O telefone que nunca toca

O telefone que nunca toca



Capítulo 12- O telefone que nunca toca


Não alimento amor por telefone, isso é ilusão
Não adianta falar de amor ao telefone, isso é ilusão
Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião
Pra você chegar mais rápido ao meu coração

-Lola? -chamou a voz de Hilde- Onde nós estamos?

A morena olhou em volta. Seu coração estava disparado, nunca havia chegado ali.

-Lola?

-No divórcio dos nossos pais, Hilde -respondeu ela estática.

Havia duas mesas uma de frente para a outra. Harry estava sentado ao lado de seu advogado e de frente para

Gina que também estava acompanhada pelo advogado. Numa mesa um pouco mais a frente e no centro estava um senhor de aparência simpática sentado olhando firme para os dois.

-É de comum acordo? -perguntou o juiz.

-É sim -respondeu Gina, sem encarar Harry.

O moreno fitou a esposa, ou ex-esposa, e nada respondeu. Os dois advogados olharam meio irritados para ele.

-Vamos acabar com isso logo, Sr. Potter -disse o advogado dele, tentando não parecer nervoso.

-É de comum acordo? -perguntou o juiz novamente, dessa vez olhando diretamente para Harry.

Gina desviou seu olhar da porta e o encarou com raiva. Ele abaixou a cabeça derrotado.

-É sim, Meritíssimo.

A cena embaçou e foi cortada, pelo visto para o mesmo dia, mas depois que a audiência tinha acabado.

-Tem certeza de que é isso que quer, Gina? -perguntou Harry, abordando-a enquanto ela tomava um café.

-Achei que isso já estivesse claro -respondeu ela, seca, ainda sem encará-lo.

-Você vai jogar treze anos da sua vida fora?

Ela pousou o café na mesa.

-Já devia ter jogado antes. Você não é o homem com quem eu me casei.

A cena foi cortada e outra vez as duas irmãs estavam na audiência. Gina olhava pasma para Harry, mas ele não esboçava nenhuma reação.

-O senhor tem certeza de que não quer a guarda das suas filhas? -perguntou o juiz.

-Não.

-E nem quer estabelecer dias para que elas fiquem o senhor?

-Não.

-Também não quer que...?

-Harry?! -interrompeu Gina. Ela o olhava como se não acreditasse no que estava ouvindo- Elas são suas filhas, sabe? Você tem que cuidar delas!

Ele continuou com a expressão vazia.

-Não estou dizendo que não vou cuidar delas... Mas tenho certeza de que você as educará muito bem e que me permitirá vê-las a qualquer momento.

-Vai nessa... -resmungou Lola, olhando para aquilo tudo pasma também- Bonitas palavras, papai.

Os dois ficaram se encarando. Ele com o rosto indiferente, ela com uma expressão num misto de indignação e espanto. Ela abriu a boca para falar, mas a cena foi cortada para outra. Gina carregava um bebê no colo, enquanto tentava fazê-lo dormir. Hilde olhou para a irmã e sorriu.

-Sou eu!

Lola deu um meio sorriso, mas prestou mais atenção na conversa dos dois.

-Você não acha... -disse Gina com uma voz melosa- Que já não é hora de contarmos a verdade para Lola?

-Não -disse ele tranqüilo- Está tudo bem assim.

Gina fez uma cara não muito boa, e a cena foi cortada novamente. As cenas se juntavam e se misturavam, e tudo que sempre se ouvia era a voz de Gina falando sobre contar a verdade. Lola estava se sentindo tonta naquele redemoinho, até tudo parou na antiga casa que moravam. Com Gina sentada na cama de casal segurando uma carta de Hogwarts com as mãos trêmulas.

-Justamente para ela? Por que ela não é a mais nova?

Ainda segurava a carta nas mãos quando a porta se abriu de supetão. Lola entrou correndo e se jogou nos braços de Gina.

-Bom dia, mamãe!

-Feliz aniversário, Lola –disse Gina dando um beijo na testa da filha.

-O que tem aí?

Gina olhou para a carta e rapidamente a guardou no criado mudo.

-É uma carta. Amanhã conversaremos sobre ela.

Lola reconheceu a cena e deu alguns passos para trás. Era incrível como aquilo estava afetando-a. Até então parecia ser as memórias de Gina, mas de repente era as memórias dela também.

-Lola? -perguntou Hilde observando a irmã.

A cena mudou e novamente um redemoinho de cenas passavam diante delas.

-O senhor tem certeza de que não quer a guarda das suas filhas?

-Gina, quer casar comigo?

-Eu não tenho certeza, Harry, mas acho que estou grávida.

-Lola... Gosto de Lola.

-Você não é o homem com quem eu me casei.

-Voldemort está morto.

-Carlinhos será o padrinho de Hilde!

-Eu quero o divórcio, Harry.

-A sua namorada permite que você tenha uma foto de nós dois?

-Você quer jogar treze anos da sua vida fora?

-Você não é o homem com quem eu me casei.

Lola tapou os ouvidos e deu um grito. Não queria ouvir nem ver mais nada.

Não alimento amor por telefone, isso é ilusão
Não adianta falar de amor ao telefone, isso é ilusão
A fome de amar é real, não se traduz em fios
Meu ouvido não ama, apenas ouve os seus reclames

“Mamãe,

A primeira semana foi muito agitada. Conheci muitas pessoas e já sei muitas das quais gosto e das que não. Tem uma menina da minha sala que se chama Kirsten e você também iria gostar muito dela. Mas o que eu acho mais engraçado é ver Tonks mais séria, ela não é desse jeito nas festas d'A Toca! Se os alunos vissem o focinho de porco dela...

Lola está bem, embora eu mal tenho falado com ela. Ela fica da aula pra biblioteca, aula e masmorra, masmorra e biblioteca. Tem estudado muito para o tal concurso, e ela vai ter trabalho, porque muita gente se interessou também. Aliás, essa foi uma idéia e tanto, porque o colégio todo está alvoroçado com isso, até alunos do primeiro, segundo e terceiro ano, que não podem participar. Escreva para ela com urgência, acho que em breve ela terá um ataque.

A comida no castelo é ótima! Muito melhor que a de Zilk, e quase igual a sua, só não supera a da vovó. Aliás, ela tem me mandado coisas todos os dias, e tem reclamado muito de você. Escreva para ela também, ela está carente.

E não deixe de me responder! Te amo,
Hilde”

A ruiva pousou a carta no criado-mudo e secou as lágrimas. Estava morrendo de saudades das filhas. Sabia que se sentiria da mesma forma se tivesse ficado em casa com as duas em Hogwarts, mas pensar que havia quilometros e quilometros separando-as fazia tudo se tornar pior.

Não podia reclamar do curso. Se Hilde achava que a primeira semana de aula dela havia sido agitada, que diria se visse a sua! E olha que seria um curso de dois anos! Olhou para o porta retrato em que estava abraçada com as duas.

-Será que eu agüento?

Tinha que agüentar. Cada um devia seguir o seu destino, e o dela já não estava mais na Inglaterra, pelo menos por enquanto. Reparou que seus olhos tinham pousado sobre o telefone. Instrumento curioso aquele, isso para não dizer inútil. Não sabia para que tinham colocado aquilo ali se nunca era usado. Ela não recebia telefonemas, os coordenadores não recebiam telefonemas, ninguém recebia telefonemas! A única vez que um dos telefones tocou foi para informar para um graduando que o tio distante que morava na África havia falecido.

-Foi a única utilidade... -resmungou ela com desdém.

E realmente foi útil, porque a família desse homem trouxe vários ingredientes só encontrados na África, e isso ajudaria e muito. Mas ingredientes raros africanos não a deixavam quieta.

A única pessoa para a qual ela dera seu telefone foi Harry. Era o único bruxo que saberia usá-lo corretamente, e que não a atrapalharia para conversar sobre futilidades. Ainda assim não esperava que o telefone ficasse tão parado.

-Pare com isso, Gina, você não veio para aqui para ficar conversando no telefone.

Jogou o corpo na cama e ficou observando o teto. Sabia que não devia, mas que estava esperando que Harry ligasse. Não para falar de Lola ou de Hilde, mas para falar deles.

“Como eu pude partir sem falar nada?” era o que a atormentava.

Ficara totalmente sem reação. Ele fazendo aquela declaração toda em frente àquela multidão. Ok, ela também já esperava por isso, mas não imaginava sinceramente que realmente fosse acontecer.

-Invertemos os papéis, Harry -exclamou ela, derrotada.

Quem é que estava agora fugindo de seus problemas, hein? Justo ela, que reclamara tanto dessa posição do ex-marido, agora fazia a mesma coisa. Pensava às vezes em ligar para ele, tentar esclarecer alguma coisa, mas... Esclarecer o quê?

-Eu não vou dizer que o amo também... Eu não o amo -repetia para si mesma.

Mas seria verdade? Olhou para a porta do quarto. Tinha que controlar aquela vontade incessante de sair por ela para nunca mais voltar.

Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da tua voz é estar aqui
Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da tua voz é estar aqui...

Ela pousou a carta na mesa e tentou em vão engolir alguma coisa.

-Carta de quem, Lola? -perguntou Meíssa, engolindo de uma só vez toda a sua torrada- Sua mãe?

Ela balançou a cabeça negativamente.

-Não, meu pai -respondeu a morena, olhando com cara de nojo para o suco que tinha à sua frente- Escreveu para me desejar boa sorte hoje.

Meíssa riu e olhou para os lados.

-É, eu acho que você vai precisar mesmo... -riu a garota.

Lola levantou os olhos e olhou para a amiga.

-Que bom incentivo você me dá, não?

Meíssa riu e lhe deu um tapinha nas costas.

-Foi só brincadeira. Estou tentando aliviar a tensão. Se você ficar assim não vai conseguir se concentrar.

-É, eu sei...

A morena levou uma rosca até a boca com dificuldade e tentou fazer o seu estômago não embrulhar enquanto mastigava. Precisava comer, tudo o que não precisava era desmaiar na hora da prova por falta de alimentação. Olhou para Tonks pelo canto do olho e podia jurar que ela havia lhe piscado rapidamente. “Se esse povo soubesse que tudo isso foi criado por minha causa... Mas ainda assim, os jurados vão decidir justamente, e eu tenho que me esforçar se quiser aquela vaga”.

-Bom dia, Lola -disse Hilde sentando em frente a irmã- Como está se sentindo?

-Mal...

Hilde riu e suas bochechas ficaram um pouco coradas, como quando ela parece saber mais do que os outros. As tranças que a menina usava lhe conferiam um ar ainda mais infantil, mas reconfortante.

-Fique tranqüila, vai correr tudo bem.

Lola revirou os olhos, às vezes não conseguia suportar o excessivo otimismo da irmã.

-Aconteça o que acontecer, Lola, vai dar certo.

-Isso mesmo! -veio uma voz por detrás dela- E como sempre a pequena Hilde tem razão!

Ela fechou os olhos e nem olhou para trás, já sabia quem era.

-Saia daqui, Lew. Não quero nem preciso discutir com ninguém hoje, portanto você não tem utilidade.

-Bom dia, Joshua -cumprimentou Meíssa.

-Bom dia, Meíssa -disse o moreno, voltando-se então para Lola- Preparada?

-Certamente que sim -rosnou Lola, num tom desafiador- Se você tiver alguma intenção de...

-Nem comece, Potter! Eu não vou participar.

Lola arregalou os olhos. Joshua Lew era uma das únicas pessoas que faziam ela temer esse concurso.

-Não?

-Não mesmo! -respondeu ele, com um sorriso maroto no canto dos lábios- Dizem que o tal de Snape foi um dos professores mais chatos que Hogwarts já teve. Se ele pegava no pé de alunos normais, o que dirá num tipo de curso desse. Tô fora! -disse ele passando um de seus braços pelo ombro dela.

Ela revirou os olhos em desdém. Eis um dos motivos pelo qual ela se irritava fácil com a presença dele: ele era folgado.

-Tire as patas de mim, Lew -disse ela, retirando o braço dele e se levantando- E se vocês me dão licença...

Ela saiu andando e ele olhou para Hilde, que tomava seu café-da-manhã com um ar divertido.

-O que eu faço de errado?

A ruivinha sorriu e deu de ombros.

-Nada.

-Então por que ela me evita?

Meíssa revirou os olhos impaciente e se levantou também, fazendo uma careta para ele antes. Ele pegou um pão e olhou novamente para Hilde.

-Você sabe alguma coisa.

Hilde riu e as suas bochechas coraram novamente.

-Eu sei de muitas coisas, Lew. Tanto que não consigo organizar tudo... Mas se quer um conselho: fale a verdade.

Ele ficou de queixo caído. Essa família Potter era estranha, talvez fosse o preço da fama. O pai sumia, a mãe era durona, a filha mais velha era uma fechada e a mais nova era engraçada, mas estranha.

-Falar a verdade?

Hilde revirou o olhos e ele se mexeu incomodado, era a terceira mulher que revirava os olhos para ele na mesma manhã, em tão pouco tempo.

-Tem alguma coisa que você gostaria de falar para Lola que até hoje você não falou? -disse a menina, e sem esperar a pergunta, continuou- Se tem, talvez você tenha hoje a oportunidade de dizer. Aproveite.

A ruivinha saiu andado também. Tinha a cabeça fervilhando. Pelo menos agora tinha um problema a menos.

No ouvido do meu coração
No ouvido do meu coração

Gina entrou na sala e olhou para os lados, procurando um lugar melhor para se sentar. Ajeitou-se na cadeira e organizou tudo o que iria precisar para aquela aula. Terrível aula.

-Também acho... -disse um italiano a seu lado, com um sotaque inconfundível.

-Hã? Pois não? -perguntou ela, sem entender nada.

-Você suspirou alto e murmurou algo sobre a aula ser terrível. Somente concordei -sorriu ele. Ela levou alguns segundos para perceber que ele estava tentando puxar um papo para fazer amizade.

-Ah sim, pois é. E eu ainda nem me acostumei com o frio que faz aqui. E ainda tem... -ela parou de falar e suspirou.

-A saudade? -completou ele.

Ela olhou meio perdida e sorriu.

-Sim. Ainda tem a saudade.

-De quem?

-Tenho duas filhas -respondeu ela, já tirando uma foto da carteira para mostrar- Lola é a mais velha, e Hilde a caçula.

O italiano pegou a foto e deu um sorriso bonito. Céus, ele era moreno dos olhos verdes, assim como Harry. Tudo estava fazendo ela lembrar do ex, e ela estava relutando a aceitar isso. Mas estava difícil.

-Então você é a casada? -perguntou ele, entregando a foto de volta para Gina.

-Viúva -respondeu ela, sem pensar direito. Ainda ficou uns segundos encarando o homem, sem saber direito porque havia mentido, mas o fato é que não corrigiu sua resposta.

Ele fez uma cara de piedade.

-Sinto muito. Já faz muito tempo que seu marido faleceu?

-Cinco anos -disse ela, então balançou a cabeça- Dezoito anos.

O italiano a olhou sem entender nada.

-Perdão? Cinco ou dezoito anos?

-Fisicamente morreu há cinco, mas antes disso passou treze anos adoentado.

Céus! Por que estava inventando aquilo tudo? Harry estava vivo, e muito vivo por sinal. Vivo para cuidar das suas filhas, vivo para lhe fazer declarações, vivo para arranjar outras... Se ele quisesse. Será que ele ia querer?

-Ah, entendo... -disse o homem vagamente, deixando o assunto morrer.

O homem se ajeitou na sua mesa e um clima constrangedor ficou no ar. Ele estava sem graça por ter tocado num assunto tão ruim, e ela estava perdida porque não entendia a sua reação. Por que mentia?

-Você acha... -perguntou ela, com um tom como quem pede desculpas por interromper- Que se por um momento eu pudesse falar com ele, ele gostaria de falar comigo?

O homem a olhou totalmente desolado, nunca pensara que puxando conversa sobre um assunto banal poderia cair numa situação dessas.

-Ele... virou um fantasma?

-Não.

Ela respondeu tão imediatamente que o homem não sabia o que fazer. Como ela conversaria com um morto?

-É só uma hipótese -disse ela, percebendo o estrago que estava fazendo- Que se por acaso houvesse um telefone especial que fizesse com que nós dois pudéssemos conversar...

Ele ficou encarando-a sem saber o que fazer. O resto da sala aparentemente percebera que havia algo errado ali e passara a prestar atenção. Ela estava lutando para não corar desesperadamente e sair correndo dali.

-Você... Gostaria de falar algo para ele? -perguntou o homem, olhando para os lados, como que tentando achar uma saída.

-E-eu não tenho certeza -disse ela, mordendo o lábio inferior.

-Hummm. Então, vamos ver, você acha que ele teria algo a lhe dizer...?

Ela parou e pensou um pouco, fazendo uma careta em seguida.

-Acho que ele já disse tudo -respondeu, derrotada.

-Ele morreu antes que você tivesse tempo de responder? -perguntou uma outra mulher, com uma aparência indiana e com um turbante na cabeça.

Gina percebeu então que realmente todos olhavam para ela. Merlim, ela estava matando Harry numa sala com pessoas dos mundo inteiro!

-Eu não sabia o que dizer -respondeu Gina, com a voz encolhida. Tinha que dar um jeito de encerrar o assunto.

-E hoje você sabe o que dizer a ele? -perguntou um senhor no fundo da sala.

-Eu...

-Vocês estão conversando sobre necromancia? -perguntou a mestre, entrando na conversa.

Gina estava cada vez mais pálida e acuada.

-Não exatamente...

Mas a mulher não prestou muita atenção ao que ela respondeu. Começou a falar sobre necromancia, mesmo que esse não fosse o assunto da aula. Gina olhou para os colegas meio que se desculpando, então se afundou na sua cadeira e tentou fingir que era invisível.

Ficou olhando para a mestra, via a boca dela se movimentar, ouvia a sua voz, mas não entendia nada. Sua mente estava distante. Ela sabia o que dizer a ele? E se soubesse, será que ligaria?


Não alimento amor por telefone, isso é ilusão
Não adianta falar de amor ao telefone, isso é ilusão

Hilde observou de longe a parede de vidro. Do lado de dentro havia somente três competidores: Lola e mais dois. A irmã passara a manhã e a tarde inteira envolvida no concurso e agora estava disputando o que seria uma final. Mas ela não estava indo tão bem como deveria.

Lola parecia estar fazendo tudo certo, porque a cada passo ela esperava um pouco e fazia uma cara de alívio. Além disso, era perceptível que a garota estava tensa demais, enquanto os outros pareciam mais calmos.

-É, o corvinal parece mais calmo mesmo -comentou Meíssa, com cara de poucos amigos- Mas em compensação, a fumaça que sai da poção dele não lembra nem de longe a névoa esbranquiçada que sai da poção de Lola e daquela sonserina.

Hilde fechou os olhos por um momento e passou a mão pela testa suada. Estava começando a se sentir tonta, talvez com um pouco de falta de ar também.

-Potter, você está bem? -perguntou Joshua, que estava sentado próximo à Meíssa.

A garota que estava sentado ao lado do menino fez uma careta ao vê-lo dirigir-se para Hilde, mas a não ser a ruivinha, ninguém havia notado isso.

-Eu estou com dor de cabeça -disse ela, abrindo os olhos- E estou começando a sentir falta de ar.

O moreno levantou-se do seu banco e foi até ela, pegando-a no colo.

-Vou te levar a enfermaria.

Meíssa fez sinal de se levantar, preocupada com a irmã da amiga, mas quem se levantou mesmo foi a garota que acompanhava Joshua.

-Agora é demais! -rugiu ela. Toda a movimentação por perto aquietou-se, mas a menina pareceu não se importar- Eu já tive que aceitar você conversando com a Potter-velha por vezes demais, agora ainda ter que aturar você cuidando da irmã dela é o cúmulo!

Joshua não moveu um músculo do rosto, continuando impassível. Olhou para Meíssa que revirou os olhos e deu de ombros, levantando-se então para pegar Hilde.

-Solte-a, Joshua. Vá resolver seus problemas, eu levo Hilde a enfermaria.

O garoto colocou Hilde no chão, mas ainda assim ncontinuou segurando o braço da ruivinha, dirigindo-se a outra garota com um leve tom de irritação.

-Você não é meu problema. Há muito tempo. E seria bom que você parasse de me perturbar.

Meíssa tentou soltar Hilde dela, mas a própria menina parecia não se importar em estar no meio de uma briga de ex-namorados.

-Você não vê o papel ridículo que você está fazendo?! -exclamou a ex, indignada- Potter nem lhe dá atenção, não quer nada com você! Sempre foi assim!

-Olha quem está falando sobre papel ridículo... -desdenhou ele, dando uma curiosa olhada em volta.

A menina inchou de raiva, mas antes que ela respondesse, Hilde se intrometeu:

-Você não devia se meter nisso. Ele não vai voltar para você. Lew sabe muito bem que você não foi fiel e que o traiu com um dos melhores amigos dele. Da mesma forma, ele também sabe que você sabe que ele se vingou te traindo com a sua melhor amiga. Vocês estão quites, não há necessidade de escândalos ou de se fazer de vítima. Aliás, você só quer voltar para ele porque quer provar a si mesma que é melhor que a sua suposta melhor amiga, que ele só está cantando para te irritar -disse Hilde rapidamente e em tom enfadonho, como se estivesse lidando com duas crianças. Então ela suspirou- Já que está tudo esclarecido, será que você poderia cedê-lo para que ele me leve a enfermaria?

As pessoas ao redor riram e cochicharam da cara de besta que a garota ficou, mas o maior espanto mesmo estava nas caras de Meíssa e Joshua. Meíssa olhou através do vidro e viu que Lola nada havia percebido, então de modo estranho para Hilde. Joshua deu um leve sorriso e murmurou algo como “garota esperta”, para então pegar a ruivinha no colo novamente e sair do Salão Principal.

Meíssa estava indo atrás dos dois quando olhou novamente através da parede de vidro. A sonserina comemorava histérica, enquanto Lola parecia que cairia em prantos a qualquer momento.

Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião
Pra você chegar mais rápido ao meu coração
Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da tua voz é estar aqui
Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da tua voz é estar aqui...

Ela jantava quando viu que a Superiora lhe fez um sinal para que a seguisse. Levantou-se e se retirou do refeitório, mas ninguém deu grande atenção ao fato.

-Pois não? -disse Gina, olhando com curiosidade para a mulher.

A mulher a olhou por um instante e não respondeu nada, somente começou a andar em direção ao lado de fora do castelo. Gina entendeu que deveria segui-la e aguardar em silêncio até que a mulher começasse seu discurso. Obedeceu ao que lhe era imposto silenciosamente.

Enquanto caminhavam, Gina olhou pelo canto do olho duas ou três vezes para a mulher. Lembrava de ter sentido-se intimidada por ela durante a reunião da Congregação com o Instituto, e desde que chegara à Finlândia, nada a fizera sentir o contrário.

-Você é uma boa aluna, Sra. Weasley -disse a mulher por fim, sentando-se em um dos bancos do jardim frontal.

Gina sentou-se também, tentando não tremer de frio e de ansiedade.

-Obrigada.

-É uma das pessoas mais competentes que já vi -continuou a Superiora, ainda sem encarar Gina- Tem uma ótima combinação de humildade, sagacidade, percepção, ousadia, talento, determinação, coragem, força... Enfim, várias qualidades necessárias à uma Auror e à uma guerreira.

Gina somente sorriu levemente em agradecimento e concordou com a cabeça, mas não disse nada. Onde a mulher queria chegar com isso tudo.

-Porém você não é nem de longe a aluna mais aplicada desse curso, nem tampouco a mais brilhante, ou a mais esforçada ou ainda a que pega as coisas com mais facilidade. Por quê, Sra. Weasley?

Gina ficou calada por um segundo, o que deveria responder.

-E-eu não sei a razão disso, Sra. Koskorva.

A mulher suspirou e deu uma risada de escárnio.

-Pois eu sei.

Gina continuou calada, então a mulher olhou bem fundo nos olhos da ruiva.

-Porque você deixa os seus problemas pessoais lhe afetarem.

O coração de Gina acelerou e ela não conseguiu impedir a sua respiração de ofegar um pouco. Droga, não gostava do rumo que a conversa iria tomar.

-Você tinha tudo para ser a melhor, Ginevra, e no entanto passa por uma pessoa comum. Quer meu conselho?

-Sim, é claro! -pediu Gina, com olhos atentos.

A resposta lhe veio como um tapa na cara:

-Vá embora.

O silêncio reinou por vários minutos, durante os quais Gina a encarava com perplexidade, mas a Superiora sustentava o olhar de quem acredita que está certo.

-O quê? -perguntou a ruiva por fim.

-Essa é uma oportunidade única. O Instituto Dumbledore precisa que você a aproveite, a sua carreira precisa que você aproveite e até mesmo a sua satisfação pessoal precisa que você aproveite, mas você não consegue aproveitar. Não consegue porque não se desliga da vida e dos problemas que você deixou para trás. E se você não consegue se desligar, é melhor que parta.

A mulher se levantou e deixou Gina sentada olhando perdida para o nada, ela já havia dado alguns passos quando se dirigiu a Gina novamente, ainda de costas.

-Claro que você pode me provar que eu estou errada. Aliás, eu gostaria muito que você o fizesse. Mas em todo caso... Eu lhe dei um dos meus melhores conselhos.

A mulher saiu e Gina ficou ainda sentada no banco frio, olhando a paisagem branca e quase sem cor ao redor. Olhou para o céu estrelado e deixou-se ficar assim por muito tempo. Então levantou e foi até o seu quarto.

O telefone não servia somente para receber ligações. Ele as fazia também.

Pegou sua bolsa e tirou sua agenda, achando rapidamente o número que precisava. Ainda teve que tomar coragem até tocar no objeto. Devia mesmo fazer isso?

-Bom, esse foi um dos melhores conselhos dela... -disse ela para si mesma, como se justificasse seu ato e o seu momento de impulso.

Discou os números e aguardou impaciente. Um toque. Nada. Dois toques. Nada. Três toques. Nada. Quatro toques.

-Vamos, atenda -impacientou-se ela.

Ela já ia desligar o telefone quando do outro lado da linha alguém atendeu.

-Harry...?

No ouvido do meu coração
No ouvido do meu coração
Do meu coração...
Meu coração
Não alimento amor
Isso é ilusão, isso é ilusão

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N/A: Olá, pessoal! Bom aki está o penúltimo, ou antepenúltimo capítulo. A fic pode ou não acabar no próximo, dependendo de algumas coisas. E antes que alguém pergunte, sim, o nome desse capítulo foi literalmente roubado do anime/mangá Evangelion! Rs Tem um capítulo que tem esse nome e eu sempre achei muito fofo, rs sempre quis roubar e eu tive a chance! Rsrs Bom, só pra esclarecer, uma das inspirações dessa fic inteira, e entenda isso como a idéia primeira de fazê-la, foi justamente essa música(Telefone, do Jota Quest), que eu estava ouvindo num dia muito feliz. Una-se isso ao meu amor pelo filme O Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, sobre o qual eu não poderia escrever porque já tem um a fic assim. Então eu uni o que eu queria falar: sobre um telefone que nunca toca, um amor interrompido e muitas lembranças. Daí surgiu a fic. E das minhas muitas viagens! rs Bom, se você chegou até aqui e está satisfeito (ou não) com o andamento da fic, deixe uma resenha e entre na campanha 'Eu faço uma autora feliz'! Rs Bjusss e até o próximo capítulo, Asuka

Tonks & Lupin : Ela tinha que ir! Ela já jogou muita coisa da vida dela fora por causa do Harry, faz isso novamente não ajudaria muito! rs Mas eles ainda se juntam...rs Eu espero!rs E espero q vc fikei mais feliz com esse cap, rs Bjusss

Igor Lestrange: Tomara q a fic ainda esteja perfeita! rsrs Aproveite o cap! Bjusss

Ju de Paris: Crueldade? Esconder das duas filhas que elas são bruxas e causa um trauma daqueles numa delas também é crueldade! rs Mas nenhum deles teve intenção disso... Aconteceu! rs Mas isso tudo se resolve, agurde e confie! rs Bjusss

Izabele Andrade: Você gosta mesmo da fic, hein? rs Acompanha por dois sites...es Mas tipo, ela tinha q ir, ela sempre deixzou a vida dela d lado para seguir o que o HArry queria, agora não dava mais, né? rs Mas espere, tudo ainda se ajeita... Eu acho! rs Bjusss

MarciaM: ATé eu q sou mais boba tb agarraria ele depois d uma declaração dessas! rsrs Mas ela tinha suas razões pra não fazer isso... Q vc verá quais são no próximo capítulo! rs BJusss

Doug Potter: Não! rs Eu não tenho raiva do HArry, só acho que ele podia ser um poukinho menos lerdo...rs Mas ele ainda tem jeito, o casal ainda sobreviverá a essa longa crise de dezoito anos! rsrs ESpere e confira! Bjusss

Leo Potter: Ela foi dura sim, eu reconheço, mas ele também já foi muito duro com ela! Há o dia da caça e do caçador...rs Mas eu prometo q os dois ainda conseguem ficar juntos! rs Bjusss

Dada Ramos: Q bom q vc está amando! rs Imagino q agora ainda mais, pq esta perto da reconciliação...rs Aproveite o capítulo! Bjusss

larislopes: Foi a primeira vez q vc comentou, mas q não seja a última! rsrs Espero q tenha gostado do cap! Bjusss

carol potter: Já q vc faz essa autora feliz, pode ficar tranquila q eu deixarei vc viva! rsrs Se a realidade tá ruim, agurde q a ficção vai bombar d felicidade! rsrs AH, mas eu agradeço os elogios e a confiança, valeu mesmo! rs É isso q me incentiva a continuar! Aproveita o cap! Bjusss

Srta. Lovegood: Eu tb tive muita pena do HArry, mas a vida é assim, pelo menos por enquanto! rsrs Espera só mais um poukinho q tudo se resolve! rsrs E quanto a Lola... bom, ela agora tá mal. VAmos ver o q acontece no próximo capítulo... Bjusss

Angela Viehmayer : Não, por favor não me espanque! rsrs Os meus amigos já fazem isso d sobra! rs Muuuuuuito obrigada pelos elogios, ainda mais pq vc d uma D/G convicta, então isso realmente me lisongeia! rs E tá aí o novo cap, eu não demorei tanto assim, demorei? Bom, d qualquer forma aproveite! Bjusss

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Comentários (1)

  • Natalie Mayer Black

    YEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ela ligou pra ele own own own *-* continue assim   Natalie Mayer Black Weasley  

    2012-01-30
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