras de papai, e começaram a valsar ao som de “Danúbio Azul”.

Eu ainda estava muito decepcionada com ela, mas seria fingimento dizer que ela não estava bonita. Os dois deslizavam pelo salão tão facilmente que era quase como se flutuassem.

Todos observavam, quietos, apenas escutando os acordes da música e vendo-os dançarem. Papai sorria como se nunca o tivesse feito antes, seus olhos brilhavam assim como os de Bella.

Vi uma sombra de melancolia, e sua expressão mudar para uma angústia quando ele, delicadamente passou sua filha aos braços do Lestrange mais velho. Parou por alguns segundo, só observando, e como se tivesse acabado de despertar tomou a mão de mamãe e seguiram acompanhando a melodia.

Bellatrix e Rodolfo não se entrosavam tão bem quanto papai e mamãe, mas ainda assim dançavam razoavelmente bem, enquanto os outros dois mostravam anos e anos de convivência harmoniosa com sua dança, completavam-se. Pouco tempo depois o salão fora tomado por uma torrente de casais, mas eu ainda não os perdia de vista.

- A Senhorita me concede a honra? – uma voz um tanto conhecida me fez corar. Rabastan Lestrange...

Estendi meu braço e, tentando disfarçar a repentina tremedeira de que fui acometida, coloquei-o no seu ombro enquanto ele envolvia minha cintura. Começamos a acompanhar a música, eu sentia um curioso frio na barriga, curioso porque não combinava com o calor que emitia meu rosto.

- Espero que não se importe, não sou tão bom dançarino quanto seu pai. – disse risonho.

- Não tem problema... eu também não...

E antes que pudéssemos continuar a conversar a valsa terminou, nos afastamos para aplaudir os músicos e nos olhamos constrangidos, quando começou a tocar outra...

- Gostaria de...

- Se não se importa, gostaria de dançar com a Srta. Andrômeda, se ela não fizer objeção, é claro. – Evan interrompeu antes que ele tivesse terminado a frase, sempre com aquela expressão desdenhosa.

- E você é quem? – assim como eu, pude perceber que Rabastan também fora pego de surpresa, seu semblante era um misto de contradição e embaraço.

- Evan Rosier, muito prazer. – respondeu e estendendo a mão num aperto que, para mim, pareceu mais uma queda de braços.

Fechei os olhos com força, pedindo a Deus que me desse paciência e despejasse em mim um dose tão grande de bom-senso quando minha raiva naquele momento.

- Espero não estar interrompendo nada... – disse ele quando começamos a dançar.

- Não está...

O resto da festa foi, para mim, muito chato. Rabastan não falou mais comigo, e para melhorar encontrou a sua amiga loira que do 4° ano... Jeniffer Winchester se minha memória não me enganava.

- Narcisa, quanto tempo! – a voz untuosa de Lúcio fez com que eu virasse minha cabeça tão rápido que senti um estralo indicando mal-jeito.

Ela pareceu surpresa com a atitude de Lúcio, tanto que pude notar que ela parecia um tanto confusa sobre o que fazer.

- Malfoy... – respondeu ela educadamente. Havia decidido por um tom mais impessoal, sorri em sinal de aprovação.

Ele pareceu desconcertado, tentou começar algum assunto com ela, mas foi inútil, Cisa estava irredutível. Por fim deu-se por vencido e foi procurar seus conhecidos.

- Ele parece tão... idiota. – completou ela, sorrindo quando percebeu minha cara.

- Com certeza!


Ela não se desculpou, esperei até o fim da festa, quando todas as pessoas interessantes já haviam se retirado, quando os anfitriões já deixaram o salão e quando os únicos que restam são os indesejáveis inconvenientes, que amanhecem bêbados, caídos juntos às cadeiras.

Dançou com Rodolfo até o dia nascer e os primeiros raios pálidos da manhã despontarem no horizonte, perpassando pelo globo a luz era refratada e produzia um singular espetáculo de cores.

Narcisa adormecera e no meu vestido salmão jaziam vestígios da sua maquiagem borrada. E eu continuava a observá-la, de longe, não havia mais nada porque esperar. Mesmo assim, com a minha primeira e ultima taça de champanhe da noite, esperei que ela viesse se desculpar.

Mas isso não aconteceu, atendendo aos inúmeros pedidos do namorado Bella dispensou-o para que fosse dormir, e logo que ele saiu pôs-se a se embalar no ritmo de uma melodia inexistente, degustando os últimos goles de vinho. Ela me notou, olhou diretamente no fundo dos meus olhos e não disse nada, nem sua expressão mudou tampouco.

- Venha Cisa. – sussurrei no seu ouvido, mas ela meramente mudou a posição. – Vamos, vamos deitar... – repeti decidida a acorda-la.

- O que? Que horas são? – perguntou com os olhinhos ainda lutando para se abrir, e em seguida fechando novamente pela claridade.

- Vamos para o quarto.

Apoiei seus minúsculos braços em torno dos meus ombros e dei um leve puxão para que me acompanhasse. Passei por Bellatrix encarando-a e ela, no entanto, continuava com o rosto vazio de expressão. Fechei os olhos com força e tornei a abri-los, era inútil...

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N/a:. Desculpa?
demorei.. eu sei...
bem.. esse cap foi completamente dedicado a queridissima Alex Black!
sim.. esta mulher me mandou emails e tratou d me por nos trilhos...
=D
soh mais uma coisinha antes das fotos... eu fiz uma short, que bem.. particularmente eu adorei escrever, mas nao sei c ta boa d ler (=P)
nao quero q se sintao obrigados a visitar e /ou comentar (embora eu ficasse mmmto feliz c fizessem isso...)
http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=14082

agora às fotos...

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bjuuus

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