O anel, o porta-retrato e a ta

O anel, o porta-retrato e a ta



Capítulo 5- O anel, o porta-retrato, e a taça



Lola acordou cedo e lavava as vasilhas do jantar da noite passada quando viu sua mãe se arrumar para sair.


-Aonde vai? Certamente não ao Instituto.


-Não, não. Eles me mandaram repensar minha situação por um mês...Humf! Digamos que eu tenho algumas semanas de férias. Mas agora eu vou resolver alguns assuntos pendentes.


-E para resolver assuntos pendentes você precisa se perfumar tanto?


Gina olhou irritada para a filha.


-Não comece com suas insinuações.


-Isso não foi uma insinuação, mamãe. Foi uma pergunta. Se eu estivesse insinuando diria que seu assunto tem sorte por você estar tão bonita e perfumada.


Ela deu um sorriso forçado para a morena.


-Você é tão engraçada, Lola. Mas eu vou fingir que só ouvi o elogio. Estou saindo. –já estava com a mão na porta quando se voltou novamente para a filha- Não deixe Hilde dormir até muito tarde.


Mas pouco mais de cinco minutos após Gina sair Hilde já saiu descabelada com cara de sono do seu quarto. Lola estava fazendo uma omelete quando a ruivinha entrou na cozinha só vestindo a camisola.


-Onde está mamãe?


-Saiu para resolver assuntos pendentes.


-E por que isso a irrita? –perguntou ela vagamente ao pegar uma tigela para colocar o cereal.


-Como você sabe?


Hilde revirou os olhos.


-Você é muito previsível, Lola. Aposto que você pensa que mamãe foi ver algum namorado.


-É isso mesmo que eu penso –disse a morena colocando a omelete num prato e oferecendo à irmã. Então a encarou bem séria- Por quê? Ela está namorando?


Hilde mastigava quando simplesmente balançou a cabeça.


-Prafalaraverdade... Sim –disse ela engolindo- Na verdade ela realmente está namorando, mas não acho que ela tenha ido ver Mark.


-Por que não?


-Porque ele trabalha! Duh... Mamãe não iria incomodá-lo no trabalho. Se tivesse que conversar com ele marcaria um encontro para a hora do almoço ou esperaria até à noite.


-Eles se vêem todas as noites?!


-Não –disse ela indiferente, como se aquilo realmente não fosse importante.


Lola sentou-se e começou a comer já contrariada.


-Como ele é?


-Bonito, simpático. Ele é legal.


Lola colocou a língua para fora e revirou os olhos em sinal de descaso.


-Você acha todos os namorados da mamãe legais.


-E você acha todos ruins... Só penso que a mamãe sabe escolher companhias mais agradáveis que o papai.


Lola fez uma careta e continuou comendo. Ficou pensando no assunto quando percebeu o que Hilde realmente dissera.


-Hey, hey! Você quis dizer que o papai também está namorando?!


-Sim. Já faz uns oito meses, eu suponho.


Lola arregalou os olhos para a irmã e ficou de queixo caído. Estava arrasada.


-Como eu não fiquei sabendo disso?


-Bom, nós não temos exatamente um relatório da vida do papai, não é? Duas visitas ao ano não são suficientes para manter tudo em dia. Eu também só fiquei sabendo mês passado.


Lola afastou a tigela. Tinha perdido a fome.


-E essa aí, como é?


-Bonita, sabe ser divertida, muito inteligente. Se não fosse a falsidade dela eu ficaria feliz pelo papai.


-Falsidade?


-Bom, ninguém notaria à primeira vista, eu acho. Mas eu vi o que ela realmente é. Sou muito perspicaz.


A morena riu e levantou uma sobrancelha. Hilde falava umas coisas engraçadas às vezes.


-Bom, então se ela é falsa assim o papai vai perceber e vai se livrar dela em breve. Então ele vai...


-Eu não contaria com nenhum desses seus sonhos, se eu fosse você –disse a ruiva interrompendo a irmã, em seguida levantando-se e começando a lavar suas vasilhas.


-Por que não?


-Porque eu estive no apartamento dele no dia em que a conheci. Ele pretende pedi-la em casamento.


-O QUÊ?!


-Ele vai pedi-la em casamento. Eu vi o anel.


-Ele te mostrou o anel? –choramingou ela.


-Não. Eu vi.


Lola respirou fundo tentando não deixar que seus olhos se enchessem d’água.


-Vamos, Lola. Não fique assim. Você não esperava realmente que eles fossem reatar. Eles estão separados!


Lola não respondeu, começou a juntar as vasilhas sem encarar a irmã.


-Talvez já esteja na hora de você parar de sonhar com a vida que você queria ter e aceitar a que você tem, minha irmã. Desejar que tudo fosse diferente não vai mudar a realidade.


Fechou os olhos e respirou profundamente. Sabia que Hilde estava certa, mas não tinha como não se sentir derrotada.


-Ok, eu vou pensar no que você está me dizendo –disse ela pegando um prato molhado para secar.


Houve um estalo e de repente um elfo doméstico estava parado na cozinha junto às duas.


-Bom dia, meninas Potter.


-Bom dia, Zilk –responderam as duas em uníssono.


Zilk era o elfo domestico da casa, mas era diferente dos demais. Hermione viajara o país inteiro nos ultimo oito anos falando e fazendo palestras sobre o F.A.L.E, e agora ela tinha uma agência de elfos, sendo que todos eles eram livres, recebiam um salário bom no fim do mês e tinham direito a uma folga por semana. Não eram muito elfos que queriam uma vida assim, mas todos os que trabalhavam pela F.A.L.E Consultants estavam realmente satisfeitos, além do que eram ideais para aqueles que não podiam (ou não queriam, como Gina) ter um escravo em seus lares.


Lola largou as vasilhas e fez um cafuné na cabeça de Zilk.


-Arrume tudo direitinho, hein? Hilde, quer me ajudar a escolher um vestido?


A irmã a olhou confusa. Lola nunca pedia sua opinião.


-Claro! Por que não?
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Ela teve que esperar meia hora até que ele pudesse a atender. Durante esse tempo ficou sentada na sala de espera folheando as revistas. Madonna tinha lançado um novo cd, um diretor brasileiro era indicado ao Oscar, mas o que mais a surpreendeu foi descobrir que Brad Pitt e Jennifer Aniston estavam separados e ele estava com a Angelina Jolie!


-Sra. Weasley, a senhora já pode entrar. O Sr. Potter já está livre.


Ela fechou a revista e levantou-se, entrando na sala de Harry. Ele terminava de arrumar alguns papéis. Gina não pôde deixar de pensar que ele ficava bonito de terno e gravata, e que o seu ar de ‘grande empresário’ era bem atraente.


-Bom dia, Harry.


-Olá, Gina. Sente-se –disse ele afastando uma cadeira para que ela se sentasse.


-Quando Brad Pitt e Jennifer Aniston se separaram?


Harry foi até o telefone e apertou um botão.


-Srta. McLancy, compre umas revistas novas para colocar na sala de espera, por favor –disse ele para o telefone, voltando-se para a ruiva em seguida.


-Já faz um tempo, alguns meses. Por quê?


Ela deu de ombros.


-Curiosidade.


-Ah... Mas o que te traz aqui? Qual é o problema dessa vez?


-Problema?


-É. Você só vem aqui quando tem algum problema com as meninas.


Ela o olhou com raiva.


-Você não tem vergonha de dizer isso? Não percebe o pai ausente que você é?


-Ok, eu já ouvi essa parte do discurso mil vezes. Vá direto ao ponto, tenho uma reunião dentro de meia-hora.


-Então talvez eu deva voltar outra hora...


-Ah não. Já está aqui, fale logo. O que aconteceu?


Ela ficou parada olhando-o por alguns instantes, estava enojada.


-Você não deveria ter essa pressa toda se é para cuidar das suas filhas. Deveria dedicar-se a elas, e não ceder meia hora do seu tempo como se isso fosse uma generosidade.


-Gina.


-O quê?


-O que aconteceu?


Ela suspirou derrotada, nada o faria mudar.


-Daqui a três dias é o aniversário de Lola, não sei se você lembra...


-Claro que lembro!


-... e ela me pediu algo meio complicado –continuou a ruiva como se não o tivesse ouvido- Lola quer fazer um curso extra de Poções.


-O quê? O presente de aniversário que ela quer é mais estudo?!


-Você fala como se não a conhecesse. Bom, talvez não conheça.


Ele fechou os olhos e respirou fundo. Todas as vezes que se encontravam para falar das filhas Gina lhe lançava insinuações o tempo todo.


-Ok, deixa a garota fazer curso! Se é o que ela quer...


-Não é simples assim. Esse curso é como se fosse um mestrado ou uma pós-graduação trouxa, estudantes de Hogwarts não podem fazê-lo. E é aí que você entra.


Ele olhou para o lado. Já imaginava o que ela fosse falar.


-Você quer que eu use o meu nome para facilitar que ela seja admitida.


-Exatamente. É isso queela espera de você.


-É só assim que a minha filha mais velha se lembra de mim?


-Bom, levando em conta que você só a visita no aniversário dela... Sim. Ela só lembra de você para pedir o presente.


-Ok, ok. Eu desisto! Com quem eu tenho que falar?


-Severo Snape.


Ele já tinha cansado de discutir, mas quando Gina falou aquele nome, Harry a olhou estupefato.


-Quem?!


-Snape. Aparentemente ele é um dos dois maiores pocionistas vivos, ele e mais um tal de Sir Brave Faraday vão ministrar o curso.


Ele a olhava como se aquilo fosse uma piada de mau gosto. Mas ela tinha uma expressão séria e firme no rosto.


-Você veio aqui desperdiçar o meu tempo, não foi?


-Vim aqui falar sobre Lola, mas se você considera isso como desperdício de tempo...


-Não falarei com Snape. Prefiro morrer a pedir um favor a ele!


-Não que eu não me importe com a sua morte, mas esse favor não é para você. É a felicidade de sua filha que está em jogo.


-Não importa o que você fale. Não falarei com Snape.


-Lola significa tão pouco pra você?! –exasperou ela levantando-se e batendo a mão na mesa- Todo o seu orgulho vale mais que ela?!


-Não fale do que você não entende! –disse ele levantando-se também e encarando-a de perto- Você não sabe o que elas significam para mim!


Ela pegou sua bolsa e colocou no ombro.


-Se uma rixa antiga está à frente dela, então sua filha significa muito pouco pra você –disse ela saindo.


Saiu pisando duro e estava com a mão na maçaneta quando olhou para o lado por acaso. O que ela viu a fez parar. Espantada.


-O que foi agora? –perguntou ele com raiva- Esqueceu de gritar comigo por algum outro motivo?


Ela virou-se para ele com uma interrogação no olhar.


-Você não está namorando?


-Estou e isso não é da sua conta.


-E sua namorada permite que você tenha foto de nós dois no seu escritório? –disse ela apontando para um porta-retrato de madeira em cima da lareira.


De todas as reações de Harry a que veio não foi bem a que esperava. Ele parecia meio envergonhado, mas a olhava como se estivesse vendo-a pela primeira vez.


-Harry...?


Mas ele não respondeu. A olhava num misto de espanto e surpresa. Na verdade ele tinha ficado tão branco que ela pensou que ele pudesse estar tendo um enfarte.


-Você vê o porta-retrato?


-É claro que vejo! A foto é bem grande para não se notar. Aliás, por que há uma foto de nós dois no seu escritório?


Ele balançou a cabeça como espantando alguma coisa.


-N-não é uma foto nossa. Lola e Hilde estão ali também, só saíram um pouco. É isso.


Eles ficaram se encarando, e ela estava bem constrangida. Era difícil não estranhar que ali do lado havia um Harry e uma Gina apaixonados se beijando. Durante um tempo que não notaram se era um segundo ou um minuto eles se olharam profundamente como se tentassem achar no outro aqueles que um dia amaram. Ele deu um passo a Gina, mas antes que abrisse a boca para falar algo o telefone tocou tirando-os daquele transe.


-Bom, eu já estava de saída. –disse ela recompondo-se. O telefone tocou de novo- Pense bem no presente de Lola. A propósito, a festa será amanhã à noite n’A Toca.


Ela saiu ao mesmo tempo em que o telefone tocou novamente, ao sair ainda pôde ouvir a voz dele dizendo ‘alô?’. Parou do lado de fora do escritório e respirou fundo, recuperando o fôlego. Céus, o que havia acontecido ali? Por que tinha as mãos tremendo e por que seu coração estava batendo tão rápido.


-Esqueça, Gina. Harry é um caso perdido... –então olhou para uma revista em cima da poltrona onde se sentara. Se até mesmo Brad Pitt e Jennifer Aniston tinham se separado...
Ajeitou a sua bolsa, entrou no elevador e aparatou.
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Gina não contou à filha que tinha ido conversar com Harry, esperava que até a hora da festa ele tivesse engolido seu orgulho e aceitasse conversar com Snape. A ruiva estava sentada conversando com Jorge quando viu o ponteiro de Harry voltar-se para ‘em casa’. Ela olhou para a porta e viu ele chegar.


Mas Harry não estava sozinho.


-Boa noite, pessoal –cumprimentou ele sorrindo.


Rony levantou-se do outro lado da sala para abraçar o amigo e Molly também foi abraçar o ex-genro, a quem ainda considerava como filho. Na verdade todos estavam dando boa noite a ele, menos Gina. A ruiva olhava estupefata para a namorada dele.


-Pessoal, essa aqui é minha namorada...


-Amanda Stuart! –disse Gina ela voz alta, atraindo as atenções para ela- Você por aqui?!


A loira sorriu para ela e a cumprimentou como se fossem grandes amigas.


-Vocês trabalham juntas, não é? –perguntou Harry.


-Trabalhamos... –respondeu Gina olhando profundamente para Amanda- Pelo menos quando eu não sou suspensa.


-Você foi suspensa? –pasmou ele- Você é a melhor daquele lugar!


Gina sorriu amarelo para Harry, mas continuou encarando a loira.


-Alguém se esqueceu disso...


-Lola está lá em cima, Harry querido –disse Molly entregando a ele um pequeno prato com quitudes- Está ajeitando os presentes dela.


-Já volto –disse ele dando um beijo na namorada.


Ele subiu as escadas e encontrou a filha sentada numa cama. Usava um vestido preto até o meio das coxas e uma bota preta de cano longo. Sua maquiagem era meio pesada para uma garota de dezesseis anos. Aliás, o humor dela também não parecia muito bom.


-Toc toc –brincou ele ao entrar no quarto.


Ela olhou para o pai e deu um leve sorriso.


-Quem é? –continuou ela de modo monótono.


-O entregador de presente –disse ele fazendo materializar um embrulho bonito.


-Dizer que era o meu pai já seria um bom sinônimo –disse ela de modo direto e constrangedor para ele.


Harry sentou-se e observou a filha abrir o embrulho. Ele brigava sempre com Gina, reclamando que a ex-esposa só o procurava para cobranças, mas sempre que encontrava a filha percebia que a mãe só refletia o escárnio da filha. Aliás, visto agora Gina parecia muito mais suave.


-É bonito –disse ela de modo não muito convincente, olhando para um cordão prateado escrito Lola com brilhantes.


-Não gostou?


-Não. É breguíssimo. Sinceramente, nunca vou usar... Ok, talvez em alguma festa em família, para fingir que te deixo feliz se usar seu presente.


Ele perguntara, mas não esperava uma resposta tão crua e fria.


-Bom, você pode vender e trocar por algo que queira... –disse ele passando a mão pelos cabelos.


-O que eu quero o dinheiro não compra, papai. Embora...


-Embora...?


-Embora poder e influência possam me fazer um papel mais eficiente que o dinheiro –disse ela encarando-o de forma inquisitiva.


Ele revirou os olhos e levantou-se.


-Sua mãe me falou sobre o tal curso.


-Imaginei que sim. Ela sempre fala o que eu quero. E você vai falar com o Sr. Snape?


-Nunca.


-Papai!


-Lola! Não é não. Me peça o que quiser. Quer uma viagem para o Egito Antigo para ver a poção utilizada para embalsamar as múmias? Vá! Quer comprar um caldeirão de primeira categoria? Compre! Só não me peça para conversar com Snape. Isso eu não farei.


-Ou seja: eu posso pedir o seu dinheiro, só não posso exigir que você faça um papel de pai!


-LOLA!


Ele levantara-se com raiva. Harry a olhava extremamente furioso, mas ela não teve medo.


-Você é uma eterna decepção, papai –disse ela saindo do quarto e descendo as escadas.


Chegou na sala e todos a olhavam, deviam ter percebido que ela e o pai acabavam de brigar. Mas ela não se importava, ia se sentar ao lado de Hilary quando percebeu que não era a prima, era outra loira. Sua prima Hilary era a única loira da família, portanto... aquela era a namorada do seu pai.


-Ola, Lola. Sou Amanda Stuart –disse ela lhe estendendo a mão.


Lola olhou para mão da mulher com desprezo e saiu, indo para o jardim.


-É brincadeira...


-Lola!


Olhou para trás e sua mãe veio andando até parar ao lado dela.


-O que foi agora?


-Você não devia discutir com seu pai e nem...


-Ora, faça-me o favor! –interrompeu a garota num tom mais alto que o normal. Estava fervendo de indignação- Você sabe que ele está errado, por que o defende?!


Antes que a mãe respondesse a morena olhou para dentro da casa, todos viraram os rostos e fingiram que não estavam prestando atenção na discussão. Lá dentro Harry acabava de descer as escadas a tempo de ouvir os protestos da filha revoltada.


A velha história, não é? Tudo em nome daqueles que ele perdeu! Esse Snape tirou alguém dele?” veio a voz alta da garota. Toda a sala olhou para ele estava num silêncio profundo olhando sem jeito para ele. Lá fora ouve um minuto de silêncio quando a filha voltou a gritar. “Foda-se esse Dumbledore! Ele já está morto! Eu estou viva e não é justo que esse velho impeça o meu pai de me fazer feliz!”.


-Eu vou lá fora –disse Harry sem conseguir encarar ninguém.


Saiu e fechou a porta, lançando um feitiço para que as pessoas lá dentro não pudessem escutar o resto. Olhou e viu as duas de costas, a filha e a ex-esposa estavam meio afastadas da casa, agora Gina brigava com Lola em voz baixa, a menina olhando para o lado oposto. Queria ir até lá e resolver a situação, mas seus pés não queriam ir até lá. Aproximou-se, mas as duas não perceberam a sua presença.


-AS PESSOAS QUE ELE PERDEU?! ISSO NÃO TEM NADA A VER COM QUEM ELE PERDEU! E AS PESSOAS QUE ELE PERDE? –gritou a menina aos prantos. Então ela respirou fundo e voltou a falar mais calma- Ele perdeu você, perdeu o casamento, e agora perdeu a infância de Hilde, além de estar perdendo a minha adolescência! Papai é um maldito egoísta, que só fica nas pessoas que ele amou... Na verdade, acho que ele não ama ninguém, a não ser ele mesmo!


Gina foi tocar a filha, mas Lola se afastou. Ao fazer isso ela virou-se e viu que Harry estava ali, Gina virou-se também e viu o ex. Nenhum dos três falou nada. Ele abriu a boca para falar, mas não conseguir falar nada e só saiu dali. Entrando novamente na casa.


-Você vai voltar lá e vai pedir desculpas aos seu pai e a... À aquela namorada dele.


-Mas...


-Não faça com que ele não venha nem nos aniversários!


-Ora, você também não suporta a namorada dele!


Gina não pode deixar de ouvir a voz de Beth em sua cabeça “Você sabe, ela sugeriu, e o Conselho acatou, afinal, com ela aqui talvez o querido namorado dela aceite a proposta de se juntar a nós...”. Odiava Amanda Stuart.


-Não desvie o assunto, Lola.


-Você está com ciúmes do papai? –perguntou Lola de modo arisco. Sempre atacava quando não podia se defender.


-Ah claro! Na verdade quero ser igual a Srta. Estrago-A-Vida-Dos-Outros!


Lola parou e olhou confusa para sua mãe.


-O que quer dizer com isso?


-Nada. Agora você vai voltar para aquela sala e vai...


-O que sabe dela?


-Nada, já disse! Agora, Lola, você vai...


-Ela te fez algo?!


Gina bufou de impaciência.


-Ela fez com que eu fosse suspensa em troca de convencer Harry a entrar no Instituto –disse a ruiva finalmente.


-O QUÊ? –gritaram duas pessoas em uníssono.


Elas olharam para trás e Fred e Jorge estavam olhando espantados.


-O que você disse, cara irmã? –perguntou Fred passando o braço por cima do ombro da irmã.


-Amanda, a namorada do Harry, fez com que eu fosse suspensa.


Fred olhou para Jorge, que coçava o queixo pensativo.


-Perdoe-a –disse Jorge por fim.


Lola e Gina abriram a boca pasmas. Fred puxou Lola e colocou o outro braço por cima do ombro da sobrinha.


-Gina, você perdoará Amanda –disse Fred- E você, Lola, você entrará naquela sala agora e pedirá desculpas ao seu pai em frente a todos.


-O que deu em vocês? –perguntou Gina abismada.


-Ora, minha irmã... Isso é óbvio –disse Jorge- Nós agora somos pais, não podemos fazer as mesmas loucuras de antes...


-Isso mesmo –continuou Fred- Nós agora temos que dar exemplo aos nossos filhos...


-E um bom exemplo!


Gina olhou encantada para os irmãos e abraçou os dois.


-Eu vou tentar esquecer o que ela me fez –disse Gina ternamente.


-Lola... –disseram Fred e Jorge inquisidoramente olhando para a sobrinha.


Lola fingiu um sorriso cálido. Sua mãe podia acreditar em toda aquela baboseira, mas ela sabia exatamente o tipo de exemplo que Fred daria a Paul, de seis anos, e o exemplo que Jorge daria a Darry, de quatro. Escondeu um sorriso maroto.


-Eu... Já vou lá. Pedir perdão... –disse ela tentando esconder da mãe o seu riso- Quero sentar no camarote pra assistir o show –sussurrou ela para Jorge quando passou por ele.


Gina abraçou a filha e as duas entraram extremamente calmas e sorrindo, o que espantou positivamente a todos. Lola olhou para a irmã, Hilde sorria de um modo estranho e lhe fez um gesto em sinal de afirmação.


-Papai... –disse Lola parando em frente a Harry. Ela estava nervosa, todos estavam olhando para ela- Eu quero... Eu quero pedir perdão. Eu não devia ter dito nada daqueles bobeiras.
Para a surpresa de Lola, Harry abriu um largo sorriso sincero.


-Claro que sim, meu anjo.


Tentando não fazer uma careta por causa do ‘meu anjo’, ela se inclinou e deu um beijo no rosto de Harry. Depois voltou-se e sentou ao lado da irmã.


O que aconteceu?” perguntou Hilde baixinho.


Dou dez segundos pra você descobrir” respondeu Lola.


Pouco tempo depois entraram Fred e Jorge com duas bandejas cheias de taças. Lola e Hilde repararam que, de um modo que parecia bem casual, Fred entregou uma taça a Amanda, que a aceitou prontamente. Os gêmeos terminaram de servir a todos, inclusive as crianças.


-E agora, vamos fazer um brinde! –disse Fred


-Afinal, hoje nós comemoramos os 16 anos de Lola! -concluiu Jorge.


Todos levantaram a taça em direção à morena, que sorriu largamente olhando para todos.


-Hip hip!


-Hurra!


-Hip hip!


-Hurra!


Com um gole todos beberam as taças e se sentaram. Jorge sentou-se de frente para a loira.


-Gostando da festa, Amanda?


-Na verdade não. Está um saco –disse a lira, para em segundos depois parecer horrorizada. Harry a olhava estupefato.


Gina arregalou os olhos e olhou para Lola, que tinha a sombra de um sorriso. Como pudera ser tão ingênua a ponto de acreditar nos dois irmãos? Ela ia se levantar e fazer alguma coisa quando Hilde olhou diretamente nos olhos dela e fez um ‘não’ com a cabeça. Talvez pelo pedido, ou mais provavelmente pelo fato de que Hilde parecia ter adivinhado seu ato, Gina continuou sentada.


-Como assim, ‘está um saco’? –perguntou Molly, sentindo-se ofendida e inflando de raiva.


-Vocês são todos insuportáveis. Não merecem metade das honrarias feitas a vocês por causa da luta contra Voldemort. São apenas uma família vermelha e barulhenta demais.


Arthur se levantou com raiva, mas ao invés de discutir com Amanda, ele segurou Molly que parecia ter um ataque.


-Mandy.... –chamou Harry- O que você está dizendo?


-A verdade, meu amor. Adoro você, mas que tipo de companhia você me força a ter, hein? Na verdade eu preferia que um balde inteiro de bosta de dragão caísse na minha cabeça do que ter que aturar essa festa insuportável da estranha da sua filha.


-Não seja por isso! –disseram Fred e Jorge em uníssono. E juntos conjuraram um grande balde de bosta de dragão, que imediatamente virou sobre a cabeça da moça.


-AHHHHHHH! SEUS... SEUS, SEUS IMBECIS! –gritou ela levantando a varinha contra eles.


Mas Fred e Jorge foram mais rápidos. Com um movimento da varinha vários morcegos surgiram e começaram a atacar Amanda Stuart, que saiu escoltada pelos estranhos mamíferos. Lola ainda riu sem parar por mais cinco minutos depois da insuportável loira ter deixado A Toca. Aquele era o aniversário mais divertido que tinha em anos.

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