“Varinha tinteiro”



“Varinha tinteiro”


- ARREEEE! – gritei mandando tudo o que segurava pelos ares.

- Calma, sou eu... Lestrange, Rabastan Lestrange. – disse com uma voz grave.

Nessa hora eu pude agradecer a Deus pela noite ser escura e por não haver qualquer outro tipo de iluminação na sala, de outro modo eu teria que compartilhar a minha cara de vergonha, muito embora eu ainda ache que a vermelhidão no meu rosto era tão palpável que ele provavelmente sentia o calor que emanava dela.

- Assustada? – perguntou ajudando-me a recolher meus pertences.

- Eu... é, bem... um pouco – respondi constrangida. Gárgulas Galopantes, ele devia estar me achando uma completa idiota por ter medo de raios e trovões.

Mas ao contrário do que imaginei, ele deu uma risadinha cúmplice e colocou o resto do meu material em cima da mesa.

- Obrigada... – agradeci e já pegando as coisas para ir para o dormitório, mas ele segurou meu braço levemente por alguns instantes e com um pedido silencioso entendi que ele queria conversar.

Num primeiro momento achei muito estranho, nós nunca tínhamos trocado mais palavras além do tradicional “Olá, tudo bem?”. Mas olhando mais atentamente ele não parecia nada bem, ele por si só já tinha um aspecto frágil e isso anexado ao fato dele estar branco como papel – que o destacava em meio à escuridão – fez com que eu me sentasse em sua frente, mas ele permaneceu em silêncio com um olhar vago.

- Algum problema? – instiguei-o

Ele me encarou... longo silêncio.

- Rodolfo vai melhorar... Mme. Pomfrey disse que amanhã ou depois ele já vai estar totalmente recuperado. – respondeu maquinalmente enquanto olhava para a lareira apagada.

- É... eu sei, Houdson disse isso quando vocês chegaram. Isso é bom, não? – continuei. Ele fez que sim com a cabeça, mas não pareceu muito satisfeito, pois continuou com o olhar vago e perdido. – E você? Tudo ok?

Ele me encarou novamente, pareceu ter estranhado a pergunta... longo silêncio, e depois sorriu.

Estranhamente eu nunca havia percebido como o sorriso de Rabastan Lestrange era tão bonito, e mais estranho ainda foi quando eu me peguei pensando no quanto isso me afetava.

Não poderia se dizer que ele fazia o tipo “galã” como o irmão, mas sem dúvida alguma era um rapaz muito interessante. Aliás, poderia dizer que além de fisicamente os dois Lestrange eram muito diferentes com relação a personalidade. Rodolfo gostava de estar sempre no centro das atenções, falando alto, gesticulando, já Rabastan não era tão sociável assim.

- Estou bem... obrigado por perguntar. – acrescentou ele acordando-me dos meus devaneios.

Eu fiz um aceno com a mão e um novo silêncio apresentou-se muito desconfortável, diga-se de passagem, porque agora aparentemente a lareira não era mais seu foco... e sim eu.

- Rabastan, eu acho que vou me deitar, está muito tarde e amanhã tem aula. – Transfiguração... maldita transfiguração!

- Bellatrix comentou que você se inscreveu no Clube de Duelos, é verdade? – perguntou-me como se nem tivesse escutado minha última fala.

- Sim... - respondi olhando para o relógio no momento em que um raio iluminou parcialmente a sala. 2:37.

- Que bom.

- Ahn... pois é. Então, eu preciso ir... – acrescentei (muito) constrangida. De repente a sala tinha ficado muito abafada, apesar do frio e da chuva eu sentia como se um holofote estivesse aceso sobre mim.

- Claro... Boa Noite! – disse pegando minha mão e encostando os lábios levemente.

Senti meus olhos afundarem como se minhas bochechas estivessem inflando, meu olhar ficou mais lento e eu podia sentir meu rosto cada vez mais vermelho. Agradecendo mais uma vez o fato da noite ser escura, murmurei um “Boa Noite”, peguei meus materiais e saí dali o mais rápido possível.


- SRTA BLACK, PRESTE ATENÇÃO NO QUE ESTÁ FAZENDO! – acordei com o grito agudo da Professora McGonagall no meu ouvido esquerdo. Eu, Andrômeda Black, sonhando acordada em uma aula... e de Transfiguração?!

Olhei para o meu palito, que já deveria ter se transformado em um alfinete, e percebi que eu provavelmente deveria ter tido mais cuidado. Da ponta da minha varinha jorrava um tipo de líquido preto que já havia sujado a metade da sala, o que nem de perto era o que McGonagall queria.

- Eu... me desculpe professora... – murmurei baixinho.

- Se eu quisesse que minha sala fosse pintada a Srta. pode ter certeza que eu não pediria que isso fosse feito durante a aula! – continuou ela lívida de raiva.

Enquanto a louca da McGonagall ralhava comigo os alunos da Corvinal começaram a rir, uns mais abertamente que outros. Me senti a pessoa mais idiota da face da terra, é incrível como sempre que você se sente mal vem alguém para te afundar mais um pouquinho. Fui me encolhendo da cadeira na tentativa de me fazer tão pequena que ninguém me notasse.

- Agora, por favor, limpe essa sujeira. – ordenou a professora segundos antes de o sinal tocar e ela sair da sala.

- Eu ajudo você. – disse Joey a única pessoa a ficar na sala depois que a professora saiu.

- Não preciso de ajuda! – respondi mais bruta do que deveria. Mas a raiva era tanta que pouco me importava a educação, lembrar que minutos antes a sala inteira estava rindo de mim, como se eu fosse alguma aberração da natureza, não era uma coisa muito fácil de relevar.

- Precisa sim! – continuou ela um pouco impaciente e sisuda. – Você já viu o quão suja estes lugar? Se eu não te ajudar provavelmente vai perder a próxima aula... então deixe de ser orgulhosa!

Doía constatar que ela estava certa, e eu não poderia me dar ao luxo de passar mais uma aula “vaga”. Por mais que fosse História da Magia... Eu assenti com a cabeça embora continuasse com um olhar duro, não ia deixar que ela zombasse de mim.

- Eu deveria ter pedido desculpas pelo... pelo outro dia, sobre a sua irmã. Não vai acontecer novamente, prometo! – falou erguendo a mão solenemente.

Nós duas sorrimos e nos voltamos ao trabalho... a sala estava imunda.

- Eu vou te fazer um convite, mas você não precisa aceitar se não quiser... – começou suspendendo a varinha e o feitiço que estávamos usando para limpar a sala.

Eu respondi com uma cara enigmática, vindo de Joey eu poderia imaginar qualquer coisa.

- Eu faço parte de um grupo de estudos, e não pude deixar de notar que você está com uma certa dificuldade em Transfiguração, e não me olhe assim, eu sei que você não gosta de admitir mas é verdade! – continuou ela adiantando-se ante que eu pudesse interrompê-la.

- Não estou com tanta dificuldade assim, é só um lapso temporário... – defendi-me, afinal eu não poderia deixá-la pensando que eu era um trasgo lesado na matéria de McGonagall.

Ela ergueu as sobrancelhas em um legítimo ceticismo pela minha contestação...

- Eu... eu... certo... eu tenho um pouco de dificuldade. – admiti resignada.

- Eu faço parte de um grupo de estudo, nos reunimos duas vezes por semana numa sala do 2° andar desocupada, se quiser pode aparecer lá um dia desses. – comentou displicente, fingindo examinar as lascas inexistente da sua varinha.

- É... eu acho que vou precisar, julgando pelo meu desempenho nessa aula... – e rimos.

- A propósito, eu nunca vi você tão área... aconteceu alguma coisa? – perguntou com um semblante sério.

- Não... absolutamente... nada... problema nenhum! – respondi tão rápido que senti meu rosto ficar um pouquinho quente, não duvidei que parte da sensação desagradável da noite passado voltasse.

- É, acho que não foi um problema propriamente dito! Eu daria 10 galeões pelo seu pensamento...

- Eu... n-não tem nada de errado com os meus pensamentos... eu não estou pensando em ninguém! – menti descaradamente, o sorriso de Rabastan estava tão fixo na minha memória que era impossível esquecê-lo.

- Então tem alguém nessa história! – exclamou vencedora. Minhas pernas bambearam quando percebi que havia traída pela minha própria boca.

- N-não, não, claro que não... que bobagem! – tentei consertar, mas acho que a meu súbito ataque de gagueira não ajudou muito.

Virei para pegar meus materiais e colocá-los de qualquer jeito na mala, e Joey parou na minha frente com uma cara muito séria.

- Eu não vou te obrigar a me contar... – falou pousando a mão sobre o meu braço em sinal de trégua. Suspirei aliviada, eu também não queria falar.

- Quando será a reunião do grupo de estudos? – perguntei satisfeita pela reação dela.

- Amanhã, sala vinte e dois, 16:00. - ressaltou com um sorriso simpático

- Estarei lá.

Depois tive de correr para chegar na aula de História da Magia, perdi a hora do almoço limpando a bagunça e quando cheguei na sala e todos já haviam sido sucumbidos pelo habitual efeito soporífero que a aula de Binns proporcionava.

Joey era uma ótima pessoa, apesar de parecer inconveniente as vezes. E era muito observadora também, teria de me lembrar de agradecê-la por ter me convidado para fazer parte do seu grupo de estudos, afinal de contas eu nunca tinha tido com que estudar antes... quer dizer, as Ann’s não são do tipo que ligam para qualquer coisa além de pentear os cabelos.


Quando escureceu Bella me levou junto com ela para o Clube de Duelos, era no Salão Principal tamanha a quantidade de alunos que participavam. Eu estava muito nervosa, não era só a adrenalina do Clube em si, mas seria a primeira vez que eu encontraria Rabastan depois da nossa “pseudo-conversa” na sala comunal.

Bella também estava quieta, mas o motivo eu logo entendi quando chegamos. Rodolfo estava totalmente recuperado, e Heather parecia saber muito bem disso, pois estava tão agarrada com ele que era difícil saber onde começava um e terminava o outro.

- Deveriam proibir essa pouca vergonha na frente de todo mundo. – disse Bellatrix antes de nos juntarmos aos seus conhecidos.

Olhei pelo salão afim de... de... olhar quem estava por lá. Vi Rabastan de longe conversando animadamente com uma loira do 3° ano, e estranhamente meu ânimo foi minado pelo mesmo bicho que mordeu Bella.

Passei mais uma vez os olhos pela multidão e percebi que uma mão acenava freneticamente para mim... Joey... claro, e sempre com o seu jeito discretíssimo de chamar minha atenção. Dei uma desculpa qualquer para Bellatrix – que tenho certeza que não escutou, pois ainda estava com os olhos parados no horizonte – e fui para perto dela.

- Que bom que você veio! – falou me puxando para um abraço. – Você e Ted são as únicas pessoas que eu conheço por aqui.

Meu estômago despencou quando ela fez um gesto abrangente e Ted Tonks, ou Senhor Sabe-Tudo como eu estava me acostumando a chamá-lo, se materializou na minha frente.

- Beleza? – e estendeu a mão para que eu o cumprimentasse. O olhar duro e uma expressão indecifrável.

Em minha cabeça estendia-se um debate acirrado. Eu não podia simplesmente virar de costas e sair andando, ele poderia pensar que “ganhou” a nossa pequena batalha, por outro lado, Bellatrix poderia ver e bem... ela não entenderia a questão na mesma amplitude que eu.

- S-sim... com você? – respondi estendendo a minha também. Era estranho, eu nunca tinha “apertado mãos” com um nascido trouxa, na verdade eu nunca tinha feito esse cumprimento antes... as pessoas que conhecia costumavam beijar nossa mão. Segundo mamãe era uma maneira mais educada e tradicional.

Mentalmente eu rezava para que Bellatrix não tivesse visto, e involuntariamente voltei os olhos para onde ela estava e suspirei aliviada. Ela estava absorta em uma conversa com ninguém mais, ninguém menos que Augusto Rockwood (?), fechei meus olhos e tornei a abri-los, o que diabos ela estaria conversando com Rockwood, o garotinho irritante?

- Andy... ANDY! – gritou Joey ao meu lado. – Acho que Ted ficaria satisfeito em ter a sua mão de volta, não? – e deu um sorriso enigmático.

Eu soltei rapidamente a mão dele como se tivesse me queimado – assim como meu rosto no momento, um hábito que estava se tornando cada vez mais freqüente.

- Não era minha intenção... eu não quis... você sabe... - adiantei-me antes que ele pudesse dar asas a imaginação.

Ele riu e fez um gesto com a mão que eu entendi como “Tudo bem...”.

Quando Slughorn e a Professora Lopez – a nova professora de DCAT – nos chamaram para junto deles não contive um certo pensamento.

"A noite vai ser loooonga"

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N/A:. Hello people... eu falei que nao ia demorar!
hehe, tempo recorde essa vez ;D...
gente nao me matem por ter colocado Rabastan e seu sorriso no cap... mas vamos la, quem é que nunca ficou "viajando" depois de receber um sorriso inesperado desses?! Eu quero mosrar a Andrômeda como uma garota normal, e bem... eu acho que todo mundo ja se sentiu assim antes neh?

outra coisa... semana q vem vou viajar pra uma atividade academica (estou me arrependendo até o ultimo fio de cabelo... mas não tem volta) e não vou poder postar no fds que vem, pois vou chegar domingo e provavelmente estarei muito cansada... vou tentar postar o proximo ate terça, mas se não der me desculpem...

não vou colocar agradcimentos personalizados pq to postando beeeem rapidinho... mau irmao ta aqui do lado um olhar digno de Bellatrix Black (e futuramente Lestrange), mas agradeço a todos que comentaram aqui: Carol, Morgana, Nohara, Bruna, Mah e (olhinhos brilhando com novas carinhas) Charlotte.

bjuus

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